Imprevistos E Surpresas Da Vida escrita por Liz


Capítulo 41
Nova vida?


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo, quero deixar um agradecimento especial para a minha amiga Valéria, que escreveu um parte muito importante. Obrigada!

Boa leitura!



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– Esqueça o passado, Paulina. Volta pra mim, eu te amo...

Paulina estava de olhos fechados, rendida àquelas carícias. No entanto, em meio a tantas sensações maravilhosas, um lapso de consciência fez com que seu cérebro relembrasse momentos que deixaram profundas marcas em seu coração.

" -VAI SE ATREVER A NEGAR? SUA ROUPA ESTÁ CHEIA DE SANGUE! A ARMA ESTÁ JOGADA NO CHÃO E SÓ TINHA VOCÊ AQUI!

– Não diga nada, não precisa! O que ouvi hoje foi mais que suficente, como pôde? Me traiu com o Osvaldo quando dizia que me amava, aquele beijo que eu vi na praça não foi armação, você só tentou se justificar colocando a culpa na Paola. Sabe de uma coisa, vocês duas são iguais! "

As palavras ditas por Carlos Daniel em seu ouvido contrastavam com as que insistiam em aparecer na mente Paulina. Ela estava em uma luta contra si mesma, mas em um ato impulsivo, o empurrou.

– Carlos Daniel, não! - pediu ela com a voz embriagada, enquanto grossas lágrimas vinham a tona

Para ele, os efeitos daquela bebedeira aos poucos começavam a desaparecer. No princípio olhou Paulina com certo espanto por sua atitude, mas logo vê-la em sua frente chorando desconsoladamente, fez Carlos Daniel entender que certamente o coração de Paulina ainda estava muito machucado por sua culpa.

– Meu amor, não fique assim, vem cá... - disse a puxando para um abraço

Paulina mergulhou seu rosto no peito de Carlos Daniel, e ali desabou; O álcool havia aflorado suas emoções, e ela não conseguia mais aguentar a angústia que apertava seu peito.

– Shh...não chore mais, eu vou curar sua dor, juro! - disse ele enquanto afagava os cabelos sedosos da amada

Paulina nada disse, naquele momento não sabia o que pensar, apenas se agarrou mais forte a ele.

Naquela madrugada, mais nenhuma palavra foi dita. Carlos Daniel, já com uma dor de cabeça devido aos efeitos da ressaca, ficou fazendo cafuné em Paulina até que ela se acalmasse e pegasse no sono. Ficou observando atentamente as feições dela, sua respiração... até que também acabou sendo vencido pelo cansasso.

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Atordoada e com a cabeça quase explodindo, Paulina lentamente abriu os olhos ao sentir os raios de sol batendo em seu rosto.

– Carlos Daniel?! - exclamou e se afastou surpresa ao perceber que estava dormindo com a cabeça encostada no ombro dele

– Bom dia Paulina! - disse meio sem jeito enquanto esfregava os olhos

– O que aconteceu? Como viemos parar aqui? - perguntou confusa, em sua mente os acontecimentos da noite passada pareciam um borrão

– Não se lembra de nada? – indagou Carlos Daniel

– Me lembro que estava na boate, que me chamaram para subir ao palco e... – ela engoliu em seco ao lembrar-se do beijo, mas preferiu não mencioná-lo - e que depois você se aproximou de onde eu estava para conversarmos, só! –afirmou- E você? - disse na expectativa de encontrar respostas mais claras

– Bom, eu também não lembro de muita coisa, você estava bebendo e eu acabei de acompanhando nos drinks... depois me lembro vagamente de termos entrado em um táxi, aí chegamos aqui, te pedi para entrar e... - dizia quando foi interrompido

Enquanto Carlos Daniel relatava os fatos, algumas recordadações desconexas começaram a surgir na mente de Paulina.

– A-aconteceu alguma... alguma coisa entre nós? - perguntou ela com os olhos arregalados e o rosto visivelmente ruborizado

– Não! - afirmou, e percebeu que Paulina sentiu-se aliviada ao ouvir isso– Quer dizer... - ele pensou em contar, mas não achou conveniente– não se preocupe, logo depois da ressaca você vai se lembrar. - disse rindo, tentando quebrar aquele clima tenso

Paulina percebeu que ele estava escondendo algo, mas não o questionou.

– Falando em ressaca, minha cabeça está muito dolorida, vou tomar um analgésico e descançar. Se não se importa, peço que vá embora. - argumentou séria

– Realmente exageramos um pouco...assim como você, não me sinto muito bem. Me acompanha até a porta? - falou Carlos Daniel, em seguida levantando-se do sofá

Paulina o fez. Mas antes de se despedirem uma pergunta de Carlos Daniel a desconcertou.

