Défi Nouti escrita por Malk


Capítulo 7
Suspeita




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A notícia da morte da agente Naomi caiu como uma bomba nas equipes de investigação do caso Kira, tanto do lado americano quanto japonês. Todos os agentes do FBI enviados ao Japão abandonaram o caso, bem como boa parte dos investigadores até então liderados por Soychiro Yagami, de forma que sua equipe que era razoavelmente numerosa foi reduzida a poucos policiais.

Quando, logo após a desistência dos outros agentes, os remanescentes foram se reunir para decidir os rumos da investigação depois dessa grande baixa, eles foram contatados pelo L.

– Saudações, investigadores do caso Kira. Fico feliz em saber que apesar do risco que correm continuam firmes na busca pela justiça, e os parabenizo por isso. Agora que o grupo se reduziu e este é o caso mais difícil em que já trabalhei, pela primeira vez vou revelar minha identidade. Quero que compareçam hoje ainda pela manhã no endereço que aparece em seu vídeo para que possamos nos reunir.

Após o fim da transmissão os agentes começaram a discutir.

– Eu acho que é uma cilada, na melhor das hipóteses ele vai mandar um dublê como fez naquela transmissão na TV – disse Ide.

– Acho que devemos comparecer, só assim poderemos tirar nossas próprias conclusões – recomendou Soychiro.

Todos concordaram com o chefe e foram ao encontro de L. O local aonde chegaram era a cobertura de um prédio enorme no centro de Tóquio, e assim que se identificaram na portaria tiveram sua entrada autorizada. Ao entrarem no apartamento, viram Watari de pé e ao lado dele, um rapaz com aparência de no máximo vinte anos de idade, branco, com cabelos despenteados, descalço e agachado em um sofá.

– Eu sou L – disse o rapaz.

A pequena plateia ficou atônita. Um dos agentes chegou a sussurrar que não esperava que o L fosse assim, e alguns deles ainda não acreditavam que fosse realmente o famoso detetive.

– Bang bang bang – L apontou o dedo como se fosse uma arma para a equipe do chefe Yagami.

– Nossa, como fomos descuidados, viemos aqui de cara limpa, se fosse uma cilada estaríamos todos mortos. Obrigado por nos alertar quanto a isso L – disse Soychiro.

– Ah, alertar? Não é isso, eu ganhei, tá com vocês – falou L antes de sair correndo pelo enorme apartamento.

Depois de brincarem de polícia e ladrão por quase meia hora, L sentou daquela maneira estranha e começou a falar mais seriamente com os policiais.

– Bom, antes de continuar nossa investigação, preciso me certificar que nenhum de vocês é o Kira.

– Isso é um absurdo, não temos que ficar provando nada – protestou Aizawa.

– Ele está certo. O L nunca mostrou o rosto nem para seus colegas de trabalho em investigações anteriores, então é justo que ele faça os testes que achar necessário – disse Soychiro.

– Exato. Vou interrogar cada um de vocês individualmente, a começar pelo chefe Yagami. Venha comigo por favor – L o chamou para uma sala fechada.

Ao entrarem lá, L ficou algum tempo olhando o chefe de polícia analiticamente, e depois perguntou:

– Digamos que você morreu e está andando em uma estrada no além. Em certo momento, há dois caminhos, um que leva ao céu e o outro ao inferno, e há dois irmãos que conhecem os caminhos, sendo que um deles só diz mentira e o outro só diz a verdade. Que pergunta você deve fazer a um dos irmãos se quiser chegar ao céu?

Soychiro fica pensativo por alguns minutos e depois responde:

– Qual caminho me levará ao céu?

– Pode sair e chame o próximo – falou L.

Um a um os policiais foram entrando, e L sempre fazia perguntas como “Qual é a cor do cavalo branco do Napoleão?” ou “Se um trem sofre um acidente na fronteira da China com a Índia, onde serão enterrados os sobreviventes?”. Depois de interrogar todos, ele voltou à sala de estar.

