Fight For This Love escrita por Succubus


Capítulo 21
Capítulo 20 - Banho de sangue.


Notas iniciais do capítulo

Cap 20! Agradecemos pelos comentários e por estarem sendo umas fofas conosco, esperamos que gostem do capítulo, é essencial para a história. Enjoy ♥

Succubus



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Voltava da casa da Agatha no domingo pela noite ao volante de meu Audi Q7 ônix pensando na noite do Borderline em que Patch e eu fomos atrapalhados pelo seu gerente que pedia para que nós liberássemos o banheiro, então tivemos que nos despedir e eu fui para casa de Agatha, passei o dia lá e agora estava voltando para o meu inferno particular, o meu único consolo era que Dorotha estaria lá me esperando como sempre.

Estacionei na garagem e corri para a porta de casa entrando e fechando-a já gritando o nome de Dorotha.

— Dorotha, cheguei! — anunciei soltando as chaves no chaveiro e entrando a casa aparentemente vazia perdida na escuridão o que tornava a mansão da família Adams ainda mais assustadora, sorte minha já estar acostumada com isso.

Estranhei não receber nenhuma resposta vindo dela, e subi as escadas pensando que ela poderia estar lá em cima, gritei mais uma vez seu nome olhando ao redor e vendo ainda mais escuridão, e fiquei intrigada por Dorotha não ter ligado nenhuma das luzes da casa, também havia uma sensação esquisita como se eu não estivesse sozinha em casa, mas não em relação a Dorotha, era como se uma presença sombria e estranha se manifestasse no local. Andando pelo corredor eu sentia calafrios junto de outra sensação como se tivesse sendo observada de perto. Virei depressa procurando por mais alguém de mim ou por alguém me seguindo, mas claro só havia eu, pensei que poderia ser paranoia principalmente depois de tudo o que vinha acontecendo e as minhas suspeitas constantes sobre Patch.

A escuridão do corredor era assustadora e as janelas de cortinas fechadas sendo balançadas pelo vento mesmo que levemente trazendo uma brisa fraca deixava tudo ainda mais aterrorizante, como uma cena de filme de terror, onde esta prestes a acontecer a morte de alguém. Estremeci e depressa liguei as luzes iluminando o corredor e percebendo que a casa estava mesmo vazia e eu estava sozinha no cômodo, então por que aquela sensação de ser vigiada não desaparecia? Ela era constante como se alguém estivesse comigo aqui dentro vigiando cada passo meu. Engoli em seco e respirei fundo dizendo a mim mesma que estava deixando essa paranoia me controlar. Eu estava sozinha, pelo visto nem Dorotha estava aqui e a casa é cheia de câmeras de segurança e cerca elétrica, então quem se animaria a vir até aqui? Principalmente para me observar?

Entrei em meu quarto e fui direto ao meu banheiro particular ligando as luzes e prendendo o cabelo para lavar o rosto. Escovei os dentes e vesti meu pijama, voltando para o quarto então sentindo um calafrio e aquela sensação estranha novamente, olhei para trás e o banheiro continuava vazio do mesmo jeito mas um ar estranho rondava o local. Corri para baixo das cobertas me deitando rapidamente e tapando a cabeça, ignorando aquelas sensações esquisitas e dizendo para mim mesma deixar de ser tão covarde, estava tudo bem, era só essa casa vazia mesmo, nem Dorotha estava aqui, mas eu não ficaria com medo e pensando sobre isso como um grande fato aterrorizador, enfiei a cabeça no travesseiro fechando os olhos e me concentrando apenas em descansar. Finalmente consegui dormir.

Senti meu iPhone vibrar ao meu lado e me acordei sobressaltada, pegando o aparelho e conferindo depressa o que poderia ter feito-o vibrar. Me remexi na cama e senti algo molhado em minhas pernas, pensei que talvez estivesse menstruando, mas meu ciclo menstrual já havia acabado algumas semanas atrás. Soltei o celular e respirei fundo, então puxei as cobertas afastando-as de mim e acendendo meu abajur para iluminar o local e tamanho foi meu susto quando olhei para baixo e vi minhas pernas cobertas de sangue, sujando os lençóis e meu pijama, em uma quantidade absurda daquele líquido espesso, deixando tudo inundado pelo sangue que eu sabia que não era meu.

