Maré De Sentimentos escrita por R_Che
Notas iniciais do capítulo
Vamos lá ver se depois deste, continuam a ter a mesma opinião sobre a Rachel.Eu admito que tenho uma GRANDE preferência pela Rachel, e acho alguma graça que todos defendam a Quinn. Disfrutem!
O salão do Hotel Ritz era enorme. Estava decorado em tons de dourado e preto, todo o serviço era nesses dois tons. A sala estava cheia de gente, não havia uma única pessoa que não estivesse elagante, e o som ambiente marcava a elite da festa. Quinn e Rachel entraram no salão como entram normalmente em todas as festas, de braço dado, embora a cara de Rachel fosse de desagrado, Quinn por seu lado transmitia simpatia no sorriso que os seus lábios formavam.
RUSS: Achei que não vinham.
R: Eu também.
RUSS: Imagino.
Q: Olá pai. Boa noite.
RUSS: Já deram os parabéns ao Gaspar?
R: Acabamos de chegar.
RUSS: E a prenda?
Q: A Carla enviou para o escritório dele. A mãe?
RUSS: Está com a Shelby e com a Sra. Villanueva. O Hiram foi buscar o telemóvel ao carro que se esqueceu dele lá.
R: Boa ideia!
Q: Rachel?! Ainda gostava de saber o que é que tu tens contra o Gaspar?! Nunca achas graça a festa nenhuma, mas quando lá chegas normalmente passa-te.
RUSS: O que é que ela tem contra o Gaspar? – Russel soltou uma gargalhada. – O que é que há-de ser? Aquilo que todas as mulheres que passaram pela cama dele têm. Ora essa! – Quinn abriu os olhos espantada, nunca pensou em tal possibilidade, mas não iria admitir que o seu pai falasse assim de Rachel. Ela por seu lado olhou para Russel com desprezo.
Q: A mim ensinaste-me que não se fala assim com ninguém. E eu não te vou admitir que o faças à minha frente, muito menos se te diriges à minha mulher. – Rachel olhou para Quinn e ficou surpreendida com o seu tom ofendido.
RUSS: Não disse mentira nenhuma!
R: Mas ninguém contestou o que tu disseste, só a forma como o disseste. E embora a Quinn tenha adoptado a postura de esposa protectora, coisa que não me surpreende já que lhe deves ter ferido o orgulho, eu sei-me defender. E tu além de educação, falta-te inteligência. – Rachel estava chateada por ir à festa, e Russel tinha conseguido a proeza de que isso lhe passasse.
Cumprimentaram a família Villanueva à excepção de Gaspar que estava a receber convidados, estiveram na conversa com vários convidados, beberam champanhe e depois de uma hora a dar atenção a tudo o resto, Quinn parou e ganhou coragem para chamar Rachel à parte discretamente.
Q: É verdade?
R: O quê?
Q: É verdade que tu e o Gaspar… digo, que vocês tiveram…
R: Sim. Eu e o Gaspar tivemos uma espécie de relação.
Nunca Quinn pensou sentir nada tão forte como os ciúmes que a invadiram naquele momento. E agora? Como iria ela felicitar alguém que a única vontade que tinha era bater-lhe?!
Q: E o que é que aconteceu?
R: E o que é que tu tens a ver com isso?
Q: Peço desculpa pela intromissão, mas parece-me que tenho o direito de saber.
R: E porquê? Eu não vejo esse direito escrito em lado nenhum.
Q: O que é que aconteceu?
R: Ele trocou-me por outra. Como é costume no Gaspar, convenhamos.
Q: Fantástico. E tu?
R: Eu o quê?
Q: O que é que tu fizeste depois? Como é que ficaste?
R: E isso importa? Já passou.
Q: Sofreste?
R: Na altura, sim. Embora neste momento esteja absolutamente feliz por nunca mais ter tido contato nenhum com ele.
Q: Se ficaste tão incomodada por vir, provavelmente é porque ainda te incomoda, não é?! – a surpresa de Rachel não habitava na conversa que estava a ter com Quinn, mas sim no seu ar agressivo.
R: Estás a afirmar? É que a mim parece-me que estás a tirar conclusões sozinha.
Q: Estou a perguntar.
R: Não, não estás! E mesmo que estejas não te interessa minimamente. Não vou continuar esta conversa contigo, não tenho porquê nem quero. - A presença de alguém fez-se notar rapidamente.
G: Sejam muito bem-vindas à minha humilde festa. – disse Gaspar com um sorriso divertido. – suponho que há muito tempo que não te via Rachel.
R: Ainda bem que supões. – disse ela de sobrancelha franzida. Aquele homem tirava-a do sério.
G: Continuas magnífica. Os anos não passam por ti.
Q: Parabéns! – Quinn esticou a mão de modo a acabar com aquela conversa. Gaspar agradeceu e devolveu-lhe o aperto de mão, mas subtilmente puxou-a para depositar um beijo na face direita da loira.
G: É uma honra ter-te na minha festa Quinn. Claro está que é uma honra ter-te a ti também, Rachel. Um cavalheiro nunca faz destinções entre duas senhoras. Rachel soltou uma gargalhada e acrescentou com ironia:
R: Onde estás a ver aqui um cavalheiro?!
