The Protected escrita por Witch Barnes


Capítulo 1
I - O menino e sua Capa


Notas iniciais do capítulo

Yay, primeiro capítulo da fanfic (jura? O.O)
Sem notas, sem criatividade, todas minhas ideias foram concentradas nele, pois é ç.ç
Espero que gostem!



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Mudanças nunca são boas, mesmo quando nem mudanças de fato são. É que, bem, hoje foi o dia em que minha mãe teve coragem de arrumar as malas, pegar o carro e voltar, comigo, pra casa. Não há lugar como o nosso lar, certo? Mas há lugares bem melhores. Não posso comentar sobre essa casa na qual me encontro agora, ela é um tanto estranha pra mim, uma vez que sai daqui ainda muito pequena, mas, se fosse pra eu avaliar como um novo lar, diria com absoluta certeza que não gostei. Um lugar no meio do nada, onde nem o sinal da internet pega direito. O que é isso, afinal? Uma floresta? Uma fazenda não é, longe disso, e nem um sítio (pois se fosse, até gostaria) é um matagal sem vida. A casa também não fica no interior e nem é o que chamamos de “roça”, pois em algumas esquinas está a ‘cidade’. Olhe para mim, já estou me referindo à cidade como se fosse um lugar distante. Há pessoas que afirmam terem visto duendes entre as árvores, mas isso é coisa de gente que nem o pé aqui põe, pelo menos foi o que minha nova vizinha, que tricota em frente ao portão, disse, ela jamais vira qualquer coisa, nem um cachorro, nem um gato, só alguns insetos. Desconfio dos ratos, acho que eles vivem por aqui, mas ela pôde afirmar que não. Após minha mãe se despedir da moça, que descobri que se chama sra. Jones, resolvemos entrar em casa e ela nos ofereceu bolinhos. Uma senhora simpática até demais, suspeita, mas mamãe disse que é uma moça muito fofa e que ela conhece há anos. Então eu comi alguns e realmente gostei, espero que ela faça a bondade de nos oferecer mais qualquer dia desses.

A casa é grande, muito grande, jamais pensei que poderia morar em uma casa dessas. Ela já estava toda mobilhada, pois cuidamos disso antes de nos mudarmos de fato. Já estou usando a palavra “mudança” novamente... Não é bem assim, a casa na qual moramos por muito tempo não é tão longe, de carro são uns quinze minutos. Gwen disse que me visitaria, e espero que faça isso mesmo. É muito mais fácil ela, que tem dezessete anos e um carro, vir me visitar do que eu, que não tenho, pegar um ônibus pra chegar em sua casa apenas quarenta minutos após sair daqui.

O motivo da nossa volta para esse fim de mundo foi simples. Mãe solteira precisou da ajuda da minha avó para criação de sua filha, ou seja, eu, mas parece que já estou bem grandinha e ela pôde, finalmente, voltar para casa em que vivíamos antes do meu pai ir embora sem dar nenhum tipo de explicação. Mamãe diz que ele é um safado, eu não sei bem o que ele é. Tenho apenas dezesseis anos, tive que sair da escola em que estudava e me matricular em uma perto do matagal, mas como estamos em dezembro, não voltarei a estudar tão cedo, só depois do natal.  O que será que farei durante esse tempo todo? Ficar conversando na internet que pouco funciona? Ler algum livro? Talvez eu viva na ‘cidade’, mas Gwen vai ter que vir me buscar direto. É uma situação complicada pra mim.

