Debaixo Do Mesmo Teto escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 21
Can't erase this, can't delete this. I don't need this, I can't handle it


Notas iniciais do capítulo

Oi, galeraaaaa! Como estão? Eu estou óooootima!!! A fic chegou a incríveis CEM COMENTÁRIOS! ISSO MESMO, 100!!! Eu tô feliz demaaaaais, amigos! Vocês são a razão pela qual eu me empenho demais pra continuar, e é por isso que aqui vai mais um capítulo para vocês!

Antes, eu queria agradecer pelos cometários do capítulo 19 e 20; Thalita e Llemosd vocês são demais, obrigada pela companhia de sempre e ESPERO ATUALIZAÇÕES DE VOCÊS!!! Dippity Do, obrigada por estar se tornando constante nos comentários e por me fazer tão feliz com eles! E Sra Park, seu comentário foi de matar! Sério, dei uma leve (mentira, foi uma boa) chorada e amei cada palavra! Te espero comentando os próximos!

E é isso! Ahh, a sugestão de música de hoje é Unkiss me - Maroon 5. Não sei se vocês costumam ouvir as músicas, mas dessa vez vai fazer diferença! Então escutem!!

Aproveitem!! ♥



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Claridade.

Com os lençóis em sua volta, Savannah começara a despertar, ainda confusa com o que acontecera para explicar como ela havia chegado até sua cama, uma vez que nem se lembrava de ter chegado à casa. Suas memórias pareciam querer traí-la, pois nada retornava. Não se lembrava de nada, a não ser... Do calor. E em seguida, da vontade de sentir o frio do chão, da textura de jeans que ele havia adquirido. E da voz. Aquela voz que trouxera tamanho conforto na noite anterior. Savannah sabia que a conhecia, mas não conseguia associar um rosto à ela. Ainda de olhos fechados, mexeu-se na cama, num esforço de lembrar mais alguma coisa, mais algum detalhe que tivesse passado despercebido por sua mente mergulhada em álcool e, agora, de ressaca.

Olhos. Ela lembrava-se bem. Eram olhos azuis... Calmos com uma lagoa, mas numa tonalidade que a lembrava o mar do Caribe, assim como os seus. Olhos que a observavam calmamente, inspirando cuidado. Tinham cuidado ao olhar para ela, tinham compaixão, tinham... “Amor?” ela pensou. Sim, ela podia sentir amor emanando daqueles olhos. E mexendo-se na cama novamente e finalmente abrindo os seus olhos e enfrentando a claridade, ela encontrou aquele olhar novamente.

Andrew.

— Você está bem? – Andrew questionava. Savannah olhava para ele sentindo seu coração acelerar e a respiração aumentar o ritmo – Savannah?

“Era ele!” sua mente girava “Por quê? Por que ele fez isso? Onde eu estava?” Esses questionamentos faziam sua situação piorar, deixando Andrew mais confuso. Ela não conseguia responder. Não podia responder. Porque, ao olhar para o garoto, suas memórias voltaram de uma vez, como uma sequência de ondas quebrando em cima dela.

Jogo. Vitória. Peter se desculpando, pedindo para voltar. O vídeo. O maldito vídeo.

Lágrimas vieram aos olhos da garota – Diz que não aconteceu... – ela sussurrou – Por favor, Andrew, diz que nada daquilo aconteceu...

— Ah, Savie... – ele se aproximou da garota, ainda deitada, e a puxou para si – Eu sinto tanto! Eu quis matar aquele cara, você não sabe o quanto eu quis!

— Por favor, Andrew... Diz que não aconteceu! – ela olhava para aqueles olhos. Deveriam lhe trazer confiança, certo? Como na noite anterior. Mas tudo o que a garota via era ódio, ressentimento, dor. Doía em Andrew tanto quanto doía em Savannah.

— Eu queria poder dizer que sim... – ele a ninava, como se ela fosse um bebê. Ela sufocava, soluçava, chorando alto – Não, Savannah, não fica assim, vai passar...

