Totalmente Humana? escrita por Ana Mercedes


Capítulo 21
Alma e Humana


Notas iniciais do capítulo

boa leitura...



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O que Patrick e Brutos vão fazer com ela? Nunca mais irei vê-la? Por que justamente agora que ela me devolveu aos meus humanos, não podia tudo acabar bem? Não conseguia pensar direito, mas uma coisa eu tinha certeza, eu amo Beatriz. Como uma irmã. “Nesse caso um cargo foi preciso” ela havia dito, então Brutos e Patrick tomaram o seu lugar ,mas então o por que ela disse que iria “enfrenta-los”? Eles já tinham o que queriam porque machuca-la?

Foi quando me lembrei das palavras dela na sala de reunião.

“Só por cima do meu cadáver”

Ela vai se sacrificar por mim e pela minha família, mas por quê? Tenho que saber sobre isso. E vai ser agora.

Estávamos de baixo do solo, depois de uma corrida na mata, havia uma espécie de buraco, com uma tranca de ferro, que podia ser facilmente não visto, encoberto pela mata, parecia que não era nada, mas era à entrada de uma enorme caverna subterrânea. Fiquei impressionada. As aberturas pareciam que a terra se abriu, mas o que fiquei de queixo caído, foi a quantidade de humanos que aqui estavam. Todos correndo e gritando algo. Ian tomou o lugar de meu segurança depois de Max gritar que não acredita em mim. Argh.

“Quantos humanos há aqui?” soltei.

“84...83 humanos e Sunny como alma” respondeu Ian. Ele não conseguia não ficar me olhando. Ele e eu estávamos encostados numa parede, saindo do caminho dos outros.

“Você parece que não acredita que estou aqui!” disse.

“Realmente parece que é impossível. Meu coração grita que sim, mas minha mente grita que não!” sempre sincero meu Ian.

“E qual você vai ouvir?” perguntei. Abaixei o tom, aquilo me deixou triste. Admito. Ele ignorou a pergunta. Fazendo outra.

“Você realmente é a minha Peg?” perguntou Ian, tocando no meu rosto suavemente.

“Sim, sou eu Ian, sua eterna Peg” disse a ele. Não aguentei mais, puxei sua cabeça e seus lábios pros meus. MEU IAN! Não haveria distancia de qualquer planeta que tirasse Ian de mim. Seus lábios eram firmes, mas por fim ele se entregou. E lá estava meu coração a mil. Sentindo que cada vez mais ele era meu.

“Peregrina!” ele descansou a testa na minha e sussurrou. Eu sorri. Finalmente. Nos beijamos de novo.

“Eles sempre são grudados assim?” perguntou alguém de atrás.

“Sim, isso não é nada! São bem piores na maioria do tempo” respondeu Jamie.

Antes que pudesse responder. Ouvi gritos. “Me solta, preciso sair daqui”.

Fui em direção aos gritos e logo veio mais gritos.

“Senhora se acalme”

“Não se atrevam a se meterem no meu caminho”

Era Caroline gritando com os mantos negros. E eles estavam numa linha perfeita, na frente da entrada. Caroline parecia que ia explodir, seus olhos eram só lagrimas e sua roupa estava todo amassada. Sua própria postura não era mais a tranquilidade em pessoa.

“Caroline por favor, irmã” disse Magnus, ele estava sentado numa pedra com as mãos na testa. Parecia que ia vomitar, nem olhou pra irmã.

“NÃO! NÃO” gritou. Virou-se pra guarda “Saiam da minha frente. É uma ordem!”

“Nossa ordem é clara, devemos defender os humanos, sentimos muito,mas não obedecemos a senhora” disse todos juntos. Foi arrepiante.

“Há quem vocês obedecem então?” perguntou ela.

“Obedecemos ao Pilar Beatriz, somente ela” havia tristeza nas vozes deles.

O silencio se instalou. Beatriz não esta aqui. Foi o limite de Caroline. Ela se jogou empurrando os mantos, mas foi como uma brisa batendo numa parede de concreto, nem afetou eles. Jeb resolveu se meter.