– Agora posso confiar em todos, sei que nenhum de vocês é o Kira – anunciou L.

– Mas como sabe disso? – perguntou Matsuda.

– Porque fiz desafios lógicos de média complexidade e todos vocês deram respostas erradas ou simplesmente não responderam. O Kira, que é um gênio, certamente daria as respostas sem problema – respondeu L.

– Nossa, ele realmente é o L, um gênio – exclamaram os policiais.

– Eu sei. E o maior motivo de ter realizado esses testes é que tenho noventa e seis por cento de certeza que o Kira tem alguma relação com algum membro da equipe de investigação – informou L.

– Mas como chegou a essa conclusão? – perguntou Soychiro.

– Vou contar logo que eu terminar minha merenda.

Watari trouxe uma bandeja repleta de doces, que foram todos devorados pelo maior detetive do mundo em menos de dez minutos.

– Agora sim. Como eu já tinha falado antes, logo que vocês começaram a investigar a morte de atores, o Kira parou de mata-los, e só voltou após a minha “aparição” na televisão. Outro motivo é que ele matou a detetive Naomi, sendo que ninguém sabia quem eram os agentes do FBI que estavam no Japão trabalhando no caso Kira, a não ser os próprios membros da equipe de investigação – falou L.

– Será que ele realmente teve acesso aos dados da nossa investigação? Muitos consideram o Kira como um deus – supôs Aizawa.

– Já pensei nessa possibilidade, mas não creio que um deus precisaria de um nome e um rosto para matar – concluiu L.

– Tive uma ideia. O Kira costuma matar criminosos que apareceram na mídia não é verdade? E se o governo proibisse a divulgação dos crimes, e também o nome verdadeiro dos atores que interpretam vilões, o Kira não teria mais como mata-los não é verdade? – falou Matsuda.

– Nesse caso, o assassino provavelmente começará a matar inocentes para forçar o governo a revogar a proibição. A humanidade está refém do Kira, que é infantil e não gosta de perder – disse L.

– E você, também não é infantil e não gosta de perder? – ironizou Ide.

– Claro que não, você que é um bobão. Tô de mal, corta aqui – L resmungou e juntou as pontas de seus dedos indicadores para que o policial “cortasse”.

– Continuando, vocês devem estar se perguntando o que a agente Naomi estava fazendo naquela gravação não é?

– Claro que estávamos – mentiram os agentes.

– Eu não – disse Matsuda.

– É porque você é o menos inteligente da equipe – falou Soychiro.

– Eu não havia contado pra vocês até então, mas eu tenho alguns suspeitos, e mandei que os agentes do FBI o seguissem. Naomi estava seguindo um deles e foi morta pelo Kira. Isso me dá vinte e três virgula trinta e quatro por cento de certeza que esse suspeito é o culpado – analisou L.

– Por que não disse antes? Me diga quem ele é que vou mandar prendê-lo preventivamente – falou Yagami.

– É o seu filho Raito – informou L.

O espanto foi geral, com um silêncio constrangedor, que logo foi quebrado.

– Mas o que o faz crer que meu filho seja o Kira? – perguntou Soychiro.

– Ele tem ligação com alguém da equipe de investigação, no caso, o senhor. Ocorreram duas mortes na escola em que ele estuda que tem as mesmas características daquelas assumidas pelo Kira, e como sabemos, ele é um gênio, sendo o melhor aluno da turma especial. Ele é um aluno brilhante mesmo considerando os altos padrões da educação japonesa, não é verdade?

– É verdade – disse Soychiro triste.

– Mas quero lembra-los de que é apenas uma suspeita. De qualquer forma, a investigação continuará – concluiu L.

– E tem alguma sugestão para confirmar ou refutar a hipótese de que Raito Yagami é o Kira? – perguntou Aizawa.

– Eu gostaria de instalar câmeras na casa do chefe Yagami. Se o Raito realmente for o Kira, ele há de cometer algum deslize e mostrar quem ele realmente é – falou L.