Pulei da cama gritando desesperadamente, tropeçando nas cobertas ao chão e quase caindo, usando a parede para me equilibrar e tentar me recompor. Fiquei arfando em busca de ar processando o que acabava de ver, me aproximei devagar e hesitante da cama encarando tudo sujo de sangue, olhei para minhas pernas e procurei algum corte e ferimento que pudesse ter causado tamanha sangueira, mas estranhamente não havia nada, eu sentia que o sangue era fresco e teria que ser de algo recente, mas se eu estava bem e sem nenhum corte de onde ele viria?

Observando o chão eu percebi que haviam ao que parecia pegadas em um rastro feito de sangue que levava em direção ao meu banheiro, engoli em seco respirando fundo e soltando o ar bem devagar estremecendo e suando frio com as mãos molhadas, tomando coragem para seguir o rastro entrando no banheiro e relutantemente me esforçando para acender a luz, liguei-a e quando voltei meus olhos a peça o meu banheiro de azulejos brancos parecia estar inerte com um banho de sangue. Gritei levando as mãos a boca sentindo o desespero se apoderar de mim quando percebi de onde vinha todo aquele sangue, o corpo de Dorotha jazindo sobre a banheira boiando no seu próprio sangue, pálida e de olhos abertos parecendo já estar morta a algum tempo, seu corpo já parecia frio e pesado assim como aquela cena aterrorizante que superava qualquer filme de terror em meu ponto de vista.

Saindo de meu estado de choque eu corri em direção a ela sentindo o sangue no chão sujar meus pés tornando-os frios e gelados assim como o corpo de Dorotha que agarrei em desespero tentando puxa-la para fora daquela banheira junto a mim, lágrimas escorriam pelo meu rosto embaçando minha visão e inundando meus olhos sem parar. Seu corpo era pesado sem vida alguma e eu não queria acreditar nisso, continuei gritando em negação insistindo em tentar puxa-la para fora sem força para faze-lo e ainda com o sangue banhando o chão que me impedia de me manter em equilíbrio fazendo com que eu resvalasse e caísse ao lado da banheira sem forças para me levantar ou para ter qualquer reação além de continuar jogada ali aos prantos torcendo para que isso fosse um pesadelo e para que eu acordasse logo e tudo isso desaparecesse, mas era muito real e não era um pesadelo, era verdade, Dorotha estava morta em meu banheiro e não havia nada que eu pudesse fazer além de chorar como uma criança desnorteada e sem rumo. Ergui os olhos e outro susto me acometeu ao encarar o espelho.

Nele reluzia a imagem da figura negra envolta em sombras com a máscara de esqui cobrindo o seu rosto me observando o tempo inteiro atrás do espelho como se estivesse presente no local agora mesmo vendo tudo o que acontecia ou melhor como se tivesse provocado isso. Pulei do chão resvalando no sangue outra vez ao tentar correr. Caindo e me levantando depressa olhando em volta apavorada sem encontrar nem vestígios do cara da máscara de esqui, voltei meus olhos a frente sobressaltada e nervosa sentindo como se tivesse um ataque de asma em uma busca desesperada por ar e a garganta seca engasgando e sufocando em um constante ataque de pânico. Encarei o espelho outra vez e de repente nele apareciam marcas de sangue formando letras uma a uma que apareciam devagar parecendo estar sendo escritas por um fantasma ou alguém invisível. Quando terminou no espelho se lia um aviso claro e ameaçador que conseguia ser ainda mais aterrorizante do que o resto da situação.

TODOS QUE VOCÊ AMA VÃO ACABAR MORRENDO DESSE JEITO,
É SÓ UMA QUESTÃO DE TEMPO.

Dei um berro ensurdecedor e estridente me encolhendo tomada pelo medo e o desespero, corri o mais rápido que pude em disparada deixando o banheiro e continuando a correr descendo as escadas sem nem enxergar os degraus em direção a sala, eu podia ver a casa toda iluminada mesmo sem as luzes estando ligadas, olhei pelas janelas e pude ver os raios do sol adentrando pelas persianas mostrando como o dia já havia nascido e eu parecia não ter dormido nada. Ao terminar de descer as escadas eu virei-me encarando o corredor acima andando de costas para trás procurando por qualquer vestígio do mascarado que poderia estar atrás de mim esperando para fazer a mesma coisa que fez com Dorotha comigo a qualquer momento, afinal, eu não tinha duvidas de que aquele foi apenas um aviso, corri os olhos enlouquecidos pelo segundo andar esperando que ele surgisse a qualquer momento.

