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Uma porta se fecha. Mais um dia chegando ao fim, mais um dia sem ele. Lágrimas que teimaram em cair o dia todo, mas uma garota forte não chora na frente de ninguém. Um coração incompleto que ainda bate constante por costume ou vício. E mais uma noite mal dormida está por vir.

– Sakura? Ah, por Kami, ainda bem que chegou, já estava ficando preocupado. Onde esteve?

– Só estava andando por ai, pai. – Sakura responde já se dirigindo ao seu quarto. Era possível notar em sua voz o quão abatida ela estava.

É claro que o pai entendia o porquê da filha estar daquele jeito, e naquele dia em especial ele entendia muito mais, então a deixou em paz.

Algumas horas se passaram e não se ouviu nem um barulhinho se quer vindo do quarto de Sakura. Seu pai, preocupado, tenta falar com ela mais uma vez, mesmo com sua mulher lhe dizendo que era perda de tempo.

– Você não quer comer nada? – Ele pergunta do lado de fora do quarto da filha – Não esta com fome? Já são quase oito horas e você...

– Não estou com fome, pai – Sakura o interrompe – Arigato.

Sem dizer mais nada, Kizashi abaixa a cabeça, da meia volta e começa a andar em direção a sala. Ele se apegava a esperança de que um dia sua filha superaria e voltaria a ser a velha Sakura de sempre.

– Eu não sei por que você ainda tenta animá-la, Kizashi – A mãe da rosada, diz balançando a cabeça negativamente. – Já está na hora dela parar com essa frescura. Até porque o garoto não morreu ele só...

– Cale a boca, Mebuki. Ela é minha filha – Retruca Kizashi – Não gosto de vê-la desse jeito. E você como mãe deveria pensar o mesmo.

– Rum... – Mebuki resmunga, virando o rosto.

Infelizmente na cabeça de Sakura algo como comer não era importante naquele momento. Ela se encontrava encolhida em sua cama, se martirizando com seus próprios pensamentos, lembranças e antigos planos que não iriam mais se realizar. Sakura se lembrava de cada toque, de cada gesto e cada olhar. Ah, aquele olhar. Como poderia ele ser tão penetrante e misterioso, algumas vezes até severo, mas ao mesmo tempo dono de uma gentileza tão doce para com ela.

Isso despertava em Sakura milhares de perguntas, e com elas vinham os devaneios.

Como teria sido a vida de casada ao lado dele? Teríamos filhos? Seríamos felizes para sempre?

Uma buzina de carro a despertou de seus pensamentos lhe dando um susto ao ponto de fazê-la estremecer na cama.

– Saaakura-chan! – Alguém chamou, mas Sakura demorou a reconhecer a voz.

– Vamos acabar nos atrasando! – Outra voz, muito familiar por sinal, gritou cheia de energia ao fundo.

A buzina tocou mais algumas vezes até Sakura se arrastar em direção a janela e se deparar com os amigos acenando para ela energicamente. A rosada notou que todos estavam muito bem vestidos, sorridentes e tagarelas ao descerem do carro de Sai. É claro, pois aquela não era uma noite comum.

Cabisbaixa, Sakura abriu a janela o suficiente para que os amigos pudessem vê-la. Entretanto, sua melhor amiga Ino notou na rosada muito mais do que um pijama de ursinho velho e cabelos bagunçados. Pois mesmo com a pouca iluminação a loira reconheceu que aqueles olhos verdes, antigamente cheios de vida, naquela noite se encontravam vermelhos e inchados. Imediatamente percebeu do que se tratava, e o sorriso que iluminava o rosto da loira desapareceu. Ela deve estar se sentindo péssima, pensou Ino, deve ter chorado o dia inteiro, pois como amiga de infância conhecia Sakura como a palma de sua mão.

Diferente de Ino, Naruto não foi capaz de perceber que a amiga estava cabisbaixa e ao vê-la na janela abriu o seu maior sorriso e acenou para ela dizendo:

– Ei, Sakura-chan, anda logo!

Ele fazia sinal para que ela descesse e como não foi correspondido com o mesmo entusiasmo que demonstrava, olhou confuso para os amigos em busca de uma explicação. Sai desligou o som do carro e foi de encontro a sua namorada Ino, ele sabia do que se tratava, ambos tinham conversado sobre isso alguns dias atrás. Ele a abraçou por trás e sussurrou em seu ouvido para que somente ela escutasse.

– Não fique assim. Nós já esperávamos por isso, lembra? Não há muitas coisas que possamos fazer, mas vamos tentar animá-la.

