Eu Sou O Herói... Só Que Não! escrita por LadySilence


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoal do Nyah!
Eu resolvi postar aqui essa estória original que escrevi para um concurso em outro site de fanfic's, espero que gostem!

Essa fic é original e completamente de minha autoria, e ambos os desenhos da capa da estória e do capítulo também foram desenhados por mim e são de MINHA autoria!

Notas:
★ NEET -- Uma pessoa que atualmente não estuda, trabalha ou faz estágio.
★ Nii-san -- Irmão mais velho.
★ Hikikomori -- Pessoas geralmente entre 15 a 39 anos que se retiram completamente da sociedade, evitando contado com outras pessoas.
★ Nerd -- É um termo que descreve, de forma estereotipada, muitas vezes com conotação depreciativa, uma pessoa que exerce intensas atividades intelectuais...
★ Sharon Stone -- É uma atriz, modelo e produtora norte americana.
Fonte: Wikipédia
★★★★★
Boa leitura!



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Eu diria que o dia de hoje foi maravilhoso. Estou inteiro, minhas roupas não estão rasgadas e o pouco dinheiro que possuo está bem seguro em minha carteira, dentro do bolso de minha calça.



Sim. Pela primeira vez neste mês eu consegui ir e vir da loja de conveniência perto aqui de casa sem passar por situações perigosas que comumente ocorrem comigo até mesmo em plena luz do dia.


Sabe... Sempre achei que a vida seria bem mais fácil quando eu deixasse a casa dos meus pais e fosse morar sozinho, mas na realidade, o que já era ruim apenas piorou.

No entanto, não posso me dar ao luxo de reclamar e voltar para a casa com o “rabinho” entre as pernas, sendo novamente um incômodo para aquelas pessoas que me trouxeram a este mundo. Os amaldiçoarei pela eternidade por isso...

Atualmente eu vivo enfurnado neste pequeno apartamento na capital e minha família reside no interior. Desde que, driblando diversas dificuldades, eu concluí o ensino médio, me mudei para Tóquio e cá estou há quase um ano.

É... Embora eu tenha dito aos meus pais como pretexto que viria para a capital por conta do curso superior, olhe só para mim agora. Não estou estudando, nem trabalhando e nem nada do tipo. Como muitos dizem por aí, eu sou apenas mais um jovem anti-social e vagabundo, estereotipado pela sociedade como um NEET.

O engraçado é que estas pessoas que tanto me julgam, sequer possuem conhecimento do caminho que me guiou a essa decadência na qual me encontro, embora eu nunca tenha progredido para assim decair. Sempre fui um perdedor, fato.

Talvez, se eu falasse um pouco do meu passado as pessoas me compreenderiam e quem sabe se comoveriam com a minha deprimente história de vida, no entanto, quando tento uma aproximação todos se apartam de mim como se eu fosse um leproso, ou algo do gênero.

Que se explodam, todos!

Não dou a mínima para o que pensam de mim. Aliás, a vida real em si não me interessa. Sou um forte herói popular entre as mulheres no meu jogo favorito e isso me basta. Ou ao menos é o que me obrigo a acreditar.

Mas a minha vida nem sempre foi assim. Embora hoje em dia eu sofra com o preconceito e a violência quando saio nas ruas, antes eu acreditava ser o herói bonitão das histórias de mangá e de jogos na vida real. Por consequência eu só me ferrava em meus atos heroicos.

Uma vez me disseram que o humor mora na desgraça alheia. Talvez eu não tenha entendido o que isso queria dizer na época em que me foi dito. No entanto, hoje, quando eu olho para trás e me lembro de tudo, acho engraçado aquele cara que eu era. Porém, o que eu sou atualmente só me deprime.

Isso mesmo, ria do seu passado, chore do seu presente e anseie pelo futuro que você pensa que será melhor, só que não.

Muito vergonhoso, eu sei...

Mas não há nada pior do que um nerd feio — como eu sou —, ficar envergonhado. Entendo.

Entretanto, eu preciso contar melhor essa história e para isso, será necessário regressar a muito tempo atrás. Sim, quando eu nasci... Ou talvez não!


Onze anos atrás...



Eu ainda era uma criança inocente de sete anos, estava brincando com a minha miniatura do Pokémon Pikachu — inclusive havia sido a primeira de muitas que eu iria colecionar em minha vida nas trevas —, em meu quarto, quando comecei a escutar uma discussão.


