Brighter. escrita por tanwss


Capítulo 1
Um.


Notas iniciais do capítulo

Eu não faço a mínima ideia se isso aqui está bom o suficiente pra ser postado, mas fazia tempo que eu não atualizava meu Nyah, então eu espero que gostem e qualquer crítica ou elogio: reviews.



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Câncer. Eu, com câncer.
Vou confessar que câncer sempre foi uma doença que me fascinou com o modo que elimina as pessoas do universo como se fossem apenas folhas secas no chão de um parque. Como destruía famílias e o brilho nos olhos das pessoas, chamado de “felicidade” ou sei lá o quê. Quando destruía a paciência de minha mãe quando eu disse que não queria fazer tratamento nenhum. Tudo bem que havia se passado apenas uma semana desde a descoberta, mas eu não estava apta a ficar careca e com um tubo enfiado no meio do meu...
- Marie! – a voz de minha mãe tilintou pelo meu quarto. – Os meninos chegaram.
Claro que haviam chegado. Eu podia ouvir as risadas ecoando da sala e chegando até meu ouvido, o que me fazia sorrir ferozmente também. Era incrível a maneira como meus amigos amavam minha mãe. Ou como todas as pessoas a amavam. Só não era incrível a minha maneira de amá-la porque ela era minha mãe (dãa) e acordar com ela todos os dias só me fazia sentir mais orgulhosa da pessoa que havia me gerado e criado.
A porta do meu quarto se abriu e pude ouvir três pares de pernas andando até mim. Levantei-me da cama, pegando minha jaqueta (se eu não pegasse, minha mãe iria me obrigar a ir com ela) e sorrindo de volta para meus amigos.
- E aí, gatinha. – Sam piscou pra mim, lembrando-me duns galãs de filmes dos anos 70.
- Sammy, assim você até parece hétero. – Lucy disse, enquanto se jogava ao meu lado na cama, depositando um beijo em minha bochecha e sorrindo. Belisquei seu braço em resposta.
- Ah, mas ele é. – eu disse, arqueando as sobrancelhas.
- O gay da relação sou eu. – Lúcio sorriu e apertou a mão do meu melhor amigo (e seu namorado).
- Passivona. – todos dissemos em conjunto e estouramos em gargalhadas.
- Só queria dizer que vocês vão se atrasar pro grande show. – minha mãe disse, encostada na porta com uma pose desleixada.
Saímos de casa e fomos andando até a praça que havia a dois quarteirões de distância dali. O “show” a qual minha mãe se referia era um pequeno festival de rock que rolava mensalmente ali, e íamos mais pra beber do que pra ouvir a música ruim das bandas da nossa cidade.
Quando chegamos, pudemos ver em meio ao mar de adolescentes fedidos a vodka e cigarro, Lorena e Juliana, timidamente de mãos dadas. Elas eram o típico casal que tem algo e não assume, além do fato de a Juliana ser uma das meninas mais bonitas da escola e metade daquela instituição querer uma casquinha dela. Isso deixava Lorena irada, porque por ela, elas levavam um cartaz dizendo que são uma da outra. E aquelas mãos ali unidas eram o motivo do sorriso enorme no rosto de Lô.
- E aí! – Sam berrou em meio a música alta que estourava das caixas de som. Ele já tinha uma garrafa de alguma bebida alcoólica na mão (o que não era uma novidade) e balançava a cabeça feito um inconsequente.
- Sammy, a gente acabou de chegar. Mais tarde você finge que está bêbado. Vai colar melhor. – eu pisquei pra ele, que me deu um tapa enquanto todos riam da minha piadinha ruim.
Um homem que aparentava ter uns quarenta anos, subiu no palco de dois palmos de distância do chão para anunciar o início das apresentações. Enquanto uns meninos com camisa de desenho japonês subiam no palquinho e ajeitavam seus instrumentos, alguém me agarrou. Fechei meus olhos, porque sabia que iriam depositar um beijo na minha boca – e eu não queria que esse beijo fosse entregue a mim. Nem queria aquelas mãos na minha cintura. Sam sempre dizia pra mim que eu estava com meu namorado por ser conveniente, porque ninguém gostava dele e eu tinha prazer em fazer o errado. Na verdade, nem mesmo eu gostava de Joey, devo confessar.
- Oi, Joe. – eu sorri forçadamente, depois soltei uma gargalhada de Lucy que fazia cara de nojo por trás de Joe.
- Passei na sua casa e sua mãe disse que você estaria aqui. – Nota mental: agarrar o pescoço de minha mãe quando chegar em casa. – Ainda não entendo o sentido de vir pra essa praça imunda no meio de tanta gente nojenta...
- Eu estou com os meus amigos. – suspirei – E eu não sei se você lembra, fazia um bom tempo que eu não os via por sua causa.
- Ah, qual é! Você vê as Cola-Velcros todos os dias na escola. E vamos confessar, eu consigo ser muito mais legal do que eles.
- Você é nojento. – eu disse, com raiva.
O festival havia oficialmente começado. Eu podia observar meus amigos fazendo uma rodinha entre si, enquanto pulavam, berravam e bebiam, enquanto eu estava presa nos braços-corrente de meu namorado.
Pude ver meus amigos se aproximando de mim, enquanto balançavam suas cabeças loucamente no ritmo da música que gritava nas caixas de som. Lorena me puxou ferozmente dos braços de Joe, e eu não pude evitar de me movimentar feito uma “salamandra louca” (assim que Lúcio nomeava nossas dancinhas) junto a ela e a todas as pessoas presentes ali. Ao final da música, todos nos abraçamos e rimos juntos. Fitei os arredores da praça, e Joe havia sumido. Gargalhei e entoei um “eu amo vocês”, beijando as bochechas de meus amigos e virando a garrafa de vodka na minha boca.