Embora para Quinn estivesse a ser difícil manter uma conversa com Gaspar como se não soubesse de nada, para Rachel estava a ser desconfortável. Rapidamente se dispersou e os deixou a conversar sozinhos. A conversa não durou muito pois a presença de Gaspar era reclamada do outro lado do salão por outros convidados. Quinn procurou Rachel mas não a encontrou.
S: Então minha querida?
Q: Ah, olá Shelby. – Quinn beijou a face da sua sogra e abraçou-a simpaticamente. – Como estás?
S: Já sabes que estas festas para mim são uma fantochada, mas como já me habituei, queixo-me menos.
Q: Isso é de família. A Rachel só arrancada de casa.
S: Sim. – riu ela. – A Rachel tem mau génio. Não sei a quem é que ela sai.
Q: A Rachel é perfeita. – o tom de Quinn era sincero, e a sua sogra olhou-a com carinho.
S: Quando é que tu te decides a dizer-lhe?
Q: Não me parece que isso vá acontecer alguma vez.
S: Porquê?
Q: Porque prefiro tê-la assim do que não tê-la.
S: Vocês podiam ser tão felizes juntas, Quinn.
Q: Eu sou feliz. Ou pelo menos sou feliz porque ela faz parte da minha vida.
S: Eu não digo mais nada, mas continuo a achar que ela devia saber.
Q: Nunca acreditaria.
S: Isso é o que tu achas.
Q: Pronto. Ok. Mas prefiro jogar pelo seguro. – Quinn disse a última frase em tom de conclusão de conversa, pois avistou Rachel a dirigir-se até elas.
R: E já podemos ir embora? – disse ela cansada.
S: Já deste os parabéns ao Gaspar?
R: E era suposto?
S: Rachel Barbra Berry?! Claro que sim. A educação acima de qualquer princípio.
R: Ele que se considere parabenizado.
S: Rachel?
R: A Quinn deu.
Q: Sim. Não me parece que lhe faça falta que tu lhe os dês também.
S: Mas o que é que se passa convosco?
R: Quero ir embora.
Q: Temos de ficar para o bolo. Mas depois prometo que vamos embora.
R: Odeio-te! – ela disse aquilo e saiu em direcção ao terraço exterior.
S: Não leves a peito minha querida.
Q: Já deixei de levar. Ela repete todos os dias a mesma coisa.- Shelby riu-se e ambos dispersaram.
As luzes da cidade à noite eram inspiradoras para Rachel. Aquele terraço tinha altura suficiente para ver os pontos principais iluminados. Fechou os olhos, inspirou e expirou quando sentiu uma mão pousar no seu ombro descoberto. Deu a volta e lá estava ele para chateá-la.
G: É interessante ver-te casada.
R: É interessante ver-te solteiro.
G: Eu não me caso. Pelo menos enquanto tu não te divorciares.
R: Eu não me vou divorciar.
G: Ai Rachel. Não acredito que ela te faça feliz. Não acredito de todo que gostes dela.
R: Não é essa a questão.
G: Sim. Acredito que nunca te tenhas querido casar com ela.
R: Não me parece que isso seja da tua conta. Afinal casámos todos, menos tu. Suponho que para a tua imagem não seja de todo positivo teres ficado sozinho.
G: E quem disse que eu fiquei sozinho? Tu sabes que eu nunca dei nada pelo vosso casamento.
R: Não entendo a ligação dessa resposta à minha pergunta.
G: Rachel?! Tu sabes bem que foste a única…
R: Gaspar?! Tu achas mesmo que essa conversa vai passar por uma conversa séria? Não insultes a minha inteligência. Além disso, tu és desprezível. Qual é a mulher que quer realmente casar contigo?
G: Ambos sabemos que se te dessem a escolher entre mim e a Quinn tu não hesitarias em ficar comigo. – ela sorriu com alguma ironia e não disse nada.
Muita coisa a tinha magoado durante toda a sua vida, mas o silêncio de Rachel à pergunta de Gaspar fê-la ponderar se aquele casamento fazia algum sentido. Não estava disposta a ouvir mais nada vindo daquela conversa que era absolutamente ofensiva para ela. O desprezo de Rachel para com Quinn tinha-se tornado tão real que ela preferiu abstrair-se de tudo e desistiu de entrar no terraço. Virou-se em direcção à porta de saída e saiu.
R: Se tu fosses metade do ser humano que a Quinn é, eu até continuava esta conversa, mas tu nunca vais conseguir chegar-lhe aos calcanhares.
G: Rachel, Rachel…
R: E sabes o que mais te chateia no meio disto tudo, Gaspar?! É que tu sabes que é absoluta e indiscutivelmente verdade aquilo que eu estou a dizer. – ela deu dois passos até ele e acrescentou: - E agora se me dás licença, eu vou à procura da minha mulher.
Entrou no salão e olhou à sua volta. Não havia sinais de Quinn. Alcançou Russel com o olhar e foi ter com ele.