Levantei de minha cama e segui até a porta que estava apenas encostada. Caminhei sorrateiramente pelo corredor e curioso, sem que me percebessem ali, eu passei a espiá-los por detrás da parede. Adorava colher informações, acho que por influência dos filmes americanos de espionagem que eu assistia com o meu pai:

— Como nossos dois filhos podem ser tão diferentes? — avistei minha mãe indagar desapontada, olhando para o meu pai. — Sho é um menino lindo, enquanto o Makoto... — ela engoliu, desviando o olhar. — Agora eu entendo porque a enfermeira tanto me consolou naquele dia, como se eu estivesse com alguma doença terminal sendo que eu só tinha acabado de dar a luz a “ele”...

Naquela época eu não saquei o clima pesado em que eles se encontravam após aquela declaração. Mas depois de alguns anos, quando entrei na puberdade e vi que o mundo era muito mais do que ter pokébolas e tentar reunir as esferas do dragão, passei de maneira dolorosa a compreender o que era fazer parte de uma sociedade e não seguir os padrões estéticos da mesma.

Em um belo dia de verão — eu devia ter uns treze ou quatorze anos naquela época —, na escola a professora de ciências havia nos pedido para conversarmos com os nossos pais e escrevermos em uma folha de caderno a quem — pai ou mãe —, nós nos parecíamos.

Naquele dia eu cheguei mais cedo em casa e sem mesmo tirar o uniforme da escola, me sentei no sofá, abri minha mochila, apanhei o caderno, o lápis e levantei, indo em direção à cozinha, onde minha mãe provavelmente estaria:

— Mãe! — a chamei, me sentando à mesa.

— Makoto? — ela me olhou confusa e depois conferiu o relógio pendurado na parede da cozinha. — Você saiu mais cedo da escola? Que incomum... — ela comentou entediada.

— Sim, hoje fomos liberados mais cedo... — eu sorri um pouco sem graça. — Mudando de assunto, eu tenho um trabalho para fazer e preciso da sua ajuda e do pai! — contei entusiasmado.

— Hum... E o que seria? — ela me questionou ao terminar de lavar a louça, secando as mãos com o pano de prato e logo em seguida o deixando de lado, sentando-se à mesa.

— Eu preciso... — fui interrompido pelo barulho da porta sendo aberta e meu pai adentrando a cozinha, colocando sua maleta sobre a mesa. Ele se sentou em uma das cadeiras e afrouxou a gravata. — Que bom que o senhor chegou... Pai! — eu sorri contente.

— Eu escutei vocês conversarem lá da sala e vim direto pra cá! Do que você precisa, filho? — ele me perguntou calmamente.

— Preciso saber é... Quem de vocês dois eu puxei fisicamente? — inquiri inocentemente.

— Ele!/Ela! — meus pais falaram em uníssono, um apontando instantaneamente para o outro.

— O que? Então quer dizer que eu puxei a vocês dois? — indaguei confuso.

— Não, você puxou totalmente o seu pai... Sem dúvidas! — contou minha mãe.

— Claro que não, você é a cara da sua mãe! — contestou meu pai irritado.

— Me puxou é o caralho! Você enlouqueceu? — furiosa ela se virou para ele, apontando o dedo. — Ele não puxou nada de mim! Ele saiu absolutamente igual a você, o seu clone! — vociferou com um olhar maligno.

— Calma pessoal... — o meu irmão mais novo adentrou a cozinha.

— Está vendo só? — inquiriu minha mãe se levantando da cadeira e correndo até Sho, pondo-se ao lado dele. — Ele sim é a minha cara, não está vendo a semelhança? — ela perguntou trucidando o meu pai com os olhos.

— Mentira! O Sho é idêntico a mim quando tinha a idade dele! — contradisse o meu pai batendo as mãos sobre a mesa.

— Né... Eu preciso fazer o trabalho... — murmurei temeroso, assustado com aquela discussão que aos poucos tomava largas dimensões.

— CALADOS! — o meu irmão gritou, enraivecido.

Rapidamente o pai e a mãe se aquietaram em seus lugares à mesa e Sho se aproximou de mim, analisando o meu rosto por alguns segundos.

