Pov. Austin

Por que estou desenhando isso ? Foi o que pensei quando me peguei desenhando uma garota virada de costas encarando o mar. Eu não desenhei o rosto dela,e o cabelo cobria boa parte das suas costas ... Eu imaginava essa garota como a Ally,poderia desenhar o olhar meigo e gentil dela,mas não quero que fique muito óbvio quem é.

Não que ela não fosse gostar,mas eu fiquei meio assustado quando ela viu aquele outro desenho que eu fiz dela ... O primeiro. Está com ela agora,e eu adorei ver os seus olhos brilhando quando ela o viu. Ela tinha adorado. Se ela soubesse que eu fiz outros dela ... Talvez ela fosse minha inspiração para desenhar.

Eu sempre venho nesse lugar quando preciso pensar um pouco,aqui é bastante aconchegante. A música ao vivo é como uma trilha sonora para os meus pensamentos ... E no que eu precisava pensar agora ? Na confusão que deveria estar lá em casa nesse momento. Pode até parecer enredo de novela,mas minha mãe descobriu que meu pai tinha uma amante.

Isso não deveria me afetar tanto porque nunca fomos o tipo de família unida,e eu já tinha percebido que eles não estavam de bem um com o outro como eram antes ... Mas,eles ainda são meus pais,eu os amo,é claro. Só acho que aquela briga não era minha,e eu não precisava estar lá pra ver.

Estava totalmente concentrado em terminar os pequenos detalhes daquele desenho que nem me lembrava mais de tomar meu suco de laranja - que estava ao lado da folha em que eu estava desenhando - e devo confessar que me assustei quando uma voz doce e claramente reconhecível me chamou.

- Austin ? - fui erguendo meu olhar devagar para ver quem era. Não que eu já não soubesse,reconheci a voz dela.

- Oi Ally - sorri abertamente para ela.

Ficamos nos encarando por alguns longos segundos,não era ruim nem desagradável. Era até - de certa forma - bom. Eu poderia passar horas olhando para seus olhos grandes e castanhos,ou para seus lábios vermelhos e carnudos.

- Quer sentar ? - perguntei educadamente.

Ela olhou para trás por um minuto como se procurasse alguém,e por um breve momento pude ver Trish,mas tinha outras pessoas na minha frente tapando a minha visão,então não pude ter certeza.

- Claro - ela disse se sentando.

- Tudo bem ? - perguntei - Parece cansada.

- É que a Trish me obrigou á fazer compras para o baile - ela suspirou - Não gosto muito dessas coisas.

Sorri para ela. Era algo inevitável.

- Desenhando de novo ? - ela perguntou olhando curiosa o desenho que estava em cima da mesa.

- Eu gosto muito de fazer isso - disse sorrindo.

- E desenha muito bem - ela disse pegando o desenho nas mãos - Eu mal consigo desenhar um círculo - ela disse e acabamos rindo.

Sim,nós ficamos conversando por um bom tempo. Quase tudo sobre ela era um tanto inesperado. Ela com certeza não é igual a outras garotas. Ela é única. E especial. Não quero parecer louco ou precipitado , mas talvez eu esteja sentindo sentimentos por ela. Eu só ainda não sei o que eles são.

Pov. Ally

- Ally, a gente tem que ir embora - Trish me disse enquanto íamos ao banheiro.

- Tem que ser agora ? - perguntei como uma criança birrenta e mimada que não conseguiu o brinquedo que queria.

- Já tá tarde. Minha mãe me ligou umas três vezes - ela disse - Sabia que passamos o dia inteiro fora ? E você ainda acabou me deixando sozinha. - ela disse com um pouco de ressentimento.

E agora que eu percebi que eu tinha mesmo a deixado sozinha. E pelo que eu percebi já tinha se passado muito tempo.

- Me desculpa Trish,eu não ... - ela me interrompeu.

- Não precisa falar nada. Tá tudo bem - ela sorriu para mim - Você pode ficar se quiser,mas eu realmente tenho que ir.

- Tudo bem,eu acho que vou ficar mais um pouco.

- Boa sorte - ela disse. Mas por que ela disse isso ?

- Boa sorte pra que ? - perguntei com a testa franzida.

- Eu vi vocês dois ... - ela sorriu maliciosa - Formam um belo casal.

Devo ter corado naquele momento porque ela teve um ataque de risos olhando minha cara. Ou eu deveria estar com uma expressão surpresa e apavorada.

- Trish ... - eu ia falar para ela que éramos só amigos e que certamente ela já estava pensando besteira. Mas,de novo ela me interrompeu.

