Dark Lands Capitulo 4 escrita por ladyroll


Capítulo 1
Capítulo 4




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Dark Lands Capitulo 4

Em meio ao céu tempestuoso flutuava um maciço de rocha e ferro que atraía os relâmpagos brilhantes mais próximos. Aquele castelo não era uma construção comum. Suas paredes se erguiam do meio da pura rocha ferrosa e havia sido esculpido misticamente, com o auxílio da mais alta mágica, pairando a muitos metros do chão. O feitiço era tão forte que alguns pedaços menores de rocha flutuavam igualmente ao redor da montanha maior como pequenas ilhas em meio a um mar de nuvens carregadas e negras.
Um enorme aglomerado impenetrável de ferro sobre uma rocha cinza e estéril, esse era o lar daquele que chamavam de Lorde do Ferro. Muito mistério cercava sua existência. Quem ele era, de onde vinha, qual era a extensão de seu poder... Ele cobrava altos tributos dos vilarejos e cidades, se auto proclamando Rei.
Aqueles que conheciam sua impiedosa tirania e conseguiam escapar eram perseguidos e assassinados pelas criaturas que o serviam e que eram chamadas de caçadores da escuridão. Alguns boatos rondavam as movimentadas tabernas da região, de que tais seres chamavam o lorde pela alcunha de "pai". Outros boatos giravam em torno de que ele seria o último Enteal vivo e que sua tirania fez refletir a escuridão e medo que assolavam aquelas terras, porém ninguém conheceu aquelas terras diferentes do que eram: um imenso pântano úmido e escuro cercado por altas montanhas e por onde rastejavam todos os tipos de criaturas.

o Lorde do Ferro era um homem de aparência imponente. Aparentava 35 anos, alto e forte, pele escura e lisa, cabelos curtos e prateados. As roupas nobres, feitas com os melhores e mais resistentes fios, finamente costuradas. A capa vermelha, cor rara para a região, deixava clara sua posição perante os homens comuns das vilas e cidadelas.
De uma coisa, porém, todos sabiam. O Lorde sempre aparecia onde haviam herdeiros e ele havia saído para caçar com dois de seus filhos nesse dia.
Um dos caçadores tomou a dianteira, farejando o ar pesado da floresta. Eles se moviam silenciosos como a própria escuridão e nada ousava cruzar seu caminho. Logo avistaram uma pequena luz e ouviram o barulho dos homens rindo após mais um dia de trabalho.

-Tem certeza? A voz do lorde cortou o silêncio como uma espada afiada. O caçador, que estava ao seu lado vestia apenas uma mortalha, tinha os cabelos negros e compridos e acenou positivamente com a cabeça. Seus olhos eram completamente escuros e sem brilho e sua pele tinha a mesma cor que a de seu mestre, um tom moreno escuro, provavelmente essa semelhança gerara os boatos sobre seu parentesco. Logo o outro caçador voltou até eles, havia tomado a dianteira por segurança, para perceber se havia algum tipo de obstáculo ou ameaça no caminho, estava tudo tranqüilo, assim puderam prosseguir sem mais problemas.
Ao se aproximarem mais da construção de madeira, pedras e palha puderam ouvir os sons de tambores de pele, flautas e de um tipo de violão que ecoavam no ar, quebrando o frio daquela hora. Pela janela entreaberta puderam ver o interior do local. Uma jovem dançava sobre uma mesa de madeira, no centro da grande casa, incentivada pelos uivos dos homens, que aplaudiam cada vez que ela rodopiava ou se inclinava na direção deles. Sua graciosidade era tamanha que às vezes ela parecia flutuar.
Era servida uma sopa escura e grossa, feita de carne e raízes e também a Varska, um fermentado de musgo amarelo muito apreciado pelos homens de estômago forte devido ao seu gosto extremamente amargo.

A porta se abriu com um estrondo. Foi como se tudo simplesmente parasse. As pessoas se calaram; a música parecia nunca ter existido. Apenas o som do fogo crepitando na lareira permaneceu.
A jovem arregalou os olhos ao ver que o lorde olhava diretamente para ela e desesperada, pulou de cima da mesa, correndo em seguida o mais rápido que podia na direção da porta dos fundos.
Ele simplesmente andou na direção dela, que usava todas as suas forças em vão, tentando mover o pesado tronco que prendia a porta.