— Bom, a julgar pelas suas feições... — ele argumentou pensativo. — Nii-san, você puxou aos nossos parentes distantes de Nárnia! Pronto... Fim de discussão! — ele deu de costas e seguiu até a porta da cozinha.

Após um minuto de silêncio os meus pais olharam um para o outro e depois olharam para mim:

— É isso mesmo! Como eu não me lembrei disso antes? — minha mãe deu um tapa na própria testa, começando a rir.

— Sim, sim! Sho tem toda razão, não é querida? — sorriu para ela. — Então é isso filho! Escreva isso no caderno, certo? — ele sugeriu um pouco aliviado.

— Hã? — confuso, naquela época eu realmente não entendi o que o meu irmãozinho quis dizer com aquilo e nem porque levei uma advertência na escola por ter realmente escrito sobre a minha descendência Narniana na folha do caderno.

Só alguns anos mais tarde, quando mencionei o ocorrido em uma conversa com um antigo amigo e ele pediu para que eu não ofendesse o Sr. Tumnus daquele jeito, foi que eu saquei o maldito sarcasmo daquele filho da puta do meu “maninho”.

O que eu poderia dizer do Sho?

Basicamente ele sempre foi o meu oposto em quase tudo. Bom nos esportes, bonito e popular entre as garotas. Como esse mundo é injusto... É frustrante perder em quase tudo para o irmão mais novo!

Eu até mesmo era feliz durante a época em que eu acreditava ser um herói de mangá shounen, pois na minha imaginação eu era sempre o protagonista que, por mais que Sho fosse melhor que eu — sendo o antagonista frio e popular —, ainda assim no fim eu poderia superá-lo com o meu poder de protagonista. No entanto, quando voltei para a realidade, foi chocante perceber que eu não era protagonista, nem antagonista e sequer era algum personagem secundário... Eu nada mais era que um figurante e o pior, ainda sou um.

Na época em que mergulhei de cabeça no mundinho que criei para mim mesmo, eu costumava tirar os óculos e me olhar no espelho, enxergando alguém na imagem refletida que não era eu.

Mesmo sendo fraco, eu achava que tinha algum poder e me metia em diversas furadas, fosse escalando árvores para salvar gatinhos indefesos ou entrando no meio de uma briga na escola, para defender aquele que estava apanhando, embora, no fim, eu sempre acabasse todo arranhado ou apanhando junto com a pessoa que eu pretendia defender.

Depois que me recuperei daquele sério transtorno de personalidade — ou ao menos eu acho que me recuperei —, passei a me tornar cada vez mais medroso e recluso do mundo. Sim, mais do que eu já era.

Então quando eu terminei o ensino médio, vi a chance que precisava para escapar daquela casa e deixar os meus pais serem felizes apenas com o seu filho perfeito. Mesmo que negassem, eu sabia que eles morriam de vergonha de mim!

Depois que passei a morar sozinho na capital, comecei a ver que a vida não era ruim como quando eu morava com os meus pais. Na realidade, descobri que ser nerd, feio e morar na capital era bem pior.

Alguns meses atrás, um pouco antes de eu ter abandonado o cursinho, passei por uma fase turbulenta.

Assaltado por delinquentes no caminho de casa diariamente, oprimido por outros alunos que se julgavam superiores a mim, eu levei a minha vida aos trancos e barrancos.

Naquela época também, só para piorar a minha situação eu descobri o amargo sabor do amor.

Mulheres... Embora tenha sido tardio, até então, eu nunca havia me interessado por elas.

No curso, como um espectador da vida alheia, eu passava despercebido pelas meninas, ou quem sabe, elas simplesmente me ignoravam. Entretanto, o meu passatempo predileto era ficar observando-as discretamente e imaginando... Coisas!

Muitas vezes eu as ouvia conversarem entre si e sempre quando discutiam sobre homens, uma ou outra declarava que o mais importante era a beleza interior do indivíduo. O que eu achava muito engraçado por sinal, uma vez que elas só namoravam caras bonitos ou ricos.

Lembro de uma vez, que encontrei uma delas na rua, reuni coragem e tentei me aproximar, mas ela ignorou e eu tive de insistir, segurando-a pela mão.

— Argh! Que nojo! Me solta... — ela se libertou de minhas mãos. — O que você quer garoto? — inquiriu irritada.

