Inalcanzable escrita por Duda


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Acho que vocês não vão curtir o que vai acontecer com Angie agora mas enfim... é necessário. Boa leitura!



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16 de Abril

POV. Angie

Mais uns dias se passaram, completando um mês desde o beijo. Percebam que o tal beijo é um divisor de águas para mim. Havia uma Angeles antes e agora há outra após o beijo. Sim, o beijo fez isso comigo, ele fez isso comigo. No dia seguinte ao que contei para as meninas, ele passou no refeitório durante o almoço, as meninas não souberam disfarçar e ficaram olhando-o, ele percebeu e ao sair do refeitório me fulminou com os olhos, minha única reação foi abaixar a cabeça. Aquele foi o único contato que ele nos permitiu ter durante o mês que passou e isso passou a me torturar. O fato dele me ignorar estava me entristecendo cada vez mais... mas o que eu esperava? Ele é o diretor, Angie, não pode acontecer nada. As meninas perceberam que eu não estava tão bem e sempre tentavam me alegrar, Violetta também o fazia. Todavia, nada era capaz de me distrair, eu pensava nele todos os dias, o dia inteiro.

POV. German

Um mês, eu contei, um mês desde que eu beijei Angeles, um mês que a imagem daquela garota não sai da minha cabeça, um mês que senti os lábios macios dela e aquilo ficara marcado em mim, um mês desde que eu havia gritado com ela impulsivamente sem que ela merecesse. Tão impulsivamente quanto o beijo, tão sem querer quanto as lembranças daquele dia que insistem em permanecer em minha mente. Até hoje eu não fui capaz de entender o porquê de eu ter feito aquilo, de eu não conseguir manter o controle sobre os meus atos. O sentimento de culpa vem me corroendo aos poucos e a preocupação só aumenta. Tudo ficou pior quando, quase duas semanas depois do ocorrido, eu percebi que Angeles havia contado para as amigas pois elas não paravam de me olhar quando eu passava por elas. Isso não podia ter acontecido. Todo esse tempo eu a evitei, não a encarava de jeito nenhum pois eu sabia que se o fizesse, não conseguiria parar de olhá-la e todos perceberiam.

– PAPAI, PAPAI – Violetta entrou correndo e gritando em minha sala, desesperada.

– O que foi? O que aconteceu, meu anjo? – Eu me levantei e fui até ela, me agachando para ficar na mesma altura. Sua respiração estava ofegante.

– A Angie, papai – Eu pressionei os dentes e a olhei sério. Ela disse tentando respirar e falar ao mesmo tempo. – É muito sério papai, vem comigo. – Ela pegou a minha mão e me puxou para que eu a seguisse.

POV. Angie

Hoje, após o término das aulas eu vim para o pátio, estudar, pensar, sei lá, ficar numa boa. Precisava ficar sozinha e se as meninas ou a Vilu vissem que eu estava estudando, elas me deixariam sozinha. Por falar em Vilu, aquelas garotas deixaram de mexer com ela e quando passavam por mim, me encaravam feio e comentavam algo, como se estivessem planejando algo. E realmente estavam.

– É essa aí a garota, Mari? – Um garoto alto, mais alto do que eu, e bem forte estava parado em minha frente de braços cruzados. Eu olhei para cima sem levantar muito a cabeça.

– Sim, Rodrigo. – Mariana estava parada, também de braços cruzados.

– Olha pra mim, garota. – Rodrigo disse e eu olhei dando risada.

– O que é? Veio me assustar?

– Não, vim te dar uma lição por mexer com a minha irmã. – Ao dizer isso, ele me puxou pelo braço bruscamente, fazendo com que eu me levantasse e derrubasse os cadernos que estavam em meu colo. Ele continuou segurando o meu braço. Violetta nos olhava do outro lado do pátio e quando eu percebi que ela ia sair correndo para pedir ajuda, eu fiz um sinal que a deteu.

– Se você não sabe, sua irmã mereceu, ela estava mexendo com uma garota da 6ª série que é a metade do tamanho dela. Agora faça o favor de me soltar.

– Com isso, ele pegou o meu outro braço e ficou assim, me segurando com os braços para trás. A brutamontes da irmã dele me deu dois socos no abdómen, um no canto esquerdo da boca e outro na maçã direita do meu rosto e então Rodrigo me soltou. Eu estava já enfraquecida mas assim que ele soltou meus braços eu voei no pescoço da irmã dele, o que não adiantou porque, em seguida, ele apenas me puxou pela camiseta com tudo, fazendo com que eu caísse com as costas no chão. Ele subiu em cima de mim e me deu mais alguns socos no rosto, praticamente nos mesmos lugares que a irmã dele havia batido, enquanto ela e a outra me davam chutes nas pernas. À essa altura, Violetta já tinha corrido para pedir ajuda. Até que eles pararam, saíram correndo, e eu fiquei ali, completamente sem forças para me levantar e completamente sem noção das coisas. Eu estava com dor e não conseguia abrir os olhos direito. Alguns minutos se passaram e eu escutei uma voz firme que eu logo reconheci. Ele falou comigo e  eu consegui responder. Logo depois ele gritou, não comigo. Depois, eu o senti me pegar no colo delicadamente e sem pensar eu envolvi meus braços em seu pescoço e encostei minha cabeça entre o seu ombro e o seu pescoço. Eu podia escutá-lo murmurando que tudo ia ficar tudo bem, que ele ia cuidar de mim.

