Totalmente Humana? escrita por Ana Mercedes


Capítulo 25
Amaldiçoada


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura...



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Corri pelas ruas. Mas o que vou fazer? Não tem como eu enfrentar a Rainha! Como vou ajudar a Beatriz? E a parte que ela está apaixonada por Jared? Como vou me meter nisso? Não deveria. Mas vou. Mas primeiro preciso pensar. E nada melhor que casa para isso. Cheguei á casa que agora é minha e de Ian. Com o cair da noite ela ficava linda com as luzes da frente ligada. Tinha algumas horas livre antes da reunião. Não eram oito ainda. Entrei e fiquei de boca aberta.

Tudo em volta estava limpo e lindo. Os moveis eram claros, havia uma sala de um lado e no outra uma mesa com cerca de seis lugares. E no centro um corredor que dava a uma escada e do lado à cozinha.

“Ian” chamei e ele apareceu com a cabeça na escada.

“Hey, oi! Venha ver isso” respondeu. Fui ver correndo, vai que é uma coisa ruim. Subindo para o segundo andar. Ian me pressiona na parede.

“Finalmente minha!” e ele começa os beijos. Esqueço tudo. Simplesmente quero Ian, só. Ele me levanta e fecho minhas pernas nele.

“Nunca se esqueça, sempre serei sua!” digo. E de novo nos beijamos. Ele me levou para um quarto todo bege, com uma cama de casal com lençóis bege. Havia pétalas vermelhas no chão e na cama.

“Como estou cada vez mais te amando Peregrina” diz Ian no meu ouvido. Mordo seu lábio e puxo.

“Deve ser o novo corpo” digo. Ele me jogou na cama e ficou me olhando.

“O que?” perguntei.

“Acredita mesmo que te amo mais ou menos por causa do seu corpo? Escute aqui eu te amei por causa da sua alma não se esqueça disso, mesmo no corpo de Melanie, sabia muito bem quando era você ou quando era ela. Então não será esse novo corpo que me fará te amar mais. Faz-me te amar mais, é sua personalidade, sempre crescendo, sempre evoluindo, sendo meu orgulho” concluiu ele. Olhei pra ele sem acreditar. O que eu fiz para merecer esse homem mesmo? Sou a mulher mais feliz do mundo.

“Venha tomar um banho comigo!” só consegui dizer. Mesmo com o banho de piscina me sinto suja e cansada.

“Não quero mais beijos depois pode ir para o seu banho, pois quero fazer um acordo contigo!” e ele me ergue! E iniciam-se mais beijos.

“O que você quiser!” digo quase sem voz. Ian me tira o fôlego.

“Quer casar comigo?” ele se afasta e pergunta. Fiquei em silencio. Nunca tinha me relacionado com uma pessoa e aqui estou eu, sendo a mulher de um homem maravilhoso como ele. Não tinha como não ser dele. Realmente o destino foi muito bom em me dar Ian. Mais que bom. Posso enfrentar tudo e todos, contanto que tenha Ian do meu lado. Ian toma meu silencio da forma errada. “Sei que pode ser meio apressado... e, além disso... não quero te pressionar e nada disso...” beijo-o.

“Como pode pensar que não vou aceitar? Ian te amo, como nunca jamais amei alguém. Viajei oito planetas, já fui de tudo, flor, morcego, besta até mesmo dragão. Mas foi como humana que realmente descobri o meu lugar. Sim, aceito. Caso com você, hoje mesmo se quiser, serei sua em todos meios possíveis!” ele me rodopia, dando um enorme sorriso.

Mais beijos de me tirar o fôlego. Quando percebo estou deitada na cama, com Ian em cima de mim, suas mãos viajam livremente pelo meu corpo, eu aperto sua nuca, acaricio seus cabelos, brincando com sua língua, sinto o desejo percorrer pelo meu corpo e quero mais. Eu quero Ian. E quero ser dele, de um jeito que nunca fui de ninguém.

Alguém aperta a campanha.

“To começando a me arrepender de ter vizinho e muito mais de ter campainha.” grunhi Ian, ofegante separando-se de mim a contragosto.

“Não seja mau com os vizinhos!” brinco com ele.