“Senhora, por favor, se acalma” disse ele calmamente.

“Não se meta, humano... Às vezes, penso que há esperança para esse planeta me lembro das guerras que provocavam as brigas por pele que tiveram e principalmente a falta de solidariedade entre vocês mesmo!” gritou.

“Sinto muito, termos causado tanta dor! Mas há esperança pros humanos!” respondeu Jeb, ignorando seus gritos.

“Esperança? Essa palavra só existe aqui na Terra sabia?” disse Magnus, ainda de cabeça baixa “Mas mesmo assim vocês humanos não sabem seu significado.”

“Claro, que sabemos, estamos vivos graças á esperança” respondeu Sharon.

“Errado! Estão vivos pela essência da sobrevivência que há em vocês! Como animais! As almas sabem o que é esperança, principalmente, Peregrina.”

“Que? O que esta dizendo Magnus?” perguntei. Ignorando o fato que usei seu nome.

“Você estava disposta a sacrificar por esses humanos. E ainda está, vejo em seus olhos, que a esperança é o que te move, que sem ela, não estaríamos aqui.” respondeu Magnus, se levantando e olhando pra mim “Sua esperança é tanta nesses humanos, que decidimos mudar a historia. Por isso minha irmã está lá fora.”

Cochichos começaram. Magnus deu a mão pra Caroline, mas ela se ajoelhou no chão, chorando e soluçando. E ele só repetia pra ela: “Respira irmã” Nenhum momento ele dizia que ia ficar tudo bem ou algo do tipo.

“Como assim?” perguntei, sentia-me fraca.

“Por que acha que Beatriz esta lá fora?! Ela deu o cargo dela. A Voz do Universo. Mas o que Brutos e Patrick não sabia era que pra ter esse cargo é preciso que seja unânime na votação ou...” a voz de Caroline ia sumindo.

“O ultimo a estar no cargo tem que morrer para passar o cargo. Beatriz passou o cargo pra eles porém...” – Magnus não conseguiu terminar,

“Ela não morreu!” – conclui. Não pode, Brutos e Patrick iram vencer tão facilmente?

“Não, não vou deixar!” gritei.

“Não podemos fazer muito. Beatriz passou seu cargo e fez um acordo com eles durante a reunião, que não interferia. Tentamos impedir, mas era o único meio. Ela tentou mudar o seu destino. Se Brutos e Patrick fossem tomar o controle. Eles te matariam. Eu e Magnus somos fracos perto deles. Beatriz é a mais forte. E ela decidiu te ajudar, se sacrificando se possível.” disse Caroline. Escondendo o rosto e chorando.

Gritos de horror houve atrás de mim. Mas já estava a caminho. Ao lado de Caroline e Magnus. Os mantos negros podia sentir que estavam felizes com isso. Vou defender Beatriz, ela é minha irmã, vou salva lá. Ficava repetindo pra mim mesma.

“Pilares, está na hora de salvarmos Beatriz!” disse.

“Vocês não podem sair, se saírem, todos nós morremos” gritou Russel.

Virei e olhei a todos. A Peregrina que tinha medo, morreu quando Burns a traiu. Essa nova Peg esta pronta pro que der e vier, essa sou eu. Vou lutar por minha raça também, afinal, sou uma alma, não posso negar isso.

“Então fiquem. Não estou pedindo permissão para isso.” disse. Seus rostos pareceram fantasmas.

Caroline se levantou, limpando o rosto e se colocou na minha direita. Ela é o Pilar novamente.

“Não posso deixar Beatriz sozinha com nossos irmãos” – sua tranquilidade também voltou.

Magnus se levantou, limpou sua roupa e veio do meu lado esquerdo.

“Aqui estamos. Fortes e destemidos. Não pedimos ajuda de humanos. Esse é um assunto pra nós” ele olha pra nos duas “almas”.

Demos as mãos. Uma verdadeira aliança. Irmãos. Almas. Amigos.

