Inexplicável escrita por Pear Phone


Capítulo 1
Capítulo 1 - O tempo


Notas iniciais do capítulo

Boa noite. Reviews, necessito. Deem uma chance a história ;)



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"Tudo passa, tudo muda. Levar em conta de que em algum dia você não será o mesmo é importante para ter a consciência de em qual eu você quer se transformar."

Estávamos no Bushwell, como sempre. Era um dos melhores dias da minha vida... Comparado aos atuais.

— Carly? O que está fazendo? — afirmei, abrindo a porta sem ao menos bater.

— Nada de interessante, amiga. Apenas vendo algumas fotos. — Ela sorriu e continuou vidrando seus olhos nas fotografias.

— Por quê?

— Não sei. É que desde que nos conhecemos... parece que o tempo não passou. São quase dez anos, Sam, dez anos. Continuamos juntos e isso é bom. Talvez o tempo nunca passe para nós.

— Não sei se devo concordar... — Suspirei.

— Como assim? Desde que tínhamos oito anos de idade vivemos assim. Somos melhores amigas. E depois o Freddie apareceu, você sabe da história.

— Começamos a ser um trio quando tínhamos treze — disse e sorri.

— Então, gravamos o iCarly desde os treze. E agora, temos dezessete... Não acha que o tempo não passou?

— Não sei pra você, mas por mais que continue basicamente do mesmo jeito, acho que muitas coisas mudaram.

— Cite um exemplo.

— Seus encontros. Você sempre teve muitos garotos ao seu redor, agora só quer saber de duas pessoas. — Revirei os olhos.

— Por isso não seja, Sam, muitas coisas mudaram desde que você e o Freddie terminaram e voltaram, e depois terminaram e voltaram de novo e depois terminaram.... Não acha? — a morena insinuava.

— Não é a mesma coisa. Anda saindo com o Gibby todos os dias, Shay. E depois ajuda o Brad com a matéria de Filosofia.

— De qualquer forma, quero dizer que... Talvez o tempo nunca passe. Não tão drasticamente. E que, talvez, possamos viver sempre assim.

E aquela frase nunca saiu da minha mente. Porque eu queria que fosse verdade, eu queria que minha amiga estivesse certa. Mas, ela não estava. Isso porque ela não podia ver o que aconteceria dez anos depois, e eu também não.

[...]

— Boa noite — eu disse, admirando a vista da janela ao vê-lo entrar.

— Boa noite — respondeu, respirando pesadamente.

— Não teve um bom trabalho? — perguntei irônica.

— Talvez — Freddie concordou.

— Quero saber por que nunca diz sobre o seu trabalho para mim, se eu quase sempre digo o que fiz durante o meu dia.

— Não tenho muito o que dizer. Eu só... trabalho?

— Claro...

— Preciso ir dormir. Estou cansadíssimo.

— Antes nós precisamos conversar... — Encarei o chão.

— Sobre?

— Nós.

— Nós?

— Nós!

— Como assim nós? — indagou.

— Eu e você. Somos casados, esqueceu? Faz quase cinco anos.

— Claro que não, mas... — ele falava de maneira indiferente.

— Eu só acho que, às vezes, você esquece disso — o cortei.

— O que quer dizer?

— Sabe a última vez que você... se importou comigo? Deve ter sido quando tinha dezessete anos. Eu sou sua mulher, e não sua amiga.

— Eu realmente estou cansado demais para te ouvir agora — disse aparentemente estressado.

— Mas... você vai me ouvir. É comigo que você dorme todas as noites, você prometeu nunca deixar de me amar, mas... nem sequer quer me ouvir agora?

— Nós não temos motivos de discussão.

— Eu estou com saudade de você... — Olhou-me sem entender, depois que eu lhe afirmei.

— Mas eu nunca saí do seu lado.

— Não, sinto saudades do que você era. Não é o mesmo Freddie que me irritava e me acalmava ao mesmo tempo. E não é o mesmo que eu amava.

— Eu não entendo nada que diz, Sam. — Freddie se aproximou de mim.

— Nos últimos meses, todos os dias em que chega assim do trabalho, nem sequer me dá atenção. E, então, quando estamos almoçando, você não diz quase nada. Nos finais de semana sempre viaja... Enquanto eu fico presa com o trabalho e não consigo dizer nada também. Que tipo de casal somos nós? — protestei.

— Eu sempre soube que você não era a mulher com quem eu deveria casar. — Apenas uma frase já me fazia sentir como se meus olhos clamassem por lágrimas.

— E com quem acha que deveria casar?

— Com alguém que não estivesse me traindo — insinuou, diretamente. Senti minhas mãos tremerem.

E eu não sabia de onde ele havia raciocinado isso, mas eu nunca o traí. Eu não conseguia admitir que ele me tratasse dessa forma apenas por uma ambição. Não podia aguentar um mísero segundo a mais naquela casa, e na madrugada seguinte eu deixei aquele lugar. Doía muito deixá-lo depois de tanto tempo, mas ele viveria bem sem uma mulher como eu, que segundo ele mesmo, não era digna de viver ao seu lado. A única coisa que ainda me afligia era a nostalgia dos tempos em que podia chamá-lo de amor.


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