De repente senti-me bater contra a porta de madeira atrás de mim e no mesmo minuto em que me choquei contra ela a campainha soou em minhas costas me sobressaltando outra vez. Virei desesperada para a porta a minha frente sentindo meu corpo todo tremer enquanto eu arfava ainda lutando por uma respiração. Com o medo que sentia e a possibilidade de ser ajuda ou um dos vizinhos que pudesse ter percebido toda a movimentação e viesse em meu socorro, eu não pensei duas vezes em abrir a porta depressa pronta para pedir socorro e finalmente sair logo dessa casa onde o mascarado poderia me alcançar a qualquer minuto.

Tamanha foi minha surpresa assim como meu terror ao escancarar a porta e dar de cara com Patch do outro lado já vestido com o uniforme do colégio. Com os olhos arregalados e mais pálida do que o normal, sentindo-me completamente sem cor, minha boca já seca pareceu ter os lábios rachados imediatamente assim que eu abri para berrar ainda mais alto e estridente do que antes, mesmo estando com a voz fraca e rouca de tanto que já tinha gritado.

— Êi, o que foi? O que é isso? — Patch disse erguendo as mãos como quem se rende, parecendo surpreso e assustado ao me ver naquele estado.

Ele entrou passando para a sala e vindo em minha direção e ao mesmo tempo eu sem conseguir raciocinar tomada pelo pânico só consegui recuar dando passos para trás a medida que ele se aproximava.

— O que você quer? Por que está aqui? — sussurrei num fio de voz sem força alguma continuando a recuar.

— Primeiramente levar você para a escola e se possível receber uma explicação do por que você está coberta de sangue? — ele perguntou me encarando desconfiado tentando entender o que me acontecia e ao mesmo tempo ele parecia desconfiado de mim.

— Eu não vou para a escola hoje, você pode ir embora. — esclareci ainda fraca me esforçando para me manter em pé.

— Você não respondeu minha pergunta. — ele disse parando abruptamente e me encarando com uma expressão que parecia mais assustada do que desconfiada.

— Isso não é da sua conta. — disparei continuando a recuar sentindo a sensação de terror começar a diminuir lentamente.

— Ashley o que está acontecendo? Você está me assustando. — Patch quem começou a recuar alguns passos atrás me encarando como se eu fosse uma criminosa e examinando o sangue em minhas pernas atentamente.

— Patch... Sai daqui. — pedi alcançando a escadaria e subindo o primeiro degrau usando o corrimão como apoio ao meu corpo fraco.

— Não até você me dizer o que foi que fez. Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou com um jeito realmente preocupado, me perguntei se ele estava mesmo preocupado comigo ou se só estava tentando disfarçar sua própria culpa.

— Não, agora vai embora droga! — explodi franzindo a expressão.

— É claro que não, deve ser por isso que você está coberta de sangue. — ele voltou a começar a se aproximar novamente como se voltasse a baixar a guarda.

— Me conte o que está acontecendo.

— Não chegue perto de mim! — exigi começando a subir os degraus da escada de costas o olhando atentamente.

— Tentador, vindo da garota coberta de sangue. — ironizou continuando a vir em minha direção como se o fato não o assustasse.

Virei de frente para a escada subindo correndo depressa para o corredor acima indo o mais rápido que podia em direção ao meu quarto, tropeçando em alguns degraus e continuando a correr sem parar. Entrei em meu quarto rapidamente preparando-me para fechar a porta imediatamente mas fui impedida por Patch que alcançou a porta tão rápido quanto eu e jogou seu peso contra ela antes que eu pudesse fecha-la adentrando ao local e vindo devagar em minha direção. Ao tentar me afastar depressa tropecei em meus próprios pés e resvalei caindo ao chão sem equilíbrio como se meu corpo de repente pesasse o suficiente para eu não poder com ele. Mesmo assim tentei engatinhar em direção ao banheiro me arrastando pelo chão escorregadio o mais rápido que conseguia estando nessas condições. Patch continuou se aproximando sem pressa e quando chegamos onde o nosso campo de visão alcançava o banheiro ele parou repentinamente com os olhos arregalados encarando banheiro adentro parecendo perplexo e até mesmo assustado com a cena de todo o sangue que havia lá dentro.

