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Droga!, Sakura pensou frustrada ao sair de perto de Lee. A rosada queria ficar ali e descobrir o que estava acontecendo com Sasori, o porquê de ele ter saído daquele jeito sem dizer nada e com a feição tão triste, mas não podia voltar e esperar na porta do banheiro masculino, provavelmente o sobrancelhudo tentaria convencê-la a dançar e seria insistentemente chato.

Um calafrio percorreu o corpo de Sakura fazendo os cabelos de sua nuca se arrepiarem. Automaticamente seu pensamento voltou a Sasori. Seu olhar, um tanto desconfiado, encontrou o chão. Hm... Alguma coisa aquele loiro disse a ele, ela criou sua própria teoria e não gostou nada daquilo. Perguntas e probabilidades se formaram sem seu consentimento e com os pensamentos nas nuvens a garota andou lentamente pelo salão, olhava a decoração e as pessoas ali presentes, mas sua mente não associava nada, parecia não estar ali. Não se sentia mais no clima para dançar, então, depois de algum tempo, resolveu sentar-se na mesa reservada para ela e os amigos. Obviamente não tinha ninguém ali, pois eles tinham acabado de chegar e ninguém se sentia cansado ainda. Apesar de algumas pessoas já apresentarem sinal de embriaguez.

Algumas músicas se passaram e com elas os minutos.

Sakura ouviu alguns risinhos familiares vindo em sua direção e levantou o olhar, que até então estava perdidamente concentrado na toalha de mesa, só então pôde ver Shikamaru e Temari se aproximarem. Ele a apoiava pela cintura, a mesma se mostrava indisposta e sua expressão não era muito boa. O Nara puxou a cadeira para a namorada e a colocou sentada ali.

– Sakura-chan, ainda bem que te encontrei aqui – Ele disse aliviado.

Nesse momento Temari soluçou e começou a rir sem nenhum motivo aparente.

– O que aconteceu com ela? – Sakura perguntou preocupada e se aproximou para olhá-la mais de perto.

A rosada se abaixou ao lado de Temari e levantou o rosto da mesma, deixando seus olhares no mesmo nível, porem a loira de cabelo espetado mantinha os olhos fechados.

– Ela bebeu demais – Shikamaru despejou a informação de uma vez só, coçando a nuca, visivelmente envergonhado. – Ah, cara. Isso é problemático! Se o irmão dela vê-la nesse estado ele vai me matar!

– Não se preocupe – Sakura ainda analisava a garota a sua frente. Com o polegar a rosada abriu um dos olhos de Temari. – Ela não bebeu demais, só estava de barriga vazia ao fazê-lo. Estomago vazio e álcool não combinam.

– Mas ela me disse que jantou antes de sair! – O garoto exclamou surpreso com a analise de Sakura.

– E que horas foi isso, Shikamaru? – Sakura lhe lançou um olhar irônico e não esperou por resposta. – Deixa-a aqui comigo, vá buscar alguma coisa muito doce pra ela comer...

Dito isso o garoto não pensou duas vezes e se pôs a andar, já estava prestes a sumir do campo de visão das garotas quando Sakura o chamou e ele se virou para olhá-la.

– Acho pouco provável que tenha, mas procure saber se por aqui tem água de coco!

– Água de coco? – Shikamaru repetiu confuso.

– É, será bom pra ela! – Sakura disse tentando falar mais alto que a música. – Pergunte a algum garçom, talvez eles estejam usando em alguma bebida!

Não demorou muito e Shikamaru voltou com um prato cheio de vários tipos de doces.

– Aqui! – Ele o entregou a Sakura – Não sabia qual era o mais doce, então trouxe um de cada.

– E a água de coco? Achou? – Ela perguntou já escolhendo um doce para por na boca de Temari.

Shikamaru respirou fundo e soltou o ar pela boca.

– Achei! Como sabia que eles teriam isso aqui?

– Não sabia – A rosada confessou. – Foi um palpite de sorte.

Dito isso Sakura começou a cuidar de Temari que já apresentou melhora só de comer alguns doces.

Enquanto isso, dentro do banheiro masculino

Sasori molhava o rosto tentando se acalmar enquanto afastava todas as idéias loucas de Deidara de sua cabeça.

– Deidara... – O ruivo o chamou totalmente calmo, apoiando ambas as mãos na pia, o que fez o amigo encará-lo e esperar por uma continuação. – Quando é que você vai parar de falar merda?

