De certa forma, a noite anterior havia passado rápida, apenas alguns vislumbres de um belo jardim haviam passado em minha mente, pelo menos desde que havia acordado. Havia acordado a pouco mais de cinco minutos, mas permanecia imóvel deitada em minha cama, ainda era bastante sobrenatural o fato de voltar pra casa depois de tantos anos, e acima de tudo, era bastante estranho estar ali, e não em Beauxbatons com as pessoas que haviam se tornado minha "família", ao menos, era o que pensava, antes de tudo ter acontecido. -Ai! --Falei sentindo uma forte dor em minha cabeça por alguns instantes e lapsos de um castelo destruído aparecer. -Mas isso de novo? Que estranho. --Sentei-me na cama olhando até o pequeno mural de fotografias pendurado. A foto de Oliver apesar da distancia, era possível enxergar parcialmente seu belo sorriso. Suspirei baixinho enquanto balançava a cabeça a fim de afastar pensamentos conturbados de minha cabeça. Levantei um pouco capenga da cama e coloquei minhas pantufas de coelhinhos cor-de-rosa. O quarto, apesar de novo, era bastante familiar e totalmente cercado com o tom verde que sempre havia representado minha casa no colégio. Caminhei até uma das janelas fechadas pela cortina, e espreguicei-me. Abri a janela deparando-me com uma vista estonteante. -Ai meu Deus! --Soltei um gritinho de felicidade. -Parece os jardins que existem na França! --Continuei admirada.

Escutei um barulho logo atrás, e senti em seguida algo saltar sobre mim, derrubando-me de cara no chão. Choraminguei com o baque levado e tentei descobrir o que havia me acontecido. -Mana, você já acordou! --Era Katherine berrando em cima de mim. -Kath de Deus! Sai de cima. --Falei sem ar. -Eu vou morrer! --Emendei para que ela notasse a urgência em minhas palavras. -Oh! --Exclamou minha irmã. -Foi sem querer. --Ela disse enquanto levantava de cima de mim. Permaneci deitada no chão, respirando com um pouco de dificuldade enquanto escutava minha gêmea rir. -Achei que fosse morrer. --Resmunguei levantando-me por fim. -O que deu em você? Hoje é dia de suicidar a irmã gêmea? --Levantei uma sobrancelha a encarando. -Não achei que você fosse tão mole oras, só queria te assustar. --Ela riu travessa. -Você disse que iriamos sair pelo mundo bruxo, e eu não aguentava mais esperar você acordar. --Ri ao vê-la fazer bico. -Kath, eu vou me arrumar antes e quero comer algo, não precisava derrubar a porta e tentar me matar, era só pedir. --Mostrei-lhes a língua. -Então se arruma logo. --Ela reclamou enquanto tentava arrancar minha blusa do pijama. -Ei ei ei! --Gritei injuriada com sua tentativa de me deixar nua. -Eu sei me trocar sozinha, não precisa disso tudo. --Ri de sua expressão constrangida. -Kath, já que você quer tanto ajudar, escolhe uma roupa pra mim. --Apontei para o armário branco que ficava na parede oposta. Mal fiz o pedido e minha gêmea correu até o armário atrás de uma roupa que a agradasse. Caminhei até o espelho que ficava ao lado da escrivaninha e me observei por alguns instantes, continuava pálida como sempre, pequenas olheiras rodeavam as bordas de meus olhos, comprovando todas as noites em que não havia conseguido dormir direito. Os cabelos loiro escuro, como sempre ganhavam destaque descendo em pequenas curvas até minha cintura, já os olhos castanho-claros, permaneciam bastante apagados e desfocados. -Eu gosto dos seus olhos. --Uma voz ao fundo me despertou. -Como? --Perguntei sem ter realmente entendido o que ela disse. -Seus olhos, são realmente bonitos. --Katherine sorria enquanto segurava uma calça jeans e uma blusa azul-safira analisando a melhor combinação. -Eles são castanhos. --Suspirei. -Mas ficam coloridos quando seu emocional age. --Ela disse na simplicidade. -Kath... Como você...? --Indaguei atônita, afinal, nunca havia dito para ninguém tal coisa. -Eles estavam azuis no dia que nos encontramos. --Kath riu. -Tava feliz em me ver né? --Ela disse enquanto jogava a calça jeans e uma blusa vermelha em cima da cama. -Calada. --Resmunguei enquanto abria um sorriso cúmplice. -Onde a senhorita vai me levar? --Olhei para as roupas que ela tinha escolhido. -Beco diagonal. Ah, e Maggie, você sempre fala sozinha? --Olhou-me de forma zombeteira. -Ãn? --Fiquei sem entender. -Você ficou murmurando "meus olhos sem graça" enquanto olhava o espelho. --Prosseguiu ela de forma "inocente". -Kath, eu já te mandei parar de fumar mandrágoras, você já está ouvindo coisas. --Dei de ombros indo até ela. Tirei meu pijama calmamente enquanto a observava revirar os olhos e vesti a calça jeans junto da blusa vermelha básica que ela havia me passado, uma sapatilha vermelha também havia sido colocada ao lado da cama. -Até que você tem um gosto igual o meu. --Sorri admirando o belo serviço de minha irmã. -Ora, somos irmãs gêmeas, dããã. --Katherine resmungou como uma criança. -Isso não te faz a gêmea mais bonita. --Ri. -Isso também não te faz a mais inteligente. --Katherine retrucou de forma categórica. -Não importa. --Mostrei-lhes a língua. -Claro que não. --Ela disse de forma suspeita. Minha irmã fez algo completamente impensável nesse instante, jogou-se em cima de mim novamente e começou a me fazer cócegas enquanto caiamos na cama. Tentei defender-me também, tornando tudo uma guerra de cócegas onde nossas gargalhadas soavam de forma uníssona. Em um desses momentos, consegui derruba-la e ficar por cima dela, nesse momento, algo estranho aconteceu. Paramos de rir, e nos fitamos bem próximas uma da outra, Kath tinha uma das mãos em minha cintura e a outra em minha perna, enquanto minhas mãos ficavam ambas em sua barriga. Nossos rostos próximos geraram uma certa confusão entre nós duas, fazendo com que eu me aproximasse ainda mais dela. -Maggie... --A escutei murmurar quando nossos lábios ficaram próximos. Por alguns segundos, retornei ao foco e notei o que estava fazendo. -Ai meu Deus! Katherine! --Berrei levantando-me rapidamente e a encarando totalmente corada. Ela permaneceu deitada com seus olhos fixos em mim, e seu rosto ainda mais vermelho do que o meu. -Nunca mais faça isso. --Olhei-a de soslaio. -Melhor irmos tomar café da manha. --Respondi caminhando até a porta. -Tá! Estou louca por panquecas. --Ela gritou toda animada como se nada esquisito tivesse acabado de acontecer. Desci em sua companhia até a sala de jantar das Hool.