“Não, só sou mau com os Rastreadores” brinca. E me dá meu ultimo beijo e se vai. Hora do banho.

Tomo um banho e tanto. O chuveiro parecia que vinha dos céus. Lavei minha cabeça, demorei mais que o necessário, mas me veio tudo que me ocorreu ultimamente e parecia que meu corpo pesava uma tonelada. Quando saio do banho, vou para o guarda roupas. Tinha todo tipo de roupa. Caroline certamente teve seu dedo aqui. Peguei uma blusa verde escuro e uma calça jeans escura. Tava com saudades disso de me vestir sozinha. Arrumo meu cabelo numa trança. E desço.

Estava na mesa: Sunny, Thelma, Leonardo, Kate e Ian. Ele ficando louco com tantas almas na mesa. Ele me olha como se fosse um bote salva vidas. Tive que rir. Cada um pelo visto trouxe uma bandeja de salgadinhos e doces, tava tudo na mesa.

“Ola pessoal!” falo a todos.

“Está linda, Peregrina” disse Leonardo.

“Então é verdade, você trocou de corpo” disse Sunny.

“Claro, fomos nós que fizemos!” respondeu Thelma.

E logo todos se enrolaram numa conversa de tudo. Ian ficou fascinado como são os remédios e os métodos. Mas não gostou nada de saber que eu podia ter morrido, com uma cirurgia ou com aquele troço que Burns colocou em mim. Os três contaram do meu tribunal. Como eles se sentiam. Como foi pra eles verem tantos Rastreadores e a tentativa de Felipe me enforcar. E contaram que Burns foi mandado para outro planeta. Bem distante. Perguntei se conheciam algumas historias sobre os Pilares ou Rainha. Todos só balançaram a cabeça. A conversa cada vez se aprofundava, as horas passando e nós rimos agora, com Ian contando das nossas aventuras na caverna. Até que Ian perguntou a Leonardo se ele poderia arranjar remédios, pois o estoque estava baixo na caverna.

“Não te contaram? Há um hospital na terceira rua, com todo tipo de instrumento e remédio, todos nós cinco vamos trabalhar lá!” respondeu Kate.

Os Pilares realmente, deram um presente e tanto pra nos.

A campainha tocou. Levantei.

“Licença!” fui abrir a porta e lá estavam.

Jared e Melanie e podia ver logo atrás, Magnus e Caroline. Todos me abraçaram e se misturaram já. Jared com uma cara fechada, diria até mesmo furiosa, não disse nada. Sabia muito bem o porquê. Ele deu a desculpa que estava com a cabeça doendo. Magnus e Caroline sempre conversando entre si, cochichando, algo entre eles estava mal, mas sempre que chegava perto eles mudavam de assunto. Pareciam até estar discutindo, as vezes. Mas se juntaram a nós. Retomamos a nossa conversa, agora na sala com os sofás, trouxemos algumas cadeiras para cá e acendemos a lareira. Todos rindo com as historias da caverna. Passaram mais horas. Até que apareceu Jamie na janela. Com uma cara de sono.

“Hey, a reunião esqueceram? Jeb ta gritando atrás de vocês. Ele esquece que tem gente que quer dormir.” praguejou. Rimos. Esqueci. Todos levantaram e foram. Alias todos aqui vão comparecer na reunião. Mas antes quero resolver um assunto. Puxei Caroline pelo braço.

“Caroline, vamos lá em cima, quero te perguntar sobre algumas roupas” menti.

“Claro” disse. Ela viu que estava mentindo, sendo um Pilar ou não.

Chegando num quarto de hospede. Fui logo á pergunta.

“O que aconteceu que o ultimo amor de Beatriz?” ela me olhou em choque e suspirou.

“Ele morreu” respondeu.

“Sim mas como? E por que? Por que ela disse que Patrick e Brutos já tinha magoado ela muito? Que havia deixado ela sem coração? Por que ela inventou esse negocio de guardião? Quando nos duas sabemos que não existe, por que Jared e ela tem esse jeito? Não estou falando só do fato dela gostar dele. Quero saber o por que dele ter essa conexão com ela? Por que ela sempre bate na tecla que vai mudar a historia? Que historia? Que não vai deixar se repetir? Por que ela foi capaz de quase se sacrificar por mim e os humanos? Por que ela te medo que a historia se repita? ” parei para respirar. Falei muito rápido.