— Eu só queria me confessar... — contei envergonhado, senti o meu rosto queimar naquele momento.

— O que? Você? — ela me olhou com desdém. — Claro que não! Está louco? Nunca! Nem pensar... — ela deu de costas para mim e começou a andar.

— Hipocrisia! — Vociferei furioso, chamando a atenção dela, que passou a me olhar assustada. — Vocês dizem que o que importa é a beleza interior, mas na prática, vocês só namoram os caras bonitos e os feios apenas quando os mesmos são ricos... Que beleza interior é essa? O interior da carteira? — eu indaguei inconformado com aquilo.

— Olha só... Hipocrisia é você, feio, nerd e pobre querer uma Sharon Stone como namorada, não acha? — ela expôs com deboche. — Que tal ir caçar uma garota compatível com a sua feiura? — ela sugeriu com um olhar zombeteiro e voltou a caminhar, para longe de mim.

Sinceramente, naquele instante eu não fui capaz de revidar o que ela havia me dito, afinal, por mais insensível que aquelas palavras ditas por ela fossem, ainda assim tinham alguma coerência.

No entanto, aquela foi a primeira e última vez que tentei me aproximar de uma mulher. O interessante é que nesse mesmo dia em que fui rejeitado por ela, como se não bastasse, eu fui abordado por alguns caras, que frequentavam o mesmo cursinho que eu, enquanto estava indo para casa:

— Então é você o engraçadinho que perturbou a Megumi? — perguntou o mais alto e aparentemente mais forte deles. Estavam em quatro.

— E-Eu... Não... Eu n-não perturbei ninguém, eu só... — engoli a seco, me afastando aos poucos. Mas assim que avistei que um deles tinha em mãos um taco de beisebol, o meu instinto de sobrevivência gritou “FUJA” no meu ouvido e eu sai correndo.

Porém, como eu era terrível nos esportes, logo eles me alcançaram e me espancaram até eu quase perder a consciência.

Meu nariz e boca estavam sangrando muito, minha perna esquerda estava dormente, foi incrível como que consegui chegar à minha casa às vinte horas daquela noite. Achei que desmaiaria pela rua e passaria a noite na mesma.

Coincidentemente, assim que levei a mão à maçaneta para abrir a porta de casa, recebi uma ligação de minha mãe. Ela me perguntou se eu estava bem e eu menti, dizendo que estava ótimo.

Depois daquilo, eu nunca mais voltei ao cursinho e desde então sou o que a sociedade denomina como NEET por aqui.

No começo eu fiquei traumatizado com aquela sova que levei dos caras do curso, pois de todas que eu já havia levado na vida, com certeza aquela tinha sido a pior.

Até mesmo um dia — o mais vergonhoso por sinal —, quando eu tive que sair de casa para ir à farmácia, embora eu estivesse acostumado a ser assaltado por delinquentes, eu estava morrendo de medo de encontrar aqueles estudantes e o taco de beisebol novamente. No caminho de ida, nada aconteceu, mas na volta...

Deveria ser umas vinte e uma horas daquela noite de sexta-feira. Eu estava com uma forte dor na barriga e fui obrigado a ir comprar um remédio na farmácia que fica há três quadras da minha casa.

Quando deixei o estabelecimento e parti em rumo ao meu apartamento, caminhando pela rua eu comecei a escutar passos aproximarem-se de mim por trás e discretamente olhei pelo canto dos olhos, para ver quem era. Entretanto, por conta da distância eu não consegui reconhecer. Como eles estavam em quatro, o meu medo naquele momento me fez presumir que eram eles. Aqueles malditos valentões do cursinho.

De repente eu comecei a correr e notei que eles também começaram a correr atrás de mim. É incrível como o pânico em situações arriscadas quase sempre me obriga a tomar os caminhos errados e perder a noção da direção que estou seguindo.

Em poucos segundos eu dobrei uma esquina e me vi diante de um beco sem saída, porém, como eles ainda estavam longe — sim, os assaltos e espancamentos diários fizeram de mim um maratonista nato —, decidi me esconder em um pequeno intervalo entre duas casas.

É engraçado que quando mais você precisa do silêncio, mais a sua respiração faz barulho. Eu estava ofegante por causa da correria e normalmente aquela respiração ruidosa e descompassada era algo totalmente compreensível, porém, eu estava buscando desesperadamente normalizá-la.