Ino olhou mais uma vez para a amiga de cabelos rosa na janela e depois para seu namorado, que lhe sorria tentando passar confiança.

Naruto assistiu aquilo e ficou ainda mais confuso. Hinata se aproximou dele e segurou em seu braço. Ela o olhou com pena, pois também entendia o que estava acontecendo.

– O que foi que aconteceu? – Ele a perguntou baixinho com olhar de desconfiado – Eu perdi alguma coisa?

Hinata não conseguiu evitar um risinho ao ouvir aquilo. Foi totalmente ingênuo o modo como ele reagiu quando ela lhe disse:

– Provavelmente Sakura-chan não vai conosco.

– O QUE!? – Ele arregalou os olhos, surpreso – Como assim? Porque não?

– Naruto-kun, pense um pouco – Hinata explicou em poucas palavras – Ela esta chateada por causa do Sasuke-kun.

– Sasuke-Kun... – O loiro repetiu de cabeça baixa, deixando transparecer que a ficha finalmente caiu.

Hinata não precisou dizer mais nada. Naruto havia entendido perfeitamente a dor que Sakura estava sentindo. Não que ele tivesse esquecido do amigo. Jamais! Ele apenas tinha a esperança de que tudo daria certo, e que Sasuke estaria lá esperando por eles naquela noite. Em seguida ele dirigiu seu olhar para o alto, como se, por telepatia, pudesse pedir ao melhor amigo que voltasse onde quer que ele estivesse.

Enquanto isso, Sakura ao ver que sua tristeza havia, de alguma forma, contaminado os amigos, se retirou da janela e desceu em direção à porta da frente de sua casa para tentar se explicar. Quando a abriu os amigos já caminhavam em direção a ela. Sem pensar muito, Naruto abraçou forte a amiga de olhos inchados lhe fazendo uma promessa.

– Sakura-chan, eu prometo. Prometo que vou trazer o Sasuke-kun de volta pra você.

Ao ouvir aquelas palavras, Sakura retribuiu o abraço e se esforçou para segurar o choro. Ela estava ficando realmente boa nisso. Nenhuma lágrima escorreu pelo seu rosto.

Hinata pigarreou e eles entenderam que estava na hora de se soltar do abraço.

Ino olhou a amiga rosada dos pés a cabeça e suspirou em desaprovação.

– Ai, Sakura – A loira disse em tom divertido – O que eu faço com você? – Ela se referia a aparecia de doente que a amiga tinha.

– O que? – Sakura respondeu irônica, forçando um sorriso no rosto inchado – Eu estou ótima! Linda como uma princesa da Disney.

Todos ali sabiam que deveriam ajudar a quebrar o clima tenso que estava, por isso esqueceram a tristeza e se permitiram um sorriso e algumas risadas. Tudo em nome da amizade.

– Você está ótima... – Sai começou a dizer, com um sorriso falso nos lábios e todos o encararam – Se estiver a caminho de um hospício.

Sakura cerrou os pulsos e olhou furiosa para Sai.

Bom, pelo menos ela voltou ao seu normal, Hinata pensou positivo como sempre.

– Ei, ei. Acalme-se, Testa. – Ino disse rapidamente para evitar que seu namorado ganhasse um olho roxo – Ele só estava brincando.

– Essa é a Sakura-chan que eu conheço – Naruto comentou sorrindo e Sakura corou. A companhia dos amigos realmente fazia bem pra ela.

– Hm... Pessoal – Hinata chamou a atenção de todos, um pouco envergonhada – Não querendo apressar vocês, mas... Nós vamos?

– Aé, já estava me esquecendo – Naruto disse coçando a nuca com a mão.

– E então, Sakura? Você vai com a gente, né? – Ino perguntou fazendo a famosa cara de mandona, mas Sakura sabia muito bem que aquela era um pergunta retórica e a amiga não iria aceitar um não como resposta muito facilmente.

A rosada fez uma careta e Ino a pegou pelo braço arrastando ela pra dentro de casa, sem lhe dar chance de elaborar uma desculpa.

– Vamos lá, eu vou te deixar maravilhosa – A loira disse indo em direção ao quarto de Sakura – Ninguém será capaz de resistir.

– Ei, esperem por mim! – Hinata exclamou correndo atrás das amigas.

Os pais de Sakura se assustaram com a correria e foram ver o que estava acontecendo. Encontraram somente Sai e Naruto parados na porta da frente. Os garotos explicaram o que tinha acontecido e o senhor Haruno riu quando terminaram.

– Do que você está rindo, Kizashi? – A senhora Haruno perguntou olhando para o marido, confusa.