Aproveitei sua deixa para me levantar e correr aos tropeções ao canto extremo do quarto sentando com as costas na parede e abraçando meus joelhos em estado de choque e medo, escondendo minha cabeça entre os braços e tremendo compulsivamente.

— O que aconteceu aqui? — Patch perguntou e sua voz parecia alterada e bem mais tranquila e pausada que o normal, como se tentasse se manter sobre controle.

Permaneci em silêncio me encolhendo ainda mais contra a parede e tentando apagar todas aquelas cenas de minha memória. De repente eu senti a presença de Patch mais perto, sem inclinando a minha direção e sentando-se ao meu lado passando os braços ao redor de mim e me trazendo para perto de si de uma maneira acolhedora e tranquilizante e assim que toquei seu peito foi como se uma calmaria e uma sensação de segurança se apoderassem de mim, eu sabia que ele tinha algo de estranho, algo de suspeito mas assim que ele me abraçou foi como se eu finalmente estivesse segura, essa sensação não poderia ser suspeita, e eu estava desesperada, estava sozinha e com medo, eu precisava de ajuda e ele estava aqui, talvez ele não fosse tão inocente, mas eu também não achava que ele faria isso se fosse o culpado.

— Êi, fica calma eu estou aqui. Vai ficar tudo bem. — ele disse com uma voz segura e acalmante passando as mãos em meus cabelos em um gesto carinhoso e protetor.

Abri os braços e envolvi sua cintura me colando ao seu peito e desabando sobre ele como se finalmente estivesse em segurança, segurando-o com tamanha força como se fosse a minha vida.

— Fica tranquila, eu estou com você. — sussurrou beijando minha testa em um ato de proteção. — Não vou te deixar.

Após algum tempo deitada sobre o seu peito eu não resisti mais ao meu impulso de adormecer, já que eu não consegui dormir direito esta noite e quando acordei fui pega por todo esse terror assustador e dilacerante. Percebi que estava sendo carregada e logo após senti a maciez de minha cama contra o meu corpo cansado, o colchão aconchegante e as cobertas quentes me fizeram adormecer instantaneamente, num sono profundo e pesado que me parecia bem merecido após tudo o que aconteceu e que tive de enfrentar hoje, a morte de Dorotha não passaria tão facilmente para mim, eu precisaria de muito tempo para me esforçar a acostumar e aceitar, mas agora o que precisava mesmo era dormir.

— FFTL —

Dormi o dia inteiro como uma pedra, era como se eu não dormisse a muito tempo com a intensidade a qual apaguei, e talvez eu nem acordasse tão cedo se meu estômago não desse sinal de vida, me lembrando de que eu ainda era humana e tinha necessidades e que uma delas era comer. Não comia nada desde ontem a noite quando vinha da casa de Agatha e estava sentindo os efeitos disso, acordei assustada, sentando-me sobressaltada sobre a cama e vasculhando o quarto desesperadamente com os olhos preocupados, torcendo para que tudo fosse um pesadelo, mas no fundo sabia como não era, podia lembrar perfeitamente de tudo o que acontecera, cada detalhe e como me sentia ao ver todo aquele terror, todo o sangue e o corpo da mulher que substituíra minha mãe durante todos esses anos, inerte jazindo a minha banheira, mergulhado ao próprio sangue, fora uma cena que ficaria guardada em minha memória para sempre. Dorotha estava morta e eu a segurei em meus braços, fria e completamente sem reação, a expressão vazia em seus olhos abertos, a pele excessivamente empalidecida. Tudo. Eu jamais esqueceria, mesmo que quisesse.

Senti meu coração disparar e então começar a tranquilizar, pulsando menos acelerado e mais sincrônico, quando enxerguei Patch sentado a minha poltrona que ele havia aproximado da cama, como se quisesse me vigiar a cada instante, como se tivesse guardado meu sono enquanto eu dormia e imediatamente me senti protegida e segura, com ele ali comigo. Era como se finalmente eu já não estivesse mais tão sozinha, tivesse alguém com quem contar.

— E ela acordou. — Patch cumprimentou-me ao me ver, parecendo uma doida, enquanto ele se mantinha natural, ou pelo menos o máximo que poderia se controlar diante a situação, ele abriu um sorriso. — Já está de noite, bela adormecida.

