Duas horas depois nós conseguimos sair do local, Andrew e eu ficamos apenas abraçados, conversando uma hora que outra, bebendo água ou comendo barras de cereal quando estávamos com fome, ou uma simples vontade de comer. Todos estavam voltando para seus quartos, mas, quando eu ia entrar no meu, alguém com capuz me puxou pelo braço e antes que eu pudesse gritar, tampou minha boca e virou-me para ele. Eu o reconheci. Era Leonardo.
Olhei-o apavorada, meus olhos deveriam estar arregalados. Ele não falou nada, apenas tirou a mão de minha boca, ambos sabíamos que eu não iria gritar. E então ele me arrastou para algum lugar sem sermos vistos. E nos trancou em algum desses ''esconderijos''. Eu confesso, estou com medo dele. Pela primeira vez, eu estou com medo de Leonardo. Eu estou com medo de alguém.
–Eu preciso que você me dê alguma chance. -Ele falou com certo desespero.
–E eu preciso que você me tire daqui! -Tentei não gritar.
–Precisamos conversar.
–E isso é um bom motivo para me sequestrar? -Indaguei.
Ele não falou nada por alguns minutos.
–Você está com os rebeldes? -Pergunto na mesma hora que ele fala:
–Preciso que me dê uma chance.
Eu cruzo os braços e apoio o peso do meu corpo em uma só perna.
–O que você quer que eu faça, Leonardo? Eu estou aqui agora, não posso ser o que você quer a hora que você quer. Podia ter me dito antes, teria mudado muita coisa! -Falei com um tom acima do meu normal.
–Teria mudado o que, exatamente? -Questiona.
–Só pra começar eu não teria entrado na droga dessa Seleção! -Exclamo.
–E não teria se apaixonado pelo Príncipe? -Indaga.
Eu paro até de respirar.
–Como sabe sobre Andrew?
–Ah, ele é Andrew para você? Isso já está pessoal demais, não é? Por que não assumem logo e terminam com isso tudo?
–Porque você é um idiota!
Que eu ainda gosto, queria dizer.
–E o quê? Você sente algo por mim que eu sei, caso o contrário já teriam acabado com isso tudo.
–É, você está certo. Teríamos. -Olho-o séria.
–Isso quer dizer que você gosta de mim?
Solto minhas mãos e abro a boca.
–Pelo amor, você mesmo fez a afirmação! -Exclamo. E ele me beija. No início não reajo, depois me entrego. Não era certo, eu estava beijando Andrew a poucas horas. Isso não estava certo!
Empurrei-o delicadamente e olhei para baixo.
–Não podemos fazer isso com ele.
Leo respirou fundo e assentiu.
–Você também gosta dele. -Não foi uma pergunta, foi uma afirmação. E isso revirou meu estômago. Era mais que gostar, eu o amava. Mas, quando beijava Leo, percebia que ele não era o único no meu coração. Percebia que Leonardo era mais do que um amigo, ele sabia de mim antes de eu saber dele. pertencíamos um ao outro. E eu não podia fazer isso com nenhum dos dois, iludi-los assim... Era demais. Era errado, completamente incorreto. Mas eu não conseguia resistir. Não quando sentia algum deles próximo a mim.
Seria possível amar dois ao mesmo tempo?
–Quando estou com você, sei o que sinto. Por você. Mas quando estou com Andrew, sei o que sinto por ele. Eu esqueço tudo e... -Eu pauso. -E isso é errado, com ambos. -Falo e passo a mão no rosto para me impedir de chorar, soluçar ou qualquer coisa.
–Eu vou estar sempre aqui pra você. -Ele disse me tomando em seus braços. -Vou estar sempre por perto, eu prometo. Eu vou fazer você conseguir se decidir e nós ficaremos juntos. Vamos sair de Illea, ou vamos voltar para nossa Casta. Vamos nos casar e ter filhos. E eu vou te fazer feliz. -Ele disse sussurrando enquanto acariciava meu braço e vez que outra passava a mão em meu cabelo, minha bochecha.
Ele se afastou um pouco de mim, colocou a mão em meu queixo e fez com que eu levantasse a cabeça. Passou seu polegar em meus lábios fazendo-me gemer baixinho, em um suspiro, e então colocou a mão em minha bochecha e se aproximou, beijando-me carinhosamente.
E era em momentos assim que eu sabia que era dele, que sempre fui. Agora eu tinha que dizer a Andrew. Explicar que não poderia mais ficar com ele.
Não queria me soltar de Leo. Coloquei minha mão em seu pescoço, subi para seu cabelo e puxei-o mais contra mim. Ele apertou minha cintura e senti-me desmanchar em contato com seu corpo quente. Então nos afastamos por falta de ar. E ouvimos vozes.