Hermione e Gina estavam mais próximas do que nunca. As duas estavam muito magoadas com Harry que já tentara se comunicar com as garotas mil vezes. Já se passara duas semanas desde o ocorrido e Luna já voltara à escola com a prova de que - GG nunca fora ela.

O moreno de olhos azuis que fora declarado culpado estava sendo ignorado por todo o internato. Ele não fora expulso, pois Dumbledore e Rony acreditavam nele. –GG não atacava há dias, o que aumentava mais ainda o indício de que Harry era o misterioso cara do pergaminho.

Na manhã daquele sábado, Gina e Hermione estavam conversando com Luna, quando Hermione notou algo estranho.

–Gina, aquela não é Cho? – falou, apontando discretamente para uma garota de cabelos longos e pretos que andava apresada e esbarrando em todos pelos corredores.

–Sim... É ela. Mas ela não estava de licença para sair do internato? Por causa da mãe dela, que estava doente...

–Foi o que pensei... Ela parece meio... Preocupada, não? – perguntou Luna.

–Gostaria de saber por que... Mas, vamos deixar pra lá. De certo a mãe dela está melhor e ela voltou, não? Devemos ir nos arrumar, hoje é dia de passeio em Hogsmeade.

Hermione assentiu e se despediu de Luna. As duas já haviam voltado a ser amigas, uma vez que a loirinha não guardava rancor. A ruiva e a morena saíram e se encaminharam para o dormitório, onde começaram a procurar roupas decentes para o passeio.

–Como ficou a sua situação com Draco? – perguntou Gina. O loiro e a morena haviam sido chamados na sala de Dumbledore, onde receberam um discurso sobre a política e normas da escola. Os dois negaram até o último fio de cabelo que haviam se beijado, e alegaram que fora somente mais uma fofoca de – GG. Mas não tinham como esconder, Draco havia entregado tudo na hora em que brigara com Harry.

–Não nos falamos mais. Não que tenham faltado tentativas dele, mas eu quero me manter distante de problemas por algum tempo. Mesmo sabendo que não conseguirei fugir dele amanhã.

–Por quê?

–Bom... Ele é minha dupla de química.

–Ah... Explicado. Sortuda você, hein?- falou Gina sorrindo.

Hermione sorriu e continuou a procurar algo na mala. Mas ela estava ansiosa e queria perguntar algo. Ela não se se segurou.

–Gina... Eu evitei o assunto por muito tempo. Mas... –GG falou que Draco fez algo com você. Quando você vai me contar isso? – perguntou meio nervosa.

–Nunca. Nunca, está bem? Nunca. Esquece esse assunto. Isso é passado. Nunca aconteceu. – falou Gina rapidamente.

–Claro que aconteceu! Não adianta enterrar o passado, porque o vento leva a terra que você usou para tapar. E quando o vento leva, a verdade aparece. Gina... Você precisa entender... Eu... Eu tenho que saber... Necessito saber a verdade.

–E eu... Eu necessito esquecer a verdade. Mas isso nunca vai acontecer se vocês ficarem insistindo em tentar me fazer lembrar. Às vezes eu queria levar um golpe de amnésia. Porque você nunca entenderá o que eu passei. Nunca.

Gina saiu de lá e se trancou no banheiro, batendo com força a porta. A morena nunca tivera a intenção de brigar. Ela só gostaria de saber o que acontecera para Gina ficar tão nervosa quando o assunto era Draco.

Hermione ficou quieta e recomeçou a procurar alguma roupa. O dia estava quente, mesmo sendo inverno. As pessoas poderiam até mesmo se arriscar a usar um vestido, mas a garota preferiu optar por uma calça colada, uma regata branca com uma jaqueta amarela por cima. Nos pés calçou uma sapatilha com um top na parte da frente. Pegou uma bolsa com o desenho de uma raposa, botou um anel com o desenho de óculos e passou um gloss. Deixou os cabelos soltos. Hermione estava animada, pois pelo que Gina contara, nos passeios de Hogsmeade eles entregavam os celulares dos alunos para eles se divertirem a vontade. Com a condição clara, de que assinassem um papel, notificando que pegaram seus celulares, para na volta a escola saber quem pegou e quem não pegou os seus celulares.