R: Russel.
RUSS: Rachel. Mais bem-disposta? – ela ignorou a pergunta.
R: Viste a Quinn?
RUSS: Não. Porquê?
R: Não a encontro.
RUSS: Deve estar a discutir algum negócio. Procura-a.
Nem valia a pena discutir com Russel. Procurou Judy e Shelby, podia ser que a tivessem visto, mas nenhuma sabia dela. Abriu a sua mala e pegou no telamóvel.
Q: Sim. – atendeu a loira com um tom de voz neutro.
R: Onde estás?
Q: No carro.
R: No carro? A fazer o quê?
Q: Nada.
R: Quinn?
Q: Vim só… vim fazer uma pausa dessa festa.
R: Vamos embora?
Q: Porquê? Pensei que te estavas a divertir.
R: E a que propósito é que dizes isso? Eu odeio estas festas, já sabes.
Q: Espero por ti à porta.
R: E vou sair sozinha?
Q: Então Rachel?! Queres que te vá buscar? Fazes assim tanta questão de aparecer comigo?
R: Sim faço. Não vou sair da festa sozinha.
O que é que se passava com ela? Ela tinha uma data de sentimentos contraditórios em relação a Rachel. Após ter ouvido a conversa com Gaspar tinha ficado com a certeza que o divórcio era a melhor opção, e agora ela fazia questão de sair com ela da festa.
O ânimo de Quinn a subir no elavador não era muito, aliás, a sua auto-estima tinha ido pelos ares no momento em que ouviu aquela conversa. Chegou ao piso escolhido e saiu discretamente. Quando chegou perto da porta viu-a ao fundo do salão. Estava sozinha a olhar para as mãos, era linda. “Como é que se pondera viver sem esta mulher? Como é que eu posso sequer ponderar divorciar-me dela? Ela seria mais feliz Quinn. Ou não. Posso perguntar… e vou ouvir o que não quero. Posso esperar mais uns dias a ver o que se desenvolve. Ou se fica tudo igual. Cala-te e vai lá.”
Ela caminhou lentamente em direcção a Rachel, e quando já estava muito perto viu Gaspar aproximar-se com um sorriso.
G: Então Rachel? Sozinha? A Quinn?
R: Foi à casa de banho. Tens alguma coisa com isso?
G: Não sou eu que não lhe chego aos calcanhares? Então?! Acho que posso começar a pesquisar para perceber como é ser a Quinn, mas em versão homem.
R: Adeus Gaspar. – suspirou Rachel cansada de o ouvir.
G: Não sejas desagradável Rachel.
“Dizes-te tão inteligente e depois és estúpida o suficiente para não ficar a ouvir a conversa até ao fim. Inteligente Quinn! Com que tom é que ela lhe terá dito aquilo?”
G: Onde é que ela está? Não me digas que se foi embora e te deixou aqui. Não a vejo.
Q: Estás à minha procura, Gaspar?
G: Ah. Sim, estava aqui a fazer companhia à Rachel que estava sozinha.
Q: Obrigada. – disse Quinn com um tom de voz autoritário que fez Rachel sorrir.
G: Então e estás a gostar da festa Quinn?
Q: Sim. Está um ambiente muito agradável. Obrigada.
G: É um prazer para mim tê-las cá, como já referi.
R: E para mim seria um prazer ir embora. Podemos ir? – disse ela dirigindo-se a Quinn.
G: E os parabéns? Falta cortar o bolo.
Q: Claro. Então Rachel? Temos de cortar o bolo.
R: A sério?!
G: Óptimo.
R: Mas…
Q: Rachel. Vamos apanhar ar, parece-me que a tua impaciência é uma questão física. Vamos lá abaixo ao jardim e já subimos.
G: Sim. Façam isso. Quero-te fresquinha quando eu fizer o meu discurso. – disse Gaspar com um sorriso sarcástico.
Q: Vamos. – Quinn pegou sem medo na mão de Rachel e encaminhou-a directamente à porta. As duas saíram do restaurante e entraram no elavador.
R: Que eu saiba o combinado era irmos embora. – Quinn não respondeu e ela ficou irritada. – Quinn!
Q: Shhh. Não ouves?! Está a apitar ao som dos pisos. – disse ela ironicamente.
R: Não tens gracinha nenhuma.
O elavador chegou ao zero e ambas saíram. Quando estavam à porta do hotel ela parou chateada. Quinn desceu o primeiro degrau e só depois percebeu a ausência de Rachel.
Q: Então?
R: Então o quê? Eu não quero ir passear contigo. – a loira sorriu, voltou a subir o degrau e agarrou-a da mão puxando-a levemente. – Estou a falar a sério e esta situação é surreal.
Q: Deixa de ser tonta. Vamos embora. Achas que vim para baixo para voltar para cima? Vamos para casa.- O sorriso de Quinn a olhar para ela era tão encantador que foi inevitável que ela o devolvesse. Rachel revirou os olhos e desceu as escadas pela mão dela até ao carro.
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E agora? Será que aquela relação evolui, ou volta ao normal??Comentários?Beijinho, e obrigada!