— Não... Não vai... Não vai, Andrew! – ela mal conseguia encontrar a voz para falar. – Ele me expôs para a cidade inteira! Você tem noção disso? Aquele vídeo... Aquilo vai me destruir... – ela escondeu o rosto no peito do rapaz, mas ele logo a puxou, segurando-o entre as mãos e fazendo Savannah encará-lo.

— Ei, vai passar sim! Logo você vai embora para faculdade e ninguém vai lembrar disso! – ele tentava acalmá-la, mas o choro aumentava.

Ela empurrou as mãos do garoto e chutou as cobertas, tentando ficar em pé. Mas os efeitos do álcool ainda estavam presentes e, assim que tentou firmar os pés no chão, acabou caindo. Isso só fez a sensação de fragilidade crescer em Savannah e o choro ficar mais forte. Andrew pulou da cama, indo em direção à garota para levantá-la, enquanto ela apenas chorava.

As cenas voltavam em sua mente. Tinha sido a primeira vez dela, a primeira vez dos dois. Tudo ali, exposto, filmado por Peter. Ela sabia da existência daquele vídeo. Ela permitiu que ele filmasse apenas pela curiosidade, coisa boba da época. Mas, no mesmo dia, pediu que ele deletasse. Ele o fez do lado dela. Aparentemente, no entanto, ele guardou uma cópia.

E, em seguida desse vídeo, aparece outro. Ele e Tiffany. Parecia ser no dia em que Savannah e Peter terminaram, pelo lugar onde estavam. O quarto na casa de Vitor parecia muito com aquele, mas ela não tinha certeza. Nem queria ter. Ele a humilhava, dizia que nunca gostou dela e que foram quatro anos apenas por diversão e para que ele fosse conhecido por todos, já que todos gostavam “daquela vadiazinha”, como ele disse. Que ela nunca foi boa em nada, nem na cama. Ela ria, enquanto se atracava com Tiffany. Ela parecia instigá-lo a continuar falando e tudo piorava. Ela a xingara, difamara, e ainda parecia se divertir. Aquelas gargalhadas jamais sairiam da cabeça de Savannah. Ela podia sentir a maldade dele nelas.

— Não pode ter sido tudo mentira, Andrew - ela choramingava, enquanto o garoto a levantava e colocava sentada na cama, ajoelhando-se em frente a ela - Ele não pode ter mentido tanto, fingido tanto. Ele... Ela disse que me amava, Andrew. Que sempre iria me amar...

— Savannah, esquece isso, por favor. - o moreno segurava as mãos da garota - Isso só vai fazer você se sentir pior.

— Andrew, se... - ela puxava o ar - se você me respeita, não me proteja da verdade. Me diz que a gente pode lidar com isso. Pare de fingir porque isso é o que está me deixando pior.

Ele respirou fundo - Então tá. É isso aí, ele jogou um vídeo de vocês dois juntos, em seguida de outro com a Tiffany falando mal, muito mal de você. Mas e aí? O que você quer fazer sobre isso?

— Eu... Eu não sei - ela soltara as mãos dele e abraçara as próprias pernas - Eu tenho vontade de sumir, de gritar, de xingar e acabar com ele... - as lágrimas tomavam conta de seu rosto - Mas eu não consigo pensar em sair desse quarto. Como eu vou olhar pra todo mundo, Andrew? Como... Como eu vou olhar pra minha mãe, pro seu pai? Ou qualquer um que tenha assistido àquela droga de vídeo?

— Da mesma forma que sempre olhou, Savannah. - Susan surpreendera os dois, encostada na soleira da porta do quarto da filha - Você não é pior do que ninguém por ter estado com o cara errado, por ter se entregado à ele sem saber quem ele era de verdade.

— Mas mãe, eu...

— Nada de mas, Savannah. Se alguém tem o direito de te julgar aqui, esse alguém sou eu, que sou sua mãe. E eu não acho que você tenha feito nada de errado. A não ser beber daquela forma. - Savannah abria a boca para argumentar, mas a mãe a cortara, aproximando-se da cama - Não, você vai me ouvir. Não foi errado você namorar com ele, dormir com ele, ter dividido os últimos anos com ele. Errado foi você ter ido naquela festa e voltado pra casa do jeito que voltou. No que estava pensando?

