Esses Seus Olhos De Tempestade escrita por jessyweasley


Capítulo 32
Capítulo 31




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Dessa vez fora Annabeth que acordara antes de mim, ela me chamou porque caso contrário eu perderia meu ônibus para Long Island. Nos despedimos no carro mesmo, eu estava atrasado e ela também, sua mãe havia marcado uma reunião com todos os funcionários do setor de arquitetura e ela não queria dar mais um motivo para ser odiada pela mãe.

A viagem quase nunca passava de duas horas, retornando a minha vida agitada de trabalhador de escritório, liguei confirmando um horário para conversar com meu pai e em seguida liguei para Leo e disse que iria a empresa para fazermos uma visita ao dono da primeira máquina. Leo tinha uma lábia de vendedor incrível, conseguira vender a máquina só no projeto e assim conseguimos capital para começar tudo. Até o momento ele sozinho tinha feito boa parte, eu apenas dava toques com relação ao ambiente, danos ambientais, essas coisas.

Entrei no quarto e ele estava tão desarrumado por conta da correria que eu tinha arrumado que resolvi deixar como estava e só daria um jeito quando terminasse tudo, fui para o banho me aprontar para encontrar Leo.

***

__ Cara, o que houve com você? Tentei me comunicar contigo o fim de semana inteiro – disse Leo
__ Nem te conto – sentei-me na cadeira e tirei meu notebook da pasta – Vou ser pai, acredita?
__ O quê? – Leo veio até mim girando na cadeira do escritório
__ Fiquei desse jeito também, mas acho que já estou me conformando com a ideia – dei de ombros – Acho que o que está me incomodando mais é o fato do pai dela exigir que nos casemos
__ Quem diria, Annabeth tão séria... – Leo ligou seu notebook também – Olha seu e-mail e checa se o que eu te mandei ontem chegou

E assim seguiu todo o resto da minha manhã até pouco mais das três da tarde, eu tinha marcado com meu pai às 16h. Leo disse que continuaríamos o serviço amanhã cedo.

Fui até o outro prédio e esperei dez minutos para que meu pai pudesse falar comigo, parece uma coisa absurda ter que marcar horário para falar com o próprio pai, lembro-me das vezes que Rachel reclamava disso e eu não acreditava, agora sei bem o que ela passava. A voz da secretária anunciando que eu poderia entrar me despertou de meus pensamentos, ela tinha um sorriso bem amigável, será que meu pai dava em cima dela às vezes?

__ Olá Percy – meu pai se levantou e me deu um abraço

Ele estava usando um terno de marca cinza escuro, a barba estava tipicamente bem aparada, os cabelos escuros penteados para trás e os olhos verde-mar como os meus cintilaram a me ver.

__ Oi pai, como vai o senhor? – perguntei

Ele sempre abria um sorriso quando me ouvia chama-lo de pai, o segui pelo imenso escritório que era bem iluminado por enormes janelas de vidro e davam uma vista lindíssima de Long Island.

__ Eu vou bem e você? O que te trás aqui? – ele acenou para que eu me sentasse.

Estávamos em uma parte mais reservada do escritório, tinha um pequeno bar, dois sofás de couro verde escuro e quadros com retratos da família perfeita do meu pai, o reconheci, a esposa e meu meio irmão, que parecia bem pouco com meu pai.

__ Acho que estou bem também – me sentei de frente para ele – Hã... Preciso te dar uma noticia, na verdade.
__ Aceita um pouco de whisky? – ele ofereceu-me um copo, mas recusei então ele se serviu – Noticia? Arrumou outro emprego?
__ Não, não – dei um sorriso torto – É que... O senhor vai ser vovô

Meu pai arregalou os olhos e se engasgou com a bebida, seu rosto ficou mais vermelho que as pimentas que eu via no burrito de Grover, levantei e sentei-me ao lado dele, dando-lhe palmadinhas de leve nas costas. Ele pareceu recuperar o folego e bateu o copo com força na mesinha, esticou a mão para que eu me afastasse e assim fiz, até fiquei de pé.