O dia estava indo bem. Minha mãe havia comprado uma garrafa de vinho para comemorar, mas a única coisa que conseguiu foi ficar bêbada. Isso anda acontecendo muitas vezes, desde que rompeu com seu último namorado. Nunca fui muito com a cara dele, mas parece que ela estava apaixonada. Não posso negar, é algo bem ruim. Já à noitinha, quando mamãe tinha se recolhido para acordar cedo no dia seguinte, já que teria que sair antes para o trabalho, resolvi pegar um pouquinho do vinho e pôr em uma taça qualquer, a fim de beber, ela jamais descobriria. Fiz isso assim que desliguei o telefone e mandei Gwen ir dormir, ia dar uma hora da manhã e ela estava lendo pra mim uma piada que lera no facebook. Sentei em uns degraus encontrados na varanda e fiquei lá, fingindo que bebia alguma coisa. As poucas casas ao redor tinham as luzes apagadas, e a ‘rua’ era iluminada apenas por uma luz fraca, pra mim já suficiente. Falei certo, “era”! Em um piscar de olhos, algo extraordinariamente assustador aconteceu. Eu não posso dizer bem o que vi e o que senti, pois bem, foi algo muito surreal. Ao fundo daquele matagal, apareceu uma criatura. Era como uma pessoa, mas era impossível ver seu rosto, talvez por estar tão longe. De início não sei por que tanto me assustei, afinal, havia moradores por ali, porém segundos depois me dei total razão por ter ficado assustada. A pessoa vestia uma capa preta, e era um capuz que cobria seu rosto. Não era um ser sobrenatural, pelo menos não parecia, ele vinha caminhando, mas tinha uma atmosfera horrível, o que me deixou tonta, quer dizer, a tontura era efeito do álcool, enfim... Ele me deixou com medo. De início pensei que fosse alguém que curtia essa parada gótica e no fundo era uma pessoa normal, só que não era isso. Mudei os pensamentos quando ele veio em minha direção e disse com uma voz estranhamente encantadora, “Elizabeth Kirke!”. Como sabia meu nome? Em um salto me levantei, mas algo impediu-me de continuar a andar em direção a porta, parecia que ele quem me impedia. Sim, era ele e não ela. Alguma coisa dizia pra eu falar com aquela pessoa... Alguma coisa não, o vinho. Aquela bebida havia me enchido de coragem, mas meu subconsciente dizia pra eu correr. O efeito alcoólico falou mais alto e eu fiquei.

- É você mesmo... Elizabeth Kirke... Bem do jeito que tinha de ser. – Ele era, de fato, muito estranho. Mas dessa vez, a única coisa que dizia isso era sua roupa, pois assim que ele começou a falar, meu medo foi indo embora. Sua voz era bem amigável, jamais imaginaria isso.

- O que é você? – Perguntei com receio.

- Uma pessoa, ué! O que mais poderia ser? Acho que você quis perguntar quem sou eu, ao invés de o que, estou errado? – Ele deu uma risada estranha e eu estremeci. Provavelmente ele era apenas uma pessoa normal mesmo, só que isso não deixa de aterrorizar. E se ele for um bandido? Ele me dá medo! Já estava vendo a hora dele puxar uma arma de dentro daquela capa estranha. Ele se aproximou de mim e imediatamente dei um passo pra trás. – Na verdade, sou uma pessoa especial! Bem, comecei a achar isso depois que me escalaram para tomar conta de você, antes eu era até bem apagado, é ruim quando ninguém nota sua presença...

- Pode acreditar, você já conseguiu ser notado! – O interrompi, em um ato de coragem. Pena que era impossível analisar seu rosto e ver sua expressão, acho que ele estaria surpreso. Maldita capa. – Por favor, poderia me dizer exatamente o que você é?

Minha coragem repentina me surpreendeu. Ele não deixava margens para eu ter medo, o que tornava a situação ainda mais estranha.

- Elizabeth, eu fui escalado para tomar conta de você e de sua mãe por uma pessoa muito especial para você. – Acho que especial é uma palavra que ele gosta muito de usar, ele não para de repetir isso. – Não se assuste, eu sou do bem...

- Então por que usa essa capa preta estranha? – Soltei de uma vez só o que me incomodava.

- Se eu tirar essa capa, vai deixar eu conversar com você? – Perguntou ele, após um suspiro.

- Talvez...

- Ainda bem que tomou umas... Se é mesmo como dizem que é, já teria corrido de mim. – E então tirou a capa e o capuz, acho que ele sabia muito sobre mim, mais até que eu mesma. Porém, de alguma forma, isso não me aterrorizou muito na hora. Finalmente pude ver seu rosto. Não que aquilo amenizasse alguma coisa, nem diferença fazia, continuava estranho, era apenas um pouco menos amedrontador. Ele usava um par de tênis all star vermelho e vestia calça jeans e blusa branca simples. Seu rosto era bonito... Seus grandes olhos ficavam ainda mais castanhos por conta de sua pele extremamente branca, tão branca que me deu nervoso. Seu cabelo era escuro e estava meio bagunçado, ele era um pouco mais alto que eu, talvez mais que “um pouco”, mas isso não importa. Ele também parecia meio impaciente... – Acabou com a minha brincadeira... – Ele fingiu reclamar e então abriu um meio sorriso. – Sei que é demais pedir pra você confiar em uma pessoa que você nem conhece, mas você pode conhecer... Acredite em mim, mesmo que seja difícil de acreditar...

- Você poderia ao menos se apresentar?

- Foi mal, não tô acostumado com essas coisas, é minha primeira tarefa. – Tarefa? Que tipo de coisa ele chama de tarefa? Invadir o quintal alheio e chamar uma menina pra dizer que seu dever é cuidar dela? Acho que quem tá ficando doida sou eu, que ainda não sai daqui. – Meu nome é Joseph Lewis, e você não precisa se apresentar, até por que sabe que eu te conheço!