Do nada, eu escutei o barulho de algo se mexendo por detrás de mim, naquele pequeno intervalo e o susto foi tão grande que senti algo quente molhar a minha cueca. Provavelmente eu havia “mijado” de susto, mas eu estava com tanto medo de me virar e ver o que era que só quando eu senti algo encostar-se a minhas pernas que finalmente gritei, saindo daquele esconderijo.

Assim que olhei para o lugar onde eu estava escondido, vi um gato preto sair tranquilamente de lá e me xinguei de tudo quanto é nome por ter gritado por causa do felino. Afinal, eles já estavam naquele beco e caminhavam em minha direção. Eu achei que aquele seria o meu fim.

No entanto, quando eu consegui visualizar o rosto deles, percebi que não eram os alunos do cursinho e sim os delinquentes que sempre me assaltavam no caminho de casa. O quarto membro provavelmente era algum novato da gangue.

— Ora, ora se não é o nerd mais feio que já existiu nessa cidade... — argumentou o homem de cabelos descoloridos apontando o dedo para mim.

— Cara, você não se cansa de ser feio? — inquiriu o outro que trajava um casaco preto, com pesado sarcasmo.

— Sinto muito por isso... — eu desvencilhei os meus olhos para o lado.

— Parem com isso, rapazes! Só viemos aqui pegar o dinheiro dele, não precisamos ficar o humilhando dessa forma! — o novato se manifestou.

— Calado aí, seu merda! Você é novo aqui, então dance conforme a nossa música tocar! — ordenou o outro de longos cabelos, com diversas tatuagens nos braços.

Assim que o líder se aproximou um pouco mais de mim, pondo-se a minha frente ele fez uma careta maldosa e a mesma logo se tornou uma careta enojada:

— Argh! — ele me cheirou, me olhando com muito nojo. — Seu porco, você está fedendo! — o cara se afastou de mim.

— Nossa! É mesmo... Que cheiro insuportável! Eca... — o outro que veio logo depois, também se apartou.

— Credo... Seu nerd porco, nojento! Não creio nisso... — comentou o terceiro, que após uma ânsia de vômito, saiu correndo daquele beco.

— Tudo bem, seu bastardo! Desta vez você se livrou da gente... Porém, na próxima vez que nos encontrarmos pela rua eu vou levar toda a sua grana, seu verme! — avisou o líder saindo do beco e sendo seguido pelos seus comparsas.

— Hã? — confuso, eu refleti por alguns minutos tentando entender o que tinha acontecido.

De repente, eu senti um cheiro estranho, na realidade, um fedor terrível vindo de mim mesmo. Só então eu percebi que no momento em que fui assustado pelo maldito gato preto e senti algo quente molhar a minha cueca, eu não havia mijado... Eu estava era todo cagado!

É... Naquele dia eu não precisei do remédio para prisão de ventre que havia comprando naquela farmácia, mas tive de voltar nela para comprar outro medicamento, para diarréia.

Sem dúvidas, essa pequena passagem em minha vida foi a mais vergonhosa, embora eu tenha passado por muito mais situações constrangedoras do que mencionei. Na realidade, a história da minha vida é muito mais profunda e delicada do que pude expressar em todas essas palavras.

Acho que no fundo eu sempre soube que o motivo pelo qual até hoje vivo no submundo dessa sociedade tão preconceituosa, sempre foi exclusivamente a minha feiura.

O destino é cruel com pessoas como eu e provavelmente continuará me fazendo sofrer por causa disso.

Mas quem sabe algum dia eu reúno coragem o suficiente para encarar o mundo lá fora novamente e deixo de ser esse perdedor que sou?! Talvez...

Porém, acho que até esse dia chegar, eu continuarei sendo esse fracassado, anti-social, solitário e amargurado NEET repudiado pela sociedade da vida real e personificando o meu tão idealizado herói — amado e idolatrado por todos —, dentro do meu jogo favorito.

Ao menos espero não virar um Hikikomori, embora eu tenha quase certeza de que não irei escapar dessa sina. Maldição...


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam?
Bom, espero que tenham gostado do meu nerd u.u
Báh! Obrigada aos que leram...
Kissus de chocolate!!!



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