— Não estava, mãe. - ela abaixou a cabeça - Eu não pensei em nada, só queria esquecer.

— Esquecer tanto que quase se jogou de uma sacada? - Susan questionou - Ou você não se lembra?

— Ainda não tínhamos chegado nessa parte - disse Andrew, ainda sentado no chão em frente à Savannah, que estava olhando para o garoto, chocada - Você tentou pular da sacada da casa onde estava rolando a festa. Por sorte, eu cheguei a tempo de te segurar... - o garoto parecia vidrado ao se lembrar da cena. Ela levou as  mãos à boca, como se tivesse a intenção de conter todo o horror que sentia do que ele dizia para ela.

— Isso sim é um problema, Savannah! Imagina o que teria acontecido se ele não estivesse lá? Como eu estaria se tivesse acontecido o pior?

A garota não sabia o que dizer. Não se lembrava de sacada, apenas da vontade de deitar no chão gelado. A vergonha tomava conta de Savannah, que se levantou e, ainda cambaleante, foi em direção à mãe e a abraçou. As duas permaneceram ali por algum tempo, até Susan começar a chorar.

— Ah, minha querida, eu te amo tanto... - disse, acariciando o rosto da filha - Odeio quando você tenta se destruir, quando tenta se punir e acaba transgredindo as regras apenas por fazer. Não se acabe assim, tá? Não é o fim do mundo o que aconteceu. Vai ser ruim, vai ser difícil? Sim. Mas você tem a mim, ao Mike, a Natalie e - olhando para o garoto atrás delas - ao Andrew.

Savannah olhou para o garoto, soltando-se da mãe, e sorriu. - Sim, mãe, obrigada.

— Mas isso não te livra do castigo por beber demais - Susan disse, enquanto ia para a porta, deixando a filha sentada na cama - Daqui até o fim das férias, sem festas para a senhorita! - e saiu, fechando a porta.

***

Pior do que qualquer castigo foi ter que voltar à escola na semana seguinte. Faltavam três semanas para a formatura e as férias, mas ainda teriam aulas e as provas finais, mesmo para os alunos que já tinham sido aceitos nas universidades. E depois de um final de semana escondida, Savannah teve que voltar a encarar todos na cidade. Os olhares, os cochichos, todos olhavam e falavam da garota.

Ela tentava manter a postura de sempre, mas um olhar julgador se escondia a cada esquina, a cada corredor. Seria muito pior se estivesse sozinha, mas ela e Andrew colocaram seu acordo de distância a baixo e passaram o dia juntos, o que parecia inflamar cada vez mais o ardor dos alunos de Huntington Beach High.

— Savannah! Savannah! - a garota ouviu alguém gritar seu nome, em meio a multidão que se encaminhava para as aulas após o almoço - Savannah, espera!

Quando ela virou para procurar a voz, se arrependeu imediatamente. Peter corria como louco atrás da morena, tentando alcançá-la de qualquer jeito. Ela procurou refúgio em Andrew, que passou o braço em volta do ombro da garota, encaminhado-a rumo à aula de álgebra dos dois. Mas não foi o suficiente para parar Peter.

— Savannah, fala comigo, por favor! Me deixa explicar! - ela pedia.

A garota voltou-se à ele, enfurecida. - Explicar o quê, Peter? Como foi divertido editar aquele vídeo? O tempo que levou? Como foi bom mostrar nossa primeira vez, contar tudo o que passamos e me xingar até não poder mais? - seus olhos pareciam duas chamas azuladas, flamejando ódio.

— Savannah, por favor, não fui eu! - ele tentou tocá-la, mas Andrew o impediu.

— Nem tenta chegar perto dela, babaca. O que você fez não tem explicação, expor o relacionamento de vocês por "pior" - ele desenhou aspas no ar - que fosse, não podia ser jogado assim, tratado como nada.

