Inexplicável escrita por Pear Phone


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Aí está, de madrugada mas está. Então, podem fingir que ainda é sexta e que eu não me atrasei? ehuehueha.

Boa leitura



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"Demoramos para descobrir que o maior inimigo que temos, somos nós mesmos."

[...]

Ao chegar em sua casa, a loira percebeu estar sozinha. Chamou o nome de seu possível marido — talvez ex futuro ex marido fosse-lhe um bom termo — e não foi retribuída.

Alguns segundos se passaram e ela não encontrou ninguém. Concluiu que o moreno não estava, ou que não podia atendê-la em tal momento. O procurou e não encontrou-lhe em nenhum lugar da imensa residência, nem mesmo em seu quarto. Aproveitou para tomar um banho antes que ele chegasse.

Pensava no quanto havia aterrorizado aquela pobre mulher, que era apenas uma empregada. Além disso, percebia-se que nada daquilo teria alguma coisa relacionada à ela, pela mesma razão culpava-se pelo feito. Não deixou esse sentimento lhe consumir, pois sabia que tinha seus devidos motivos para fazer aquilo; precisava de informação. Trancou a porta, despiu-se devagar e após observar sua nudez ao espelhado cômodo, entregou-se às águas mornas que esperavam-lhe. Após uma sessão de memórias e pensamentos considerados insignificantes por ela mesma, tentava relaxar dentre a corrente suave que a envolvia.

Saiu de seu banho e vestiu algo bem confortável para deitar-se em sua cama e relaxar depois de uma corrida e crítica noite, onde aturou as falsidades de Carly. Algo em sua mente dizia que ela estava realmente armando um plano com Joe, ele seria o tipo de homem perfeito para isso. Quando pensava estar cogitando de maneira insana, alguma evidência lhe vinha à tona e a deixava mais segura em suas premeditações.

Estaria realmente correta?

Talvez logo resolveria-se tal dúvida, mas naquele momento sua preocupação centralizava-se em outra coisa.

[...]

Quase meia-noite. A madrugada estava para nascer, quando ele ainda dirigia seu carro em uma velocidade não muito alta. Sabia que sua loira estava preocupada, mas também sabia que ela não havia ído de fato visitar seus parentes, como havia lhe dito.

Então para onde ela teria ido? Descobrir era um de seus propósitos.

Um vulto surgira entre as calçadas, tirando-lhe de seus devaneios. Freou o carro, havia alguém aproximando-se das janelas. Pele branca, olhos negros, cabelos escuros e úmidos. Era Carly.

"E se sua própria mente poderia o enganar, por que alguém não poderia?"

[...]

— Ela me disse que você a agrediu e ameaçou Rachel.

— E você acreditou? Freddie, não seja ingênuo. — Revirou os olhos. — Tudo isso foi mais uma mentira. Vai acreditar em mim ou nela?

— Claro que vou acreditar em você, mas eu deveria ir nesse tal jantar. Quais são os motivos que ela tem para inventar tudo isso?

— Muitos.

— Por que acha isso? — Ele se sentou sobre a cama.

— Carly conversou com Joe pelo celular. Ela estava o contando sobre o jantar.

— Acha que eles dois podem ter um caso?

— Além de achar isso, eu acho que querem nos roubar.

— Roubar?

— Freddie, você é empresário. Nunca pensou que mais de um milhão de funcionários pensam em roubar seu dinheiro?

— Eu confio neles.

— E confia no Joe?

— Não, por isso eu o demiti. — Um silêncio instalou-se — Mas você não acha que devemos esquecer isso?

— Eles estão conseguindo o que querem.

— O que quer dizer?

— Querem divórcio.

— Não consigo pensar desse jeito.

— Se nos separarmos tudo fica mais fácil. E você sabe.

— E quem disse que eu quero isso?

— Freddie, nós brigamos o tempo todo. Querem se aproveitar do momento em que estamos, apenas isso. Somos observados por dezenas de pessoas em cada segundo, e o único objetivo sempre foi o fim do nosso casamento.

— Eu sei que devo desculpas a você.

— Por?

— Por achar que opiniões alheias fossem mais importantes; por achar que a minha opinião fosse mais importante; e por achar que qualquer coisa fosse mais importante que nós dois.

— Talvez seja melhor que nós dois estejamos longe um do outro. Talvez tudo termine assim, não podemos mudar o destino.

Os dois sentavam-se lado a lado sobre a cama e seus olhos se encontraram por alguns segundos, tais que passaram-se em silêncio.