__ Vovô? – ele repetiu, tentando digerir as palavras – Que droga é essa Percy? Sua mãe não te ensinou que não se deve ter filhos tão novo?
__ Na verdade ensinou sim – rebati – Mas acho que não me ensinou a colocar um sensor de bêbado você sabe onde para que ele não subisse quando eu não tivesse condições de discernir o certo do errado.
__ Então está me dizendo que fez esse filho bêbado?
__ Tipo isso
__ O sangue não nega, você é meu filho mesmo – ele deu uma risada – Quer dizer...
__ Pode voltar para a bronca
__ Isso, obrigado – ele se levantou – O que pretende fazer agora?
__ O pai dela insiste para que nos casemos, então acho que o próximo passo é esse – passei a mão pelos cabelos – Meio antiquado, mas tenho que agradar o sogrão.
__ Acho que está na hora de alguém ganhar um aumento então – disse ele
__ Não! – o interrompi – Não preciso de aumento.
__ Como vai sustentar sua família então? – ele cruzou os braços num ar superior
__ Meu salário junto com o de Annabeth dará – o encarei – Quero subir por mérito, nada mais, nada de sangue, nada de favores, apenas mérito, estamos combinados?

Meu pai me fitou com um pouco de curiosidade e satisfação no olhar e deu de ombros como se achasse minha atitude estúpida, mas que no fundo era apenas encenação.

__ Combinados – ele caminhou até o escritório principal e eu logo atrás – Achei que meu primeiro neto viria com Tritão, espero que seja um menino, para continuar honrando o nome da família
__ Pai... – resmunguei
__ O que foi? Só quero um neto homem, ora
__ Você está parecendo a mamãe, ela ficou desse jeito também – ajeitei meu terno – Preciso ir, minha casa está de pernas pro ar
__ Conversaremos mais, quero ficar por dentro da sua vida agora Percy, mesmo que isso cause um pequeno desconforto em minha casa.

Ele pareceu sincero, eu fui até ele e nos abraçamos, era estranho ter um pai compreensivo e ao mesmo tempo tão distante. Saí do escritório e já eram 17h, peguei um táxi na frente da empresa e fui para casa.

***

As luzes de casa estavam ligadas, deveria ser minha mãe, meu estomago roncou e comecei a dar graças a Deus por ela ter vindo passar uns dias aqui comigo, entrei silencioso como sempre, vasculhei a cozinha com os olhos e não a vi, subi as escadas e olhei no quarto de visitas, nada, esquisito. A luz do meu quarto estava acesa, êba, estava arrumando meu quarto, parei na porta e dei de cara com Annabeth.

Ela devia ter saído do banho a pouco tempo, pois estava de roupa íntima e toalha enrolada no cabelo de frente ao espelho do meu quarto, olhando-se e passando a mão na barriga, que ainda continuava lisa sem nenhum sinal de gravidez. Pigarreei e ela virou-se depressa assustada, eu sorri para ela.

__ Como está nosso bebê? Já chutando, conversando ou coisa e tal? – tirei o blazer e o joguei em cima da cama, sentei na beirada e a chamei para se sentar em meu colo.
__ Percy, ele não chuta, muito menos conversa – ela sentou-se em meu colo – Desculpa vir sem avisar, não to conseguindo ficar sozinha naquele apartamento
__ Desculpar-se por vir alegrar meu dia? – cruzei minhas mãos em torno da sua cintura – E seu trabalho? Como foi a reunião?

Annabeth se levantou e vestiu um pijama que tirou da mala (acho que era a mesma que ela nem desfez da viagem) deitou-se na cama, contou-me como a mãe reagiu ao vê-la pessoalmente, ela falou que foi menos pior e que talvez conseguiria uma transferência para cá, se não iria apenas duas vezes na semana para Manhattan, isso me alegrou, contei a ela sobre a reação do meu pai e como eu agi diante do pedido de aumento, ela me encheu de beijos e disse que eu era o melhor pai do mundo que ela poderia ter escolhido para seu filho.

