Desembarcamos do táxi carregados de compras... tintas pesadas, rolos de tinta... estava me sentindo um burro de carga.

Abri a porta de madeira branca... era... era... era um apartamento.

Hahaahaha, acho que deu para sentir a minha decepção. Era mais ou menos pequeno. Mas como era para uma pessoa só...

-É... hm.... Adorável. - falei jogando as sacolas quase rasgadas no chão.

-É assim que as garotas falam para um cara que não gostaram do presente?- ele perguntou.

Fiquei vermelha.

-Talvez...

Era tudo tão velho! Pelo menos tinha a parede de vidro. 

-Ah... Talvez, depois que melhorarmos aqui, você goste tanto desse lugar a ponto de nem se lembrar do meu. hahahaha. 

-Hahahaha, espero.

As obras começaram logo depois que o diálogo terminou. 

Começamos pintando o quarto. Forramos o chão para não pingar e manchar.

-Ei, olha...- quando eu me virei, eu me virei muito perto de Nicolas. Que acabou me pintando.

-Nossa... hahaha... me...hahaha...

Eu peguei meu pincel e pintei-o também.

E ficamos nessa guerrinha por umas duas horas. Meu cabelo estava ... não era meu cabelo.

-Sabe, nós temos que terminar ,pelo menos, o quarto hoje... - ele sentou no chão e riu.

Eu sentei ao seu lado, ri e disse que sim.

Quando terminamos, olhamos e sorrimos para as paredes cor de creme ( que me lembrava sorvete... hmmmm...).

Ele tirou um lenço do seu bolso e passou na água.

-Pera, ainda tem uma sujeirinha aqui.- ele limpou meu rosto cuidadosamente.

-Obrigada.

-Eu realmente gostei do seu cabelo assim.- ele tocou em uma mecha do meu cabelo.

-Obri...obrigada.

E então meu celular tocou! Quem ligaria para mim? Ninguém tem meu número!

-Meu Deus! VOCÊ A TIROU DE MIM!!!!! Por que, Deus? Eu não sou mais mãe de uma garota! Não vou vê-la se casar,não vou vê-la engravidar...- reconheci o número da minha mãe... 

-Kat...

-Minha mãe. É a minha mãe! Mas...- eu estava em choque.

-Você... mas...

-ELA ESTÁ ME LIGANDO!

-COMO?- ele também não sabia.

-Tá mesmo me perguntando?

-Imagine um espírito muito poderoso.- ele falou fechando meus olhos com suas mãos( enormes ,por sinal).

-Okey.

-Agora, um espírito que recebe ligações, tem o DOBRO de poder.Esses podem se comunicar diretamente. Consegue mover objetos... brincadeira do copo... mensagens por sonhos...

Tirei suas mãos de meus olhos.

-EU POSSO FALAR COM A MINHA FAMÍLIA!- eu o segurei pelos ombros.

-Mas você ainda não tem...

-ME ENSINA! ME ENSINA A MEXER NAS COISAS! A VOLTAR NA TERRA! Me ensina!- eu implorava com lágrimas nos olhos.

-Nem precisava pedir... eu ia oferecer.- ele dei de ombros.

Eu me ajeitei.

-Obrigada. - e eu simplesmente deu um selinho nele. Nem havia pensado muito. Originalmente era para ser na bochecha ... mas estava escuro...

-Me... me...

-Não se desculpe.

-Okey.... não vou.- falei enquanto dava as costas e abria a porta do apartamento para que eu saísse.

-Você vai precisar das chaves... 

-HAHAHAHA- risada nervosa- verdade.

-Aqui está. Tome um banho.... vou terminar de arrumar umas coisinhas aqui.

E assim foi feito.