POV. German

Segui Violetta até o pátio, que estava vazio, exceto por três pessoas que ali estavam. À medida que fui me aproximando, os três saíram correndo e meu coração acelerou quando eu percebi que havia uma quarta pessoa ali, estirada no chão, e que essa pessoa era Angeles. Ela tentava se levantar do chão mas não conseguia. Aquilo me doeu e me desestruturou, saí correndo ao seu encontro, desesperado. Violetta já estava chorando.

– Angie, fala comigo, por favor, fala comigo. – Eu disse, me agachando e colocando o braço por trás da cabeça dela, levantando-a um pouco.

– German. – Foi o que ela conseguiu dizer e aquilo me aliviou um pouco pois, ao menos, ela não estava inconsciente.

– CADÊ OS INSPETORES DESSA MERDA? – Eu gritei olhando em volta e depois olhei-a.

– Não sei papai, ajuda ela, olha como ela está. – Violetta disse. Olhei impaciente para o relógio de pulso para ver se ainda tinha alguém na enfermaria mas não tinha, o horário deles era até às 16h e já eram 17h

– Calma Vilu, o papai vai ajudar mas faz um favor pra mim, – Eu disse enquanto pegava Angie no colo. – você sabe o número do quarto dela? – Eu queria levá-la para minha casa, lá eu teria mais liberdade para cuidá-la, mas eu não podia.

– Sim, é 54. – Vilu disse, chorando.

– Então, peça ao inspetor Pablo que encontre uma caixa de primeiros socorros na minha sala e leve ao quarto dela. Eu vou levá-la para lá. Vai ficar tudo bem, meu anjo. – Eu tentei confortar Vilu mas por dentro eu estava morrendo de medo de que fosse algo mais sério, de que Angie não ficasse bem. Enquanto eu a levava para o quarto dela, podia sentir sua respiração pesada em meu pescoço, ela estava com um pouco de dificuldade para respirar e aquilo estava me preocupando demais.

– Calma Angie, vai ficar tudo bem, eu vou cuidar de você, meu amor. Calma. Confia em mim. – Murmurei, sem querer, e beijei sua testa por impulso. Eu sentia uma palpitação enorme em meu peito.

– Eu sei, German, eu confio em você. – Angie murmurou.

xxx

POV. Off

– O que aconteceu? – Camila perguntou preocupada assim que abriu a porta do quarto e se deparou com uma cena que ela teria achado linda se não tivesse ficado preocupada demais. German entrou no quarto com Angie em seu colo e com um semblante extremamente preocupado, estava transtornado.

– Ela foi espancada. – German disse baixo, colocando Angie na cama dela.

– O senhor não viu quem foram? – Fran perguntou, German sentou-se na cama ao lado, apoiou os cotovelos nos joelhos, levou as mãos até a boca e segurou a cabeça com os polegares, suspirou e balançou a cabeça negativamente olhando para Angie. German não parava de balançar as pernas. Estava visivelmente desesperado.

– Meu Deus... Angie... Angie...

– Calma, Cami, eu vou ficar bem. – Angie falou, fraca. – Eu quero água. – Fran retirou uma garrafa de água de uma geladeirinha que tinha no quarto, pegou um copo, o encheu e entregou à German. Ele estendeu a mão, pegou o copo, segurou o queixo de Angie com uma mão, encostou o copo no lábio inferior dela e deixou a água escorrer lentamente para dentro da boca dela. Em seguida, colocou o copo ao lado da cama de Angie e, sem perceber, passou a mão rápida e carinhosamente no cabelo dela e continuou olhando-a. As meninas surpreenderam-se com aquilo.

– Obrigada – Angie murmurou.

– O senhor não vai fazer nada? Vai ficar aí olhando-a? – Cami disse depois de juntar toda a coragem que ela possuía, Fran a olhou surpreendida e German permaneceu imóvel. Ambas estranharam pois esperavam que ele gritasse com elas mas isso só fez com que elas percebessem que ele estava realmente transtornado pelo que aconteceu.

– SENHOOR – Fran gritou e ele a olhou, sério. E então entraram Pablo e Violetta no quarto. Pablo trazia uma caixa de primeiros socorros e Violetta apenas chorava. German levantou e pegou a caixa da mão de Pablo. Estava notavelmente nervoso.