“Calma. Vou tentar contar. Mas não é meu segredo então me sinto mal em contar. Mas acho que Beatriz vai querer isso. Quando encontrarmos ela na reunião ela te conta mais.” ela suspirou fundo e começou “Há muito tempo atrás. Beatriz se apaixonou por um humano. Então, eles eram lindos juntos, seu nome era Diego. Ele era forte, jovem e lindo. Mas ela dizia que se apaixonou por ele pelo seu caráter, pois ele se apaixonou por ela mesmo sabendo que ela era de um outro planeta, mesmo sabendo que ela era uma alma e que havia uma chance dela dominar seu planeta mesmo assim ele aceitou ela e a amou. Estávamos na fase do teste de querer ou não dominar a Terra. Diego era um revolucionário, pelo que ela me dizia. Ela amava passar horas ouvindo ele, ela dizia que ele era uma luz no fim do túnel, que perto dele ela não era a Pilar e sim Beatriz, ou como ele gostava de chama lá: Bia. O amor deles era lindo, daquele tipo que inspira romances nesse planeta. Eles viajavam naquela época nos primeiros aviões humanos. Eles sempre sorriam. Um era o alicerce do outro. Foi graças a ele que a Beatriz começou a ser social com os outros. Diego afirmava que a raça humana tinham esperança de melhora. Ela levou ao Congresso essa opinião como sendo dela. Porém, Patrick e Brutos fizeram a cabeça da minha mãe contra, afirmando que Diego era perigoso. Que só fazia a cabeça dela. Que Beatriz mesmo já não sabia o que fazer nada por si própria. Ou seja, uma ameaça para nós.” ela parou, como se lutasse com as palavras. Segurando o choro. As palavras demoraram a me fazer compreender tudo.

“Beatriz foi sempre a mais cobrada de nós. Nunca entendi o certo. Mas minha mãe a criou para ser uma líder. Ela não saia ou se divertia. Ela não falava com ninguém a não ser, nós ou gente nossa. Sua guarda era o que ela tinha de mais próximo de amigos. E ate hoje são. Porém com Diego ela realmente aprendeu a importância de ter alguém do lado. A valorizar a amizade e ate mesmo o amor. Ela conquistou o respeito e admiração de todos, quando enfim começou a socializar, era impossível não ama-la. Mas isso só ocorreu porque ela era a felicidade pura, não tinha como não conversar com ela sem sair com um sorriso no rosto. Diego fazia isso com ela. Ela dançava em todo lugar, ela dançando tudo parava, não havia como ficar triste perto dela. Enquanto eu e Magnus éramos o coração do Universo. Patrick e Brutos era a força. E Beatriz o cérebro. Por isso ela foi escolhida A Voz do Universo. Mas ela não queria esse cargo, por causa de tudo que ela começou a aprender na época com Diego, e os humanos e decidiu largar isso. Foi o auge para minha mãe. Ela assumiu o poder enquanto Beatriz, segundo minha mãe, recobrava seu juízo perfeito. Tanto que até hoje ela não é cem por cento a Voz do Universo. A maioria da parte ela deixa pro Congresso e nossa mãe. Mas como sempre viajava pra atender o Congresso. Ela deixava Diego com a família dele, desprotegido, pois ele sempre disse que ele era a proteção dela e não queria guardas do lado dele. Diego foi chamado como aquele que quebrou o coração de gelo de Beatriz. Em uma dessas viagens, Brutos e Patrick...” parecia doer nela. Queria pedir para parar, mas não conseguia emitir som algum “Eles cercaram Diego, com seus guardas e o matou. Ele e todos da sua família. Beatriz ficou louca. Quando viu o corpo de Diego imóvel... morto. Foi o inferno pra ela. Ela ia matar quem tivesse feito aquilo. Como bons medrosos, Patrick e Brutos criaram os Rastreadores. Para proteção deles, por isso eles só obedecem a eles. Por isso são cruéis e tem sede de dominar os humanos. Ela então foi até a nossa mãe, mas minha mãe disse que era melhor assim. E vendo que os humanos podiam ainda ser um ponto fraco para Beatriz não ser a Voz do Universo, nossa mãe ordenou a tomada da Terra, influenciada por Patrick e Brutos. Eu e Magnus, lutamos bravamente, mas fomos vencidos. Brutos e Patrick mostraram provas que os humanos matavam entre si e estavam matando o próprio planeta . Beatriz se afastou, passou um bom tempo sumida. Como você sabe o tempo pra nos almas é diferente para os humanos. Então foi cerca de milênios para nós. Então ela se sente culpada pelos humanos. Demorou anos pra ela voltar pra nos. E quando voltou não era mais aquela que foi. Ela era sombria, brava e fria. Se afastou de todos e dobrou sua guarda. Nem mesmo eu podia chegar perto dela. Tanto que se pode ver que ela faz as coisas que ela quer sem avisar ou esclarecer nada. Seu coração sangrava. Então ela se jogou no trabalho, de corpo e alma. Ela odiou a Terra. Ela pisou esse ano por causa que pedi para ela me visitar. Mas pelo visto não foi uma boa ideia. Quando ela estava saindo do prédio que ela veio me visitar encontrou você e o rastreador Burns. Imagina o que ela sentiu vendo um rastreador trazendo um corpo imóvel como o seu estava. Foi da ai que ela lembrou do corpo de Diego sendo entregue pelos rastreadores...” ela já estava chorando. Eu mesma estou chorando.