– E quanto a nós? - questionou ele, olhando fixamente nos olhos da amada

Ela desviou o olhar, respirou fundo e respondeu:

– Não existe mais "nós". Esqueça qualquer coisa que possa ter acontecido nessa noite. - pediu com os olhos marejados

– Tem certeza? - perguntou ele buscando o olhar de Paulina, que novamente esquivou-se

– Adeus, Carlos Daniel. - disse virando as costas

Carlos Daniel foi embora arrasado. Não por Paulina ter acordado sem se lembrar de nada, mas sim pelas últimas palavras ditas por ela.

Paulina não estava muito diferente. Por um lado, dúvidas sobre a noite passada a atormentavam; Por outro, a dificuldade que sentia em rejeitar o amado, juntamente com preocupações relacionadas à filha deles.

* Será que estou fazendo a coisa certa? * pensava ela, mas foi interrompida de seus devaneios pela chegada de Célia em casa

– Cheguei amiga! - exclamou contente

– Pelo visto a noite foi boa! - disse Paulina, brincalhona

– A sua também, acabo de ver o bonitão saindo daqui! - retrucou, rindo

Paulina sentiu seu rosto queimar de vergonha.

– N-não é nada do que está pensando, bebemos demais e ele acabou dormindo aqui, mas não houve nada! - tratou de justificar

– Não se preocupe, já disse que a casa também é sua, então não me deve explicações! - respondeu despreocupada

O dia seguiu sem maiores acontecimentos. Paulina tomou um analgésico e mesmo tendo a mente com mais problemas do que soluções, acabou dormindo.

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Dia seguinte:

– Bom dia Paulina! - disse Célia ao vê-la sentada na mesa, tomando café da manhã

– Bom dia! - respondeu pensativa

– Como está? Melhorou da ressaca? - perguntou enquanto sentava-se junto com a amiga

– Dormi mais do que deveria, mas estou bem melhor. - respondeu séria

– E porque essa carinha triste? - questionou ao ver o semblante de Paulina

– Sabe Célia, agora a pouco me lembrei que tenho umas economias guardadas no banco, da época em que eu trabalhava na fábrica.

– Que bom amiga! E já tem algo planejado para fazer com elas? - perguntou com curiosidade

– Sim... -Paulina fez uma pequena pausa, procurando as palavras certas para contar a amiga o que acabara de decidir– Depois de refletir, acabei chegando a conclusão de que vou voltar para Cancun.

– Cancun? –disse levantando uma sobrancelha- E o Carlos Daniel? E a Carolina?

– Pensei muito sobre eles, sobre mim... lembra que te contei sobre a carta que minha mãe deixou antes de morrer?

– E o que isso tem a ver? - falou confusa

– Nessa carta minha mãe contou que renunciou a Paola porque sabia que ela teria melhores condições de vida. –nesse momento ela abaixou a cabeça, na tentativa de conter as lágrimas que ameaçavam cair- Agora eu a entendo. Por mais que me doa, prefiro deixar a Carolina com o Carlos Daniel, pois tenho certeza que será bem criada e amada por todos os Bracho. - explicou olhando nos olhos de Célia

– Mas não acha que ela sentirá falta de uma presença materna? - Célia seguia a questionando, estava muito surpresa com as palavras de Paulina

– Talvez com o tempo, Carlos Daniel acabe arranjando uma es... - o choro que agora não conseguia controlar, a impediu de terminar de frase

– Uma esposa? Mas e você? Ele te ama! - argumentou

– Eu sei Célia, mas não posso esquecer o que ele me fez, não consigo! –disse sincera- Talvez algum dia o destino volte a nos aproximar, e aí contarei a verdade sobre Carolina. Por enquanto vai ser melhor assim. – secou as lágrimas

– Se acha que está tomando a decisão correta, então vou te apoiar. Mas pense bem Paulina... - dizia quando foi interrompida

– Já está decidido. Hoje mesmo vou comprar a passagem aérea. - afirmou convicta, tentando convencer-se de suas próprias palavras

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Horas depois - Fábrica Bracho:

– Boa tarde, em que posso ajudá-la? - perguntou Verônica, a secretária

– Preciso falar com Carlos Daniel Bracho, ele está? - perguntou Célia

– Está sim. A senhora tem hora marcada?

– Não, mas diga a ele que é um assunto urgente sobre Paulina Martins, tenho certeza que vai me receber.

– Está bem, só um minuto. - disse e se retirou

Célia aguardou impaciente. Não sabia se era correto o que estava prestes a fazer, mas preferiu arriscar.

