Até Que A Vida Nos Separe escrita por Lais Loureiro


Capítulo 5
Rio de Janeiro 2




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-Vejo que não morreu!  E chegou aqui bem. -falou O cara. Sua roupa já era diferente. Ainda era a mesma calça, mas a blusa agora era sem mangas e era branca. Seu cabelo estava molhado , deixando-o ainda mais lindo.

-Seu filho da mãe! COMO VOCÊ ME DEIXOU SOZINHA! ACHEI QUE IRIA MORRER! -levantei meu corpo do banco verde e gritei.

-Nossa,como esse corpinho tem essa voz potente! - ele riu.

-Ah! Que raiva!- gritei e saí marchando. Meu vestido preto estava sujo de lama, meu cabelo estava MARROM! Minha sapatilha acabada e eu necessitava de um banho! Não queria um cara ( mesmo que bonito) enchendo meu saco.

-Ei, ei! Aonde você vai?! - ele perguntou

-Pra algum lugar que me queiram. E que tenha um chuveiro!Ah! E muuuuuuuuito guaraná! - gritei sem parar com o meu trajeto.

-Quem disse que no meu apartamento não tem chuveiro nem guaraná? E quem disse que eu não te quero... - eu parei de caminhar, ele me queria? - por perto? - ah...

Dei meia volta, ainda estava de nariz empinado...

-Tem água aquecida?- perguntei sorrindo.

Seguimos um do lado do outro, sem falar uma palavra.

Era tudo tão real! Tudo tãããããããão vivo! Era uma cidade de verdade! Carro, metrô , prédios, casas! Num primeiro momento, achei ser o Rio. No momento do garotinho, mas depois de uma caminhada de 15 minutos, vi que era totalmente diferente. Mas civilizado, mais limpo.... Mais inacreditável.

-Você parece como uma criança na loja de brinquedos. Não sabe qual levar.- ele comentou olhando para o meu rosto. Sujo.

-Estou pensando em como tudo é....verdadeiro! -falei sem tirar os olhos do caminho.

Ele sorriu ainda mais.... Meu deus! Se todos os guias fossem assim...

Não. Seria terrível! Eu não acredito q eu acabei de realmente pensar nisso.  Eu acabei de descobrir que minha melhor amiga está grávida do meu namorado ( que quer que ela aborte). Eu não posso estar querendo ficar com o meu guia morto no mesmo dia que eu descobri que morri!!!

-Hein... - ele me olhou estranho.

Eu ri. Esperando que aquilo fosse uma piada.

-Você não ouviu.... Estava pensando em como seria a gente como casal. - ele riu.

E eu corei. Absolutamente corei.

-Eu não estava não! Vai me desculpar, mas há coisas muito mais importantes do que pensar num cara que se acha o gostoso.... ainda mais se você descobriu que morreu no mesmo dia. - falei esperando que meu rosto não estivesse tão vermelho.

-Ah... sei...- ele falou com um tom meio triste. Com olhar de panda espancado ( ou seria cachorro abandonado?).

-Então... você prefere a fitinha dos bem-casados rosa ou verde? - perguntei. Ele riu do comentário. Seus olhos verdes brilhavam. Ali eu não via O Cara.... eu via um garotinho que não sabia ao certo se estava tudo bem.

-Verde.Com estrelas do mar. - ele fez graça.

-Você não me falou o seu nome. 

-Nicolas. Mas pode me chamar de Nico.- eu torci o nariz para o apelido que não lembra nem um pouco o dono do nome.

-Okey, Nick. - eu ri.

Chegamos na portaria de um prédio branco e bonito. Espelhado. Ele pegou uma chave do bolso e me mandou entrar. O sol já começava a se pôr, dando um tom laranja ao céu.

Pegamos o elevador e fomos até o último andar.  Chegamos no apartamento 2003 ( havia 20 andares! Era um MEEEEEEEEGA prédio.). Mas o melhor, era o interior. Não era um apartamento imenso. Tinha apenas um quarto ( que era muito grande. Equivalia a três do meu antigo. Que tinha 20 metros quadrados. Ou seja, 60 metros de PURO QUARTO!).

Na sala , tinha uma mega TV , e uma parede de janela ( sabe aquela parede que tem na casa do homem de ferro? Que tudo seria vidro?) A cozinha era linda. Tudo era lindo.

-Vi que você gostou.- ele riu da minha cara de boba.

-É... uau. É lindo. Deve ser caro.- falei tocando de leve o tecido do enorme sofá.

-Tudo é de graça. Quero dizer, você recebe uma cota de 20.000 tickets por mês. Não importa se você é um imprestável. Eu só juntei, eu aluguei. Ah, o aluguel é por ano. 

-Hm.... eu quero ir no banheiro. Tomar banho...-fale sem saber onde me enfiava.

Eu dei uma olhada pelo ombro de Nick e vi que já estava completamente escuro. E a cidade estava toda iluminada. Era de tirar o fôlego.

-A toalha está no armário de baixo da pia. Eu só não tenho roupas de mulher... Mas posso ver se a Joyce tem. - ele falou apontando o polegar para a porta.

-Sua namorada...

-Não! Minha vizinha. A família dela toda morreu em um incêndio. Em Nova York. A filha dela tinha 19 anos. Michaela. Vocês devem usar o mesmo tamanho. Vai tomando o banho que eu vou buscar.

Ele nem me deixou falar obrigada. E me desculpar pela gafe que foi o ''sua namorada...''.

Liguei a água quentinha e me lavei toda. Meus cabelos voltaram a ser limpinhos. Quando terminei , ele ainda não tinha chegado. Estava me secando quando ele bate na porta e dou um pulo.

-P-pode entrar.

-Oi... me...-ele me olhou da cabeça aos pés. Eu ainda estava toda molhada.

-Obrigada.- falei e peguei a camisola que estava na sua mão. Eu estava sorrindo internamente.

-Ah, claro! De nada. Eu também peguei uma calça jeans e uma blusa. Para amanhã de manhã. Aí a gente vai no shopping e compramos alguma coisa.

Ele fechou a porta e eu joguei o pijama pela minha cabeça. Ela vestia um número maior que o meu. O dela era 40. E o meu 38 ( buááááá! Queria ser 36!).

Quando saí, ele estava na sala vendo TV.

-Vou dormir na sala. Pode ficar com o meu quarto. - ele sorriu.

-Obrigada.

-Ah, você tem que ter um emprego. Para ganhar uma renda extra. É lei você ter um emprego. Mesmo que seja de meio período.

-E os imprestáveis?

-Estão na cadeia. E você não quer ser presa. Até porque te confiscam o dinheiro. Desses 20.000 você só ganha 500. Para não poder financiar. 

-Está bem. 

Ele se levantou e foi beber água. Eu me aproximei da cozinha. Ficamos cara a cara e dei um beijinho no seu rosto.

-Obrigada.


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