“Sabe aquela arvore lá atrás com flores laranja e no meio amarelo? Ela deve ter ti mostrado.” perguntou. Só consegui assenti.

“Aquela foi a arvore que Diego plantou pra ela. Dizendo que o amor deles era como á arvore. Que só cresceria nunca regressaria. Ele mostrou esse lugar para ela. Na época sua família era camponesa mexia com a terra. Então Diego falou que a terra também era dela juntamente com a natureza. Que era a paixão dele. Se ele vivesse hoje em dia seria um daqueles que os humanos chamam de ambientalistas. Quando perguntaram o que faríamos com vocês Beatriz na hora falou que esse lugar seria de vocês. Surpreendi-me e muito com isso.” ficamos em silencio. Imersa em pensamento, mas minha cabeça ecoava suas palavras.

“Peregrina, sei que pode ter pensado que minha irmã a odiava, mas foi porque você foi à causa das lembranças. Foram as lembranças que esse lugar tem. Quando soube que uma alma havia se apaixonado por humano, ela enlouqueceu. Meus irmãos chegaram a dizer que era coincidência demais e isso fez ter raiva de você. Ela votou que você era culpada porque se não fosse ela dizer que era Patrick e Brutos fariam o mesmo que fizeram com Diego e matariam você. Ela viu em você o amor que ela tinha com Diego. Só que ela fracassou em protege-lo. Ela tentou salvar todos os humanos, como uma forma de aliviar sua dor e culpa, mas parece que não. Pois agora com esse Jared...” ela parou.

“Isso! O que tem ela e Jared?” perguntei. Houve uma batida na porta. Ian.

“Vamos nos atrasar assim, vocês já terminaram?” perguntou ele sorrindo. Limpei minhas lagrimas rapidamente e Caroline fitou a janela.

“Vamos daqui a pouco. Podem ir a frente, vamos logo em seguida!” – minha voz saiu no sufoco. Ele se foi, depois de me olhar por um momento. Ouvi seus passos na escada e depois batendo a porta.

“Jared, lembra Diego. Jared tem os mesmo olhos verdes que ele. Mas não é pela aparência. Talvez seja sua personalidade forte. Mas não sei ao certo. Antes de serem namorados. Diego e Beatriz eram amigos. Talvez seja isso. Mas naquela época ela não tinha nenhum amigo. E agora ela também não tem. Ela não é mais amiga de ninguém tão fácil assim, mas com Jared foi diferente, ela mesmo disse que sentia vontade de estar com ele por perto. Esse negocio de guardião foi ideia de mamãe. Não sei o que ela quer com isso. Se já era estranho ela ter esse ‘sentimento’ com ele piorou ainda mais quando ele se uniu a ela. Jared teve essa conexão com ela pois... não sei! Realmente essa parte não sei. Nossa mãe foi buscar respostas. Bom, por favor, chega, estou acabada, vamos embora. Dói a minha cabeça só de imaginar tudo aquilo de novo” ela segurou sua cabeça como se impedisse de algo voltar a mente.