— Oi... — sorri minimamente ao vê-lo ali, mesmo quando eu o mandei, ele não foi embora, não me deixou sozinha. — Estou com fome... — suspirei sentindo minha barriga doer.

— Não é para menos você dormiu o dia inteiro, vou fazer alguma coisa para nós. Algum pedido especial? — perguntou erguendo-se da poltrona e parando em pé em frente a minha cama.

— Que tal, nachos? — sugeri sabendo que a especialidade dele é comida mexicana graças ao seu trabalho no Borderline.

— Boa pedida. — ele observou.

Ao olha-lo, não pude evitar de deixar que meu olhar desviasse para o banheiro a direita, a porta estava aberta e eu tive até medo de olhar diretamente dentro do espaço, temendo rever todo aquele sangue e tudo o mais que me fariam entrar em pânico e enlouquecer outra vez, mas quando meu olhar encontrou o interior do banheiro, não havia mais nada lá. Estava limpo, o piso brilhando, os azulejos brancos como deveriam ser, me perguntei se até o espelho estaria intacto.

— Não se preocupe, eu cuidei disso. — me reconfortou notando minha preocupação evidente. Patch aproximou-se da ponta da cama e sentou me observando com um olhar protetor. — Você sabe quem poderia querer ameaça-la, anjo?

— O q-que... V-você fez com... ela? — perguntei sem conseguir pronunciar o nome de Dorotha em voz alta, e mesmo assim a melancolia tomava conta de mim.

— Ela? Quem? — ele perguntou franzindo a testa desentendido, parecendo ignorante a respeito deste assunto.

— Minha empregada... Ela estava morta no banheiro... Você viu! O sangue era dela! — contei preocupada, Dorotha fora uma segunda mãe para mim, seja lá o que Patch tenha feito com ela eu tinha o direito de saber.

— Quem? Sua empregada... Mas não tinha ninguém morto no banheiro, Ashley. — ele recuou levemente parecendo assustado mas também preocupado. — Eu só vi o sangue, não havia ninguém morto lá.

— O quê? Patch, eu a vi, eu a segurei em meus braços... Morta! Ela... Ela estava lá... — insisti sobressaltando-me, afinal podia jurar que sim, ela estava lá porque eu a vi e até a segurei.

— Não, anjo. Não tinha ninguém lá. — esclareceu, ainda mais preocupado, seu olhar era desconfiando mas protetor, será que ele acha que eu sou louca por um acaso?!

— Tinha sim, eu vi! — afirmei. Eu sabia que ela estava lá, como Patch poderia não tê-la visto, ela estava na banheira, eu tinha certeza! — Ai que droga, isso não está acontecendo!

— Tudo bem, fique calma. — ele disse esticando o braço e segurando minha mão com firmeza me encorajando. — Vai ficar tudo bem. Confie em mim.

— Eu estou calma! Você acha que eu sou louca? — perguntei espremendo os olhos incrédula, como ele podia desconfiar de mim depois do que viu, ele sabia! De onde esse sangue poderia ter vindo?! Eu não estava louca, eu vi!

— Não, eu acho que você passou por muita coisa hoje. — disse-me ele com preocupação evidente.

— Eu quero comida. — mas na verdade eu queria dizer, eu quero ser comida mesmo, por você.

— E você precisa de um banho. Não naquele banheiro. — ele sorriu direcionando a cabeça ao banheiro. Segurou minha outra mão enquanto se pôs em pé me puxando para si delicadamente. — Vamos, eu posso te ajudar se quiser. — ele brincou com uma piscada.

— Ok. — concordei me pondo em pé com sua ajuda e com ele me dando apoio, fomos em direção ao corredor.

— Ashley Claflin está concordando comigo?! E aí está a prova de que você não está bem. — ele brincou, era incrível como assim mesmo, Patch ainda tentava me animar. — Eu já falei dos meus dons de enfermeiro? Podemos brincar de médico.

— Cala a boca! — repliquei sorrindo.

Entramos no banheiro do corredor, Patch me ajudou a ficar mais calma e parada ali enquanto ele pegava toalhas no armário e soltava sobre o sanitário. Ao mesmo tempo em que ele arrumava as coisas eu pensei em como era engraçado ver um cara como Patch, arrumando essas coisas triviais e cuidando de alguém, seria bem cômico se a situação não fosse trágica.

