Ruquinha! escrita por Manu Vecce, Mitty


Capítulo 2
Ai meu deus da santidade sorridente!


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— Por que você não chega como um ser normal e fala um "oi" com ele? Aposto que ele iria conversar com você — sugeriu Nando. Puta que pariu, ele não sacou ainda que eu não sou “normal”?

— Porque eu travo na hora de conversar com ele — respondi, me sentindo derrotada.

— Você tem que ver quando ela tem que dividir o livro com ele, seu rosto fica da cor do cabelo de tanta vergonha — disse Miranda. Fofoqueira, tinha que abrir a boca mesmo.

— Você dividiu o livro com ele e não conseguiu falar nem um “oi”? O problema é sério mesmo, em?! — perguntou Alan.

— Fazer o que né?! — suspirei.

—Como vai ser a próxima tentativa? — perguntou. Ô loirinho curioso.

— Será que se eu parar na diretoria ele presta atenção em mim?! — me questionei em voz alta, pensando em uma ideia bem absurda.

— O que você está pensando em fazer, Lily? — perguntou Miranda, preocupada.

— Vocês vão ver — disse, levantando do banco.

Pequei velocidade com o meu skate, entrei na diretoria e peguei o microfone. Se eu fizer o que estou pensando em fazer, a coisa vai ficar feia pro meu lado, mas como eu havia dito: eu faço de tudo por esse garoto. Liguei o microfone e o som, coloquei um rock (AC/DC, Hard As A Rock, clássico) no volume máximo e voltei para o pátio com o microfone na mão, mas antes passei a mão no fone de ouvido do Luca e tirei o mesmo.

Na hora suei frio, é a primeira vez que encosto nele de propósito. O Luca me olhou (ELE ME OLHOU) e depois que percebeu o rock do bom ele sorriu. Ai meu deus da santidade sorridente, ele tem o sorriso mais lindo do mundo! E dessa vez eu fiz ele sorrir, não foi uma pessoa qualquer, foi eu! Ele é perfeito! Deus, eu quero ele só para mim! Sorri de volta envergonhada e falei no microfone:

— Meu povo — esperei todos olharem, e continuei. —, vamos fazer dessa sexta-feira a mais louca e divertida de todas que já tivemos nesse inferno? Bora? Então é o seguinte, quero todos os roqueiros e os não roqueiros no meio do pátio dançando junto comigo.

Os meus amigos que me amam muito resolveram entrar na brincadeira, e nós começamos a dançar no meio do pátio feito loucos. Alguns meninos curtiram e começaram a dançar junto com a gente e, depois de alguns segundos, a maioria dos roqueiros já estavam dançando no pátio.

O Luca ficou rindo olhando a gente dançar, ele riu pela primeira vez graças a uma doideira minha. Algumas patricinhas começaram a dançar também, só para se amostrar. Dançaram feito lacraia, ri muito disso. A maldita diretora apareceu e veio em minha direção, pois eu estava com o microfone na mão.

— Me devolve esse microfone, Lily — mandou a diretora Silvia, mais conhecida como Cão do inferno.

— Relaxa, por que não curte esse rock com a gente? — me arrisquei sorrindo.

— Se você não me entregar esse microfone agora e não tirar essa maldita música do inferno, você vai relaxar em casa por uma semana — ameaçou o demônio.

— Se aqui é o inferno, a música tá perfeita — rebati.

— Como é que é? — perguntou, encarando-me com raiva.

— Nada, vou lá desligar a música — respondi, entregando o microfone pra velha.

Voltei para dentro da diretoria e desliguei o som. Quando estava saindo da diretoria, o Luca sorriu e fez um sinal de rock com a mão para mim. Eu fiz o mesmo sinal para ele, e continuei andando em direção a minha amiga Miranda, mas é claro que eu não fui que nem um ser normal andando. Fui pulando e correndo feito uma louca. Abracei a Miranda quase esmagando ela e a mesma não entendeu nada.

— O Luca sabe que eu existo agora — comemorei. — Bem, ele provavelmente não sabe o meu nome, mas o que isso importa agora?!

— Por que não tenta puxar assunto com ele dentro de sala? — perguntou Miranda.

— Ele vai falar que estou o atrapalhando a estudar, lembra como ele falou com a Kellen? — retruquei, conformada.

— Verdade, vai fazer o que para chamar a atenção dele novamente? — indagou Miranda.

— Ainda não sei — respondi, tentando pensar em alguma coisa.

A diretora se aproximou novamente de mim.

— Lily... Como sempre aprontando, não é? Só vou te dar um único aviso, se você fizer mais uma gracinha, seus pais vão ser convidados a fazer uma visita à escola — avisou a diretora, me encarando.

— Beleza, chefona — respondi, em tom de deboche. A velha além de chata, é uma péssima piadista.

A diretora saiu de perto de mim e os alunos voltaram a sentar nos bancos, esperando a hora de entrar para a sala. Fernando e Alan estavam com a turma deles agora, então resolvi não falar nada. Infelizmente não sou muito de conversar com o povo que é mais velho que eu, eles acham que eu sou um ser drogado ou algo do tipo.

Fiquei balançando a Miranda pra lá e pra cá, olhando para o Luca que agora está lendo o livro com o fone no ouvido. O sinal tocou, e todos começaram a se levantar para fazer a fila e cantar o hino do Brasil, que infelizmente temos que repetir todas as sextas.

Fiquei atrás da Miranda na fila. E do meu lado, na fila dos homens, estava o Luca, lendo até a diretora passar o microfone ao professor de ensino religioso que sempre faz uma oração. A escola ficou em silêncio ouvindo a oração do professor. Bem, certas pessoas continuaram a conversar.

Luca olhou pra mim e riu. Eu não entendi nada, então fiquei cutucando a cintura da Miranda, que me deu uma cotovelada na barriga e me fez resmungar de dor (essa filha da mãe é muito forte). Algumas pessoas que estavam perto de mim ouviram, e me olharam com cara de tacho, já outras, ignoraram. Me ajoelhei no chão apertando o lugar onde a vaca me bateu, e o Luca se abaixou e me olhou.

— Você está bem? — perguntou Luca.

— Eu... Eu...

Não deu para responder, ele estava na minha frente, me olhando, falando comigo. Como eu iria conseguir conversar com ele? Me deu uma vontade de vomitar, uma vontade de sair correndo, de abraçar ele, de falar “Eu te amo” e de gritar. Comecei a ficar sem ar, estava com a face toda vermelha, e já não conseguia escutar mais nada. Meu Deus, o Luca está falando comigo, ele está me olhando, ele está na minha frente!


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.
Até logo!



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