Até Que A Vida Nos Separe escrita por Lais Loureiro
-Vejo que não morreu! E chegou aqui bem. -falou O cara. Sua roupa já era diferente. Ainda era a mesma calça, mas a blusa agora era sem mangas e era branca. Seu cabelo estava molhado , deixando-o ainda mais lindo.
-Seu filho da mãe! COMO VOCÊ ME DEIXOU SOZINHA! ACHEI QUE IRIA MORRER! -levantei meu corpo do banco verde e gritei.
-Nossa,como esse corpinho tem essa voz potente! - ele riu.
-Ah! Que raiva!- gritei e saí marchando. Meu vestido preto estava sujo de lama, meu cabelo estava MARROM! Minha sapatilha acabada e eu necessitava de um banho! Não queria um cara ( mesmo que bonito) enchendo meu saco.
-Ei, ei! Aonde você vai?! - ele perguntou
-Pra algum lugar que me queiram. E que tenha um chuveiro!Ah! E muuuuuuuuito guaraná! - gritei sem parar com o meu trajeto.
-Quem disse que no meu apartamento não tem chuveiro nem guaraná? E quem disse que eu não te quero... - eu parei de caminhar, ele me queria? - por perto? - ah...
Dei meia volta, ainda estava de nariz empinado...
-Tem água aquecida?- perguntei sorrindo.
Seguimos um do lado do outro, sem falar uma palavra.
Era tudo tão real! Tudo tãããããããão vivo! Era uma cidade de verdade! Carro, metrô , prédios, casas! Num primeiro momento, achei ser o Rio. No momento do garotinho, mas depois de uma caminhada de 15 minutos, vi que era totalmente diferente. Mas civilizado, mais limpo.... Mais inacreditável.
-Você parece como uma criança na loja de brinquedos. Não sabe qual levar.- ele comentou olhando para o meu rosto. Sujo.
-Estou pensando em como tudo é....verdadeiro! -falei sem tirar os olhos do caminho.
Ele sorriu ainda mais.... Meu deus! Se todos os guias fossem assim...
Não. Seria terrível! Eu não acredito q eu acabei de realmente pensar nisso. Eu acabei de descobrir que minha melhor amiga está grávida do meu namorado ( que quer que ela aborte). Eu não posso estar querendo ficar com o meu guia morto no mesmo dia que eu descobri que morri!!!
-Hein... - ele me olhou estranho.
Eu ri. Esperando que aquilo fosse uma piada.
-Você não ouviu.... Estava pensando em como seria a gente como casal. - ele riu.
E eu corei. Absolutamente corei.
-Eu não estava não! Vai me desculpar, mas há coisas muito mais importantes do que pensar num cara que se acha o gostoso.... ainda mais se você descobriu que morreu no mesmo dia. - falei esperando que meu rosto não estivesse tão vermelho.
-Ah... sei...- ele falou com um tom meio triste. Com olhar de panda espancado ( ou seria cachorro abandonado?).
-Então... você prefere a fitinha dos bem-casados rosa ou verde? - perguntei. Ele riu do comentário. Seus olhos verdes brilhavam. Ali eu não via O Cara.... eu via um garotinho que não sabia ao certo se estava tudo bem.
-Verde.Com estrelas do mar. - ele fez graça.
-Você não me falou o seu nome.
-Nicolas. Mas pode me chamar de Nico.- eu torci o nariz para o apelido que não lembra nem um pouco o dono do nome.
-Okey, Nick. - eu ri.
Chegamos na portaria de um prédio branco e bonito. Espelhado. Ele pegou uma chave do bolso e me mandou entrar. O sol já começava a se pôr, dando um tom laranja ao céu.
Pegamos o elevador e fomos até o último andar. Chegamos no apartamento 2003 ( havia 20 andares! Era um MEEEEEEEEGA prédio.). Mas o melhor, era o interior. Não era um apartamento imenso. Tinha apenas um quarto ( que era muito grande. Equivalia a três do meu antigo. Que tinha 20 metros quadrados. Ou seja, 60 metros de PURO QUARTO!).
Na sala , tinha uma mega TV , e uma parede de janela ( sabe aquela parede que tem na casa do homem de ferro? Que tudo seria vidro?) A cozinha era linda. Tudo era lindo.
-Vi que você gostou.- ele riu da minha cara de boba.
-É... uau. É lindo. Deve ser caro.- falei tocando de leve o tecido do enorme sofá.
-Tudo é de graça. Quero dizer, você recebe uma cota de 20.000 tickets por mês. Não importa se você é um imprestável. Eu só juntei, eu aluguei. Ah, o aluguel é por ano.
-Hm.... eu quero ir no banheiro. Tomar banho...-fale sem saber onde me enfiava.
Eu dei uma olhada pelo ombro de Nick e vi que já estava completamente escuro. E a cidade estava toda iluminada. Era de tirar o fôlego.
-A toalha está no armário de baixo da pia. Eu só não tenho roupas de mulher... Mas posso ver se a Joyce tem. - ele falou apontando o polegar para a porta.
-Sua namorada...
-Não! Minha vizinha. A família dela toda morreu em um incêndio. Em Nova York. A filha dela tinha 19 anos. Michaela. Vocês devem usar o mesmo tamanho. Vai tomando o banho que eu vou buscar.
Ele nem me deixou falar obrigada. E me desculpar pela gafe que foi o ''sua namorada...''.
Liguei a água quentinha e me lavei toda. Meus cabelos voltaram a ser limpinhos. Quando terminei , ele ainda não tinha chegado. Estava me secando quando ele bate na porta e dou um pulo.
-P-pode entrar.
-Oi... me...-ele me olhou da cabeça aos pés. Eu ainda estava toda molhada.
-Obrigada.- falei e peguei a camisola que estava na sua mão. Eu estava sorrindo internamente.
-Ah, claro! De nada. Eu também peguei uma calça jeans e uma blusa. Para amanhã de manhã. Aí a gente vai no shopping e compramos alguma coisa.
Ele fechou a porta e eu joguei o pijama pela minha cabeça. Ela vestia um número maior que o meu. O dela era 40. E o meu 38 ( buááááá! Queria ser 36!).
Quando saí, ele estava na sala vendo TV.
-Vou dormir na sala. Pode ficar com o meu quarto. - ele sorriu.
-Obrigada.
-Ah, você tem que ter um emprego. Para ganhar uma renda extra. É lei você ter um emprego. Mesmo que seja de meio período.
-E os imprestáveis?
-Estão na cadeia. E você não quer ser presa. Até porque te confiscam o dinheiro. Desses 20.000 você só ganha 500. Para não poder financiar.
-Está bem.
Ele se levantou e foi beber água. Eu me aproximei da cozinha. Ficamos cara a cara e dei um beijinho no seu rosto.
-Obrigada.
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