- Não fala nada - ela disse rapidamente que quase não entendi - Eu tenho que ir. A gente se vê na escola. Tchau Ally.

E saiu correndo,sim,ela saiu correndo do banheiro e quando finalmente deixei minha cena patética - porque eu estava paralisada - Era tarde mais,ela não estava em canto nenhum. Ela foi mesmo embora correndo.

- Foi mesmo a Trish que passou correndo aqui ? - Austin me perguntou quando eu voltei á mesa.

- É,parece que sim.

( ... )

Acho que já fazia mais de 1 hora que a Trish já tinha ido embora. E isso significa que com certeza já é muito mais tarde. Sinto meu celular vibrar em minha bolsa,logo tocou aquele barulinho irritante indicando que tinha uma mensagem. Nesse momento agradeci mentalmente por Trish ter levado todas as compras com ela,nem sei como ela conseguiu levar,já que saiu daqui feito um furacão. Também acho que ela não se tocou que tinha levado minhas coisas junto.

"Ally,aonde foi que você se meteu ? Sabe que horas são ?"

A mensagem era do meu irmão. Olhei a hora e já tinha passado das dez. Também percebi que tinha várias ligações perdidas da minha mãe. Como eu não escutei ?

"Não se preocupa,eu ainda to viva"

Mandei a mensagem para ele e Austin me olhava curioso.

"Então por que não atendeu antes ?"

Ele mandou de volta em menos de 1 minuto.

"Porque eu não tinha visto"

"Só vem pra casa,já tá muito tarde"

- É meu irmão - disse a Austin - Acho que já está mesmo muito tarde.

- Quer que eu te leve ? - ele perguntou.

- É ... Sim, - Enfim,respondi.

Meu celular vibrou de novo.

"Quer que eu te busque ? Penny acha perigoso você estar sozinha essa hora"

Esperei sairmos do restaurante para responder.

- Esse é seu carro ? - perguntei para Austin

- É sim - ele respondeu com a expressão
serena.

Digamos que era apenas uma BMW . Um carro realmente muito lindo. Ele abriu a porta para mim,e então respondi a mensagem do Jason.

"Não precisa. E não vou estar sozinha"

Essa ele não respondeu.

Fui dizendo o caminho para Austin. Não era tão longe da minha casa,de carro dava uns 20 minutos.

- Ally,você ainda tem aquele desenho ? - Austin perguntou.

- Sim - disse apenas e ele pareceu ficar feliz com minha resposta.

É claro que eu ainda tinha aquele desenho,na verdade,eu até pendurei no mural que tenho no meu quarto. Mas,é claro que eu não falaria isso á ele.

O silêncio foi preenchido com uma música doce e suave tocando no rádio. Era de um pen drive,eu acho. Reconheci a música depois de 1 minutos, era "All I've Ever Needed" , quem canta é Paul McDonald e Nikki Reed. Essa música tem uma linda letra.

- Não sabia que gostava desse tipo de música - disse enquanto ainda apreciava a doce melodia.

- Eu ouvi essa música pela primeira vez naquele restaurante - ele disse sorrindo e com a mente um pouco distante - embora estivesse totalmente concentrado na estrada - Parecia estar lembrando daquele momento.

- Você vai muito lá ? - perguntei.

- Sim,digamos que vou quando preciso relaxar ou pensar.

Enfim chegamos em frente á minha casa. Desci do carro e fiquei um pouco surpresa quando Austin desceu junto comigo.

- Sua casa é bonita - ele comentou enquanto se posicionava bem á minha frente.

- Obrigada - sorri para ele.

Nossos olhares se cruzaram mais uma vez. E foi exatamente como quando nos conhecemos - só que dessa vez,não estávamos caídos na areia . Mas com certeza eu senti a mesma coisa. Meus olhos se desviaram para seus lábios,e vi que aconteceu o mesmo com ele. Fomos nos aproximando cada vez mais,até nosso corpos estarem completamente colados. Eu não podia deixar de estar nervosa naquele momento,afinal,eu sei o que vai acontecer.

Nossos lábios se tocaram brevemente dando início a um demorado selinho. Mas,logo foi se aprofundando e se tornando algo mais profundo. Até que estávamos nos beijando,e nossas línguas começaram uma pequena batalha. Nossos lábios se moviam em uma perfeita sincronia. A essa altura,eu já estava com minhas mãos entrelaçadas em sua nunca,e as mãos dele repousaram em minha cintura. Estávamos mais colados do que nunca quando enfim,o ar faltou.