— Tudo bem, quer ajuda para se trocar também? — ofereceu com um sorriso condescendente.

— Se você faz tanta questão. — disse me aproximando do box e ligando o chuveiro, conferindo a água até deixa-la morna.

— Vem cá. — chamou-me, puxando-me com delicadeza em sua direção, me deixando exatamente a sua frente.

Segurou a blusa de meu pijama e a puxou devagar, ergui os braços e ele a passou por eles, soltando-a sobre o bidê. Nem tive tempo de sentir vergonha ou de pensar sobre isso antes de ele se abaixar, segurando o mini-short em meu quadril, deslizando-o por minhas pernas até que caísse ao chão. Gesticulou para que eu o deixasse, e assim fiz, então ele pegou a peça do chão e ergueu-se olhando-me diretamente, antes de solta-lo também sobre o bidê. Só de lingerie, eu me sentia encabulada por tê-lo a minha frente, me analisando daquela maneira, era vergonhoso e ao mesmo tempo, eu gostava de tudo aquilo.

— Você é tão linda, anjo. — Patch me elogiou enquanto me observava atentamente, com um olhar bem safado, mas ao mesmo tempo tão sedutor.

— Não sei se posso dizer o mesmo de você.

— É claro, até porque não seria muito sexy você me chamar de linda. — brincou aumentando aquele sorriso indecente. Tive que soltar uma leve risadinha.

— Idiota! — disse dando um soquinho em seu peito e sentindo seus músculos sob minha mão, isso sim era muito sexy e nada conveniente.

— Entra logo nesse banho, antes que eu mude de ideia. — ele disse se virando em direção a porta do banheiro.

— Você pode me ajudar? — virei de costas puxando o cabelo para o lado e segurando-o, arqueando o rosto em sua direção.

— Está me provocando, anjo? — perguntou virando-se em minha direção com um sorriso desconfiado.

— Não, só estou pedindo ajuda. — falei simplesmente com uma expressão inocente.

— Claro que sim. — ele disse ironicamente, sorrindo, e eu sabia como ele estava certo.

Patch se aproximou, e eu senti minha pele se arrepiar por completo ao seu toque quando segurou o fecho do sutiã e o abriu os ganchos, e na mesma hora senti-me mais livre quando o incomodo da peça me apertar sumiu. Patch subiu as mãos aos meus ombros, puxando as alças de um jeito sensual e convidativo, deslizando as mãos pelos meus braços junto as alças e acariciando minha pele, terminando de tira-lo por mim e jogando-o em direção ao bidê. Depois, subiu as mãos aos meus ombros outra vez deslizando-as por eles e senti a pressão arrepiante de seus lábios em meu pescoço, me fazendo estremecer ao contato com aqueles lábios úmidos e quentes. Ergui as mãos e cobri meus seios agora nus um pouco envergonhada.

Entrei no box devagar, ainda sentindo a tensão sexual evidente daquele momento. Fechei o box atrás de mim, entrando para baixo do chuveiro e sentindo a água cair sobre meu corpo, me dando mais tranquilidade enfim, me fazendo sentir que era um banho exatamente o que eu precisava depois de tudo. Depois de lavar os cabelos e o corpo, limpando o sangue seco em minhas pernas, eu me senti muito mais relaxada e até mais calma, como se aquele banho pudesse lavar minha alma, além de meu corpo. Patch já tinha saído do banheiro e pude sair do box normalmente, me sequei e só então percebi como hoje, ao contrário do que faço de costume, não tinha pegado roupas, peças íntimas nem nada. Nossa Ashley, que ótimo, melhor dia para decidir se vestir no quarto, quando tem um garoto lá, é isso aí! Me enrolei na toalha que parecia ser curta demais e calcei umas pantufas, abrindo a porta e deixando o banheiro, me dirigindo em direção ao quarto, tendo uma surpresa assim que entrei lá.

Patch estava sentado sobre minha cama, com uma bandeja de prata da cozinha. Sobre ela, havia uma travessa com uns deliciosos nachos prontos, só a espera de serem comidos, a fumaça ainda deixava o prato. Dois pratos, os talheres e copos também estavam na bandeja, acompanhados de uma jarra de suco, aparentemente de laranja e natural, bem como eu gosto! Sorri ao ver a cena, impressionada, entrando no quarto e fechando a porta.