– Hm... Nada de mais. Só fico contente em saber que Sakura tem amigos que se importam com ela de verdade.

Naruto e Sai ficaram contentes em ouvir aquilo.

– E vocês? – O senhor Haruno os encarou sério e eles ficaram com medo – Vão ficar ai criando raízes ou vão entrar?

Eles aceitaram o convite e esperaram pelas garotas na sala. A senhora Haruno saiu para lhes preparar um chá, seu pensamento parecia um pouco ausente.

– Naruto-kun...? – Kizashi disse quase como um sussurro.

– Sim, senhor Haruno – Naruto o olhou. O pai de Sakura apoiava os cotovelos nos joelhos e mesmo de cabeça baixa Naruto notou que ele tinha uma expressão preocupada.

– Você é amigo de Sasuke há muito tempo, não é mesmo? – O homem de cabelo rosado o perguntou levantando o olhar.

– Sim... Eu sou – Naruto respondeu, automaticamente abaixando a cabeça. Lembrar do amigo de infância o deixava triste, não importa onde e com quem estivesse.

– E você se importa com Sakura, certo?

O loiro confirmou com a cabeça.

Sai estava com seu olhar de cautela, analisando Kizashi quase que involuntariamente. Acho que sei aonde ele quer chegar, Sai pensou.

– Então eu te peço uma coisa... – O senhor Haruno disse olhando diretamente nos olhos azuis de Naruto – Proteja minha filha, não deixe que ela sofra por esse garoto... Sasuke. Não sei exatamente o que ele fez, mas desde que ele se foi minha filha não é mais a mesma. Não sei se ele a iludiu, só sei que ele a deixou e pra mim, como pai, isso é inaceitável.

Naruto se surpreendeu com as palavras de Kizashi e uma voz dentro de sua cabeça disse: “Ele está confiando em você para proteger a Sakura. Não o desaponte, Naruto.” Uma corrente de adrenalina passou pelo seu corpo e as palavras que ele disse a seguir saíram de sua boca como se sempre estivessem ali, esperando uma oportunidade para serem usadas.

– Eu protegerei ela! – O loiro disse se pondo de pé, animadamente ao estilo Naruto – Não deixarei que mais ninguém deixe a Sakura-chan desse jeito. Confie em mim.

O senhor Haruno sorriu e acenou positivamente com a cabeça em forma de agradecimento.

Sai observou a reação de Naruto, confuso. Por um momento ele chegou a pensar que Naruto... Não, não podia ser. Será que Naruto...?

Enquanto isso no quarto de Sakura.

– Sakura-chan! Você está linda! – Hinata exclamou ao ver a amiga pronta.

– Estou? – Sakura perguntou pra si mesma, se olhando no espelho dos pés a cabeça. Ela não parecia nem um pouco animada, muito menos estava se achando linda.

– Então esse é o vestido que você tinha comprado? Hm... – Ino perguntou enquanto analisava a amiga mais de perto, com um olhar malicioso – Ficou muito sexy!

Sakura sorriu com o canto da boca e levantou o olhar, satisfeita com o comentário da amiga. Hinata corou. A garota de olhos perolados sempre foi muito doce e ingênua, não estava acostumada com isso.

– Desse jeito você vai acabar matando o Sasori, Sakura-chan – Ino disse cruzando os braços e mantendo o mesmo olhar malicioso de antes.

– INO! – Sakura a repreendeu com o olhar.

– Ah, qual é, todo mundo sabe que ele está caidinho por você – A loira disse abrindo os braços.

– A Ino tem razão, Sakura-chan – Hinata concordou e Sakura a olhou surpresa.

– Está vendo só? – Ino perguntou – Até a Hinata-chan com toda sua ingenuidade percebeu...

– INO! – Dessa vez foi Hinata que a repreendeu, fazendo a loira rir.

– Ok, chega disso – Sakura disse um pouco mais animada do que antes.

Na sua mente passavam todos os argumentos que suas amigas lhe deram para convencê-la a sair de casa: Como a noite poderia ser boa, ou pelo menos melhor do que se ela ficasse em casa trancada em seu quarto e principalmente como seria bom ver a escola pela última vez.

Com esses pensamentos Sakura conseguiu até sorrir, mesmo que um sorriso fraco, ao dizer:

– Não vamos brigar – A rosada passou o braço por cima dos ombros das amigas e as conduziu saindo do quarto – Até por que... Hoje é a nossa noite. Noite do nosso baile de formatura!

E ninguém sabe o que pode acontecer, Sakura completou em pensamento.