– Senhor, quer que eu faça os curativos? – Pablo disse percebendo o nervosismo de German. Angie estava com alguns ferimentos no rosto, seu supercílio direito e esquerdo e o canto esquerdo da boca sangravam um pouco.

– Não – German disse firme enquanto abria a caixa. Sentou-se na cama de Angie, ao lado dela. – Encha esse copo de água. – Disse entregando o copo para as meninas, Cami o pegou, encheu e o devolveu para German. Ele molhou uma flanela e passou no rosto de Angie com cuidado. – Angie – Ele murmurou. Todos se surpreenderam por ele chamá-la assim – Fora os machucados, você está bem, né? – Ela abriu um olho apenas pois o outro estava um pouco inchado.

– Sim, German – Ela murmurou e ele ia esboçar um sorriso mas lembrou que tinha mais gente ali.

– Ok, eu vou te dar um remédio, um analgésico para a dor, vou amassá-lo e misturá-lo com a água, tudo bem? – Ele disse calmamente.

– Sim.

German levantou um pouco mais o corpo de Angie, fazendo-a encostar as costas na cabeceira da cama. Pegou o remédio e fez o que havia dito, Angie abriu a boca e German posicionou a superfície do copo delicadamente entre os lábios dela. Ela bebeu toda a água enquanto conseguiu abrir o outro olho lentamente. German pegou um algodão e o antisséptico e começou a limpar o supercílio direito de Angie. Passou o algodão carinhosamente no ferimento e quando ela se incomodou um pouco pela ardência, ele aproximou os lábios ao machucado e assoprou vagarosamente. Repetiu o procedimento com os outros ferimentos, até pararem de sangrar, e estremeceu um pouco quando teve de assoprar o ferimento no canto da boca de Angie. Depois, passou uma pomada para o roxo sair e para desinchar, pegou gaze e esparadrapo e finalizou os curativos. Olhou ao redor e todos o olhavam surpreendidos, até Vilu, que já havia parado de chorar. Fechou a caixa de primeiros socorros e deixou ao lado da cama de Angie. Levantou-se e olhou para Vilu.

– O que aconteceu, Violetta? – Violetta sentou nos pés da cama de Angie.

– A Angie apanhou por minha causa, papai – Vilu disse olhando para baixo.

– Não foi por causa dela Ger... Sr. Castillo – Angie disse, já estava um pouco melhor. German evitou olhá-la. – A alguns dias atrás duas garotas estavam enchendo o saco dela, eu vi isso e fui tirar satisfação com elas, acabei empurrando uma delas no chão. Hoje quando eu estava estudando no pátio elas apareceram junto com o irmão da que eu empurrei. Ele me segurou enquanto a irmã me dava uma surra. – German olhava para o chão, pensativo. – E é claro, ele também me bateu.

– Quem são eles, Vilu? – German perguntou olhando para Vilu.

– Rafaela Monteiro e Mariana Gallardo da 8ª série e Rodrigo Gallardo do 1º ano.

– Galindo, por favor, mande-os para minha sala, eu já vou indo. – German disse para o Pablo, que saiu à procura dos três. – E a senhorita – Olhou e apontou para Vilu – eu não quero você se metendo em encrenca por aí.

– Mas papai...

– Droga Violetta, eu só te peço isso. – German disse alterando-se

– Não fale assim com ela, ela não teve culpa de nada – Angie interveio alterando-se também, apesar da fraqueza. German continuou olhando para Vilu. – Se você prestasse mais atenção na sua filha, perceberia que ela sofre por você ser um idiota.

– Como assim, Violetta? – German estava ignorando Angie. Violetta ficou quieta.

– Alguns alunos idiotas desse colégio a provocam e não a deixam em paz apenas pelo fato de ser sua filha. – Angie falou e estava ficando extremamente incomodada por German a estar evitando.

– É verdade isso, Vi...

– MAS QUE DROGA, OLHA PARA MIM, GERMAN - Angie juntou todas as suas forças e gritou quando percebeu que ele ia ignorá-la novamente. As meninas olhavam tudo perplexas. O sangue de German subiu e ele queria respondê-la mas apenas olhou para baixo e suspirou profundamente.

– Cuidem dela e qualquer coisa mandem me chamar. Não a acordem para a aula amanhã, ela precisa dormir. Dêem o remédio quando voltarem da aula. – German disse, por fim, às meninas. Pegou Violetta pela mão e saiu do quarto. As meninas ficaram olhando perplexas para a porta e logo depois olharam para Angie. Ficaram alguns minutos assim, até que Angie começou a chorar e se encolheu em sua cama, elas entenderam que Angie não queria conversar, não queria fazer nada. Ela ainda sentia muita dor mas nenhuma dor física era maior do que a dor da humilhação, porque era isso o que ela sentia, era isso o que ele estava fazendo com ela. 


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Notas finais do capítulo

Talvez eu poste mais um à noite. Espero que tenham gostado. Bjks, meninas.



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