– Tudo bem, eu permito que o faça. Amanhã eu dou um jeito de tirar toda minha família de casa para que os técnicos instalem as câmeras. – disse Soychiro.

A reunião acabou pelo fim da tarde, e todos partiram. Após todos terem ido, L foi falar com Watari.

– Deve ser perturbador para um chefe de polícia saber que seu filho é suspeito de ser um serial killer. Eu até suavizei o grau de suspeita que tenho dele. Eu disse que havia vinte e três virgula trinta e quatro por cento de chance do Raito Yagami ser o Kira, mas na verdade, essa probabilidade é de vinte e três virgula trinta e cinco por cento.

– Nossa, como você é piedoso, o chefe Yagami deve ter ficado bem mais tranquilo – ironizou Watari.

Quando Soychiro chegou em casa, ao anoitecer, seus filhos já haviam chegado da escola e estavam em seus quartos e sua esposa estava preparando o jantar. Quando a comida ficou pronta, todos se sentaram à mesa para comer.

– Sachiko, amanhã eu vou ter uma folga, que tal sairmos enquanto as crianças estão na escola? Já faz tempo que não fazemos nada juntos não é verdade? – propôs Soychiro.

– Folga? Nossa, não te vejo parar desde que começou a trabalhar naquele caso que você não pode dizer qual é, mas que tem a ver com o Kira – surpreendeu-se a mulher.

– Aproveitem, vocês merecem e pai, tenho certeza que depois de um dia de folga voltará renovado ao seu trabalho – incentivou Raito.

– Está certo. Vamos a um parque, saímos às oito. – disse Soychiro.

No dia seguinte, Raito e Sayu saíram para a escola e no mesmo horário, seus pais saíram para o seu passeio. Mas no meio do caminho, Raito voltou para casa.

– Está voltando pra casa, vai matar aula só porque seus pais saíram?

– Sabe que não é isso. Eu não sei como está indo a investigação, vou invadir o computador do meu pai para ver até onde eles foram e me proteger.

Raito entrou em casa e foi direto para o quarto do seu pai. Ligou o computador e começou a ler os relatórios da investigação.

– Interessante, quer dizer que a equipe do meu pai está trabalhando junto com L, e agora eles sabem que se o Assassino que mata pessoas à distância e o Kira são a mesma pessoa.

– Eles estão quase te pegando há há há.

– Isso não é problema. Enquanto eu tiver acesso às informações da investigação eu vou estar sempre um passo à frente deles.

Raito continuou lendo.

– O que? Aqui está dizendo que o L suspeita que e sou o Kira.

– Ih, acho que você tá fu...

– Ele mandou instalar câmeras aqui em casa para me monitorar. Terei que ser muito cuidadoso ao usar o Défi Nouti.

Logo em seguida, Raito ouviu alguém abrindo a porta e o som de alguns homens conversando.

– Ryukko, acho que minha casa está sendo invadida por ladrões. Vou ligar para a polícia.

– Não será que vieram instalar as câmeras?

– Talvez, mas de qualquer forma vou ficar de olho para ver se são os técnicos mesmo.

Raito foi para debaixo da cama dos seus pais e ficou ouvindo o que acontecia. Os “invasores” conversavam, e mesmo com o cérebro do tamanho de uma uva passa, o Kira pode perceber que realmente estavam instalando câmeras. Os homens colocaram câmeras em todos os cômodos da casa, e só não viram o Raito porque ele estava escondido. Cerca de duas horas depois, eles terminaram o seu serviço e se foram.

– Tem câmeras em toda a casa, como vai fazer para continuar seu trabalho como Kira?

– Existem maneiras de disfarçar o que faço. Mas sei que estão querendo me pegar, logo só há uma maneira de vencer e me tornar o deus do novo mundo: tenho que matar o L.

– Mas você já tinha dito isso antes hi hi hi.


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Notas finais do capítulo

Finalmente o L apareceu em pessoa. Eu o fiz parecido com o anime, só que mas infantil. Espero que tenham gostado.



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