— Mas eu não...

— Mas nada, Peter! Me deixa em paz! - Savannah o cortou - Você já fez o suficiente dizendo que eu dormia com metade dos garotos de Irvine enquanto namoravámos.

— Isso não é verdade... - Peter sussurrou, ressentido.

— Ah, e agora você fala isso? - a garota revirou os olhos e cruzou os braços - Muito bacana da sua parte. Tente explicar pra cidade inteira agora. Você sabe como os garotos daqui são, nenhum deles jamais vai desmentir isso, vão se vangloriar de algo que nunca aconteceu.

Ele continuou tentando argumentar, mas Natalie e Arthur chegaram, defendendo a amiga.

— Peter, já deu! - Arthur disse - Segue seu rumo e deixa a Savannah por nossa conta. Com certeza vamos cuidar dela muito melhor do que você jamais poderia.

— Eu não consigo entender, Peter - Natalie argumentava - Logo você... Eu esperava mais do Peter que eu conhecia. Será que algum dia ele existiu de verdade ou foi tudo mentira, como você disse ser seu namoro com a Savie?

— Por favor, gente! Deem-me uma chance! Foi a Tiffany, eu juro! Ela armou tudo! - Peter choramingava, mas o grupo já tinha dado as costas, exceto por Savannah.

— Eu menti pro meu coração porque eu pensei que você sentia algo de verdade, mas acho que não se pode acender uma vela já derretida - Savannah citava uma das músicas favoritas dos dois - Maroon 5 nunca fez tanto sentido, não é? - ela o fez para machucá-lo. E conseguiu. A banda significava muito dentro do relacionamento deles. - Não, Peter, você não tem que me amar, mas se você não quer, não aja como se eu não significasse nada. - ele tentou tocá-la novamente, mas ela se retraiu.

— Por favor, Savannah...

— Não me beije, não me toque, não tome meu coração. E olha, só tem uma coisa de que eu estou sentindo falta agora, Peter: um novo começo. - disse, antes de se juntar ao grupo novamente, deixando Peter sozinho no corredor com a música martelando em seus ouvidos, mesmo ela não tocando em lugar algum.

***

— Bom dia, turma! - entrou um professor na sala. Não era a habitual senhora Kitano, mas sim um homem alto, grisalho e muito bonito, causando frisson instantâneo nas garotas em sala - Sou o professor Newman. A senhora Kitano passou por alguns exames e terá que fazer uma cirurgia complicada, tendo que se afastar até o fim das aulas do trabalho. Eu...

Savannah, Andrew e Arthur entraram na sala, interropendo a fala do professor. Deixaram Natalie na aula de francês avançado e acabaram chegando ofegantes na sala.

— Desculpe, professor - Savannah disse - Ainda podemos entrar?

— Claro, entrem! - o senhor Newman permanecia sério, mas algo em sua expressão passou um sentimento extremamente amigável para a garota - Bom, como eu falava, sou o professor Newman e vou substituir a senhora Kitano durante as últimas semanas de vocês. Não que eu tenha muito o que passar, - ele sorriu levemente e os alunos riram - mas farei o possível para que o final de ano de vocês seja agradável. Abram então na página 272 e...

Ele continuou falando, mas Savannah não prestou atenção em nada. A sensação forte de que conhecia aquele homem tomou conta de sua cabeça durante todo o período, fazendo-a esquecer a cena de poucos minutos com Peter.

"De onde eu conheço esse homem?"


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Notas finais do capítulo

Quis trazer essa questão da exposição de Savannah por ser um problema bem comum hoje em dia. Já vi várias meninas sofrerem muito com isso e é realmente triste a maneira como são tratadas após terem vídeos íntimos vazados.
Por isso, meninas, tomem muito cuidado com quem vocês estão e não se deixem ser filmadas em um momento íntimo por ninguém! Acreditem em vocês e se valorizem, porque quem gosta realmente de vocês não fará nem a proposta de filmar!


E até a próxima! ♥