– COMO ASSIM NÃO PODEMOS IR EMBORA? POR CONTA DE UMA CHUVINHA BOBA DESSAS? – a ruiva gritava completamente enfurecida com o coordenador do acampamento.

É, pessoal, o final deste acampamento não foi bem o que planejávamos. Todos nós esperávamos acordar, trocar de roupa, tomar café da manhã e voltar para Magnólia, mas fomos surpreendidos com um temporal absurdamente forte!

FLASHBACK ON

Estávamos todos presos no salão de festas do acampamento. A chuva caía de maneira torrencial, com raios e trovões assustando a todos a todo o momento, enquanto o vento forte retorcia a copa das árvores, fazendo um barulho absurdamente alto e assustador. Nem preciso falar em como fiquei com isso, não é?

– Lu-chan, não fique assim. – Levy falou enquanto me abraçava.

– Já já isso passa. – Jellal apertou minhas bochechas.

– Sei que tem medo de raios, Lucy, mas tente se acalmar. – Erza me fazia um cafuné.

Eu nada conseguia responder. Estava completamente paralisada de medo. Medo pelos raios, medo pelos trovões, medo por me lembrar daquela noite com Sting. Sentia meus olhos lacrimejarem, mas não estava ainda no ponto de chorar. Ainda.

– Blondie, se acalme. – Sting apareceu na minha frente me abraçando, surpreendendo Levy, Jellal e Erza e arrancando olhares raivosos de Angel, Kinana, Laki e mais algumas garotas do acampamento. Os olhos dele eram os mesmos daquela noite. – Está tudo bem. – Sínico! Ele está recriando aquela noite!

– Me... Me solta. – sussurrei, mas isso não o abalou em nada.

Erza, Jellal e Levy estavam prontos para me arrancar dos braços daquele cretino, mas alguém foi mais rápido do que eles.

– Oe Lucy! – Gray! – Está mesmo com medo desses raios? Vem cá, sua estranha. – falou me puxando dos braços de Sting, que parece não ter gostado nada disso pois levantou com a cara fechada e se retirou, então Gray começou a bagunçar meus cabelos. – Eu deveria ter deixado você nos braços dele pelo que você fez comigo ontem, como pôde fazer isso comigo? – sussurrou enquanto bagunçava meu cabelo com mais força.

– Desculpa, eu estava devendo uma pro Natsu! – sussurrei de volta. – Agora para de bagunçar meu cabelo, seu nudista! – falei com meu tom de voz habitual.

– Já falei para não me chamar de nudista!

– Então vista alguma coisa!

– O QUE? – Olhou para baixo e percebeu que estava como veio ao mundo. – Quando foi que as tirei?

Vi Levy, Jellal e Erza gargalhando com a desgraça de Gray e uma Juvia levemente raivosa ao longe enquanto tentava fazer com que Lyon soltasse sua mão, mas que estampava um sorriso que insistia em escapar, acho que ela gostava de ver Gray neste estado. Eu também estava rindo da desgraça de Gray, mas minha gargalhada foi interrompida por raio extremamente assustador que cruzou o céu, me fazendo grudar em Gray (já devidamente vestido) sem que eu mesma percebesse.

– Assustada desse jeito e vai procurar conforto logo com o Gray? Você é estranha mesmo! – o ser rosado brotou do além me tirando dos braços de Gray. – Vem cá.

– Como se você fosse um refúgio melhor. – rebati. – E eu não sou estranha!

– NATSU! – Lisanna visivelmente irritada se pôs entre nós. – O que pensa que está fazendo?! – Então ela me mandou um olhar mortal e afastou Natsu mais ainda de mim.

– Lis, não está vendo que ela está assustada? Não posso deixa-la neste estado, um amigo conforta o outro! – Ele respondeu como se isso não fosse nada ameaçador e lhe deu um beijo na testa.

Ao mesmo tempo em que fiquei vermelha por ele ter me defendido, me senti incomodada com o ato carinhoso. Eu não deveria me sentir assim!

– Já tem pessoas demais fazendo isso por ela!

– Mas ela é minha amiga também! Controle esse seu ciúme! Somos só amigos, não é, Lucy?

– S-Sim.

– Viu? Não tem com o que se preocupar, Lis.

– Hump.

Como se não bastasse a vergonha por este momento, quando olhei para o lado, Levy, Erza, Jellal, Cana e Gray me mandavam olhares e sorrisos maliciosos! Malditos!

– Alunos da Fairy Tail, tenho uma notícia para dar a vocês! – Ichiya apareceu no palco improvisado do salão com um megafone em mãos. – Devido a chuva forte, a estrada está intransitável, vocês terão de continuar aqui até que o tempo melhore.

– O QUE???? – A voz de Erza ecoou no ambiente.

