The Search escrita por Bakurei


Capítulo 4
O Pedido.


Notas iniciais do capítulo

Pai de Rick estava de volta. A rotina de Rick Melghart começa a mudar bruscamente depois desse encontro.



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Por um momento tive vontade de sumir. Depois de tanto tempo, meu pai voltara e estava bem ali, no meu quarto, conversando com meus avós. Pensei em correr e abraçá-lo, ou talvez correr e fugir dali. Eu não lembro muito bem do surto que meu pai teve, mas sei que foi tão grave que fez meus avós entrarem com um pedido de internação e nesse tempo, cuidaram de mim. Agora ele estava ali, bem na minha frente.

–Pai! –Meu medo sumiu. Corri para abraçá-lo.

Aquele abraço me trouxe lembranças ótimas, poucas, mas ótimas. O dia em que ele enlouqueceu quase sumiu da minha mente com aquele abraço.

–Rick, lamento muito. –Disse meu pai.

Ele se chama Hoke Melghart, era alto, branco e tinha quarenta anos. Fiquei apenas cinco anos da minha vida com ele, logo não me lembrava de muita coisa. E naquele momento, depois de dez anos morando com os meus avós, ele voltara. A única coisa que conseguia pensar era o que poderia acontecer depois de seu retorno.

–Rick, seu pai planejou um... –Minha avó deu uma pausa, não parecia satisfeita com o que iria dizer a seguir. –Passeio ao shopping ou algo assim.

Minha avó não parecia nem um pouco contente com a ideia. Talvez ela ainda achasse que meu pai era um louco perigoso ou algo desse tipo. Eu também estava com um pé atrás com esse... Passeio. Meu avô não demonstrava muita reação, mas dava para ver em seus olhos que não estava feliz.

Tomei um banho, troquei de roupa e fui à encontro do meu pai na sala. Chegando lá, meus avós ainda estavam falando com ele, como se dessem instruções importantes. Meu pai parecia ignorar, pois não tirava o sorriso do rosto. Eu usava uma simples camisa polo branca, calça jeans e tênis preto. Seria a primeira vez em dez anos que eu sairia com meu pai, eu realmente estava um pouco ansioso.

–Hoke, não demore muito. –Disse minha avó, ao meu pai.

–Não se preocupe sogra. –Disse meu pai, sorrindo.

–Ham... Vamos? –Perguntei.

Minha avó abaixou a cabeça, talvez triste pelo “sogra”. Meu pai colocou o braço esquerdo sob meu ombro e foi em direção à porta, sorrindo. Eu acho que nunca havia visto um homem tão feliz quanto meu pai demonstrava. Meu avô ainda não passava tanta reação, mas seus olhos ainda demonstravam tristeza quando saí.

...

Fazia algumas semanas desde a última vez que fui ao shopping. Digamos que meus avós não compram tanto nesses lugares, nem gostam de andar por lojas tomando sorvetes. Meu pai me pagou um lanche e assim tivemos muito tempo para conversar.

–Rick, me desculpe. -Disse meu pai, de novo.

–Pai, não acho que foi sua culpa, sei que deve ter sido difícil... –Eu disse, mas fui interrompido.

–Não. Foi minha culpa sim. –Meu pai abaixou a cabeça. –Dez anos. Dez anos sem vê-lo. Você não sabe como foi difícil saber que eu não estava te vendo crescer.

Senti-me mal por ele, não resisti à vontade de abraçá-lo novamente, eu estava realmente mal por ele. Talvez fosse um peso muito grande ficar longe do filho. Passei muito tempo com meus avós, mas eu não os considerava minha família, eu era grato por eles, claro, mas eu queria a sensação de proteção que só os pais poderiam dar.

–Mas acho que posso consertar tudo. –Disse meu pai.

Eu o olhei, temendo que ele fosse dizer o que eu pensei.

–More comigo. –Ele disse, mas hesitou no final. –Não se preocupe, eu não tenho mais aqueles... Problemas. Aluguei uma casa dois quarteirões de distância da casa de seus avós.

Realmente esse dia foi bem surpreendente. Eu iria largar o convívio com meus avós que já durava dez anos para voltar à casa do meu pai? Minha cabeça parecia rodar. Pensei em recusar, talvez eu ainda pudesse encontrá-lo em alguns dias da semana, não sei. Mas também não queria deixar uma imagem ruim para o meu pai. Seja o que Deus quiser, eu aceitei.

...

–Você o quê? –Meu avô disse, desesperado.

–Rick, você tem certeza? –Perguntou minha avó.

Não, eu não tenho, eu queria dizer. Acho que se eu dissesse isso não cairia bem, ainda mais na frente do meu pai. Nós estávamos na sala. Meu pai estava sentado no sofá, radiante ao lado da minha avó, que não parecia feliz. Meu avô ficava constantemente balançando as pernas, aparentemente nervoso. Eu não estava muito diferente do meu avô, tentava ao máximo não demonstrar felicidado ou tristeza.

–Sim vó, eu tenho certeza. –Eu disse com a cabeça baixa, sem forças para olhar nos olhos dos meus avós. –Vou subir. Arrumar as coisas.

Antes de arrumar as roupas, fui arrumar a minha cama, eu não queria deixar meu quarto bagunçado. Quando tirei o travesseiro de lá, vi o Livro, um pequeno brilho surgira do centro da capa e a vontade de abrir aquele aquilo só crescia cada vez mais. Quando estava perto de alcançar os livros, vi tudo escurecer antes de perder a consciência.

Novamente eu tive um sonho, mas dessa vez eu não mudei de lugar, estava na casa dos meus avós. Era como se tudo tivesse mudado. Meu quarto agora estava vazio, os armários estavam velhos e não havia sinal de vida naquele lugar. Resolvi descer as escadas e ver o restante da casa. Tudo estava tão velho e acabado que me fazia tremer. Na sala tinha algumas fotos em estantes próximas à TV empoeirada: Eu e meu pai no shopping, meu avô em um dos jogos favoritos dele e outras inúmeras fotos do meu avô.

Tudo era tão antigo, mas algo conseguiu me chamar minha atenção: O livro de história que minha avó leu para mim no dia anterior. A história da guerreira de Melg.

Corri para o livro e o abri. O livro estava todo em branco, exceto pela primeira página que tinha uma frase: “Ele se foi. Acho que tudo acabou aqui.”. Aquela frase parecia destinada a mim, senti meu corpo pulsar em nervosismo. O silêncio foi tão grande naquela casa que pude escutar um gemido vindo do quarto dos meus avós. Corri em direção ao lugar e a imagem que vi fez meus olhos arderem.

Minha avó estava ali. Velha e debilitada. Parecia doente e seus olhos eram fundos e escuros, como se estivesse morrendo. Bem ali, na minha frente.

–Vó! –Lagrimas caíram de meus olhos. –O que aconteceu?

–R-Rick... –A voz dela quase não dava para se ouvir. –V-você está... bem?

Eu ainda estava com o livro da história da guerreira de Melg na mão. Peguei-o e abri em um ato instintivo. A frase mudara. Agora estava escrito “Ele voltou, mas todos se foram.”.

Acordei em um pulo.


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Notas finais do capítulo

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