–Acorda, Rafaela. Acorda! -Ouvia a voz de alguém me acordando.

E então acordo.

Eu estou suada e me debatia na cama. Quando lembro da voz que me acordou, viro para o lado percebendo a presença de alguém.

Não pode ser.

Leonardo.

Olho para ele com os olhos bem abertos.

–Você precisa sair daqui. -Ele diz se aproximando. Olho-o interrogativa e ele me beija. Surpresa, não recuo.

–Eu te amo, se lembra disso. Me desculpa. Não importa o que aconteça a partir de agora, eu te amo. -Ele diz, um pouco apressado. E então ouço as vozes gritando, pessoas correndo, móveis caindo -sendo derrubados.

–O que está acontecendo? -Pergunto franzindo a testa.

–Me desculpa. -Ele diz e sela meus lábios mais uma vez. -Eu te amo. -Ele se afasta. -Agora corra. -Ele fala tão desesperado que eu dou um pulo e saio da cama atrapalhadamente. Vou em direção à porta e olho-o novamente. Não conseguia dizer como estava vestido por causa da escuridão. Não deveria ser nem cinco da manhã.

–Corra. -Ele pede, e eu o faço.

O caos toma conta do lugar, nunca vi algo parecido. Eu estou em um sonho, não estou? Eu ainda estou dormindo e isso tudo é um pesadelo. Todos correm em direção a um lugar que eu não sei. O local não está cheio de pessoas que conheço, outras pessoas estão aqui e eu não quero nem pensar na possibilidade de quem eu acho que possa ser.

–Senhorita. -Chama-me um soldado, viro-me para ele. -Você deve sair daqui. -Ele diz.

–E ir para onde? -Questiono.

–Venha. Eu te acompanho.

Em um minuto já não via mais gente correndo, sinal de que todos já haviam chegado no tal lugar.

–O que está acontecendo? -Pergunto olhando para todos os lados.

–São os rebeldes. -Responde ele

Era isso que eu temia.

Continuamos correndo até ouvirmos um tiro e o soldado cair no chão. O tiro havia atingido um ponto acima de seu pé.

–Vai, continue. -Ele 'manda'.

–Não. Venha. -Digo me abaixando e colocando o braço dele entorno do meu pescoço.

–Senhorita, você deve ir. -Ele pede.

–Você realmente acha que vou deixá-lo aqui? -Pergunto indignada. Eu não sou como as outras! Jamais deixaria alguém ferido.

Levo-o até um corredor ao lado deste que estamos e sento-o no chão. Esperamos.

A partir de agora a história é narrada em terceira pessoa.

–Uma, duas, três. -Cida contava cada selecionada com o intuito de ver se faltava alguma.

–Treze, quatorze... ONDE ESTÁ ELA?! -Cida gritou fazendo todo mundo se virar para olha-la.

–Quem falta? -Perguntou o Príncipe Andrew.

Ele olhou para todos os lados e percebeu ao mesmo tempo que Renata falou:

–A Rafaela. -Disse a garota, choramingando.

Andrew passou a mão no cabelo.

–Que droga! -Murmurou para ninguém ouvir. Mas seus pais ouviram.

–Alguém viu ela? -Perguntou Cida.

–Ela estava com um dos soldados. -Disse uma garota loira com os olhos vermelhos de choro.

–Era o soldado Fletcher. -Disse um dos soldados.

–Não foi ele que levou um tiro? -Perguntou Sabrina. Ela vira os dois juntos e pensou: danem-se, se ela morrer, menos uma.

Todos a olharam.Andrew sentiu se coração bater mais forte e, impulsivo, saiu correndo.

–Andrew, espera! -Gritou América, mas já era tarde. Ele tinha sumido porta afora. Dois outros soldados foram com ele.

Daniel Fletcher, Rafaela já sabia seu nome, estava sentado no chão com as pernas esticadas enquanto Rafaela passo por cima dele para ver o corredor que daria para o corredor do meio. E vê Andrew e mais dois soldados. Neste momento ela tropeça nas pernas do soldado Fletcher e cai deitada no chão.

Andrew solta um longo suspiro ao ver a garota ali e reprime um riso com o modo em que ela caiu. Sempre tão atrapalhada. Ele ergue o canto dos lábios, formando um pequeno sorriso e vai até ela, que está se sentando no chão batendo as palmas das mãos para tirar a poeira da bagunça toda que estava ali.

–Graças a Deus. -Ele diz se abaixando e abraçando-a. A garota ficou confusa pois há horas atrás eles estavam discutindo. O príncipe estava aliviado por ver a garota ali, mesmo que no chão e... Cuidando de um soldado machucado.

Andrew olha para o soldado ainda com os braços entorno de Rafaela e faz um sinal com a cabeça. O soldado retribui.

–Venha. -Diz Andrew levantando-se e estendendo a mão para a garota. Ela pega e se levanta.

–Está bem? -Pergunta o príncipe. Preocupado.

–Sim, estou. -Ela responde com a voz fraca. Andrew coloca o braço entorno do pescoço da Selecionada e eles seguem enquanto os três soldados vão atrás