“Tudo bem, vamos” disse. Por fim. Já estou com dor de cabeça.

Preciso conversar com Beatriz. Urgente.

Um ginásio. Estávamos no centro de um ginásio não muito grande. Mas era limpo, todo na cor marrom, com as marcações no chão e as travas atrás. As luzes estavam ligadas, havia cadeiras e bancos todos de frente á quatro cadeiras no centro. Duas já ocupadas, por Magnus e a Rainha. Faltando Caroline e Beatriz. Mas e Brutos e Patrick?

Em volta como sempre, estava os mantos negros, estavam centenas aqui. Mas a maioria se concentrava do lado dos Pilares. Caroline se sentou. E eu sentei do lado de Ian. A Rainha se colocou de pé. Todos pararam de falar. Magnus cochichava algo para sua irmã. Algo que disse fez Caroline tampar a boca horrorizada.

“Vamos iniciar isso, bom, não gosto do idioma de vocês. Então meus filhos iram traduzir” ela disse.

Ela olhou pra eles e logo os dois se colocaram de pé. Cadê Beatriz? Ela começou a falar numa língua. Foi Magnus a traduzir.

“Minha mãe está eternamente grata em ter salvado a nossa irmã! E com isso ela decreta a partir de hoje a liberdade dos humanos. Todos poderão circular livremente. Os Rastreadores irão ser mandados para outro planeta bem longe daqui, junto com nossos irmãos e nossa mãe, então não se preocupem.” disse.

E a Rainha continuou a falar. Agora é a vez de Caroline traduzir. Ela parecia que se segurava pra não chorar.

“Toda alma poderá escolher se deseja permanecer aqui, ou voltar à galáxia. Depois, é claro de um exame médico que indique se há ou não vida humana dentro do seu hospedeiro. Assim vocês terão a Terra ao seu comando. Estamos devolvendo o que é de vocês. Sem mais intervenção nossa. Se quiserem, os remédios e os instrumentos do nosso mundo poderão ficar.” conclui.

“Quer dizer que estamos livres?” perguntou Russel.

“Sim, exatamente isso, humano!” respondeu a Rainha.

“As almas terão que passar por exames? Todas elas?” perguntou Sunny.

“Sim, para que haja certeza se não há vida no corpo”respondeu Magnus.

“E se encontrarem, o que vão fazer?” perguntou Mandy

“Iremos, remover a alma, querendo ou não! Os humanos terão seu planeta e seus corpos de volta” respondeu a Rainha, sem o menor remorso como se tratava de algo normal. Aquilo me fez tremer.

“Esta parecendo que matariam uma alma se necessário!” – gritei.

“Se não houver saída, então iremos.” respondeu a Rainha. Curta e grossa.

“Isso é horrível! Por que isso agora?” perguntou Thelma. Fiquei de pé.

“Não entendo, não é isso que vocês querem? Se verem livres de nós?” disse ela.

“Queremos! Mas não a custa das mortes de almas.” respondeu Jeb.

“Ora, ora. Então decidam, pois partirei essa noite, eu e todos os meus filhos!”

“Como que é?” perguntou Jared. Seu tom baixo e ameaçador. Furioso.

“Devemos retornar a nosso planeta de Origem.” disse Caroline.

“Nossos irmãos já foram na frente, junto com os Rastreadores... a algumas horas atrás.” disse Magnus. Todos olharam pra ele. Menos a Rainha. Até mesmo Caroline foi pega de surpresa.

“E Beatriz?” finalmente Jared fez a pergunta. Ele não se esqueceu dela.

“Ela se foi” respondeu a Rainha. Com raiva de chamarem sua filha pelo nome.