Ele puxou seus braços, trazendo-a para mais perto, de forma que fosse mais fácil encaixar os lábios dela nos seus. Suas pequenas e macias mãos deslizavam sobre as costas do moreno, conforme sua língua a transmitia uma sensação terna de prazer. Sua boca era tão enigmática quanto um enorme e complexo labirinto, onde desejava nunca encontrar a saída, e ambos perdiam-se sem implorar por uma forma de salvarem-se. A ambígua sensação de cometer um delito, quando se está apenas fazendo a coisa certa. Ele prosseguia investindo em seus lábios até fazê-la arfar.

— Acha mesmo que nada pode mudar o destino?

— Podemos pensar melhor... — ela disse entres suspiros.

— Temos muito tempo até lá.

[...]

Enquanto isso, Carly saíra de seu apartamento e fora à procura de seu parceiro. Uma culpa perseguia sua mente, como um castigo persistente. Passos que soavam tão alto quanto a força de tudo aquilo para ela. Tal som de seus saltos, que ecoavam sobre o piso, em tal lugar tão vazio quanto o vento.

Sentia-se como se pudesse facilmente ser controlada por qualquer indivíduo que quisesse a controlar. Ela não importava. Sua personalidade era apenas um escudo. Seus olhos eram apenas uma máscara ou uma embalagem que poderia facilmente ser retirada. Ela manipulava aos demais, assim mesmo como era manipulada. Uma faca entrava em seu peito em cada segundo que repensava suas atitudes. Um milhão de coisas diziam não, mas seu ego lhe dizia sim.

— Carly? — Joe indagou.

— Pois é.

— Não acha que já é muito tarde?

— Sim, é exatamente por isso que eu estou aqui. Não é tarde para que eu saiba a verdade.

— De qual verdade fala?

— Da sua verdade, Joe. Por que quer tanto se vingar de Freddie?

— Por dinheiro, eu já disse.

— Não pode ser apenas por isso.

— Sim, com certeza pode.

— Eu tenho certeza que tem mais uma coisa. Eu posso ver em seus olhos — disse surpreendendo seu ouvinte.

— Sempre tentando pregar uma peça nos outros com palavras intensas, não é mesmo, Shay? É errado pensar que pode me vencer.

— Eu já lhe venci, Terry.

— Você é uma mulher inacreditável. Não tem medo? Não pensa no que pode perder?

— Eu apenas quero saber o que você e Ted escondiam.

— Ele me traiu.

— Como sempre dirigindo-se de forma estúpida a ele. Eu quero saber o porquê disso, eu sempre quis! — A viúva virou-se. Estava conseguindo o atacar.

— Eu e Ted éramos melhores amigos. Na época em que você viajou ao exterior, éramos inseparáveis. Saíamos à noite juntos, apresentávamos nossas namoradas, eu o considerava como um irmão. Ele era o único que me recebia em sua casa. Eu sempre fui rejeitado, jogado para o lado. Mas uma nova menina chegou na cidade, visitou a mesma casa noturna que visitávamos frequentemente — dizia-lhe o que jamais havia dito a alguém em Seattle. — E foi nesse dia que tudo mudou.

— O que isso tudo quer dizer?

— Depois de conhecer aquela menina ingênua, seu olhar verdadeiro, sua generosidade e sua paixão, eu quis olhar em seus olhos para o resto da minha vida. Eu fazia sexo com qualquer uma apenas por diversão, mas não foi isso que eu senti quando lhe vi. Eu não sabia que Ted também sentia isso. — Carly encontrava-se perplexa. — E eu descobri da maneira mais cruel possível. Logo assim que ela precisou viajar, ele foi atrás. Ele não me disse adeus, e muito menos ela.

— Ma-mas ele não o traiu, ele apenas não sabia.

— Não, Carly, ele me traiu. Eu o contava o quanto a achava interessante, bonita, o quanto eu queria conhecê-la melhor. Ted me conhecia, ele sabia.

— Algo me diz que eu conheço essa menina. Será que já me contou sobre ela antes de morrer?

— Carly.

— O quê?

— Você é ela. Essa menina era você.

[...]

"Como um vasto litoral, tão confuso e tão incerto, onde a mentira e a verdade são apenas um ato. Onde os pecadores se misturam com as mais puras almas. Onde a escuridão e a clareza andam lado a lado sem deixar rastros. Onde o temporal e a luz do Sol vivem como irmãos. Onde a maldade e a bondade são membros da mesma família. Onde duas metades diferentes unem-se para formar uma só identidade. Onde a liberdade é presa em um calaboço. Onde um cadeado tranca uma chave. Um código indecifrável, um caminho enigmático. Nada mais que a alegre dor de apaixonar-se."


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Notas finais do capítulo

Os textos em itálico entre aspas são de minha autoria, gosto de acrescentar para intensificar o drama. O que acham?

Digam suas opiniões porque já estamos na reta final da fic :)