Os humanos tentaram nos impedir. Mil desculpe minha família, mas devo a Beatriz e não vou deixar Brutos e Patrick vencerem. Se eles vencerem todos nos estaremos perdidos.

Começaram a discussão. Jeb e sua turma tentando me fazer desistir disso. Russel e Max ameaçando que vão nos impedir, e ate apareceu Gail, outro líder, aquele que tinha onze humanos com ele.

“Peregrina, me diga o que espera fazer? Lutar? Aposto que nem uma mosca você derruba!” disse ele.

Aquilo me ferveu o sangue. Sofri e passei por muitas coisas pra ser chamada de fraca agora.

As vozes se elevaram discutindo, cada minuto conta pra ajudar a Beatriz.

“Não estou aqui pra discutir minha força. Sou livre. Então vamos.” viramos para porta de ferro. Os mantos negros saíram da nossa frente. Eles queriam que nos ajudasse Beatriz.

“Vocês não saíram. Terão que passar por nos!” avisou Gail. Sendo apoiado por Russel e Max. E até mesmo Jeb. Eles apontaram as armas pra nós.

“Por favor, é a minha irmã que esta lá fora! Vocês querem que eu sente e não faça nada? Do mesmo jeito que defende sua família, defendo a minha, entendo que não queiram sair e até acho melhor, mas me deixe lutar pela minha irmã. Ela é a minha família. Peço a vocês humanos, que se coloquem no meu lugar, não como alma e sim como ser vivo que defende aqueles que amam” implorou Caroline.

Houve choro de alguns. Abaixaram as armas. Silenciaram-se.

Ignorei o silencio e engoli minhas lagrimas. A porta de ferro havia sido trancada. Mas agora como iríamos passar por ela sem a chave? Magnus socou a porta, que tremeu. Caroline se jogou contra a porta. Eu por fim,tomei distancia e chutei a porta. Beatriz havia me ensinado. Velocidade mais força era uma grande combinação. Nos três se preparamos. Isso, juntos! Ficou nos três chutando a porta que tremia. Quando ouve um barulho estranho. Do lado de fora. Alguém tava abrindo. A porta se abriu. E nunca imaginei que veria isso. Thelma, Leonardo e Kate.

“Precisa desse todos esses golpes?” brincou Kate olhando os amassados.

“Por todos os planetas,quantos humanos!” falou Thelma.

“Até que enfim algo te assustou Thelma!” falou Leonardo.

“Fico muito feliz em ver vocês, mas temos de ajudar Beatriz.” eles me olharam como se não soubessem quem eu estava falando. E olharam ao meu lado. Todos se curvaram.

“Pilares” disseram os três.

“Beatriz,minha irmã” – explicou Caroline.

“Sim, a Pilar, mandou alguns guardas nos trazerem, viemos por motos, acreditem nunca mais subo num negocio daquele, mas ela nos disse que era mais fácil, pois era o único automóvel que poderia entrar em lugares como esse.” explicou Leonardo.

Beatriz não só deu minha família, como também meus amigos. Devo mais ainda a ela.

Um estrondo fez a terra tremer,todos se agacharam,veio da terra acima de nós. Algo grande. Brutos e Patrick chegaram. Hora de ajudar Beatriz. Ela me deu mais que minha família de volta, ela me deu forças, vejo que nunca aquela Peregrina de antes, seria capaz de brigar, ela me deu um corpo forte, me ensinou a ser destemida e corajosa. Esta na hora de pagar esse favor. Não vou pedir aos humanos pra lutarem conosco, mas não vão me impedir.

Saímos do complexo. Eu, Caroline e Magnus. Depois de uma pequena discussão fizemos Thelma, Kate e Leonardo ficarem. Os humanos começaram a discutir, mas os mantos negros se colocaram na frente.

Beatriz disse pra eles defenderem os humanos e se eles saíssem estariam se colocando em risco, o que é contra os votos deles.