A Rainha ordenou mais coisas para metade dos mantos negros e eles se foram. Ela se virou pra Caroline e Brutos e disse muitas coisas. Eles apenas a reverenciaram concordaram e ela saiu. Com uma pequena parte da tropa ao seu lado. O tumulto estava grande. Não podia, mas ouvir som algo a não serem discussões. Metade a favor da oferta e a outra contra.

“ESCUTEM” gritou Caroline. Sem mais a calma de sempre.

“Vocês terão o planeta, de volta! Suas casas renovadas. Seus alimentos repostos e uma pequena ajuda de curto prazo de nos dois. Eu e minha irmã ficaremos, mas por pouco tempo. Ate limparmos todo o sistema, de almas.” disse Magnus.

“Mas Magnus, como pode deixar que as almas sejam forçadas a isso? Não podemos aceitar esse acordo” rebati. E houve uma nova onda de protesto.

“Não fale por nós, Peregrina. Eu estou cansado de me esconder. Quero a minha liberdade, podemos aceitar sim. E vamos. Você diz isso porque é alma. Duvido que fosse humana ficaria contra essa oportunidade.” gritou Gail.

“Escuta bem, posso ser alma, mas amo os humanos mais que você. Seu egoísta. Sou parte humana e parte alma. Parei de tentar descobri qual é maior em mim, ambas são iguais, pois fazem parte de quem eu sou.” gritei para ele.

“Poupe sua voz Peregrina, sinto te dizer, mas a decisão esta tomada. Minha mãe já iniciou a evacuação e a limpeza, pelas capitas até chegarem ao interior.” disse Magnus.

“Então por que dessa reunião?” perguntou Melanie.

“Pra avisa-los. Não para pedir permissão!” rebateu Caroline.

Mais discussões. Minha cabeça parecia que ia explodir. Jeb, Ian, Sunny, Thelma, Leonardo, Kate, Melanie e Jared defendiam as almas. Já Gail, Max, Russel e Nate eram contras e afirmavam que seus grupos os apoiariam. Eu simplesmente me afastei daquilo e fui em direção de Magnus.

“Por quê?” perguntei.

“Nossa mãe esta farta dos problemas arrumados nesse planeta. A opção era abandonar ou...” ele parou.

“Destruir!” concluiu Ian do meu lado.

“Sim, mas foi graças a Beatriz que vocês tiveram essa opção” disse ele.

“O que?” perguntou Ian. Magnus suspirou e se sentou na cadeira, fitando o chão.

“Ela se ofereceu pra finalmente tomar o posto de A Voz do Universo, cem por cento, mas agora sem englobar a Terra. Ela ainda se recusava a se entregar a totalmente ao posto. Minha mãe controlava á maior parte. A Terra agora, será problema meu e de Caroline. E ela concordou em começar o treinamento para ser a Rainha e até mesmo...aceitar se casar” terminou com dificuldade Magnus.

“O QUE?” gritou Jared. Todos ficaram em silencio. Agora sim. Guerra.

Ele vinha como um furacão para os dois Pilares. Nate e Ian seguraram lhe.

“Conte a ele!” cuspi pros dois. Esta na hora de jogar tudo na mesa. “Ou eu conto”

“Peregrina, não podemos nos meter nesse meio e creio que você fez uma promessa” disse Caroline.

Jared grunhia de ódio. Foi preciso: Russel e Max segura-lo.

“Diga logo o que esta havendo” disparou Jeb.

“Acho então que isso é para você” disse Magnus. Abrindo seu bolso no palito e entregando uma bolinha redonda prateada com um buraquinho de vidro no meio.

“O que é isso?” perguntei.

“Não sei. Beatriz nos deixou, nem nos não podemos nos despedir dela, estamos tão maus quanto vocês” rebateu Magnus. Agora chorando. Seus olhos estavam roxos.

“Isso é pra colocar o dedo. É digital. Somente a digital certa. Abre e aparecerá uma mensagem holográfica” disse Caroline também chorando. Escondendo o rosto nos braços de Magnus.

Tentei minha digital não foi. Não aconteceu nada. Limpei minhas mãos no jeans e tentei de novo. Foi ai que pensei: e se a mensagem não for pra mim?

