Debaixo Do Mesmo Teto escrita por Giulianna Valadares


Capítulo 11
When you get what you want but not what you need


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Aqui vai mais um capítulo pra vocês, espero que gostem!
Gostaria de agradecer a todos que continuam acompanhando, principalmente para Llemosd e Thalita Abreu que seguem juntinhas comigo nos comentários! Obrigado, lindaaaas ♥

Sugestão de música: Fix You - Coldplay

Aproveitem!! ♥



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Savannah quase não conseguiu dirigir de volta para a casa de Mike. Seu corpo tremia tanto que ela não sabia como estava conseguindo acelerar o carro. Já tinha ligado para Peter, chorando como nunca, contando que fora aceita em Harvard e que realizaria seu sonho. Ele achava que não podia ficar mais feliz naquele dia, mas ao saber que a namorada também iria realizar seu sonho, seu peito inflado de orgulho e emoção estouraria em comemoração com o primeiro toque. Ela disse que levaria a carta para a mãe e pediu para que ele a encontrasse na casa de Mike. Ambos tinham muito que comemorar.

Chegando lá, ela entrou quase correndo pela mesma porta a qual passara feito foguete ainda naquela manhã e encontrou Mike e sua mãe abraçando Andrew. Todos visivelmente emocionados e felizes.

— Gente, o que está acontecendo? – Savannah questionou. Os três olharam para a garota, mas foi Susan quem falou primeiro.

— Andrew conseguiu, minha filha, ela entrou em todas as faculdades em que se candidatou! Ele vai realizar o sonho dele, Sav! – Susan estava com os olhos inchados. Apenas dois dias se passaram e ela já havia chorado mais do que no final de “Marley & Eu”.

— Nossa... Isso é realmente... Incrível – disse, meio cética. A mãe não havia percebido que ela usava “O Grande H” – Já sabe o que vai fazer, cabeção?

Andrew riu. Nem depois da noite anterior Savannah deixaria de implicar com ele. Bem lá no fundo, ele até gostava disso. Mas nem mesmo isso o abalaria hoje.

— Física, Savannah. Vou cursar Física no MIT – ele respondeu com um sorriso escancarado no rosto. – Vou realizar meu maior sonho!

— Uau, Andrew, então você realmente não é só mais um rostinho bonito! – ela riu, sarcástica – Parabéns, meu irmãozinho!

Ela não podia negar que estava com raiva. Sua mãe dando mais atenção para a conquista dele incomodava muito Savannah. Mas ela não podia diminuir o que Andrew tinha conseguido. Resolveu então deixar a chave do carro e as suas cartas em cima da bancada onde estava encostada, próximo à porta. Iria esperar Peter do lado de fora.

— Onde você vai, Savannah? – perguntou Mike, vendo-a sair novamente.

— Ah, nada demais. Vou sair com Peter. Vamos comemorar que ele entrou em Stanford e eu, em Harvard. – pegou uma maça e mordeu – Até mais! – disse, saindo e batendo a porta atrás de si.

Susan a reabriu quase no mesmo instante.

— Você não vai, Savannah.

— Não tem nada demais, mãe. Provavelmente vamos à praia ou ao parque de diversões, não tem...

— Não estou falando disso, estou falando de Harvard – a mulher disse, interrompendo-a.

— Como assim, mãe? Esse é o meu sonho e você sabe disso! – Savannah a olhava, incrédula – Você não pode dizer que não vou!

— Tanto posso como estou dizendo! – Susan se aproximou da menina, segurando levemente os braços de Savannah – Não posso te perder, não posso deixar você ir tão longe, não posso deixar você seguir os caminhos de seu...

Era difícil para Susan pensar naquilo. Foi quando ela olhou para o moletom da menina.

— Esse casaco... – ela encarava, mas eram outras imagens que vinham em sua mente.

Eles jantavam alegremente naquela noite. Susan e John sempre tentavam fazer os dias de Savannah os mais felizes possíveis. Ver o sorriso daquela garotinha não tinha preço para eles.

— Papai, hoje eu encontrei algo em minha expedição – Savannah não sabia o significado real de “expedição”, mas parecia tão bonito quando seu pai dizia.

— Sério, minha guerreira? E o que é? – John sempre se mostrava interessado nas descobertas da filha. Sabia que isso contribuía para que ela desenvolvesse interesse por saber sempre mais.

— Posso ir pegar, mamãe? – a pequenina indagou

— Só depois que a senhorita terminar de jantar. – Susan estava furiosa. Como de costume, Savannah a desobedecera e entrara no armário do pai. – Você fica incentivando essa menina a mexer no que não é dela, John, e isso é péssimo!

— Susan – John suspirou, tirou os óculos e olhou para a mulher – eu disse que ela poderia mexer no que quisesse desde que sempre me mostrasse o que encontrara e que não entrasse onde não permitíssemos. Estou incentivando a curiosidade e a visão científica dela, só isso!

A pequena Savannah odiava brigas, principalmente por causa dela. Por isso, saiu correndo da mesa, sem que seus pais percebessem, e escondeu-se debaixo de sua cama, abraçando Andrew, o ursinho, e o moletom que havia encontrado. Ouviu pouco depois John e Susan gritando por ela, mas não respondeu. Só queria ficar só.

