Ulquiorra ao afastar meus braços, virou-se para me encarar, não poderia agüentar aquilo por muito mais... permaneci em silencio com a cabeça baixa, apenas esperando pelo som de seus passos se distanciarem dali, mais aquele som não vinha..

- U-Ulquiorra-kun..?- Ulquiorra com seus gelados dedos, levantou suavemente minha cabeça, fazendo com que eu o olha-se e ao fazer isto vi que ele não parecia bravo, não tinha expressão alguma em seu rosto ele.. ele simplesmente me observava como se estivesse esperando, para que eu pudesse me recompor.

- Está tudo bem.. pare de chorar- Ao dizer isso Ulquiorra me surpreendeu com um forte abraço, fiquei sem entender o porque daquele repentino abraço, até me perguntei o que estava realmente acontecendo- Agora vamos até Aizen-sama.

- Hai..                                                                                                                       

- O que foi? Pensei que expressávamos nossos sentimentos através de gestos, para aqueles que gostamos, sem ter um motivo específico, você
não gostou?

- Gostei, só não estava esperando..

-Bom.. então vamos até Aizen-sama que já deve estar nos esperando.

Eu o segui por um longo corredor com paredes brancas, várias pilastras e passávamos por várias portas. Pensei que íamos para a mesma sala onde Aizen estava pela primeira vez, mais ao invés disso Ulquiorra me levava á outro lugar, quis perguntar onde estávamos indo mas preferi permanecer em silencio. Chegamos então até uma grande porta, que era bem maior que as outras, Ulquiorra a empurrou com facilidade e entramos, a sala era muito escura, apenas uma luz revelava o seu interior, e havia uma grande mesa que me lembrou a mesa da casa dos amigos de Nel, a não ser pelo fato desta ser bem maior e branca com altas cadeiras. Caminhei lentamente até a cadeira onde Ulquiorra me pediu para sentar, ele foi até a mesa e se sentou também, logo percebi que todas aquelas cadeiras estavam ocupadas. Levemente algumas luzes foram se acendendo, e então pude as pessoas que estavam sentadas.

- Então é essa a humana?- Uma mulher morena, de cabelos dourados que usava uma roupa que deixava parte de seus seios amostra, parecia querer ter certeza se era realmente eu, mais não entendi o porquê disso.

- Bem, pelo que parece é ela mesma- O rapaz que estava sentado ao lado de Ulquiorra, era bem mais alto que ele, o rapaz  estava debruçado na mesa apoiando seu rosto em uma das mãos, seus cabelos eram de um castanho escuro e desciam á altura dos ombros, seus olhos eram azuis, e em seu pescoço havia uma máscara que me lembrava a mandíbula de um lobo e como todos ele usava uma roupa branca com detalhes em preto.

- Inoue Orihime, quero que conheça os Espadas, alguns você já conhece- Aizen descia de seu trono e vinha em minha direção- Neliel, Nnoitra, Grimmjow, Szayel e Ulquiorra foram ordenados a ir a terra e ficarem juntos a você. Eles tinham que te ajudar a libertar seus poderes, além de afastar qualquer ameaça de você incluindo os shinigamis ou melhor confundirem a Soul Society.. Bom esse era o real objetivo deles.- Ele agora estava bem em minha frente e olhava diretamente em meus olhos.

“Real objetivo? Todos eles estavam apenas mentindo para mim? Que dizer que eles não são minha família.. e tudo que vivi até agora era falso? Eu.. eu.. não posso acreditar nisso! Quando penso que havia encontrado algo que realmente poderia confiar, fui enganada..”

 As palavras de Aizen embaralharam minha mente, não consegui compreender, e comecei a chorar. Olhei para o lado e vi Neliel parada ao lado de Nnoitra, ela agora tinha uma máscara no alto de sua cabeça, que lembrava o crânio de um animal com chifres curvos e em seu rosto uma marca rosa ia de bochecha a bochecha. Por um breve instante pensei ter visto seus olhos castanhos claros encherem-se de lágrimas, Grimmjow, Ulquiorra, Nnoitra e Szayel se mantinham sérios com os olhos mirados para a mesa, os outros pouco pareciam se importar com o que estava acontecendo, Aizen levou um de suas mãos até meu queixo me obrigando a olhar diretamente em seus olhos.

- Inoue Orihime, preciso de seu poder para realizar meu plano. O seu poder de rejeitar qualquer coisa no universo é de vital importância para a utilização do Hogyoku. Então não chore, sorria não queremos que se sinta mal.

Ele se afastou de mim e voltou ao seu trono. Não conseguia falar.. Hogyoku? O que é isso? Não conseguia parar de chorar, foi quando um rapaz moreno de óculos e cabelos roxos servia uma xícara de chá.

- Todos estão dispensados. Ulquiorra você vigiará a Inoue, Neliel você também, e todos se preparem para futuros ataques e Inoue fique aqui, tenho que falar com você.

Aos poucos eles foram se retirando, muitos deles passaram e nem se importaram comigo. Nel ainda estava com seus olhos marejados.

- Desculpe, Inoue-Chan..-  Grimmjow passou por mim, mas diferente de todas as vezes que o vi, ele não sorria nem nada apenas passou por mim com a cabeça baixa. Szayel e           Nnoitra apenas olharam ao passar.

