Ele passou pela rua da praça, pela rua da escola, fazendo algumas brincadeirinhas na moto, que, confesso, me deixaram com muito medo. E como eu sou eu, acabei batendo nele, mas ele parecia se divertir com isso. Passamos em frente ao shopping e vi vários casais se pegando na porta. Fiz língua para eles e alguns mandaram dedo. Eu sei, sou piradinha da cabeça, quem com sanidade mental faria língua para um bando de gente que nem conhece? Prazer, meu nome é Lily.

Não demorou muito para ele parar a moto em frente à uma sorveteria. Ele pediu pra eu descer da moto. Caminhamos até a sorveteria e, quando sentamos, uma mulher veio pegar o nosso pedido. Pedi um sorvete de morango com cobertura de chocolate com granulados coloridos. O Luca pediu sorvete de limão com cobertura de morando e com granulados de chocolate. Ficamos sem falar nada até a moça voltar com os nossos sorvetes.

— Quero te dar uma coisa — ele disse, me olhando.

— O quê? — já comecei a ficar curiosa.

— Fecha os olhos.

— Sério isso?

— Sério! Se não fechar, não vai ganhar — ameaçou, sorrindo.

— Tá bom! Tá bom! — fechei os olhos.

Ouvi alguns barulhinhos, mas continuei com os olhos fechados. Assim que ele disse que eu podia abrir os olhos, eu abri. Ele segurava uma caixinha, com dois pingentes dentro. São dois bonequinhos, sorrindo juntos, de mãos dadas. Uma menina e um menino.

— O que...

— Vou te dar a menininha, aí você coloca onde quiser. Eu vou ficar com o menininho. Vou colocá-lo junto com a minha chave de casa — ele separou a menina do menino e depois me entregou a menina que sorria.

— Tem algum problema se eu colocar como pingente do meu cordão? — admirei o pingente.

— Não — Tirei o meu cordão e troquei as bonequinhas. Guardei a bonequinha chorona no bolso e fiquei passando a mão no meu mais novo pingente. — Gostou?

— Amei! Ela é perfeita — sorri.

— Que bom! Tem muito tempo que eu havia comprado ele para te dar — ele encarou o seu sorvete.

— Sério? — perguntei surpresa.

— Sério. Penso em você há muito tempo — ele me olhou e eu olhei para o meu sorvete.

Assim que terminamos de tomar os nossos sorvetes, fomos dar mais uma volta de moto. Passamos em frente à praia e a vários lugares legais. Percebi que, em um certo ponto, onde logo a frente havia um paredão, que eu e os meus amigos chamávamos de paredão-branco, o Luca parou a moto e mandou eu descer da mesma.

— O que foi? — tirei o capacete.

— Vem comigo — ele me puxou depois que desligou a moto.