“Jared! Larguem ele, veja se é a sua digital” gritei. Soltaram-no e ele veio até mim. Pegou e enfiou o dedo. Na mesma hora a caixinha começou a emitir um som fino, de áudio sendo ajustado e depois luz. Tampamos os ouvidos com o agudo.

“Coloque no chão” ordenou Caroline “E se afaste”

Afastamos. A luz chegou até o teto e depois voltou. Ate criar forma e por fim. Ajustou-se. Era a Beatriz na nossa frente. Seu cabelo voava, suas roupas eram brancas e longas e seus olhos pareciam cansados e vermelhos. De tanto chorar aposto. A imagem tinha falhas, mas quando conclui o corpo dela. Parecia que ela era na minha frente em carne. Se não fosse o olhar que ela dava só pra um lugar.

“Iniciando! Holograma codificado. Mensagem eletrônica.”

“O que é isso?” perguntou Kate.

“Só poderão perguntar. As respostas armazenadas são limitadas. Com as perguntas certas.” respondeu Caroline escondendo o rosto no ombro do irmão.

“Beatriz, você esta bem?” perguntei.

“Resposta não encontrada. Tente outra pergunta. Só posso responder a pergunta correta” respondeu.

“O que houve, Beatriz?” – perguntou Jared.

“Olá Jared, pessoal. Aposto que estão á maioria aqui. Bom, serei curta. Estou devolvendo a Terra para vocês, primeiramente não devíamos nem ter mesmo atacado. Sinto muito. Foi culpa minha. E estou reparando esse erro. Fiz um acordo com minha mãe.”

“Que acordo foi esse?” perguntou Nate. O holograma respondeu.

“Serei Rainha e A Voz do Universo sem reclamar em troca vocês poderão viver em paz.”

“E como nós, humanos, ficamos Beatriz?” – perguntou Jeb. O holograma respondeu.

“Aos humanos, estou oferecendo minha guarda que ficaram para ajudarem. Terão suas casas e empregos de volta, se assim desejar. Aos lideres dos grupos humanos terão uma vaga no Congresso humano que será criado. Confiem em meus irmãos: Caroline e Magnus, eles sim vocês poderão contar sempre. Eles ficaram para auxiliar vocês, por tempo indeterminado, eles ajudaram vocês mais que qualquer um possa. Alias, quero que todos os humanos e almas que estiverem saiba que tenho uma divida eterna.”

“E nós irmã, iremos te ver novamente?” perguntou Magnus. O holograma respondeu.

“Meus queridos irmãos. Sinto muito, mas não pude me despedir. Foi me colocado abandonar o planeta imediatamente. E também não conseguiria olhar para vocês e me despedir. Mas saibam que amo vocês e muito. Que agradeço e muito pela ajuda. Não creio que nos veremos mais. Não retornarei a Terra e nem vocês saberão onde estou. Estou proibida de pisar na Terra. E agora creio que não devem pensar em me seguir.”

“Irmã, para onde você foi?” perguntou Caroline.

“Resposta não encontrada. Somente posso responder a pergunta correta” respondeu.

“Ela nunca que iria dizer” disse Magnus, baixando a cabeça.

“Por que teve que ir, Beatriz?” perguntou Leonardo. O holograma respondeu:

“Tive que ir embora era o único jeito de manter vocês vivos. Se ficasse a vida de vocês estariam em risco. E não poderia viver com mais essa culpa. Para termos uma coisa outras devem ser sacrificadas. Então escolhi ir embora e nunca mais voltar. Para o bem de todos. Já tinha sangue de inocentes demais em minhas mãos não podia arriscar agora a vida de vocês.”

“Não foi sua culpa.” sussurrei. Não contendo mais as lagrimas. Como pode haver uma pessoa que só sofre e sem nunca receber descanso? Essa era a Beatriz.

Por um minuto fiquei só olhando o holograma. Lá estava Beatriz, com seus cabelos esvoaçantes, com seus brilhos nos olhos, mas não era ela. Não tinha seu jeito, não tinha sua alma e nem sua energia. Jared caiu no chão de joelhos e socando o chão.

“Por que nasci seu guardião se não posso ter você do meu lado?” gritou Jared.

O holograma demorou a responder. Pensei que não havia resposta pra isso. Respondeu.