- Só não sei como! – Disse em baixo tom, estava assustada.

- Mas saberá! Que tal um passeio? – Esse garoto é louco?

- Mas é claro que não! – Gritei com o susto. – Além de você ser um completo estranho, já são altas horas da madrugada.

- Mas isso não é um problema!

E então ele pegou sua capa, que estava jogada no chão, e começou a procurar algo dentro dela. Quando tirou de lá uma espécie de varinha mágica. Que loucura ele pretendia fazer? Seria ele um bruxo? Aquilo, com certeza, é um varinha, e o jeito que ele olhava para ela era surpreendente devido sua alegria. Se tinha algum conselho que minha mente dava à mim mesma naquela hora era “fuja”, porém, não consegui segui-lo. Ao invés disso, com todo o susto do mundo, perguntei se ele era um bruxo.

- Bruxo? Não, não mesmo! Mas é legal, sabe? Fingir que sou um e andar por aí com a varinha...

- Você não é apenas estranho, é doido também.

Ele ignorou o que eu disse e continuou a falar.

- Agora feche os olhos!

- Eu não! Acha que não sei o que pretende fazer? Se acha, está certo, pois não sei, mas saiba que tenho a total noção de que normal você não é, e saiba também que não há nada de valioso dentro dessa casa, então nem adianta você planejar um roubo.

- Escute aqui, - Começou a chamar minha atenção após um suspiro. – se estou dizendo que sou do bem, é porque sou. Pense melhor, como sei que se chama Elizabeth April Kirke? Ou que acabou de voltar para sua casa antiga com sua mãe e odeia isso? Como sei que sua melhor amiga se chama Gwen McCartney e que a banda favorita de você é The Beatles? Como sei que você queria morar em Narnia?

Eu não podia imaginar que ele sabia daquilo tudo, afinal, é impossível. De qualquer forma, ele está certo, devo ouvir o que ele tem a dizer. Ele deve me vigiar há um tempo, mas por quê?

- Agora feche os olhos logo!

Sem pensar duas vezes, fechei. E seja o que Deus quiser. Se eu morresse, gostaria que soubessem eu não tenho nada para deixar com ninguém, mas que minha coleção dos Beatles e meus livros do C. S. Lewis ficariam com a Gwen, ela é a quem fará melhor proveito disso. Respirei fundo e senti um cheiro úmido, de chuva, e parecia mais frio do que estava antes, mesmo que não parecesse possível. Foi aí que pensei “Como ele consegue vestir apenas aquela roupa enquanto eu vestia vários casacos, pantalona, tênis, toca e um imenso cachecol?”. Porém, não consegui concluir o pensamento, pois Joseph mandou eu abrir os olhos novamente.
Eu estava me sentindo muito leve, como jamais me sentira antes. Como se estivesse flutuando. Foi aí que percebi que de fato estava. Eu e Joseph estávamos. Eu olhava aterrorizada enquanto ele observava sua varinha, bastante pensativo.

- Onde estamos? – Foi a única coisa que consegui perguntar.

- Em Londres, ué!

Então percebi que estava mesmo em Londres. Olhei para baixo e vi que não estávamos tão longe do chão. Mas à frente, tinha um shopping que eu conhecia, e mais atrás ficava a praia.

- Ah, é mesmo! Mas por que estamos flutuando? – Estranho, aquilo não me assustava mais. Nem aquilo e nem ele.

- Por que eu esqueci quais são as palavras mágicas que a varinha precisa ouvir para voltarmos para o chão.

- Você não disse que não era um bruxo?

- Sim. E também disse que gosto de fingir ser um. Mas você tem razão, eu não preciso da varinha mesmo. Infelizmente... Ela nem funciona na minha mão.

- Então por que pretendia usar?

- Já disse que gosto de agir como um bruxo. Poderia respeitar minhas manias?

Ele pode até ser do bem, como tanto diz, mas que é estranho é. Estranhíssimo! Ele olhou para baixo e se concentrou em encarar o chão. De repente estávamos em baixo.

- Como fez isso?

- Fazendo.

- Só posso estar sonhando... – Ou era isso, ou tudo era culpa do que estava bebendo.

- Não sei, está?

Não disse nada no momento e continuei caminhando. Mesmo sendo comprovado que estávamos em Londres, tudo parecia muito estranho. O cheiro úmido era causado pela neve que estava no chão e umas que estavam... Congeladas no ar. Estranho, não?

- Tudo parece tão estranho...

- Estranho como?

- Essa neve parada no ar. Ela tá entrando na nossa pele. Além de ser super estranho o fato dela não cair, é mais estranho aindao  fato de não estarmos congelando como deveríamos estar.

