Carlos Daniel tinha quase certeza de que aquela em sua frente tratava-se de sua amada. Sentia que assim como uma vez o destino os tinha separado, agora os unia. E isso não podia ser em vão.

Paulina estava em uma espécie de transe, tentando assimilar as palavras que tinha ouvido. Uma jogada do destino? Como assim? Estaria Carlos Daniel realmente referindo-se a ela? Peças faltavam para completar esse quebra cabeça.

Os dois saíram de seus devaneios quando escutaram a voz de um terceiro.

- Desejam algo mais? - disse um dos garçons do restaurante

Paulina e Carlos Daniel rapidamente soltaram suas mãos.

- É... não - Disse CD, voltando a realidade.

Então o garçom se retirou.

 Paulina estava precisando organizar melhor suas ideias, e claramente na presença de Carlos Daniel isso não seria possível.

- Acho melhor irmos embora. - disse ela, mostrando-se incômoda

- Está bem, se você prefere assim... - respondeu ele

Carlos Daniel pagou a conta e eles saíram.
 

Paulina, cabeça dura como sempre, insistiu em pegar um táxi para ir embora, mas Carlos Daniel, claro, não permitiu.

Seguiam em silêncio no caminho até a pensão onde Paulina estava hospedada, mas assim que andaram alguns quilômetros, Carlos Daniel teve uma ideia que talvez pudesse mudar seus planos.

- Você disse que se mudou há pouco aqui para a Capital, não é? - indagou CD

- Sim. - respondeu Paulina, dispersa enquanto olhava o movimento pela janela.

- Então ainda não conhece nada por aqui...

- Ainda não.

- Essa é a palavra certa, AINDA não - disse Carlos Daniel, rindo logo após

- O que quer dizer com isso?

- Que não está tão tarde, e a cidade é linda durante a noite, quero te levar em alguns lugares, sou um ótimo guia turístico! - exclamou ele, com um sorriso capaz de convencer qualquer um

Paulina titubeou, mas acabou aceitando.

Carlos Daniel levou Paulina para conhecer alguns pontos turísticos, e realmente não havia mentido. A cidade era mesmo muito bonita, e com a iluminação noturna somada a luz da lua, ficava ainda mais encantadora.

Os dois se divertiram juntos como se ainda fossem as mesmas crianças, e palavras não eram necessárias nem mesmo para Carlos Daniel. Seu coração não poderia estar enganado, e sentia agora mais forte que nunca que aquela era sua amada.

Depois desse maravilhoso passeio, Carlos Daniel estava levando Paulina para a pensão. Assim que chegaram na frente do local, ele estacionou e ambos ficaram por alguns momentos calados, apenas admirando um ao outro.

Carlos Daniel ligou o rádio para descontrair um pouco, enquanto Paulina buscava em sua bolsa a chave do quarto.

- Obrigada pelo jantar, pelo passeio, por tudo. Me diverti muito - Disse ela, sorrindo e logo após o abraçando como forma de agradecimento.

Nesse momento, uma canção começou a tocar.

Y sale la luna
La nostalgia del ayer
Me trae, tu inocente desnudez
 

Y el temblor de tu piel
Turba mis sueños
Como la primera vez
Dos niños sin maldad
Pretendiendo jugar
Descubrieron la verdad

Fuiste mi primer amor tú
Tu primer amor yo
Son las cosas de la vida
Un secreto entre dos
Lo que el viento se llevó
Con el tiempo volvió

Mi primer amor tú
Tu primer amor yo

Y noche tras noche
Corazón con corazón
Tu cuerpo brilla y entra en mí
Y me llena de luz
Como aquel día
Que tiritando de pasión
Dos niños nada mas
Que queriendo jugará
Descubrieron La verdad

Fuiste mi primer amor, tú
Tu primer amor, yo
Son las cosas de La vida
Un secreto entre dos
Lo que el viento se llevó
Con el tiempo volvió

Mi primer amor, tú
Tu primer amor, yo

Quizás jamás
Podré volver a tenerte
Pero aquel amor vivirá siempre
En nuestras mentes

Oh, fuiste mi primer amor
Lo que el viento se llevó
Con el tiempo volvió!
Mi primer amor, tú
Tu primer amor, yo

Fuiste mi primer amor, tú
Tu primer amor, yo

Son las cosas de la vida
Cosas de la vida misma entre dos

Lo que el viento se llevó
Con el tiempo volvió

Mi primer amor, tú
Tu primer amor yo

Tú yo, yo tú
Son las cosas de la vida

Claramente não era uma canção qualquer, a letra praticamente definia a história de Paulina e Carlos Daniel, e eles perceberam isso.

Ao se soltarem do abraço, ficaram muito próximos. Naquele momento, ambos apenas se deixaram levar pela música e pelos seus sentimentos.

Sem dúvidas era um beijo desejado há muito tempo, seus corações ansivam esse momento.

O beijo começou calmo, no ritmo da música, e aos poucos foi se intensificando. Era como se suas bocas se completassem, nada mais importava naquele instante, como se existissem apenas eles dois, deixando de lado todos seus pensamentos.

Quando o ar sumiu de seus pulmões, se separaram.

Paulina não disse uma palavra, apenas virou-se e abriu a porta do carro. Quando ia sair, Carlos Daniel a segurou pelo braço.

- Não vá, precisamos conversar, por favor - Disse ele

Paulina puxou seu braço e foi embora, escapando sem perceber que nessa movimentação algo havia caído de dentro de sua bolsa.

Carlos Daniel ao ver que não poderia detê-la, baixou a cabeça, numa tentativa de reviver toda aquela noite em seus pensamentos.

Quando olhou para o chão do carro, viu algo diferente e recolheu para ver o que era.

Era uma pulseira. Ele observou atentamente aquele acessório, e percebeu que havia um pingente. Quando o analisou e percebeu as iniciais gravadas, teve a confirmação daquilo que ele mais esperava. 

- É ela! Eu sabia! - Exclamou Carlos Daniel