My Life With Daniel escrita por T Phoenix


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Tive essa ideia meio que do nada, uma coisa a qual fiquei pensando e decidi sentar para escrever e foi fluindo.

Espero sinceramente que gostem da história. ^-^

Boa leitura!



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“Tudo começaria com a aula de montaria. Eu selaria meu amado corcel e iria encontrá-lo na colina, embaixo da árvore que simbolizava o nosso amor. Eu desceria do cavalo e correria na direção dele, ele me daria um beijo tenro e eu o abraçaria forte. Alguns minutos depois ouviríamos um som, a voz de uma criança pedindo socorro. Eu me separaria dele e veríamos o animal disparado com a menina em suas costas. Não poderíamos deixar ela se machucar. Então eu salvaria Snow White.”

Regina riscou a última frase e olhou novamente o que havia escrito. Ela suspirou sobre as folhas de papel, abriu um leve sorriso com a ideia que lhe passou pela cabeça e tornou a escrever, recomeçando de onde parou.


“Então eu o encorajaria a ir atrás dela, a salvá-la. Ele montaria meu adorado Rocinante e dispararia atrás da criança. Meu coração ficaria apertado enquanto o via salvá-la. Eu desceria correndo em direção aos dois, ele estaria abraçado à menina e a teria feito sorrir após o susto. Ela se apresentaria para mim, Snow White era o seu nome. Logo após uma senhora a encontraria, elas se abraçariam forte e a menina contaria o ato heroico de meu amado.”

“Eu voltaria para minha casa e ele voltaria ao trabalho nos estábulos. Algum tempo depois, o Rei Leopold bateria à nossa porta perguntando por Daniel. Minha mãe se enfureceria, enquanto meu pai o levaria aos estábulos para encontrar meu amado. Ela viria ao meu quarto como um furacão, me acusaria de ser uma tola, ingênua, certamente ela usaria magia e eu ficaria apavorada. Pior, apavorada e sem entender nada. Quando eu perguntasse do que se trata, ela diria que a garota no cavalo não era ninguém menos que a filha do rei, que deveria ter sido eu a salvá-la e que o rei me tornaria rainha. Que agora tudo estava acabado.”

“Meu pai entraria em casa, sorridente, abraçado ao rapaz de cabelos castanhos, ambos felizes da vida. Minha mãe e eu iríamos até a sala ver do que se tratava e então eu seria pega de surpresa com Daniel se ajoelhando diante de mim, me estendendo um anel de ouro com um belo diamante e me pedindo em casamento. Minha mãe iria se opor, mas meu pai explicaria que o rei recompensou meu amado por ter salvo sua filha. Meu pai diria que o Rei Leopold tinha Daniel como um filho, que o queria morando em seu castelo e propôs que pedisse a mão da sua jovem amada em casamento para levá-la junto com sua família, pois Snow tinha gostado muito de mim. De nós. Eu aceitaria, sem dúvidas, e esse seria o dia mais feliz de toda a minha vida.”

A morena sorriu ao reler as palavras que havia acabado de escrever e seus olhos estavam lacrimejantes. Ela não conseguiu impedir que algumas lágrimas rolassem por seu rosto e pingassem no papel. Regina respirou fundo e secou o rosto com as costas da mão esquerda, encarando um pequeno borrado que a lágrima havia causado no papel ao cair sobre a tinta azul da caneta, exatamente sobre o nome de Daniel.

Assoprou algumas vezes os locais molhados no papel até que secassem e virou a próxima folha. Ela ergueu a caneta contra os lábios e bateu levemente sobre eles algumas vezes, pensativa. Um novo sorriso brotou em seus lábios e ela levou a ponta da caneta de volta ao papel. A letra caprichada, cheia de emoção.

“Nós nos casaríamos no castelo. Daniel estaria lindo, suas vestes dignas de um príncipe e eu tentaria estar à sua altura, como uma princesa. Minha mãe ficaria insatisfeita, por um bom tempo ela nos infernizaria a vida, até que ele e eu decidíssemos nos mudar para uma das terras que o rei lhe deu, uma fazenda, cuidar dos cavalos, ter uma vida simples, confortável. Minha mãe ficaria furiosa e eu não sei exatamente como eu iria proceder mas, enquanto estivéssemos juntos, ela não nos faria mal. Provavelmente ela iria querer nos separar, fazer com que eu me casasse com o rei. Porém o rei seria tão grato à Daniel por salvar Snow que jamais pensaria em casar com a mulher que considera uma nora. Isso talvez fizesse minha mãe se conformar.”

“Eu jamais conheceria a magia das trevas. Teria uma vida boa ao lado do meu amor, uma vida tranquila. O tempo passaria para mim, os anos se refletiriam em minha pele. Teríamos filhos. Snow se sentiria uma espécie de irmã mais velha deles. Não sei quantos ou se seriam meninas, meninos, mas eu os desejaria igualmente. E eu os amaria com toda a minha alma.”

Novamente Regina se interrompe para acalmar as lágrimas que cobrem seu rosto. Agitou sua mão e uma caixinha de lenços de papel apareceu ao seu lado através de mágica, na mesinha de centro. Ela esticou o braço e pegou um deles, passando pelo rosto, segurando-os contra os olhos enquanto um soluço sofrido escapava por sua garganta. Outro lenço foi utilizado e ela secou seu rosto. Encarou novamente o bloco de folhas que tinha em mãos, ajeitou-se no sofá, dobrando as pernas e o apoiou sobre os joelhos. Releu o último parágrafo que havia escrito e sentiu os olhos arderem outra vez. Pegou um novo lenço, deixando-o preparado, se necessário. Respirou fundo e voltou a escrever.

