Hexenbiest escrita por mariatagliatte


Capítulo 1
Capítulo Um




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Capítulo Um - POV Observador.

Eu tenho três anos de idade. Mamãe passa os dedos pelos meus cabelos e murmura uma suave melodia. Ela se parece comigo; com cabelos pretos e pele de marfim; mas seus olhos são mais cinzas do que azuis e seus lábios por vezes chegam a ser brancos. Eu pergunto, papai, por que os lábios da mamãe não tem cor? Mas papai não me responde. Papai nunca responde. Eu escuto nossas empregadas cochicharem nos corredores. Mamãe está morrendo...

Marissa Hexenfeuer acorda de seu sonho que não é um sonho e sim uma memória ofegante, mas sabendo exatamente o porquê de, após tantos anos de noites tranquilas e sem sonhos, seu pesadelo recorrente a ela retorna. Doze anos após a mãe morrer, seu pai resolve que é hora de retornar a cidade que eles chamavam de lar.

Suspirou.

Não sabia nem porque ficava tão nervosa—sua primeira memória da mãe era também a última. Não conhecendo-a, não tinha uma figura materna da qual sentir falta. O problema real, se ia admitir, era Nicholas Hexenfeuer, seu pai, cuja amargura é diretamente proporcional à quantidade de coisas ao seu redor que o lembram de Camille, sua mãe.

Ele claramente nunca a superou. Sentiria pena dele se demonstrasse qualquer sentimento por ela, sua filha, mas Marissa acreditava que um homem como ele merecia as coisas terríveis que lhe aconteciam. No meio do sofrimento que era ter perdido sua esposa, Nicholas esqueceram que sua filha perdera também a mãe.

É pressuposto que o que os pois sentem por seus filhos é incondicional. A única coisa incondicional que Nicholas sentia por ela era indiferença.

Não querendo se arrumar para a escola ainda—porque a face que a encara no espelho é a mesma que habita seus sonhos—Marissa desceu as escadas e preparou seu café. Gostava de seu café bem como gostava de si mesma: amargo.
Depois de alguns minutos o sol começa a nascer e Gabrielle, a governanta, acorda.

— Pesadelo?

Marissa não precisa nem responder.

Gabrielle tinha uma figura magra e pele oliva como todos nessa cidade, afinal também era daqui oriunda, mas seus cabelos eram tostados de mel. Marie não sabia quantos anos tinha; provavelmente não muitos já que juventude ainda brilhava em seus olhos, mas a morena cuidara dela por tanto tempo quanto ela podia se lembrar.

Gabbe era a única mãe que conhecia.

— Eu já estava esperando que eles fossem voltar — diz baixinho, bebicando seu café. — Mas eles sempre conseguem me pegar de surpresa.

— É claro, criança. É um sonho. — as mãos mornas de Gabbe massageam-lhe as têmporas.

Marissa de mexe, desconfortável.

— Eu queria que meus sonhos fossem lúcidos — ela coloca uma mecha de cabelo preto atrás da orelha e suspira. — Então eu poderia mandá-la para longe da minha vida pra sempre.

Gabbe olha para a ela desaprovadoramente.

— Eu não tenho vergonha de pensar dessa maneira, Gabbe. Esses sonhos não são normais. Se era pra ela sair da minha vida assim, não tem porque continuar me assombrando depois de tantos anos — parei por um segundo. Meus olhos faíscavam. — Eu pareço com ela, mas eu não sou ela. Eu aceitei quem eu sou muitos anos atrás.

Um café da manhã e um banho morno depois, Marissa vestiu uma jeans azul comum e uma blusa de mangas compridas e gola V com rendas, tentando aproveitar ao máximo o que restava da primavera em Washington.