– Pode entrar, senhora - disse Verônica após um curto tempo de espera, a guiando para a sala de Carlos Daniel

– Olá Senhor Bracho. - cumprimentou Célia, apreensiva

– Olá, você é...? - perguntou tentando reconhecê-la

– Célia Alonzo, advogada e melhor amiga da Paulina. - apresentou-se

– Ah, claro! Sabia que tinha te visto em algum lugar, sente-se! –fez sinal para que ela o fizesse- O que te traz por aqui?

– É um assunto muito sério, sobre a Paulina!

– Aconteceu algo com ela? – indagou preocupado

– Ainda não, mas vai acontecer!

– Não entendo. Por favor, me diga logo a que se refere! – quase implorou, seu coração batia a mil por hora só de pensar o que poderia acontecer com a amada

– Acho que não deveria ter vindo aqui, mas algo me dizia que o senhor precisava saber disso, é que... a Paulina vai embora para Cancun! - contou finalmente

– Tem certeza do que está dizendo? - disse sério

– Sim, hoje mais cedo ela me disse isso, e agora a pouco nos falamos por telefone e ela me informou que já comprou a passagem.

– E quando ela vai?

– Amanhã a tarde.

Para a surpresa de Célia, Carlos Daniel tinha um semblante tranquilo. Mais do que ela esperava.

Ele revirou algumas gavetas, e logo tinha em mãos um envelope.

– Célia, por favor dê isso a Paulina. –pediu alcançando o envelope a ela- Escrevi essa carta há algum tempo, mas estava esperando o momento certo para entregá-la.

– O senhor não vai impedi-la de viajar? - Célia não se conteve e precisou perguntar, realmente não o entendia.

– Apenas entregue essa carta antes dela embarcar no avião.– afirmou

– Está bem então. - disse e pegou o envelope, se retirando logo após

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– Paulina, realmente está segura dessa decisão? - perguntou Célia. As horas haviam passado muito rápido, e agora Paulina estava prestes a embarcar no avião.

– Não, mas preciso arriscar, tenho que me afastar de tudo aquilo que me faz mal! - confessou

"- Atenção senhores passageiros do vôo 8239, com destino a Cancun. Por favor dirijam-se ao portão de embarque."– disse uma voz que soava nos alto falantes do aeroporto

– Preciso ir! - disse Paulina, emocionada

Célia a abraçou fortemente. Após cessarem o abraço, ela buscou em sua bolsa a carta que havia guardado e entregou-a.

– Paulina, leve isso com você.

Paulina a olhou confusa, mas seu coração disparou ao ler o remetente da carta.

– Uma carta do Carlos Daniel? Não me diga que você... - Célia a interrompeu

– Desculpe, mas eu tinha que avisá-lo. Fui até a fábrica e ele me entregou isso.

* Carlos Daniel sabe que vou viajar e o único que faz é escrever uma carta?* pensava. Nem ela entendia o porquê, mas havia ficado triste com essa atitude do amado.

– Paulina? Diz alguma coisa! - pediu ao perceber que ela estava "no mundo da lua"

– Tudo bem Célia. Obrigada por tudo, de verdade!

– Seja feliz Paulina! - desejou sincera

E assim se despediram.

Paulina embarcou naquele avião com apenas uma certeza: Tentaria esquecer de tudo e todos que a fizeram mal, tentaria apagar de seu coração aquele amor que lhe corroía a alma pouco a pouco. Mesmo que no fundo uma voz gritasse para ela desistir, prosseguiu.

Assim que o avião decolou, ela resolveu ler a tal carta.

Antes de abrir o envelope, um misto de ansiedade e medo a invadiu. Não sabia o que a esperava, mas respirou fundo e começou a ler.

Paulina:

Tudo o que passamos já não rola mais. Seus beijos que encantavam, sua pele que me estremecia, seus olhos que iluminavam meus dias. Minha vida até o brilho perdeu.

Sei que errei muito, mas é difícil de acreditar, inevitável chorar. Lamentável foi te perder, dificilmente vou te esquecer. Por que tem que ser assim? A solidão chega a corroer; só os sonhos que tínhamos restaram para mim. Como vou esquecer? Quero te encontrar, olhar em seus olhos e te amar.

O que falta para ti voltar para mim?

Se achares que um “não” vai resolver, esqueças e venha me encontrar. Quando digo: "sim, quero você aqui" é porque a falta que me faz não quer morrer. Só você pode arrancar essa dor do peito que chega a rasgar.

Meu coração grita por seu perdão. Não se apegue a memórias tristes.

São as lembranças mais distantes que lembramos claramente; Não podemos apagar o passado, mas podemos usá-lo de exemplo para um futuro diferente.

Ontem, hoje e sempre: Te Amo.

Carlos Daniel


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Notas finais do capítulo

A Valéria escreveu a carta do Carlos Daniel, curtiram?

Comentem meninas, e não me matem por mais essa dose de drama!!