Olhei pra cima, estava bem escuro, somente a Lua iluminava. Mas quando viramos pra olhar em volta. Vimos um grande estrondo novamente e um clarão. Vinha da clareira. Parecia grande, era fogo. Não teve tempo pra pensar. Corremos. Conseguia acompanhar eles, com esse novo corpo, era fácil. Paramos a poucos metros da clareira, entre as arvores. Escondemos-nos atrás delas.

“O que diria de tacarmos fogo em tudo, irmã?” – perguntou Patrick.

“Realmente detesto esse planeta. Tudo é humildo ou seco demais. Pra mim sua própria existência é uma ofensa aos outros planetas” disse Brutos.

Eles estavam rodeados de Rastreadores. Com o uniforme prateado, refletindo o fogo. Os Rastreadores estavam com mochilas e jatos de fogo. Tacando fogo em arvores. Patrick e Brutos estava em volta de alguma coisa, no chão, não conseguia ver. Foi só quando levantou a cabeça que pude ver. Beatriz. Seu rosto escorria sangue, suas roupas estavam rasgadas e seu corpo jogado no chão. Ela tentava levantar. Mas caiu, fraca demais. Brutos e Patrick ia ataca lá. Nos três nos olhamos e decidimos adentrar. Hora de agir. Mas abraços nos cercaram. Humanos. Jared, Ian, Kyle, Brandt, Aaron e Nate. Tamparam nossa boca e nos rebocaram pra trás. O grito de Beatriz ecoou na mata.

“Eles iram matar vocês” disse Kyle.

“Que matem, mas não vou deixar minha irmã sozinha” disse Caroline. Lutando.

“Vocês não entendem, eles vão matar ela!” cuspiu Magnus.

“E depois matar vocês! Não sei se perceberam mais são Rastreadores lá, centenas e parece que está vindo.” disse Nate olhando a cor prata surgindo na mata. Refletindo a roupa dos Rastreadores.

“Se ela morrer, Patrick e Brutos tomam seu lugar e assim eles serão. A Voz do Universo” disse. Eles me olharam como se tivesse falado outra língua.

“Voz do que?” perguntou Aaron.

“A voz do Universo, é um ser que pode ordenar qualquer coisa. Nos termos humanos, é o presidente do país, porem é do universo todo!” eles abriram a boca em choque “Agora imaginem, se eles mandam todos os outros planeta atacarem a Terra, quem ira defende lá? Pois eles que eram pra proteger. Temos que impedir” disse rapidamente.

“Não tão rápido” disse Ian. Houve outro grito de Beatriz, de pura dor, aquilo tava me matando. Todos nos ficamos em silencio ouvindo o grito.

“Voltem pra onde vocês estavam, é seguro, nós vamos enfrentá-los” disse Magnus.

“Por que tem que ser você a fazer isso? Deixe com eles, pare de tirar você de mim! Pare de proteger todo mundo, o que ela é pra você?” disse Ian, apertando meu braço. Via dor em seus olhos, passei minha mão em seu rosto querendo decorar cada traço.

“Ela é...” pensei. Devo me arriscar por ela? A resposta veio junto com a certeza, imediata “ela é minha irmã. Beatriz me devolveu a vocês, entregou seu cargo a eles, se sacrificou, mandou meus amigos almas pra ajudarem, me transformou em forte,ela sofreu... Ian,preste atenção. Sempre me debatia para saber de que lado eu era. Mas estava. Não sou do lado das almas ou dos humanos. Sou dos dois. Tanto defendi vocês agora está na hora de ajudar minha irmã alma.”

Ian ficou sem palavras. Ninguém tinha como contra atacar isso.

Aproveitamos o silencio e ate mesmo antes que eles protestassem. Atacamos. Desviei dos braços de Ian e Jared. Caroline fez Aaron e Kyle caírem no chão. Magnus puxou seu braço de Brandt e Nate. Corremos cada vez mais rápido, até entramos na clareira. Paramos. As cinzas e o fogo fizeram meus olhos doerem e por um minuto não vi nada, quando entrou em foco. Senti uma tontura por causa do horror que me dominou.


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Notas finais do capítulo

n/b: por favor comentem e nos deixem saber o que acharam...
boa semana!



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