-Porque está fugindo de seu senhor?
Ela se virou, assustada com a voz logo atrás de si. Estava branca de pavor. O lorde continuou.
-Você só tem uma escolha. Falou, estendendo a mão direita na direção dela.
Um dos homens presentes, de barba escura e comprida se levantou, batendo a caneca de madeira sobre a mesa.
-Deixe-a em paz! Gritou.
O lorde se virou e tentou esboçar um sorriso. Para ele era realmente inusitado um simples homem se opor às ordens que ele dava. O lorde queria ver até onde aquela aparente coragem iria.
-Ou o que? Disse ele, dando alguns passos na direção do homem.
Como ele esperava o "corajoso" aldeão se calou, engolindo seco, sentindo que havia cometido um enorme engano. Logo ele se sentou, mas já era tarde para ele. O lorde sempre punia desobediência com morte. Apenas um sinal de sua mão foi o suficiente para um dos caçadores saltar da escuridão de um dos cantos e arrancar a garganta do homem com uma adaga de pedra cinzenta. Alguns ainda tentaram ajudá-lo, porém nada mais pode ser feito e o homem morreu, afogado com seu próprio sangue no chão daquele lugar.

O lorde se virou novamente na direção da garota mas ela já havia conseguido abrir a porta e desaparecido na escuridão da floresta, aproveitando seu momento de descuido. Isso deixou-o surpreso e contente.

-Vamos! Disse ele, saindo em busca da garota.
Um dos caçadores ainda lambia o sangue da lâmina de sua adaga, enquanto o outro sorria de forma cruel para os homens, que misturavam medo, fúria e humilhação em seus corações. Em seguida eles desapareceram na direção da floresta, prontos para ajudar o lorde a concluir sua caçada.

Os rastros estavam tão frescos que não foi difícil adivinhar por onde ele iria passar. O lorde a deixou correr livre para que seu coraçãozinho se enchesse de esperanças. Os caçadores foram comandados a cercá-la de modo a encurralá-la num desfiladeiro sem saídas para que pudesse ser finalmente capturada. Depois ele a levaria até a fortaleza, como fizera com todas as outras.
A vidente dissera que haviam poucos herdeiros. E ela tinha razão. A muito tempo seu exército não crescia como nos primeiros dias.
Mas ele sabia que logo que pegasse os últimos deles provavelmente teria o poder completo que lhe permitiria criar todo o exército que desejava.
Maia corria como um animal selvagem que é perseguido por um predador.
Os pés nus, o vestido esvoaçante, os cabelos soltos, farfalhando conforme cada pé tocava o chão. A escuridão guardava surpresas desagradáveis mas ela não se lembrava disso, apenas corria por seu direito de viver.

Ela viu que algo se movia na escuridão, parecia um vulto, um borrão, talvez alguma criatura da floresta. Perdida em seus pensamentos ela se desconcentrou e acabou caindo no chão lamacento. Os caçadores aproveitaram para se aproximar dela com seus pares de olhos sem vida, fazendo com que ela ficasse ainda mais assustada. Ela se levantou o mais rápido que pôde, gritando de medo e desesperada, correu exatamente para onde o lorde havia planejado: uma fenda sem saída, no meio das montanhas.

Ao perceber que havia caído em uma armadilha já era tarde demais e ela se entregou ao seu destino, deixando-se cair de joelhos no chão úmido e frio.

A noite parecia que a engoliria a qualquer momento, então, o Lorde do Ferro apareceu, os dois caçadores ao seu lado, como cães de guarda prontos para atacar. Ele foi até Maia e a pegou pelos cabelos com uma das mãos. Ela tentou afastá-lo sem sucesso. O lorde a jogou na direção dos filhos que a amarraram usando uma espécie de corrente prateada. Enquanto isso, ele retirou um chifre negro de sua cintura e o assoprou. O som rouco e grave sacudiu as paredes e ecoou em direção ao céu.

Não demorou muito e o som do chifre foi respondido por uma criatura única, que o lorde chamava de Crimac, metade pássaro, metade réptil, que planou entre as nuvens e desceu até se agarrar nas paredes da montanha com as poderosas garras. A criatura emitia uma espécie de piado ininterrupto enquanto se aproximava do lorde e se abaixou para que ele pudesse montá-la.
Os caçadores instalaram Maia nas costas do animal e também assumiram suas posições próximo ao lorde, que deu a ordem ao animal, que subiu a montanha se agarrando às rochas até alcançar o topo para, só então, voar de volta ao castelo flutuante.
Atravessaram a cortina de nuvens pesadas com facilidade.