— Arrá! – John gritou, levantando a barra da coberta da cama de Savannah, fazendo com que a menina pulasse com o susto – Te encontrei, mocinha! Venha já para cá me mostrar o que encontrou hoje!

— Mas você não está bravo, papai? – ela saia devagarzinho de seu esconderijo, com medo de uma possível bronca.

Mas John era o melhor pai do mundo. Pegou-a do chão e rodopiou com ela em seus braços, fazendo os cachos volumosos e negros da menina voarem e sua gargalhada ecoar pelo quarto. Sentou-se na pequena cama da garota, que se tornava menor pela quantidade de bichos de pelúcia que ali sempre estavam, e disse à menina sentada em seu colo:

— Jamais, meu anjinho. Papai te ama e tudo o que ele mais quer é saber o que a senhorita encontrou hoje! – sorriu e Savannah o acompanhou, logo estendendo “O Grande H” para seu pai.

— Isso, papai. Estava em seu armário e eu adorei. De onde veio?

Os olhos de John encheram-se de lágrimas.

— Dos melhores anos da minha vida, Savannah. Harvard, esse casaco é de Harvard...

Susan olhava pela porta entreaberta enquanto John contava suas histórias de faculdade para a filha. Ele podia ser difícil, às vezes, mas era o melhor pai que podia ter escolhido para Savannah. Ela sabia disso da primeira vez que o viu. Em Harvard.

— Eu não posso deixar, Savannah, simplesmente não posso! – Susan gesticulava e chorava mais ao tentar explicar sua reação.

— Mas por quê? Você sabe que esse sempre foi o meu sonho, mãe – o jardim à volta das duas parecia ter ficado menor para a garota – Você sabe o quanto eu trabalhei em segredo para conseguir isso. As noites sem dormir, os trabalhos escondidos... Tudo, tudo, tudo foi para isso! Você simplesmente não pode me parar agora e...

Susan foi com tudo para cima de Savannah, agarrando a menina pelos pulsos.

— EU NÃO POSSO PERDER VOCÊ! NÃO POSSO DEIXAR QUE FAÇA O MESMO QUE SEU PAI, NÃO VOU SUPORTAR NÃO TER VOCÊ TAMBÉM – ela gritava, fora de si. Mike tentava segurá-la e os vizinhos começaram a sair de suas casas para saber o que se passava – SE VOCÊ FOR, TERÁ O MESMO FIM QUE ELE, SAVANNAH, E ISSO EU NÃO VOU AGUENTAR!

— Calma, Susie, vem comigo – Mike puxou a namorada para si, fazendo-a soltar os pulsos da filha, que a olhava sem entender – Vamos conversar depois, todos juntos. Deixe Savannah ao menos comemorar...

— VOCÊ NÃO ENTENDE, NÃO É? ELA VAI MORRER TAMBÉM! – Susan disse, se voltando para ele – EU VOU PERDER MINHA FILHA! EU NÃO POSSO PERDER MINHA FILHA!

Savannah simplesmente não entendia. Sua mãe sempre soube o que ela queria, sempre fez parte das decisões que ela tomava para ter o resultado que sonhava. Fazendo uma viagem rápida às suas memórias, conseguia ver claramente que a mãe nunca a apoiou completamente, mas nunca se colocou no caminho para impedir.

— Você não acreditava, não é, mãe? – Savannah disse, quase sussurrando – você nunca me apoiu por completo porque achava que não precisaria me impedir. Achava que eu não conseguiria...

— Sim, minha menina, eu acreditava nisso. – Susan se apoiava em Mike para poder olhar para Savannah – Sabia que você era como seu pai, conhecia suas habilidades e que você seria capaz disso. Mas não queria acreditar. Por favor, não vá. Eu não quero te perder...

Savannah entendia a dor da mãe. Entendia que ela sofrera muito com tudo o que passou. Entendia que tinha seus medos. Mas não entendia uma coisa: por que sua mãe não queria que ela seguisse os passos do pai? Tudo aquilo fervilhava em sua mente e o mundo parecia girar à sua volta, enquanto ela caia. Um par de braços a aparou: Peter. Ela olhou para cima e viu o rosto de garoto tomado pela preocupação.

— Savannah, o que houve? – eles se encaravam e a menina tentava se concentrar no rosto dele para ficar de pé novamente.

— Preciso ficar de pé novamente. – ela respirava pesado.

Prontamente, Andrew estava ao lado de Peter e os dois a colocaram de pé, um de cada lado para que a garota pudesse encarar a mãe novamente e perguntar:

— Então você sabe o que aconteceu com o meu pai, não é?

Os olhos de Susan se arregalaram. Seu olhar viajava por todos os rostos, incluído os dos vizinhos que ainda observavam a discussão em frente à casa de Mike. Sentia o ar faltar e seus pulmões arderem.

— O quê? – respondeu

— Você sabe, mãe, não sabe? – Savannah a encarava. A resposta, no entanto, não veio. Susan desmaiou.


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Notas finais do capítulo

É... Savannah conseguiu o que mais sonhava, mas e o apoio da mãe? Será que isso pode mudar?
Digam o que acham nos comentários! E se estão gostando da história, deixe sua recomendação! São só algumas palavrinhas pra fazer uma pseudo-escritora beeeem feliz ♥

Beijos!!