Quando saí do banho Annie já estava dormindo, abraçada a uma camisa de pijama minha que estava jogada sobre a cama, sorri e decidi não acordá-la, comi algo e voltei para me juntar a ela no sono.

Na manhã seguinte, saí cedo para continuar trabalhando com Leo e Annabeth, que levantou cedo também ficou trabalhando em casa. O inverno se aproximava, as ruas estavam cheias de pessoas agasalhadas e o vento frio soprava trazendo a ideia de que as temperaturas dali em diante só iriam diminuir.

Voltando para casa, eu teria que passar em algum mercado e comprar algo para o jantar, uma loja de joias me chamou atenção, eu teria que casar-me com Annabeth, mas não tinha feito um pedido oficial, não havia feito isso nem com nosso namoro, um sentimentozinho de culpa tomou conta de mim, entrei na loja. A vendedora era uma daquelas chiques, bem maquiadas, eu não tinha a mínima ideia do que queria, a não ser que seria um anel de noivado, ela pediu que eu descrevesse um pouco Annabeth e acho que me empolguei.

Ela voltou trazendo um anel dourado com uma pedra acinzentada não muito grande (ainda sou pobre) mas também não muito pequena, disse que se ela conhecesse Annabeth e pelo que descrevi ela iria adorar, dividi em algumas vezes, mas levei o anel, passei no mercado e comprei coisas especiais para fazer um jantar para dois.

__ Oi Percy – ela me deu um selinho quando cheguei em casa – A que bom que trouxe coisas para o jantar.

Ela me ajudou com as sacolas e começou a olhar o que tinha dentro de cada uma delas.

__ Pode deixar que hoje ele é comigo – eu disse, me livrando do casaco espesso – Algo romântico...
__ Pelo que eu saiba e minha memória é excelente não estamos comemorando nada em especial hoje – ela cerrou os olhos e me olhou desconfiada – Você fez alguma coisa? Olha lá, sou uma mulher grávida e sensível agora...
__ Não sabia que era chantagista também – zombei e leve um tapa como castigo
__ Não fale assim comigo – ela bufou – Sério, porque isso tudo?
__ Precisa ter algum motivo para eu querer te agradar? – a puxei pela cintura para que ficasse de frente para mim
__ Já sei o que você quer – ela abriu um sorriso triunfante

Levantei uma sobrancelha, desconfiando, não acredito que eu era tão previsível assim, ela passou o dedos sobre meus lábios, foi descendo com ele pelo meu peitoral e parou pouco acima da minha calça. Dei uma risada de alívio.

__ Errou – disse contente – Talvez mais tarde, mas não é isso, não preciso de um jantar para te levar para cama
__ Me chamou de fácil – ela fez uma cara de ofendida – Percy Jackson!
__ No seu lugar eu também não resistiria ao meu charme – fiz cara de esnobe.

Annabeth fez um biquinho como se estivesse chateada, colocou as duas mãos na gola da minha camisa e me puxou para um beijo e ela sabe como eu não resisto ao charme dela. Envolvi sua cintura com minhas mãos e a guiei até a bancada que dividia a sala da cozinha, a sentei nele, nos beijamos por um tempo até que me afastei.

__ Pare de me seduzir – fingi que me escondia atrás da cadeira

Ela jogou os cabelos para trás, gesto bastante tentador, lançou seu sorriso mais malicioso para mim.

__ Achei que você que tinha o poder de sedução aqui – disse ela
__ Talvez você tenha um pouquinho – ela desceu da bancada, veio até mim e apertou minha bochecha
__ Vou deixar você cozinhar agora – ela andou e parou no primeiro degrau da escada – Pode deixar que ficarei linda para você, ok?