- Não disse que viemos conversar? Te contarei o básico e o que você achar que falta, pergunte, okay?

- Okay...

Assim que aceitei o desafio começamos a caminhar. Meu rosto estava ficando molhado, mas não sentia tanto frio como antes, pelo contrário, o clima parecia estável e não tão gelado.

- Então, Liza...

- Liza?

- Não é seu apelido?

- Na verdade não... Todos me chamam de Liz.

- Eu gosto de Liza. Se não se importa...

- Não, que bobagem. Pode me chamar de Liza.

Liza é um nome legal, não tinha pensado nisso antes. Seria legal se eu fosse conhecida assim por mais pessoas, deve ser bem maneiro responder quando alguém resolve gritar “Liza!”.

- Como eu ia dizendo, Liza. Já me apresentei, meu nome é Joseph Lewis e eu sou uma pessoa um pouco diferente...

- Jura?

- Tem como parar de me interromper? – Ele parecia estar ficando estressado, então resolvi que dali em diante, ficaria quieta apenas ouvindo o que ele tinha a dizer.

- O ruim de andar na rua de madrugada enquanto o tempo está congelado, é que não tem nada de bom que você pode comer ou pegar de graça. A não ser entrar nesses bares proibidos pra menores de dezoito, no seu caso, já que eu tenho vinte e um. Mesmo assim é sem graça, afinal, tudo tá congelado mesmo... Já sei! Quer correr na água? A praia é aqui pertinho, é muito legal.

Ele sorriu animado pra mim. Já estava comprovado que ele não passava de um doido. Uma hora perde a paciência e pede silêncio, aí, do nada, começa a falar coisas aleatórias que não tem nada a ver com o que ele começou a dizer.

- De fato é uma oferta animadora, mas acho que não esclarece muita coisa.

- Você tá certa. – Ele disse sem graça e então voltou a falar. – Sou um pouco diferente das outras pessoas. Quando eu tinha dezesseis anos percebi que fazia coisas inacreditáveis, como o que acabei de fazer. Eu achava que era uma aberração, cheguei a fugir de casa... Mas então conheci sr. Starkey. Ele era exatamente como eu, só que um pouco mais avançado. Depois de um tempo, ele me levou pra sua casa e aí pude conhecer outra meia dúzia de gente igual a mim. Nós temos dons diferentes, mas temos coisas em comum. Todos conseguimos controlar o ar, a água e outras coisas da natureza, além de termos os cinco sentidos muito mais apurados que os de qualquer um. Eu consigo controlar o tempo, acho que deu pra perceber. Adiantando a história... Senhor Starkey manda muitos de seus “criados” para diferentes missões. Como eu sai do treinamento esses dias, ele acabou de me mandar para uma, que é proteger você. Não me pergunte o porquê disso, pois não sei. Na verdade, eu não sei de nada, por isso cheguei com aquela capa preta querendo pôr medo em você. Ele simplesmente nos joga pras missões achando que iremos nos virar sozinhos. Bem, eu estou me virando... Resumindo, vim pedir sua ajuda para que eu possa te ‘proteger’ melhor.

Aquela história era muito, mas muito estranha. E se não estivesse vendo com meus próprios olhos, jamais acreditaria no que ele acabara de dizer. É algo muito complexo. Imagino eu passando por isso. Até gostaria de ter certos dons especiais, mas e quanto a aceitação? Sem contar que para se acostumar deve ser bem difícil. E quando você tem que cumprir certas missões deve ser muito pior.

- Então você é tipo um “super. herói” de uma pessoa só! Como você veio unicamente por mim, é claro que eu vou te ajudar... – É claro mesmo, seria extremamente egoísta da minha parte virar as costas. Ele sorriu aparentemente aliviado e, automaticamente, eu sorri também. – Vem cá, você, esse tal de Starkey e o resto são um tipo de espécie? Ou tem pelo menos um nome?

Ele deu uma risada alta e respondeu minha pergunta.

- Não somos tão ridículos. Somos apenas pessoas diferentes do resto da humanidade que andam juntas para treinar suas habilidades. Poderia dizer que isso rimou por coincidência, mas na verdade foi a varinha, pelo menos um feitiço eu aprendi a fazer... Vem cá, que tal se nós corrêssemos sobre a água agora? O tempo tá congelado mesmo, a hora não vai passar.

Ele era um maluco legal. E correr sobre a água deve ser mais legal ainda, não? Acabei aceitando seu convite e, sem demora, fomos andando em direção à praia. 


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Notas finais do capítulo

Hey guys! Espero que tenham gostado!
O que tá bom? O que tá ruim? Merece reviews?



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