— Não acredito que você fez tudo isso! — exclamei surpresa e satisfeita sorrindo.

— E o que eu não faço por você, anjo? — ele perguntou com um sorriso sedutor, exibindo a bandeja. — Não disse que estava com fome?!

— Muita coisa, enfim, estou morrendo! — disse com um sorriso um pouco forçado na animação.

Me dirigi ao meu closet, abrindo-o e entrando, fechando as portas depressa e procurando por peças para vestir.

— Muita coisa? — ele perguntou e eu senti o sorriso incrédulo em sua voz. Soltei uma risadinha baixa. — Como o quê?

— Nada, estava brincando.

— É, claro que sim.

Vesti um short e uma regata preta, após a lingerie, deixando o closet já pronta. Patch me admirou de cima a baixo com um sorriso travesso, então assentiu com a cabeça.

— Linda. — ele elogiou depois de me observar por algum tempo.

— Estou completamente sem graça, Patch. — disse me referindo a roupinha simples e sem cor que coloquei apenas para ficar em casa. Me perguntei como estava permitindo que ele me visse dessa maneira?!

— Você nunca poderia ficar sem graça, anjo. — disse-me mordendo o canto do lábio, senti um frio na barriga ao ver como eu reagia tão abertamente a suas insinuações.

— Ah, jura? Até mesmo quando estava escabelada, de pijama e suja de sangue?! — perguntei indo em direção a cama e sentando-me em frente a travessa, alcançando um prato e começando a me servir.

— Principalmente assim, fica sexy. Tirando a parte do sangue. — ele brincou me acompanhando na servida, então começamos a comer.

Comemos e conversamos algumas besteiras, eu percebi e até me senti mal por graças a Patch, ter esquecido da cena terrível desta manhã, até da morte de Dorotha que era tão traumática ele me fez esquecer. Como ele conseguia fazer isso?! Eu não sabia, mas Patch sempre conseguia roubar minha atenção toda para ele, e neste momento, mesmo sabendo que é errado e egoísta, eu preferia que fosse assim, seria bom evitar pensar em tudo aquilo, pelo menos por agora.

Depois de terminarmos de comer, desci com Patch para a porta da frente, levando-o até ela. Na verdade, não queria que ele fosse embora, principalmente hoje, ficar sozinha nessa casa seria terrível, eu já detestava mesmo normalmente, principalmente agora quando acabara de ver minha empregada e a mulher que me criara a vida inteira morta no meu banheiro. E eu que pensei que esta maldita mansão não pudesse ficar mais aterrorizante. Abri a porta e Patch parou a minha frente antes de passar por ela.

— Um beijo de boa noite? — sugeriu arqueando a sobrancelha com um sorriso travesso.

— Um beijo de boa noite. — concordei sorrindo bobamente, normalmente eu teria dito não e tentado resistir a tentação, mas hoje, ele não merecia.

Patch aproximou-se de mim e já senti o nervosismo bater e um frio na barriga aparecer, então ele inclinou o rosto em direção ao meu e fechei os olhos quando enfim nossos lábios se encontraram. Como sempre, nossos beijos eram quentes e intensos, seus lábios esmagavam os meus e me provocavam a tentar domina-los enquanto eles me dominavam, nossas línguas travavam batalhas molhadas e deliciosas, e seu sabor de hortelã percorrendo minha boca era como uma sensação de prazer indescritível, beija-lo era realmente uma das coisas que eu mais gostava de fazer.

— Ashley Claflin! — meu pai apareceu de repente na varanda de casa nos encarando seriamente com o olhar assassino e se seus olhos fossem armas, nós seríamos baleados com toda a certeza. Patch e eu nos separamos na mesma hora.

— Pai?! — estremeci e o encarei perplexa.

— Boa noite. — Patch sorriu amistoso como se o meu pai não tivesse acabado de nos pegar no flagra.

— Pra dentro. — meu pai disse gesticulando com as sobrancelhas em direção a nossa casa, com o seu olhar amedrontador de vamos conversar mais tarde.

— Hã... — comecei desnorteada sem saber o que fazer, se apresentava eles ou se entrava para dentro de medo dele. — Pai, este é o Patch... Patch esse é o meu, pai.