“Talvez o rei encontrasse alguma mulher que o satisfizesse e se casasse. Talvez passasse o resto da vida sozinho. Porém Snow sempre me teria como uma irmã mais velha, seríamos unidas, eu a veria crescer. Dividiríamos experiências, eu a apoiaria quando o velho rei falecesse e veria ela se tornar uma bela rainha. Nós seríamos convidados ao seu casamento, talvez eu fosse sua madrinha e meus filhos até levassem as alianças, como ela própria fizera em meu casamento. Eu a veria grávida, ajudaria com todos os cuidados que se deve tomar, faria sapatinhos para a criança e a ensinaria a trocar fraldas quando o bebê nascesse. Talvez eu até o ajudasse a vir ao mundo. Seria uma linda menina, loirinha e com belos olhos verdes. Seu nome seria Emma, porque Snow simplesmente acha esse nome lindo.”

“Os anos iriam passando enquanto a pequena Emma crescia. Daniel encontraria meus primeiros fios de cabelo branco ao acariciá-los. Seus cabelos também já grisalhos e talvez até um pouco mais ralos. As minhas primeiras rugas, mostrando todos os anos que se passaram. Eu teria Snow e seu marido ao meu lado quando perdesse meus pais para a velhice. Seríamos uma família, ela me respeitaria como uma mãe e eu não deixaria que ninguém fizesse mal a ela. Emma iria adorar minha torta de maçã, diria que ninguém em todo o reino faz uma tão boa quanto a minha e me chamaria de vovó quando estivesse empolgada e isso faria meus olhos lacrimejarem.“

“Talvez ela ganhasse irmãos ou irmãs, todos seriam amados por mim e eu ajudaria Snow sempre que precisasse e ela os ensinaria a me chamarem de vovó Gina apenas para me agradar. Meus filhos cresceriam e me dariam netos. Daniel os ensinaria a montar e a cuidar dos cavalos, da fazenda, daríamos uma boa educação a eles e seríamos felizes. Eu veria os filhos da princesa, agora rainha, crescerem também e talvez estivesse presente no casamento de Emma. Com sorte, eu veria o nascimento de seu primeiro filho; seria um belo menino, assim como você, e não imagino que nome ela daria.”

“Não sei o que aconteceria a seguir, provavelmente Daniel fosse antes de mim e eu ficasse amparada com “minhas crianças”, até que a morte finalmente viesse me levar também e, quem sabe, me encontrasse outra vez com meu amado.”

Ela escreveu mais um pouco, e então o lenço que Regina tinha em mãos voltou ao rosto dela, outra vez banhado pelas lágrimas. Não impediu os soluços de saírem por sua garganta, deixou que o choro fosse intenso por alguns minutos, aplacando toda a dor que sentia. Ela se acalmou, finalmente, após respirar fundo e usou mais um lenço para secar o rosto. Releu todo o texto que tinha em mãos e abriu um breve sorriso ao final.

Ela ergueu-se do sofá e olhou o relógio digital sobre a estante da sala. Já era madrugada. Ela organizou os papéis nas mãos como se fossem páginas de um livro. Levantou-se devagar, apagou as luzes e subiu as escadas rumo ao quarto do filho Henry, entrando em silêncio absoluto.

O menino dormia calmamente, como uma pedra, sobre a cama. Regina ajoelhou-se ao lado dele e puxou sua mochila. Abriu o zíper com cuidado e pegou o grande livro de capa marrom. Ela o abriu e passou a mão pelas páginas, em seguida voltou todas elas e colocou suas próprias folhas escritas à mão logo no início e o fechou. Guardou com todo cuidado o objeto de volta à mochila do garoto e a empurrou para o mesmo lugar. Ela o cobriu e lhe beijou a testa, desaparecendo de seu quarto em seguida.

No dia seguinte, Henry estava com Emma no Granny’s. Eles conversavam sobre o Reino Encantado, o garoto estava empolgado em ir para lá, porém tinha medo do que Regina poderia fazer ao voltar para aquele mundo. A loira dizia ao menino que todos mereciam uma segunda chance. Entretanto, ele mantinha-se irredutível, dizendo que Snow já havia dado uma chance a Evil Queen e que ela recusou essa chance, não se mostrou arrependida de ter feito nada daquilo.

– Mas acha que tudo o que ela fez já não provou que ela merece ter essa chance? – A loira o encarou e ele deu de ombros.

O menino puxou o livro da mochila e o abriu, espantado com as folhas que achou ali.

– É a letra da minha mãe. – Seus olhos arregalaram-se.

O menino começou a ler e seus olhos foram ficando cheios de lágrimas. Ele empurrou as folhas para que Emma terminasse o que ficou faltando. A loira continuou a ler as palavras de Regina e não teve como não se emocionar ainda mais ao final.

“Essa teria sido a minha vida se nada disso tivesse acontecido. Se eu não tivesse salvado Snow e sim Daniel, se ele não tivesse morrido, se eu não tivesse sido forçada a me casar com um homem que nunca amei e nunca me amou. É uma história nova para você, meu querido Henry, que conhece tão bem a vida da Evil Queen. Essa teria sido a história da Regina.”


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