Sorri para ela enquanto ela subia as escadas. Decidi fazer uma massa, pois era a única coisa que eu poderia fazer e ficar bom. Liguei para minha mãe para pegar uma receita de carne assada, segui todas as instruções que ela me passou e coloquei dentro do forno. Olhei no relógio, eram 18h, deixei a carne assando, a massa estava quase pronta, tudo ok.

Passei pelo corredor dos quartos e Annabeth estava se arrumando no quarto de visitas, certamente se arrumando e bolando alguma surpresa.

Desci arrumado, vesti minha melhor camisa polo e o melhor jeans, tentei ajeitar o cabelo, mas como sempre: sem sucesso. Os talheres e a louça eram as melhores que eu tinha em casa, duas velas iluminavam a mesa, a carne estava quase assada e a massa pronta servida num pirex no centro da mesa.

__ Annabeth, pode descer – chamei da sala
__ Posso mesmo? Porque já estou com fome, nosso filho está desnutrido – ela falou, fazendo-me rir
__ Pode vir mesmo.

Ouvi a porta do quarto se abrindo e fui a esperar na beirada da escada, Annabeth estava com os cabelos completamente soltos, seus cachos emolduravam seu rosto e deixava seus olhos ainda mais evidentes, nos lábios tinha um batom vermelho (isso não era típico dela), vestia um vestido bem justo preto que deixavam parte de suas coxas a mostra, engoli a seco pois a cada passo que ela dava eu podia sentir como se o anel queimasse dentro do bolso da minha calça.

__ Você está maravilhosa – eu disse quando ela chegou até próxima de mim

Estendi a mão, ela me olhou intrigada, mas a aceitou. A guiei até a sala, onde a mesa estava posta, soltei sua mão e puxei a cadeira para que ela se sentasse.

__ Nossa – ela murmurou – O que você está tramando hein?

Abri um enorme sorriso por ela ainda não ter desconfiado, mas espera ai, Annabeth era muito inteligente para não ter desconfiado. Ela daria uma boa atriz então, dane-se mesmo que ela saiba, vou agir como se ela não soubesse. Fui até a cozinha e trouxe duas taças de vinho cheias e entreguei uma a Annabeth e sentei-me de frente para ela, coloquei minha mão esquerda sobre a mesa com a palma virada para cima e Annie repousou a dela sobre a minha, levantei a taça.

__ A você – Annabeth sorriu – A mulher pela qual eu me apaixono todos os dias...
__ Você está estranhamente hiper fofo hoje – ela cheirou o líquido da taça e fez um beicinho triste – Achei que era vinho
__ Nã-não, não quero meu filho bêbado – bati de leve na taça dela e dei um gole.

Voltei a cozinha e peguei a carne assada do forno e a coloquei no centro da mesa ao lado da massa.

__ Está tudo muito bonito, agora vamos para a parte mais importante, o gosto – ela começou a se servir.

O jantar fluiu como eu esperava, Annabeth estava comendo por dois agora e no final disse que a comida estava: mais ou menos. Mas eu sei que ela adorou, conversamos mais algum tempo, relembrando como nos conhecemos, era engraçado pensar que tinha apenas pouco mais de um ano e tanta coisa tinha acontecido desse tempo para cá.

__ Agora será que o senhor pode me dizer o porquê disso tudo? – ela me encarou

Dei um sorriso de lado, Annabeth me olhava com atenção redobrada, nossos olhos se encontraram e nesse momento eu entendi que ela não sabia de nada. Levantei da mesa, parei de frente para ela e me ajoelhei, ela começou a entender o que era, peguei sua mão direita e retirei a caixinha do anel do bolso da calça.

__ Annabeth... Eu sei que você tem horror a casamentos, sei que tem seus traumas, mas o meu amor jamais será como o de Luke, ele é mais sincero, menos possessivo e eu aceitarei todas as suas condições – retirei o anel da caixinha e o mostrei para ela – Aceita se casar comigo?


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