Deidara caiu na gargalhada e se deu por vencido. Não tinha conseguido muita coisa desde que entrou correndo atrás dele no banheiro. O loiro só falava e falava enquanto o amigo ouvia tudo sem dizer nenhuma palavra nem expressar nenhuma emoção.

– Tudo bem, Sasorizinho, vou parar de te encher, mas você se lembra não é? Do que Itachi nos disse antes de viajar...

Sasori olhou para seu próprio reflexo no espelho como se busca-se em seus próprios olhos aquela lembrança que Deidara citava.

Modo lembranças – on

Era Sábado à noite e Itachi havia ligado para todos os amigos pedindo para que estivessem em sua casa dentro de quinze minutos. Disse que era importante e não se preocupou com o horário. Ele já tinha tomado sua decisão, não tinha mais volta e agora precisaria de um pequeno favor daqueles que sempre estiveram ao seu lado.

O Uchiha caminhava de um lado para o outro dentro de casa procurando por coisas que não poderia esquecer, enquanto do lado de fora a chuva não dava trégua, uma garoa insistente e um vento frio que não tinham previsão para ir embora. Diferente de Itachi.

Alguns poucos minutos se passaram e já estava tudo arrumado.

– Pronto. – Itachi disse para si mesmo.

A campainha tocou e ele foi atender. Abriu a porta e viu Sasori e Hidan.

– Que bom que vieram – Itachi disse totalmente neutro, dando passagem para os amigos entrarem.

– O que houve? – Hidan é o primeiro a perguntar.

Itachi se manteve em silencio e fechou a porta. Hidan percebeu que na hora certa o Uchiha diria do que se tratava aquela pequena “reunião”. Ele e Sasori se acomodaram no sofá vendo Itachi ir em direção ao seu quarto. No mesmo instante ouve-se batidas apressadas na porta.

– Já vou! – O moreno exclamou caminhando do seu quarto até a porta da frente. Ouviu batidas mais fortes e se irritou. – Droga, você dois não servem nem para abrir a merda da porta!? – Ele dirigiu o olhar aos amigos sentados no sofá, ambos fingiram que não ouviram. Mais batidas. – Eu disse que já estou indo!

Ao abrir se deparou com Pain, ele estava encharcado e tremendo de frio. Ao seu lado estava Konan, que não estava com cara de muitos amigos. Uma veia pulsava em sua testa enquanto ela cruzava os braços encarando Itachi.

– Por que demorou tanto para abrir? – Ela perguntou tirando o Uchiha do caminho e entrando, emburrada.

– Não liga não – Pain disse ao amigo enquanto passava por ele e sussurrou a última parte, tapando a boca com a mão para que ninguém alem de Itachi ouvisse. – Ela está de TPM.

Itachi não pode deixar de sorrir, mesmo com toda a tensão que se encontrava em sua mente. Ele balançou a cabeça negativamente e fechou a porta.

– Olha, Itachi... – Konan disse se sentando no sofá, seguida por Pain. Realmente o seu humor não estava nada bom. – Eu espero que seu motivo seja muito bom para nos tirar de casa com um tempo desse e uma hora dessas.

– E é, Konan – Itachi respondeu sério. – Mas vou esperar até que todos estejam aqui.

– Pois é... – Hidan disse, sorrindo de canto. – Como sempre só falta o Deidara.

Todos encararam Sasori, que se sentiu constrangido e com raiva ao mesmo tempo.

– O QUE? – Ele perguntou retoricamente. – O que eu tenho a ver com isso?

– Ué, vocês estão sempre juntinhos... – Pain começou a dizer em tom de provocação.

É claro que uma discussão começou, e é claro que aquilo estava irritando Itachi profundamente. Ele estava de braços cruzados apoiando as costas na porta e mantinha os olhos fechados como se precisasse meditar para não estrangular todos os amigos um por um quando...

– YOOOO! – Deidara entrou gritando e abrindo a porta com força, derrubando o Uchiha no chão.

Todos tomaram um susto ao ponto de fazê-los estremecer em seus lugares.

– Ora seu... – Konan disse em tom ameaçador já se preparando para avançar no pescoço daquele loiro sem noção, quando sente ser puxada de volta para o sofá por Pain.

– Deidara... – Itachi murmurou irritado e o amigo escandaloso o olhou de imediato, desfazendo o sorriso em seu rosto.

