I Miss You. escrita por Lux


Capítulo 6
Madrugada difícil.




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A madrugada era fria, o tempo fechou logo que Sasuke chegou “em casa”, o céu parecia compartilhar a dor com aqueles que tinham o coração em pedaços naquela noite. Chorava todas as lágrimas que o Uchiha escondia, através da chuva.

Sasuke estava deitado de costas na cama, os braços apoiando a cabeça. O quarto onde se encontrava era extremamente simples, não era o seu verdadeiro quarto e não chegava aos pés do mesmo. A mobilha era de uma madeira barata, assim como o piso. As paredes eram de um tom verde musgo, o que deixava o moreno enojado. Não havia guarda-roupa, apenas uma humilde mesa ao pé da janela, onde se encontravam as poucas coisas do Uchiha. Orochimaru foi bem claro quando lhe disse para levar apenas o necessário, deixando para trás qualquer coisa que lembrasse o passado. Alem da mochila do Uchiha também era possível encontrar em cima da mesa alguns papeis em branco, um prato de comida intocado e uma caneta velha. Os papeis e a caneta já estavam ali quando o garoto chegou e a comida apenas recebia um olhar reprovador de Sasuke.

O garoto olhava pela janela aberta a tempestade que ficava cada vez mais forte, o vento frio que entrava por ela tirava algumas coisas do lugar, porem, isso não o incomodava. O moreno não conseguiu pregar os olhos, mesmo que o cansaço dominasse cada célula do seu corpo. Ele sentia dor em alguns pontos da perna esquerda, onde Orochimaru fez questão de deixar hematomas, para que o garoto se lembrasse quem é que manda. Lembrando disso, Sasuke trincou os dentes em sinal de raiva, uma pontada de dor mais forte fez com que levasse a mão esquerda ao machucado, sentando-se na cama. Sua mente vagava pelo presente e o torturava com lembranças do passado, fazendo questão de lembrá-lo de tudo que viveu ao lado dos seus amigos, principalmente ao lado de Sakura. Então percebeu que nunca tinha dito para a rosada que a amava. De certa forma se sentiu aliviado, talvez assim o sofrimento de ambos fosse menor.

A brisa fria alcançou o rosto quente de Sasuke, tirando seus cabelos do lugar, fechou os olhos ao senti-la. Mas espera... Naquela noite, ela me disse...

Modo lembrança – on

A noite estava perfeita, a lua cheia iluminada lindamente aquele céu livre de nuvens e salpicado de estrelas. Sasuke caminhava sozinho enquanto discava o mesmo numero pela décima vez.

– Caixa postal. – Bufou, parando em frente a uma casa muito conhecida por ele.

Levantou o olhar até uma das varandas. As luzes naquele cômodo estavam apagadas, mas ele sabia que a rosada se encontrava ali, provavelmente dando algum tipo de “piti” por raiva dele.

Pensou em tocar a campainha e conversar com os pais de Sakura, olhou à hora no celular e desistiu. Era tarde para fazer uma “visita”, os pais dela jamais o deixariam entrar, e mesmo que deixassem, ele teria que fazer uma coisa que detestava: dar explicações. Suspirou pesadamente, ajeitando a mochila em suas costas. A Haruno estava com raiva dele por culpa de Kohana, teria que se explicar de qualquer jeito, não tinha outra saída.

Vendo que Sakura não atendia o celular, resolveu mandar uma mensagem avisando que estava ali e que se ela não saísse, ele iria entrar pela janela. Não soube qual foi a reação dela, mas pode imaginar, pois não demorou muito e o moreno recebeu sua resposta. A cortina se abriu e de lá uma garota de cabelos rosados o olhava, estupefata.

O moreno analisou como escalaria aquela varanda. Realmente, não foi difícil. O Uchiha já tinha feito aquilo uma ou duas vezes. A janela estava aberta quando terminou de subir, recebeu aquilo como um convite e entrou, encontrando ali uma Sakura de braços cruzados e expressão rabugenta, que virou a cara quando ele a olhou. Em questão de segundos, Sasuke recebeu um tsunami de questionamentos e se irritou, odiava ser julgado daquela forma. Resolveu acabar logo com aquilo e deu suas explicações. Quando terminou de falar tudo o que precisava, sentiu uma mão quente em seu rosto lhe puxando para um beijo.

Ela se aninhou em seu peito e lhe pediu que ficasse.

–... Você sabe que eu vou correr o risco. Nada vai me tirar daqui.

Então deitaram na pequena cama de solteiro de Sakura, era pequena, mas acolhia muito bem aqueles dois corpos. Se aconchegaram um ao outro, trocando caricias. Sasuke ficou com ela até que a mesma adormecesse. Olhou aqueles cabelos rosados e sorriu, satisfeito. Não imaginava um dia ter sentimentos tão fortes por alguém, nunca pensou que passaria por cima de seu orgulho para estar ao lado de alguém e faria de tudo para não perdê-la.

