Paulina terminou de ler a carta com a voz já abafada pelo choro. Carlos Daniel tirou o papel das mãos dela e a abraçou forte.

- Sinta-se a vontade para desabafar, meu amor. Estou com você! - disse Carlos Daniel, sem soltá-la
- Minha... irmã!  Meu Deus! - falou com a voz entrecortada devido as lágrimas

Carlos Daniel optou por ficar calado, deixando total liberdade para a amada colocar para fora o que estava sentindo.

- Sabe o que isso significa? Minha única família de sangue! ... Mas por que se tornou uma pessoa assim, que age de maneira rude com todos? Não sou ninguém para julgá-la, mas também não posso esquecer a maneira como me tratou. - disse Paulina, sentindo-se em um dilema

- E quanto a nós? Nada mudou, certo? - perguntou Carlos Daniel, separando-se do abraço e a olhando nos olhos com certa insegurança

- Não meu amor... apesar de ser minha irmã, não posso renunciar a você por causa dela. Você mesmo disse que nosso amor é mais forte que tudo, e assim continuará sendo. Mas quero ter a oportunidade de conversar com Paola, quem sabe possamos ter uma relação cordial. - afirmou

Carlos Daniel respondeu a amada com um longo e calmo beijo, confirmando mais uma vez que o amor deles era capaz de vencer qualquer barreira.

- Que horas são? - perguntou Paulina depois que se separaram. Só agora tinha se dado conta que já era noite

- 1 da manhã. - disse Carlos Daniel, após conferir no celular

- Nossa! Nem vi o tempo passar!

- Posso ficar o resto da noite aqui com você? - perguntou ele, com um sorriso sedutor nos lábios

Paulina sentiu sua face corar. Mesmo que tentasse disfarçar, não conseguia. Arregalou os olhos e ficou em silêncio.

- Não faz essa cara, minha vida. Já disse que nunca aconteceria algo que você não quisesse, só quero terminar essa noite aconchegado nos seus braços, posso? - disse,  a tranquilizando

-  Me desculpe por reagir assim. -baixou a cabeça- Claro que pode.

Carlos Daniel levantou-se do sofá, arrumou as cobertas na cama e estendeu sua mão para a amada.

- Vem! Deita aqui comigo! - disse ele

Paulina sorriu envergonhada, pegou na mão do amado e assim os dois deitaram na cama e dormiram como anjos, um sentindo a respiração do outro.    
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No outro dia, Paulina acordou primeiro que Carlos Daniel e ficou velando seu sono. Ele não demorou muito a acordar.

- Bom dia meu amor! - disse Paulina, dando um selinho nele

- Bom dia! -respondeu- Dormiu bem?

- Muito!

- Está com fome? - perguntou Carlos Daniel

- Na verdade, estou. - disse, rindo

- O que acha de irmos tomar café da manhã?

- Acho ótimo! Vou me trocar e depois vamos. - falou, levantando-se da cama e indo até o banheiro para trocar de roupa

Minutos depois, Paulina estava pronta. E assim os dois foram tomar café em um lugar ali perto. Conversaram, trocaram olhares... sempre em uma incrível sintonia.

Após isso, os dois se despediram e combinaram de se encontrar mais tarde. Paulina precisava refletir sobre a carta, ainda que soubesse que sua decisão não mudaria.
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Ao chegar em casa, Carlos Daniel teve uma grande surpresa. Assim que adentrou, Lalinha avisou a ele que Paola havia voltado e o esperava em seu quarto. Ele percebeu algo a mais na expressão da empregada, mas não perguntou de que se tratava.

Tudo o que ele menos queria nesse momento era a presença de Paola, mas já que estava lá, precisaria enfrentá-la. O lado bom disso é que finalmente poderia pedir o divórcio. E foi até o quarto decidido a fazer isso.