– Ei, Itachi. O que está fazendo ai no chão? – Deidara perguntou ingenuamente confuso. Depois abriu um largo sorriso e apontou com o olhar para algumas caixas em suas mãos, que até então ninguém tinha percebido. – Vamos lá! Eu trouxe pizza!

O loiro depositou as caixas na mesa enquanto recebia olhares reprovadores de todos os lados.

– O que foi? – Ele perguntou confuso mais uma vez.

– Itachi quer nos falar algo importante – Sasori respondeu, neutro.

Ninguém disse mais nada, esperaram o Uchiha tomar essa iniciativa. No momento o mesmo só estava pensando no quanto seu traseiro estava doendo enquanto se levantava.

Itachi disse que eles podiam se sentar à mesa e comer. Ele ainda estava escolhendo as palavras certas para usar. O clima na mesa estava tranquilo como sempre, mesmo com a cara de emburrada de Konan. Ela definitivamente esta exagerando, pensou Itachi, mas como ele poderia saber como é estar na TPM? Talvez fosse simplesmente isso: ficar com raiva de tudo e todos. Sei lá. O Uchiha fechou os olhos por um momento e voltou ao seu foco.

– Galera... – Ele começou a dizer baixinho, mesmo assim todos ouviram e se calaram, também não o interromperam ao ver o quão sério ele estava. – Como vocês já sabem, eu vou atrás do meu irmão caçula, não vou deixá-lo nas mãos daquele cretino. Madara me disse que eles partiram ontem, porem... Eu não posso confiar nele e essa informação tem grandes chances de estar errada, mas eu não posso perder mais tempo.

– O que você pretende fazer? – Perguntou Pain, apoiando os cotovelos sobre a mesa e encaixando o queixo nas mãos. Ele estava totalmente concentrado nas palavras do amigo, como se analisasse pequenas hipóteses.

– Ainda não sei ao certo – Itachi respondeu – Vou juntar todas as informações que tenho sobre Orochimaru e procurar por provas para denunciá-lo. Eu sei o quão cuidadoso ele é em relação a isso, mas eu vou achar uma brecha e acabar de vez com isso.

– E o que precisa de nós? – Foi a vez de Hidan perguntar.

– Preciso pedir um favor a vocês. É importante, mas não é nada que vocês não possam fazer com facilidade – Ele respirou fundo e esperou alguns segundos. Todos estavam tensos e Itachi notou, então suavizou sua expressão para passar tranquilidade. – Se acalmem. Eu só preciso que fiquem de olho nos amigos de Sasuke por...

– Eu não vou ser babá! – Sasori o interrompeu. Dentre todos na mesa ele era o que tinha a expressão mais serena.

Os outros ficaram visivelmente confusos ao ouvir aquele estranho pedido. Itachi puxou o ar pela boca em sinal de impaciência e o soltou enquanto cruzava os braços.

– Eu não estou pedindo para ficarem 24 horas com os olhos grudados neles – Ele disse olhando para o ruivo. – Só preciso que fiquem informados sobre eles e caso aconteça algo me avisem. Eu sinto que Madara está planejando afetar Sasuke e, sem sombra de duvidas, essa é a melhor maneira.

Todos entenderam e confirmaram com a cabeça, então Itachi finalizou:

– Principalmente Naruto e Sakura!

Modo lembranças - off

– Você se lembra, não é mesmo? – Deidara perguntou mais uma vez e Sasori despertou de sua lembrança.

– Mas é claro que me lembro – Ele respondeu abaixando a cabeça. – E é exatamente por isso que não posso me envolver com a Sakura.

– Que? – O loiro perguntou rindo, espantado com a resposta. – Você quer forma melhor de protegê-la?

– Deidara... – Sasori disse o nome do amigo entre dentes, tentando repreende-lo de continuar falando, mas não adiantou. Já estava voltando a ficar abalado com aquele assunto.

– E também... – Deidara o ignorou e continuou gesticulando enquanto falava, sem prestar atenção ao ruivo que agora cerrava os pulsos. – Levando em conta que você gosta dela...

Sasori fechou os olhos com força.

– Ela não me pertence... – Ele sussurrou quase que para si mesmo e mais uma vez foi ignorado.

–... Essa é uma forma de juntar a obrigação ao agradável.

– ELA NÃO ME PERTENCE! – O ruivo gritou e olhou, com os olhos marejados, diretamente para o amigo.