Mais algumas batidas das asas poderosas de Crimac e se encontravam sob o ponto mais alto do castelo; uma espécie de cratera no topo da montanha de rocha e metal, onde a criatura desceu, deitando seu pescoço no chão para que seu mestre pudesse saltar mais facilmente. Logo à frente havia uma escadaria circular, cuidadosamente esculpida na rocha, que levava ao interior do castelo. Eles desceram. As paredes eram completamente sólidas e muito frias.
Maia era puxada pela corrente e caminharam até um longo corredor com o chão coberto de pedras vermelhas polidas que os refletiam. Das paredes emanava um tipo de luz cálida que iluminava o corredor, certamente um tipo de feitiço para fazer com que algumas das pedras brilhassem daquela maneira.
As tapeçarias que decoravam as paredes eram as mais valiosas que existiam, pois traziam cores que Maia nunca havia visto em sua vida, porém, o que mais a deixou boquiaberta foram as paredes da sala pessoal do lorde. Elas eram transparentes. Ninguém poderia vê-lo ou alcançá-lo lá, enquanto ele era capaz de ver qualquer um que se aproximasse de sua fortaleza.
-Deixe-a em meus aposentos. Ordenou a um dos filhos, que o atendeu imediatamente.

Maia foi cuidadosamente amarrada com cordas especiais pelos braços e pernas, de forma que não pudesse se soltar, nem mesmo por meios mágicos, pois as fibras da corda foram banhadas em um preparado criado pelos reclusos alquimistas, um grupo de estudiosos, homens e mulheres, que dizem viver próximo à região dos fossos abismais, de onde saem de tempos em tempos, percorrendo as terras em busca de ervas raras, artefatos desconhecidos e conhecimentos perdidos e que muitos dizem também dedicar suas vidas ao estudo do domínio dos elementos.

O Lorde do Ferro sabia como encontrá-los e pagava por suas poções com os valiosos cristais que eram retirados das minas de seu domínio.
Maia permaneceu em silêncio. Ela já previa que algo terrível aconteceria naquela noite e mesmo que quisesse, não conseguia falar. Seus olhos trêmulos estavam fixos no caçador da escuridão, que se sentara, imóvel, no chão à sua frente, os cabelos escorrendo como uma cachoeira negra sobre os ombros, deixando seu rosto obscuro como um enigma de resposta indecifrável.
A respiração da jovem ficava cada vez mais rápida, assim como o bater de seu coração. Suor frio começou a escorrer por seu rosto em um pequenino filete, foi quando o caçador se levantou de onde estava e andou diretamente até ela, que tentou se encolher sobre a suntuosa cama do lorde.
Ele chegou tão próximo de seu rosto que ela pôde sentir o calor morno de sua pele. A jovem agora tremia e o suor que escorria tomou a direção de seu ombro.
O caçador abriu a boca e deixou a língua escorregar lentamente pelo rosto dela, percorrendo todo o caminho, até apanhar a gota salgada.
Maia soltou um grito tão agudo que fez tremer as paredes, o caçador encolheu-se segurando os ouvidos, de onde ela viu sangue escorrer. Ele permaneceu assim por alguns momentos até se recuperar e abrir um sorriso estranho, como se ele se deliciasse com o medo dela.
Ele voltou até ela e passou sua mão tão rente às suas pernas que ela quase desmaiou de medo.
Sua cabeça rodava e a mente cheia de pensamentos embaralhados a confundia, fazendo sua sanidade falhar.
Ele chegou o ouvido perto de seu peito, ouvindo atentamente a sinfonia criada por seu coração em desespero.
Cheiro de medo exalava dela e para ele aquilo parecia perfume. Assim ele escolheu uma mecha do cabelo da jovem, farejou-a, esfregou contra seu rosto para sentir como era macia e suave.

Maia começou a chorar compulsivamente, mergulhada em seu pavor.
Seu tormento, porém, não durou muito. Logo que a porta pesada de madeira se abriu, num estrondo assustador, surgiu imponente a figura do lorde, acompanhado por dois outros caçadores.
-Toque em outra delas mais uma vez enquanto viver e o servirei de alimento à Esfinge. Disse com uma voz ameaçadora.
O caçador saiu encolhido, a cabeça baixa e enquanto passava pelo lorde tentou, em vão, se desculpar.
-Perdoe-me pai... E assim afastou-se rapidamente.

Ainda amarrada, Maia não sabia se sentia alívio ou ainda mais medo com a chegada do lorde.

Mal sabia ela, mas o medo verdadeiro que ela deveria sentir estava apenas para começar.


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