“Jared, meu querido, bonitinho. Você nunca foi meu guardião, alias não existe isso, foi ideia da minha mãe para poder ter você perto pra ela te matar. Que Melanie me perdoe pelo que vou dizer. Mas eu te amo. Quando encontrei você na clareira quase desmaiei, você se parece com... esqueça. Alias, esqueça, por favor, todas aquelas palavras horríveis que te disse. Tinha medo, pois sabia que iria acabar mal como antes.” a gravação parou.

“Mau como antes? Como assim, Beatriz?” perguntou Melanie e pude ver que havia lagrimas em seus olhos.

“Há um tempo me apaixonei por um humano ... Diego... quando você me olhou, juro que vi Diego ali, meu coração foi a mil. Você me lembra ele. Mas não foi por isso que parti. E me apaixonei por ti. Todo dia queria conversar com você, saber cada vez mais. Durante aqueles cincos dias me sentia viva. A muito tempo não me sentia assim. Você olhava pra mim e não via como a grande Pilar e sim como Beatriz. Não só me apaixonei por ti como você me ensinou a amar novamente aos humanos. Acho que você ativou o meu coração que há muito tempo permanecia morto.” a imagem olhou pro lado como se tomasse ar. Vi ela abrir e fechar a boca. “Vou explicar. No meu planeta, veio um senhor que jurava ver o futuro. Ele olhou em meus olhos e disse que minha alma gêmea estava num planeta chamado Terra. Na hora achei aquilo ultrajante além de degradante. Admito torcia pra esse destinado morrer logo. Por isso vim a esse planeta para acabar com esse destinado. Mas sem perceber me apaixonei por Diego, incondicionalmente. Com a morte de Diego, jurei nunca mais pisar na Terra... Pois só Diego que me interessava e o destino tirou ele de mim. Mas parece que o destino me fez de novo mostrar que não mando em nada. E como prova do meu amor por vocês estou dando a vida. Quero que viva com Melanie. Uma mulher incrível, que esteve ao seu lado. Então seu corpo e sua alma se apaixonaram por ela. E fico muito feliz por vocês, e ate invejo o amor de vocês. A única coisa errada, foi a minha volta.

“Não tem nada que podemos fazer por você, Beatriz?” perguntou Ian.

“Trago comigo uma maldição de amar e todos aqueles que amo sofrem por estar ao meu lado. Esse é meu fardo. Então fui embora. Mas não se preocupe comigo. Será como se nunca tivesse entrado na sua vida.” o holograma respondeu. Todos em silencio. A mensagem parecia que ia desaparecer. Ninguém mais queria perguntar alguma coisa.

“Mensagem pessoal ativada: Melanie cuide dele, por favor. Você sim, nasceu pra amar esse homem. Com toda sinceridade quero que seja feliz. Desculpe qualquer coisa. Nunca quis tomar o seu lugar. Foi só que Jared fez meu coração se lembrar de Diego. Peregrina você tomará meu lugar de Pilar. Imploro que aceite, por mim, assim você poderá tomar conta da sua preciosa Terra. Bom, a todos foi um enorme prazer conhecer vocês. Uma honra. Percebi que sempre vou amar Diego e os humanos. Não importa o tempo meu coração e minha alma é de Diego. Como meu amor e carinho são dos humanos. E Jared, Aproveite sua vida, bonitinho. Faça um favor a si mesmo e me esqueça!o holograma se apagou.

“Nunca te esquecerei” disse Jared. Socando o chão novamente.

Ficamos em choque. Ela nos salvou pela segunda vez. Mas a parte de ser nunca ser amada foi a que mais me machucou. Nunca me imagino no lugar dela. Ninguém nunca devia ser assim. Todos devem amar e ser amados. Pelo visto essa lei não se aplica no Universo. Nem ao menos a futura Rainha dele.


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Notas finais do capítulo

n/b: Mil perdões pela demora, meu note quebrou e eu perdi meus arquivos, a Ana teve que me mandar e eu ainda tive que revisar, mas bom, está aí, por favor comentem... O proximo já é o ultimo...
o que vocês acharam do final da Beatriz?
beeijos, bom domingo!



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