O moreno afastou Sakura de seu corpo e se levantou com cuidado para não acordá-la. Pegou sua mochila e se dirigiu até a janela. Sem duvidas ouviria um sermão de Itachi por estar chegando em casa tão tarde, mas aquilo não importava.

– Sasuke-kun... – Ouviu seu nome ser chamado por uma voz sonolenta e se virou para olhá-la. Sakura o encarava sorrindo docemente. Sasuke aproximou-se e curvou seu corpo para beijá-la na testa. – Eu te amo! – A garota pronunciou aquelas três palavras de forma verdadeira.

Uma enorme paz invadiu o Uchiha, ele fechou os olhos e hesitou por um momento, gravando cada segundo em sua mente.

Não, ele não disse que também a amava, e ela sabia o porquê. Para Sasuke palavras nem sempre eram necessárias.

Modo lembrança - off

Em outra janela, um pouco distante dali, a chuva e o vento também pediam passagem para invadir o quarto.

O ventilador ao pé da cama de Naruto estava ligado no máximo, mesmo estando frio. Ele foi mais um dos que não conseguiu dormir naquela madrugada. Na noite que tinha tudo para ser perfeita, mas foi por água abaixo. As coisas estavam indo tão bem... Por que fui deixar a Sakura-chan sozinha?, ele se questionava em pensamento, afundando o rosto no travesseiro e lembrando que fora Ino que pediu para deixar Deidara e Sakura em paz, mesmo o loiro tentando questionar. Bom, o plano da Yamanaka não deu muito certo, a prova disso foi quando viram Deidara sair do ginásio, tristonho, seguindo uma velha senhora.

Ouviu seu estômago roncar e resolveu se levantar. Estava deitado de bruços e girou o corpo, jogando suas pernas para fora da cama, parando sentado na mesma. Um raio atravessou o céu, clareando momentaneamente o quarto do Uzumaki, fazendo com que ele direcionasse sua atenção para a tempestade que caia sem piedade.

Sua mente o levou a devaneios.

Como seria se ele, e não Sakura, tivesse se encontrado com Sasuke? O que faria? Provavelmente iria questionar o melhor amigo e obrigá-lo a dizer o que estava fazendo ali, mesmo que tivesse que usar a força.

Naruto ouviu um estrondo, lhe tirando a concentração, e não soube dizer ao certo se o culpado era seu estômago ou se era só um trovão.

Levantou-se, desligou o ventilador e foi silenciosamente em direção e cozinha, para não acordar Jiraiya. O que era uma coisa difícil de fazer, já que o velho tarado dormia como pedra, mas se tratando de Naruto qualquer terremoto é pouco comparado ao barulho que ele era capaz de fazer quando tentava ser discreto. Quanto mais tentava não fazê-lo, mais o fazia. Parecia ser atraído pelo desastre.

Por algum motivo, ainda desconhecido, o loiro conseguiu chegar à cozinha e achar algo que cessasse sua fome sem fazer tudo cair em cima dele. Abriu o armário e encontrou um pote de biscoitos.

– Isso serve. – Sussurrou esticando o braço para pegá-lo.

Ele estava focado em não deixar nada cair, e respirou aliviado ao conseguir pegar o pote com êxito. Em seguida, abriu a geladeira devagar e encontrou uma caixinha de leite aberta. Não procurou por outra coisa, aquilo estava bom.

Com os biscoitos em uma mão e o leite em outra, o loiro sentou-se à mesa. As cortinas brancas das janelas estavam abertas e mais uma vez a tempestade o encarava, soprando forte contra o vidro como se quisesse entrar e conversar com Naruto, enquanto comia biscoitos com leite. O garoto a fitou por um longo tempo, já nem sabia que horas eram quando seus olhos pesaram. Acabou adormecendo ali mesmo, entre as migalhas de chocolate.

...

Os primeiros raios de sol invadiram o cômodo onde Naruto estava, iluminando totalmente seu rosto e deixando cada vez mais visível a mobilha que ali existia, mas aquilo era muito pouco para despertá-lo. Uma risca de baba escorria pelo seu rosto bronzeado, indo de encontro à mesa, onde já havia uma pequena poça com o DNA Uzumaki. Alguns passos no corredor vinham na direção da cozinha, junto a um assovio contente, que cessou no mesmo instante que presenciou um garoto, um pote de biscoito e leite derramado, todos em cima da mesa.

Jiraiya não acreditou no que viu. Uma veia saltou em sua testa em sinal de irritação. Logo cedo... pensou, cruzando os braços. O homem limpou a garganta, olhando fixamente para Naruto, que nem se mexeu.

– Naruto! – Chamou com voz autoritária, porem o garoto continuou imóvel, sussurrando apenas algumas palavras incompreensíveis. Jiraiya perdeu a paciência e gritou, socando o moleque na cabeça. – NARUTO!