Ele bateu na porta e entrou. Assim que a viu, Carlos Daniel olhou para Paola dos pés a cabeça e não podia acreditar na imagem que estava em sua frente. Ela estava exuberante como sempre, vestia um belo conjunto de blusa e saia, na cor vermelha. Mas não foi exatamente isso o que lhe chamou a atenção...

- O que foi? Parece até que está vendo um fantasma! - disse Paola, com seu tom de voz irônico

- Não pensei que fosse voltar tão cedo, mas agora entendo o motivo... - disse olhando diretamente para a barriga de Paola

- Pois é, meu amor... vamos ser papais! - afirmou com a cara mais deslavada do mundo

- E de quanto tempo é a gravidez? - perguntou, desconfiado

- 6 meses, descobri assim que saí de casa. Mas devido a recomendações médicas, só pude voltar agora. Pode me entender, não é?  - disse, alisando o rosto de Carlos Daniel, que a olhava meio contrariado

- Não fica feliz com a notícia? - perguntou Paola, ao perceber o olhar de Carlos Daniel

- Claro que sim, um filho sempre é uma boa notícia. - disse, forçando um sorriso

Durante alguns segundos, o silêncio tomou conta daquele quarto.

- Preciso pensar um pouco, com licença. - afirmou Carlos Daniel, dando as costas à Paola

Quando ele saiu, Paola olhou seu reflexo no espelho e disse:

- Carlos Daniel, meu amor... -alisando sua "barriga"- que cara será que vai ter nosso filhinho? - gargalhava sozinha

Após admirar-se por um tempo, Paola certificou-se de que não havia ninguém nos corredores, trancou a porta do quarto e levantou sua blusa, deixando a mostra sua falsa barriga e logo depois a retirando.

- Nossa, como essa coisa é incômoda! -exclamou- Mas tudo por uma boa causa... - disse, voltando a gargalhar  
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Carlos Daniel saiu daquele quarto pensativo e cheio de dúvidas. * Por que Paulina não comentou comigo que Paola estava grávida quando a conheceu? E agora como vou pedir o divórcio? Não posso abandonar um filho, não fiz isso com Elisabeth e não farei com Paola.*  pensava, ainda sem saber ao certo o que fazer.

Estava descendo as escadas perdido em seus devaneios, quando escutou o celular tocar. O tirou do bolso e viu que tinha uma mensagem recebida, que dizia:
 

" Estou te esperando na praça que fica na esquina de sua casa, precisamos conversar. Beijos, Paulina"

Atordoado como estava, nem prestou atenção no número que havia enviado essa mensagem para ele, simplesmente saiu e foi em direção a essa praça, curioso sobre o assunto que Paulina gostaria de falar.

Paulina, por sua vez, também havia recebido uma mensagem do mesmo estilo. Estranhou, mas resolveu ir.

Chegando lá, observou as pessoas a sua volta e não avistou o amado.

- Carlos Daniel? - perguntou Paulina ao sentir alguém tocando seu ombro

Ao virar-se, percebeu que estava enganada.

- Olá Paulina!

- Osvaldo? O que faz por aqui? - perguntou, surpresa

- Nada de especial, apenas dando uma volta. Gostaria de companhia para conversar? - disse, fingindo também estar surpreso

- É que estou esperando uma pessoa...

- Que pelo visto ainda não chegou, estou certo?

- É, ainda não.

Osvaldo olhava atentamente a todos que estavam ali, esperando avistar a presença de Carlos Daniel. Quando o viu de longe, soube que era hora de colocar seu plano em ação.

- Venha aqui, preciso te falar uma coisa. - disse ele, fazendo com que Paulina ficasse de costas, de maneira que não pudesse ver Carlos Daniel se aproximando.

- O quê? - perguntou sem entender

- Sabe, há tempos eu queria te encontrar. Tem uma coisa que precisa saber... estou apaixonado por você!

Sem ao menos dar chance para que Paulina respondesse algo, Osvaldo a beijou. Nesse momento, Carlos Daniel estava justamente ali perto e pôde vê-los.