Alguns garotos do banheiro se assustaram e saíram rapidamente, talvez imaginando que aconteceria uma briga.

Deidara finalmente pareceu perceber o que estava acontecendo e o que estava fazendo ao amigo, como se pudesse ler nos olhos do mesmo. Estava martirizando-o. Sentiu-se culpado por tentar forçá-lo, por tentar fazê-lo acreditar em algo que provavelmente não aconteceria. Estava alimentando falsas esperanças para o amigo, mas só agora podia ver o quanto aquilo machucava-o.

Sasori tinha consciência de que não podia ter sentimentos por Sakura, sabia o quanto aquilo era errado, mas não conseguia se afastar. Todas as noites, quando encostava a cabeça no travesseiro, tentava em vão não pensar em como seria sua vida ao lado da garota de cabelos rosados. Só o fato de poder estar ao lado dela e poder protegê-la, sabendo que esse era um pedido de Itachi, já o deixava aliviado. Poder fazê-la rir quando estava cabisbaixa, ser o bom ouvinte quando ela precisava desabafar, ser o ombro amigo quando ela precisasse chorar... Aquelas pequenas coisas o deixava realmente feliz, se sentia completo de uma forma que não se sentia à muito tempo... Desde que perdera as duas pessoas mais importantes em sua vida.

Mas aquilo tinha que acabar, e ele sabia, porem Deidara não estava ajudando.

– Sasori... – Deidara murmurou com os olhos cheios de compaixão.

– Será que da pra calar a merda dessa boca? – Sasori disse ainda irritado.

– Me desculpe. – O loiro disse abaixando a cabeça e encarando os pés. Sasori o olhou surpreso. – Eu sinto muito, não achei que isso fosse tão verdadeiro – Ele se referia ao sentimento do ruivo pela rosada.

– Tudo bem, Deidara. Eu também perdi a cabeça. – Sasori confessou – Só não fale mais nesse assunto, ok?

Nesse momento Iruka-sensei entra bruscamente no banheiro e olhar para os garotos com os olhos semicerrados, os analisando. Logo atrás dele estava Kakashi-sensei, que mantinha sua expressa neutra.

– O que está acontecendo aqui? – Iruka pergunta, mais tranquilo ao ver que não era nada de mais.

– Nada – Deidara responde imediatamente. – Por quê?

Kakashi respira fundo e diz:

– Um garoto veio até nós dizendo que estava acontecendo uma briga no banheiro masculino.

– Ah, não... Não é nada – Sasori tentou se explicar, sem graça. – Eu só me alterei um pouco, mas está tudo bem.

– Tudo bem então, vamos voltar pra festa – Iruka disse finalizando o assunto. Ele não estava nem um pouco afim de resolver briguinhas infantis naquela noite.

E assim os rapazes fizeram. Voltaram para pista de dança como se nada tivesse acontecido.

– Onde vocês estavam? – Perguntou Ino.

– No banheiro, oras! – Deidara respondeu com uma cara de “não te interessa” e a loira o fuzilou com os olhos.

– Ei! – Sasori olhou em volta. – Onde está a Sakura?

– Achávamos que ela estava com vocês – Sai respondeu.

Sasori e Deidara se entre olharam, confusos.

– Com a gente? – disseram em uníssono.

Sai e Ino explicaram o que aconteceu e Sasori saiu para procurá-la. Não demorou muito e a encontrou sentada junto a dois amigos. Ele se aproximou devagar e colocou a mão no ombro da rosada que, assim que sentiu o toque inesperado, se assustou e estremeceu na cadeira, fazendo ambos rirem. Sasori se sentou ao seu lado e ela lhe fez algumas perguntas discretas, do tipo: Onde estava? Porque saiu daquela forma? E ele deu respostas curtas e objetivas de um jeito que não levantasse suspeitas, para não ter que revelar o verdadeiro motivo.

Conversaram muito e mal viram o tempo passar. Comeram e beberam, permanecendo ali sentados. Ora ou outra alguém aparecia e fazia companhia a eles, mas logo ia embora. O baile já estava chegando ao fim, metade das pessoas já tinham ido embora, talvez não nas condições que chegaram, mas foram.

O DJ avisou que aquela seria a última música da noite e começou a tocar, era lenta, e isso fez a pista de dança se esvaziar quase que completamente.

– Quer dançar? – Sasori pergunta, meio sem jeito, vendo o rosto de Sakura corar.