O loiro foi para no chão com tamanha força que recebeu o golpe. Pareceu despertar aos poucos, olhou em volta como se analisasse onde estava, imediatamente levando a mão onde doía.

– Velho tarado!? – Exclamou surpreso, encarando o homem de baixo pra cima. – Não tenho aula hoje, esqueceu? Eu me formei! – Sorriu grandemente com a ideia de ter se formado. – E por que diabos me acordou desse jeito? – Perguntou já estressado, se pondo de pé, ainda com a mão onde Jiraiya havia lhe batido.

Por que todos o batiam na cabeça? Talvez por isso fosse um pouco desmiolado.

– Por quê? Porque você estava dormindo na mesa, Baka! E não, eu não me esqueci que você se formou.

Toda aquela agitação logo cedo causava dores de cabeça em Jiraiya. Já não bastava ter que levantar para ir trabalhar...

– Será que dá pra me explicar por que dormiu aqui? – Perguntou apontando para a mesa, vendo a feição de Naruto ficar seria. – Não vá me dizer que chegou bêbado!

O garoto puxou a cadeira mais próxima e se sentou, apoiando os cotovelos na mesa. Lembrou-se de tudo o que aconteceu na noite passada e parecia querer chorar. Abaixou a cabeça e mordeu o lábio.

Vendo a reação de Naruto, Jiraiya se sentou em uma cadeira do outro lado da mesa, ficando de frente para o garoto, lhe fitando com curiosidade. No mínimo essa festa foi... Interessante, pensou. Não precisou perguntar nada, depois de alguns segundos recebeu a enxurrada de informação. Escutou atentamente, levantando uma sobrancelha e balançando a cabeça positivamente quando Naruto finalmente se calou.

– Entendo...

– Não! – O garoto o cortou rapidamente, cerrando os punhos e o olhando zangado, com uma pontada de tristeza. – Você não entende! Sasuke e Sakura são os irmãos que eu nunca tive... – A angustia tomava conta de Naruto. – Sasuke e eu sempre fomos muito próximos, crescemos juntos, sabemos tudo um sobre o outro. E Sakura... – Ele hesitou. – Desde que ela entrou para minha turma, sempre a admirei. Nos tornamos muito amigos depois que ela começou a sair com Sasuke. O pai dela... Ele confia em mim, fiz uma promessa pra ele, jurei que a protegeria como uma irmã e desde então é isso que ela é pra mim. Mas não consegui cumprir com a minha palavra na noite passada – Ele trincou os dentes, abaixando olhar. – Nós éramos como um time. E agora, acabou...

Jiraiya sentiu o peso que o garoto carregava, através das palavras do mesmo. Era difícil vê-lo daquele jeito.

– Infelizmente, você não pode fazer nada, Naruto...

– Claro que posso! – O loiro olhou para Jiraiya com determinação. – Ele ainda está aqui. Posso impedi-lo!

O homem suspirou pesadamente.

– É uma escolha dele, seu Baka! Você não pode simplesmente amarrá-lo aqui.

– Se for preciso eu o farei – Os olhos azuis de Naruto brilhavam, se misturando com o amarelo do sol da manhã que entrava pela janela. Ele sentia como se somente ele enxergasse a burrada que o amigo estava fazendo a ir estudar no exterior.

Jiraiya tentou colocar um pouco de juízo naquela cabeça oca, mas viu que não teria jeito, então resolveu ajudar da forma que podia.

– Ok, você venceu! – Ele disse, recebendo um olhar surpreso. – Se isso te deixa mais calmo... Vou descobrir quando o Sasuke pretende partir. Tudo bem?

– WHAA! – Naruto vibrou de alegria. Um sorriso enorme se formou em sua face, parecendo que rasgaria seu rosto a qualquer momento. – Você é incrível, velho tarado!

– Já disse pra não me chamar assim, cabeça de vento! – repreendeu Jiraiya, se levantando e discando um numero no celular.

– Pra quem vai ligar? – O loiro perguntou, desconfiado.

O homem sorriu com malicia.

– Tenho meus contatos. – Respondeu.

– Hm... – Naruto cruzou os braços, fazendo um bico. – Vai ligar para alguma secretária bonita. To certo!

Jiraiya virou de costas para que o garoto não visse em sua expressão o quanto estava certo. Ficou alguns minutos falando baixinho ao telefone, deixando Naruto impaciente.

– Pronto. – Finalizou e voltou a encarar o garoto. – O vôo de Sasuke esta marcado para hoje, ao meio dia.


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Notas finais do capítulo

Olá! Não tenho muito o que falar sobre esse cap, apenas que estou postando sem revisá-lo (estou sem tempo) ele esta um pouco curto porque não posso escrever mais do que isso nele, considerem um capítulo explicativo. Deixo a "agitação" para o próximo.



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