— É um prazer em conhece-lo. — Patch cumprimentou mantendo seu sorriso que infelizmente tinha um tom debochado natural. Estou fodida. — Estou vendo que a Ashley puxou a sua simpatia.

— A mãe dela era mais simpática. — meu pai disse. Muito obrigada pai.
— Não posso imaginar. — Patch respondeu. Que ótimo, dois narcisistas.

— Ashley, entra. Amanhã você tem aula, na verdade, você nem deveria estar aqui hoje. — meu pai disse cruzando os braços e se aproximando lentamente.

— É... Certo. — concordei relutante, virando para Patch outra vez preparando-me para entrar em casa. — Boa noite Patch, obrigada por hoje. — sorri envergonhada.

— Boa noite, anjo. Também gostei. — ele sorriu passando pela porta e me dando passagem piscando para mim enquanto descia a varanda.

Virei para dentro e entrei segurando a porta esperando por meu pai que ainda ficou na varanda encarando Patch por mais alguns instantes.

— Você não vai entrar? — perguntei mais para chamar sua atenção, eu não queria uma rivalidade entre meu pai e... Sei lá o que Patch é.

— Eu já vou. Vá na frente. — ele ordenou nem virando para me encarar e continuando a prender sua atenção em Patch.

— Ok.

Finalmente entrei para dentro fechando a porta e me recostando nela soltando um suspiro cansada. Comecei a subir as escadas em direção ao meu quarto querendo evitar de falar com meu pai depois da cena que ele presenciou lá em baixo. Fiquei arrumando minhas coisas em meu quarto para voltar ao colégio amanhã enquanto meu pai não subia para eu contar sobre Dorotha para ele.

Algum tempo depois eu ouvi o barulho da porta da frente batendo e em seguida passos na escada ultrapassando o corredor e parando em frente ao meu quarto, a porta se abriu e ele entrou acendendo a luz e vindo em direção a minha cama, eu já deitada sentei-me usando a guarda como apoio para minhas costas.

— Pelo seu tom, achei que quisesse falar comigo. — ele disse sentando-se na ponta da cama.

— Ah sim... Acho que Dorotha sumiu. — disse pensando novamente no que aconteceu no banheiro e como Patch disse não te-la visto, é claro que se ele fosse o culpado ele diria isso, mas se não talvez eu tivesse vendo coisas, mas como eu explicaria todo aquele sangue?

— Dorothea? Sumiu? Por que você acha isso? — ele perguntou desconfiado e incrédulo, também achava difícil de imaginar Dorotha sumindo, o que me levava a ter mais certeza de que ela realmente estava morta.

— Não tenho certeza, eu voltei para casa no domingo ela não estava, e hoje ela não deu as caras. — relatei simplesmente.

— Bom, talvez ela apareça logo, em todo o caso vou tentar falar com ela amanhã, era só isso? — ele perguntou e eu estava mesmo certa de que ele estava bravo comigo, pois quando não está ele sempre me trata como se eu fosse a coisa mais importante para ele, talvez por ser tão ausente.

— Era, era só isso. — tentei dar um sorriso esperando que ele falasse algo sobre Patch, me desse uma bronca ou qualquer coisa do tipo, mas ele não fez nada.

— Então, boa noite, Ashley. — ele disse, ele estava realmente bravo comigo se não teria me chamado de querida.

— Boa noite... Pai. — disse me sentindo até mal por um momento, mas ora, eu já era adolescente uma hora ou outra isso iria acontecer.

Mesmo assim, ele beijou minha testa antes de se levantar da cama e caminhar em direção a porta desligando a luz e deixando meu quarto fechando a porta, e assim que a escuridão tomou conta do quarto eu senti aquele clima estranho devido ao que tinha acontecido no banheiro, eu não voltaria ali tão cedo, muito menos a noite.


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Notas finais do capítulo

Gostaríamos de noticiar que TIAS SUCCUBUS ESTÃO DE FÉRIASS! Yeah! Enfim, vamos ver se conseguimos adiantar uns capítulos para não demorar tanto, e aqui vai um segredinho: o roteiro está pronto, a história está pronta, pelo menos as duas temporadas, ainda não sabemos como vai ser mais para frente, mas bom, depois dos 10 reviews o 21 vem, achamos que irão gostar. ♥

Succubus