Quando todos saíram, alguém fechou as portas, um rapaz magro, com cabelos curtos de um tom claro de lilás, ele sorria e mantinha os olhos fechados, suas roupas eram brancas e usava uma espada presa próxima de seu peito.

- Aizen- Taicho tudo está pronto.- Aizen levantou sua mão a altura de seu estomago e do chão surgiu uma pequena pilastra que aos poucos ia se desfazendo.

- Obrigado Gin, Inoue venha até aqui.

Fui em sua direção e conforme me aproximava, pude ver uma sutil luz roxa aparecer na parte superior da pequena pilastra. O rapaz que Aizen chamou de Gin se aproximava junto comigo, meus olhos ainda ardiam e lacrimejavam um pouco. A luz surgia de uma pequena pedra, que parecia um pequeno cristal roxo que cintilava tranquilamente. Fiquei parada observando aquela pequena pedra que Aizen guardava com todo cuidado.

- Ele é lindo, não é?- Gin sorria para mim e antes que pudesse responde-lo Aizen o interrompeu.

- Me desculpe, Aizen taicho- Ao dizer isso ele apenas deu alguns passos para trás e permaneceu em silencio.

- Inoue Orihime, este é o Hogyoku- Aizen segurou a pequena pedra, ele sorria como se fosse algo extremamente poderoso- Inoue, quero que você rejeite os problemas desta pedra. E como sei da magnitude de seu poder não terá como negar.

Não disse nada, apenas me aproximei daquela pequena pedra, levantei minhas mãos sobre ela e a luz laranja envolveu toda a pedra, que logo foi ganhando um brilho mais vivo. Aizen sorria como se tudo agora estivesse perfeito, que agora estava tudo pronto.

- Terminei.. está bom?- me afastei para que ele pudesse ver se estava de seu agrado. Aizen se aproximou e começou a observar o Hogyoku, seu sorriso se tronava cada vez maior e seus olhos eram de total alegria.

- Como imaginado, está perfeito.- Ele passou a mão em seus cabelos e voltou para seu trono- Pode voltar ao seu quarto. Ulquiorra leve ela de volta ao seus aposentos.

- Sim, Aizen-sama- Ele me esperava na porta, fui em sua direção e juntos saímos.

Caminhamos novamente por aquele mesmo corredor, fiquei a observar as costas de Ulquiorra que por um momento voltei a pensar no que Aizen havia dito, a expressão de todos e na atitude de Neliel.. meu coração estava apertado não saber da verdade ainda me magoava muito, desde o dia em que soube do kurosaki-kun, mentiras me incomodavam muito. Quando tomei  coragem para falar com ele, havíamos chegado em meu quarto, Ulquiorra abriu a porta e vi quem Neliel já estava lá dentro, sentada no sofá.

- Inoue, sua janta está na mesa, dentro de um hora estarei de volta.. Neliel disse que quer falar com você- Eu entrei e ele fechou a porta me deixando sozinha com Neliel.

- Inoue...

- Neliel.. porque você mentiu?- Procurei não olhar em seus olhos pois estava prestes a chorar novamente- Você mentiu para ser minha amiga?

- Não, Inoue eu apenas menti para poder criar uma vida na terra e poder me aproximar das pessoas. Eu nunca menti em ser sua amiga- Nel veio em minha direção e segurou minha mão- Inoue, por favor me escute. A minha missão era ir para terra e te procurar, uma outra parte era fazer você se sentir confortável perto de mim e dos outros- Me virei para olhar em seu rosto, seus olhos já estavam cheios de lágrimas- Eu, não imaginava que te consideraria minha família, você acabou virando minha irmã. Acabou fazendo com que eu me sentisse viva.. Por isso não quero que nada, aconteça com você, eu nunca menti para você!

Eu não sabia o que falar, estava triste por descobri a mentira, estava confusa pelo o que Neliel me falava. Mas por mais duvidas que tivesse, por mais que as pessoas façam o mal.. eu.. eu.. não consigo odiá-las, não consigo fazer coisas ruins, tudo que a Nel me disse soou tudo verdade, seus olhos, sua voz, sua atitude, tudo revelava a sua tristeza seus verdadeiros sentimentos.

- Inoue, por favor me perdoue- Eu não agüentei e chorei. Abracei Nel, que parecia chorar o dobro que antes. Eu a considerava minha irmã mais velha, meu coração estava apertado e minha garganta parecia estar com um nó.

- N-Nel.. por favor não esconda mais nada de mim, por favor- Nel me abraçou mais forte.

- Pode deixar Inoue, eu não esconderei nada- Ela se afastou e começou a limpar suas lágrimas- Acho melhor você comer e descansar um pouco.

- Hai..- Fui até a mesa e vi meu jantar que mais parecia uma sopa acompanhada de pães e um copo de água.

Enquanto comia, Nel se despediu e disse que qualquer coisa era apenas chamar, terminei e peguei uma roupa mais fina para dormir. Achei em uma das gavetas uma camisola de seda, me troquei e deitei para dormir. Fiquei deitada mais não consegui dormir, veio a imagem de Kurosaki-kun em minha mente di novo, estava tentando esquecê-la quando escutei alguém entrar em meu quarto.