Ela tinha estado aqui por apenas duas semanas, mas La Push era realmente muito pequena, então sua chegada era provavelmente a única novidade que o povo daqui tinha tido em muito tempo. Por causa disso alguém sempre falava com ela na escola e ela já tinha dois amigos, Seth Clearwater e Theresa Palmer, mas nenhum deles estava no ano dela na escola. Seth era um sênior, que ela conheceu porque a La Push High School não tinha progamas avançados de História e Física como os que ela tinha cursado em sua antiga cidade. Tessa estava no segundo ano, mas ela e Seth eram vizinhos. Seth era como todos na reserva—alto, moreno e de pele avermelhada—mas Tessa era ruiva, ainda mais pálida do que ela e nova-iorquina. Ela sabia o que era sentir falta do sol.

Marissa não viu nenhum deles enquanto ia para a aula, então tudo foi bem monótono. Uma coisa que intrigava ela era como uma pessoa podia passar horas sozinha quando não conhecia ninguém em um lugar sem reclamar, mas quando tinha amigos cada segundo era uma eternidade.

Seth também não apareceu na aula de matemática e ela pensou ter visto uma garota de olhos marrons vigiando ela pelo canto dos olhos, mas decidiu-se que era apenas sua imaginação. Quando o alarme que anunciava o fim do terceiro período tocou, Marissa sentou sozinha numa mesa na cafeteria, esperando que Tessa não tivesse também faltado aula e a encontrasse. Não era difícil encontrar o único outro par de olhos claros e face pálida naquela cidade.

Ela já tinha desistido de esperar e almoçava ao som de One in a Million quando aconteceu.

No intervalo, entre uma música e outra, ela escutou a menina de olhos marrons da sala de matemática conversando com alguém que parecia não ser dali. Era um garoto—ou homem—moreno, como todo o resto, mas que parecia ser mais velho demais para estar no ensino médio. Do lado deles havia uma moto, comprovando sua teoria. Marissa não conseguiu dar uma boa olhada em seu rosto.

—...na minha sala de matemática. Mas ela é só uma junior... meio nerd, eu acho, está em quase todas as classes avançadas. E ela só fala com Seth e Tess.

Ela desligou o ipod para tentar escutar com mais clareza. Olhou na direção deles, mas virou-se bruscamente quando eles perceberam.

— É — disse uma voz que ela não reconheceu. Assumiu que pertencia ao moreno. — É ela. A que Sam falou.

Ela o quê?, Marissa queria perguntar. Inicialmente gostara da atenção, mas agora o papel de celebridade de cidade pequena estava ficando cansativo. Colocou os fones de ouvido e voltou a apreciar suas músicas.

Três tinham se passado quando uma voz grossa e rouca aproximou-lhe os ouvidos.

— Marissa, não é? Quer almoçar com a gente?
Ela levantou seus olhos azuis na direção dele. Ele era lindo—esse foi seu primeiro pensamento. O rosto, que ela não tinha conseguido ver antes, tinha o osso malar pronunciado e grandes olhos marrons. Ele tinha uma cicatriz branca cortando pela sobrancelha, o que na opinião dela o deixava apenas mais bonito. Pensou mil vezes de abrir a boca, e quando o fez viu que os olhos dele estavam dispersos.

— Okay — o garoto não respondeu e levou a mão à cabeça, massageando suas têmporas e deixando-a confusa. — Tudo bem com você?

Ele se apoiou em uma das cadeiras vazias da mesa em que ela estava sentada. Murmurou alguma coisa e depois olhou novamente para ela. Quando os olhos dele encontraram os seus, Marissa achou que ele olhava para ela como se tivesse perdido algo dentro deles—possivelmente sua alma. Ou a habilidade de falar.

O garoto respirou fundo e piscou os olhos algumas vezes.

— Me desculpa — ele disse ainda atordoado. — Eu... Hum... Mal. Sinto muito.
E saiu correndo para aquela moto estúpida.

Só houve tempo para ela soltar um xingamento murmurado, por baixo de sua respiração.

Puta merda.


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Notas finais do capítulo

Vai demorar um pouquinho para o Alec e a Jane aparecerem, mas pra quem é fã dos lobos... alguém chuta porque o Embry tava "passando mal"?



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