Anunciaram o nome da terceira banda a se apresentar e eu não sei se é porque eu estava bêbada, mas eu tinha quase certeza de que eles nunca haviam se apresentado ali.
- Ei gatinha, essa banda é nova? – Juliana falou, apontando pro palco. Ok, eu não estava bêbada.
A tal banda começou a tocar, chamando minha atenção em duas coisas: tinha uma menina na banda, e ela não era a vocalista. Pensei em falar isso para alguém, mas meus amigos estavam distraídos demais sendo salamandras. Cruzei os braços e pela primeira vez, prestei atenção em uma apresentação naquele festival ruim de bandinha ruim. E o mais engraçado: eles eram bons. Mesmo. Eu estava com o maxilar dolorido de tanto sorrir, observando o modo como a tal guria parecia ter uma relação séria e sincera de qualquer sentimento muito forte com a guitarra que ela tinha nas mãos. Era no mínimo fascinante. O jeito com que ela deixava o cabelo cair sob seu rosto e se inclinava por cima de seu instrumento. O jeito com que o dominava, o jeito com que dominava aquele palco, dominava minha atenção.
Ao fim de sua apresentação, eu só conseguia sorrir e aplaudir, quase perdendo as palmas das minhas mãos. Quando levantou a cabeça, o olhar da menina cruzou com o meu. Ergui minhas duas mãos, as duas fazendo sinal de joinha. Ela assentiu e gargalhou de volta e eles simplesmente viraram as costas e saíram do palco.
- Marie, Marie, Marie! – Sam veio dançando no ritmo da musiquinha que ele fazia com meu nome. – Gatinha, eu tô bêbado. Eu to muito...
- Eu sei. – eu gargalhei. – Vai pra casa.
- Vou mesmo. Vou com o Lúcio. A gente vai transar.
- Ok, legal, muito bom, realmente incrível. – eu disse, enquanto empurrava Sammy para longe da multidão e puxava Lúcio comigo. Por sorte, Lu quase nunca bebia e quando o fazia, conseguia permanecer sóbrio. Eles eram o contrário um do outro, por isso eram perfeitos. – Leva o Sammuel pra casa, por favor. – supliquei.
Os dois foram embora e eu fiquei os observando caminhar para longe de mim, sentindo a brisa gelada bater em meu rosto e ouvindo o barulho da bagunça que estava atrás de mim.
- É... oi. – virei-me para ver quem falava comigo e sorri ao reconhecer a menina da guitarra. Ela repetiu o movimento que fiz para ela com as mãos e eu pude ver o quão idiota isso pareceu.
- Oi. – eu sorri. – Isso quis dizer que vocês tocaram bem pra caramba, sério. – apontei para suas mãos, e ela riu. O sorriso dela era bonito. O rosto inteiro era bonito, agora que seus cabelos não o estavam cobrindo, eu podia observar isso.
- Ahn, valeu. É a primeira vez que a gente toca aqui, bom saber que causamos boa impressão.
- É, eu reparei nisso. – suspirei e mordi o lábio, meio tímida.
- Meu nome é Annie. – ela sorriu e estendeu a mão pra mim.
- Marie. – respondi.
- Marie... tipo a gatinha Marie? – ela gargalhou. – Desculpa.
- É exatamente por isso. Pode rir, eu sei. É uma merda. Meus amigos me chamam de “gatinha” toda hora por isso e... eca.
- Marie é delicado demais pra você. – ela disse, fitando meus shorts rasgados... ou minhas pernas. Preferi pensar que eram os shorts.
Meu celular apitou, sinalizando uma mensagem de minha mãe.
- Acho que eu tenho que ir pra casa. – franzi o cenho.
- Você mora muito longe daqui? Eu posso ir te deixar lá. Já está tarde e não quero que esse seja o último show da minha banda que você vê. – Annie sorriu pra mim, que não pude evitar de sorrir de volta.
- Duas quadras é longe demais pra você?
E então, fomos conversando, rindo e bebendo até minha casa, construindo uma amizade que me parecia que ia durar mais que uma noite barulhenta e engraçada.


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Notas finais do capítulo

Acho que ainda tem muita coisa a ser explicada no decorrer da história, seria esse um motivo pra vocês continuarem acompanhando? ^-



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