FLASHBACK OFF

– Minha deusa perfumada Scarlet – Jellal soltou uma risadinha irônica ao ouvir Ichiya chamando Erza desta maneira. – Entenda que não podemos fazer nada em relação a isso! O tempo está muito ruim, é perigoso demais sair nesta chuva! Seus professores já estão comunicando o colégio e seus pais, não se preocupe.

– Eu sei... – Choramingou. – Eu só queria voltar para casa.

– Ora, minha princesa, veja pelo lado bom, assim teremos mais tempo juntos, men!

– VAI PRO INFERNO! – o chutou para o outro lado do salão e veio até nós soltando fumaça pelos ouvidos.

Conter a risada era algo impossível com essa cena e de todos, o que menos se continha era Jellal. Este sim não fazia o mínimo esforço para não demonstrar o quanto estava se divertindo com a situação da “sua amada demônia”.

Após o pequeno incidente que eu, por acaso, estava envolvida, levei a maior bronca de Erza (como se já não bastasse a do professor e de Ichiya) pelo meu “mau comportamento e indelicadeza”, e lógico, tive de ouvir calada e aguentar as gargalhadas de Levy e Cana, mas depois disso, Erza nos confessou que estava louca para ir embora para se livrar de vez deste coordenador que a apavorava mais a cada dia, então isso explica seu desespero com a notícia de que teríamos que passar mais um tempo aqui.

Ichiya, complemente machucado, se arrastou até nós, seguido de seus fieis escudeiros, que na verdade estavam mais prestando atenção em Jenny, Sherry e Laki do que no próprio ídolo. Acho que eles são pagos para serem capachos desse cara estranho.

– Bela Erza, por que me trata desta maneira? Por que não me dá uma chance? – choramingou agarrando-se na perna da minha amiga que tremeu inteira.

“PORQUE QUE NÃO SOU LOUCA” Estava estampado em sua testa, mas a cara de pidão que ele estava fazendo era tão estranha que acho que ela não conseguiu dizer isso.

– Porque... Eu tenho namorado! – respondeu. Jellal gargalhou mais alto ainda, estragando a mentira mais que esfarrapada de Erza.

– Minha bela, isto eu duvido, a senhorita não usa aliança!

– Não é porque eu não uso aliança que eu não possa ter um namorado. – retrucou virando o rosto corado.

– E quem seria o felizardo?

Por que ela continua respondendo?

– O Jellal! – Respondeu de prontidão sem ao menos parecer pensar.

O QUE????

– O QUEEEEEEEEEEEE??? – Todos gritaram.

Jellal parecia ter engasgado ao ouvir esta afirmação e logo ficou mais vermelho que os cabelos de Erza. HÁ HÁ! EU SABIA! EU SABIA! Sabia que eles se amavam, só faltava coragem de algum dos dois admitir!

Só então Erza parecia ter percebido o que falou, mas já era tarde demais, todos do salão estavam prestando atenção e agora que a mentira dela começou, ela teria que terminar. Ela engoliu seco.

– Isso mesmo, o Jellal é meu namorado!

Kyaaaaaaa!!

– E-Erza!! – Ele gritou em protesto, mas estava tão vermelho que ele mesmo não conseguia se concentrar no que falar.

– Mas vocês brigam o tempo todo! Isto não pode ser verdade! Me recuso a acreditar sem uma prova!

– E-Eu não preciso te provar nada! – gritou de volta ainda vermelha.

– Então tomarei como verdade que a senhorita está solteira e que ainda tenho uma chance no seu perfumado coração!

– Nem pensar!

E no segundo seguinte, antes que alguém pudesse processar o que estava acontecendo ali, Erza puxou Jellal para um beijo. Isso mesmo! Erza-beijou-o-Jellal! Na frente de todos! Finalmente! Finalmente! Sabia que isto iria acontecer, finalmente!

Nenhum dos dois reagia, parecia que nenhum estava acreditando no que estava acontecendo, ainda mais Ichiya, que estava completamente derrotado e arrasado.

– Meus parabéns ao casal, me convenceram. – Falou chorando sendo seguido por seus fieis escudeiros que tentavam acalmá-lo.

Assim que Ichiya sumiu da vista de todos, Erza empurrou Jellal com todas as suas forças e saiu pisando duro pelo salão, com o rosto em completa combustão, enquanto Jellal a encarava ainda sem entender o que estava acontecendo e super vermelho. Ninguém no ambiente tinha coragem de se pronunciar, com medo da reação da demônia, até que ela gritou:

– ISTO NUNCA ACONTECEU, ENTENDIDOS? – e se retirou da sala.

No instante seguinte, Jellal pareceu ter processado a informação e ainda vermelho, soltou um sorriso sacana. Então ele sussurrou algo para si mesmo, mas alto o suficiente para os mais próximos a ele ouvir:

– Esta demônia vai ser minha.

KYAAAAAAAAAAAAAAAAA!