Enquando voltava para encontrar minha mãe e Amanda, pude reparar mais nas garotas e em suas roupas... Elas estavam usando suas melhores roupas, e estavam muito bem vestidas. Enquanto eu estava com meus cabelos soltos, caídos sobre meus ombros/ peito e um vestido curto verde claro, o meu melhor na verdade, e como sapato: Uma sapatilha preta que era de Amanda e por sorte calcávamos o mesmo numero - trinta e cinco. Quando as encontrei, minha mãe logo disse:

–Vamos meninas. -Nós concordamos e continuamos o caminho de volta para casa, mas antes passamos em uma feira para comprar algumas coisas. Nossa situação este ano não estava tão ruim como nos anos anteriores, talvez seja por ter mais trabalho para nós e Amanda já esteja trabalhando em seu solo, ela era muito boa pianista, enquanto eu só sabia cantar pois não levo jeito nenhum para instrumentos. Já tentei violão, mas não consegui, piano: não consigo decorar onde colocar os dedos... Não sei absolutamente nada! Violino: Credo! Flauta: Desafinada que só ouvindo. Gaita: Toco, toco e não consigo fazer nenhuma música... Mas minha família nunca desistiu de mim.

Meu pai chegou em casa uma hora antes do jornal de Illea começar. Eles mostraram a movimentação do primeiro dia de inscrição e depois falaram algumas coisas que na hora não dei importância, então despedi-me de meus pais e fui dormir.

No dia seguinte, acordei com o sol batendo na minha cara. Espreguicei-me e esfreguei os olhos.

Levantei-me da cama, lavei-me e coloquei uma blusa branca, um jeans claro muito usado e um tênis all star preto - já cinza, pois desbotou - e surrado. Prendi meus cabelos em um coque mal-feito e fui até a cozinha.

Encontrei meus pais e meus irmãos tomando café, sentei-me na mesa junto com eles e comi uma laranja para reforçar as cordas vocais.

Hoje eu teria uma apresentação à noite, junto com Amanda, era nossa primeira apresentação juntas, estávamos empolgadas!

Mas antes eu iria plantar algumas mudinhas no pátio de casa e Amanda iria se apresentar as 13:30 e eu teria de leva-la ao local.

Saímos de casa uma hora antes, ela estava usando um vestido básico da cor lilás - Amanda amáva vestido, enquanto em meu guarda-roupa havia muito mais blusas soltas e jeans. E o dela: vestido, vestido, vestido, saia, blusinha... Óbvio que não era muita coisa, e nem estes vestidos caros e chiques pois não tínhamos condições para isso.

Ao chegarmos no local despedimos-nos uma da outra e então eu voltei para casa. Ficaria a tarde toda sozinha, meus pais estavam trabalhando e meu irmão estava na escola.

Quando cheguei em casa, fui logo para o pátio.

Peguei uma pá e comecei a trabalhar no jardim da frente.

Estava enterrando uma plantinha na terra quando alguém me chama.

–Rafaela. -É uma voz conhecida, e masculina. Virei-me para ver quem era e deparo-me com o garoto da foto.

–Oi. -Digo sorrindo, enquanto me levanto . -Onde sabia onde eu morava? -Perguntei em dúvida.

–Eu disse que te conhecia. -Ele da de ombros.

–Ahn... E e onde você me conhece, mesmo? -Pergunto fazendo meio que uma careta.

–Da escola. -Ele ri da minha careta estranha.

–Ahn... O.k então. -Digo dando de ombros.

–Estudo na sala ao lado da sua, você é uma das melhores da turma, não é? Bem, fiquei sabendo que sim. -Ele disse e eu me aproximei mais dele.

Sem querer me gabar, mas era verdade, sou sim uma das melhores da turma.

Lá na escola eles inventaram algo em que os melhores alunos, chamados 'Alunos Destaque', que são os mais comportados e com melhores notas, tiram fotos com outros alunos da turma que também foram destaques e então eles vão para o mural... Eu já fui mais de uma vez!

Não que eu seja nerd, que é como as pessoas - algumas - me chamam, e é algo que eu detesto ser chamada. Eu sou inteligente, mas não sou nerd e nem cdf, pô!

Bem, esse negocio do 'aluno destaque' e tal acontece todo o semestre... Eu fui duas vezes no mesmo ano e depois de dois anos eu fui de novo - esse ano - não sei o que foi, sei lá, eu devo ter deixado minhas notas afundarem um tempo e depois percebi a importância disso tudo.

–E qual seu nome? -Pergunto já na sua frente. -Não... Não consigo lembrar-me. -Digo pensativa, e acreditem, eu estava fazer um esforço enorme para lembrar o nome do garoto.. Como? CO-MO eu posso esquecer o nome desse garoto? Como eu nunca reparei nele antes? Por que se eu tivesse reparado eu não esqueceria dele, ele não é um garoto para ser esquecido...

–Sou Leonardo Switch. Receio que não saiba quem sou pois nunca nos falamos antes. -Ele diz formalmente, pela primeira vez.

–Tudo bem... Leonardo Switch. -Digo. -Gostaria de entrar? -Pergunto.

Ele suspira.

–Achei que não ia perguntar nunca. -Ele diz e eu rio, então abro o portão e dou espaço para ele entrar.

–Quer ajuda? -Pergunta ele, olhando para o meu 'canteiro'.

–Eu não sei se vou continuar... Quer mesmo ajudar? -Pergunto.

–As ordens, senhorita. -Ele diz e se ajoelha no chão a onde eu estava. Eu sorri enquanto ele estava de costas para mim e então eu fiz o mesmo e começamos a arrumar o jardim juntos enquanto conversávamos.

Leo era um cara legal, ele me fazia rir e era um cara educado, ou seja: O cara ideal.

Dois dias já haviam se passado desde que eu me inscrevi em 'A Seleção'. Leonardo e eu nos víamos todos os dias, na escola e depois dela. Voltavámos juntos para casa, e eu não queria me apegar a ele e nem ele a mim - apesar de nunca termos tocado no assunto - antes deles avisarem quem entraria no palácio.

Eramos apenas amigos, bons amigos, melhores amigos... Sim, isso em dois dias. Mas sabíamos que ambos gostavam um do outros de um jeito diferente.

Nunca conversamos sobre nada disso, por medo... Eu acho.

Na noite em que fazia três dias em que eu havia me inscrito em 'A Seleção', nós estávamos todos sentados na sala - Minha mãe e meu pai no sofá e eu, Amanda e Alex no chão, como gostávamos de ficar- esperando o Jornal de Illea começar.