A garota se sentou na cama e esperou Gina sair do banheiro. Deve ter esperado uns dois minutos até a garota abrir a porta, com um sorriso tímido no rosto. Ela não queria ter brigado com Hermione. Gina estava linda, parecendo uma típica mocinha de filme. Ela havia botado um vestido. A parte de cima era uma espécie de regata cinza, com o desenho de um bigode. Acima do bigode havia a palavra “Bonjour” (olá). A parte de baixo se baseava em uma saia preta. Nos pés, uma sapatilha preta com um bigode dourado na frente. O resto de todo o look se baseava em bigodes. Usava uma pulseira de bigode e um colar. No braço, uma bolsa bem simples com vários bigodes desenhados. O cabelo da garota estava cacheado.

–Podemos ir... – falou ela – Você está linda.

–Você também. – Hermione olhou para baixo – Olha Gina... Desculpe-me... Eu... Forcei a barra com você...

–Eu que devo pedir desculpas. Eu me estressei com você. Mas eu não gosto de falar sobre esse assunto.

–Tudo bem. Não tentarei lhe forçar a nada. Vamos? – perguntou. A ruiva assentiu e as duas saíram.

***

Depois de pegarem seus celulares, os alunos esperaram os professores do lado de fora. De um lado do pátio, se encontravam a maioria dos alunos, com exceção de Cho.

Do outro lado do pátio, sentada, estava Cho. A garota vestia uma blusa branca, com o desenho de um cachimbo. Abaixo do cachimbo, havia a frase: Ceci N’est Pas Une Pipe (Isso não é um cachimbo). Usava uma calça jeans preta, com um All star branco de cano alto. Ao seu lado uma bolsa com o desenho de uma garota passeando com seu cachorro. Ela usava um gloss da cor do lábio e na unha, um anel de coruja. Seu cabelo estava solto, estando apensa uma parte prendida em uma trança que contornava toda a cabeça. Discretamente, no pescoço havia uma corrente com um pingente de câmera fotográfica. Nas mãos de Cho se encontravam um Iphone com a capa tendo o desenho da torre Eiffel. A morena mexia no Iphone freneticamente, mandando mensagens para alguém desconhecido. Parecia preocupada, e de certa forma, assustada. Olhava para os lados muitas vezes, como se tivesse medo de que alguém estivesse a perseguindo.

–Você está bem Cho? – perguntou Rony com uma sobrancelha arqueada. A menina deu um pulo e imediatamente colocou o Iphone no bolso. Deu um sorriso falso e uma risadinha para disfarçar o nervosismo. Olhou disfarçadamente para os lados, rindo.

–Claro que sim. Ótima. Por quê? Pareço mal? – falou muito nervosa.

–Parece meio preocupada... – falou com um sorriso no rosto.

–Preocupada? Imagina!

–O que você está escondendo nesse Iphone?

–Escondendo? Eu? N-nada...

–Está de brincadeira, não? Você está segurando esse Iphone como se sua vida estivesse sendo carregada nele.

–Que bobagem Weasley. É só uma precaução caso caia, quebre, arranhe ou...

–Ou Harry o pegue? Você está com medo de Harry? Eu achei que gostasse dele!

–Como assim com medo de mim? – falou Harry, nervoso, aparecendo na conversa.

–Ela está com medo que você pegue o Iphone dela e escreva algum pergaminho sobre o que achou nele.

–Não! Eu não estou com medo do Harry! Até porque meu Iphone tem senha. Mas isso não importa quando se trata de - GG. Ela descobre. Acontece que eu não creio que Harry seja –GG. Eu acho que qualquer hora, ela pode aparecer e contar algo. E acontece que existem coisas em meu Iphone. Não tenho medo de ninguém. Só de –GG.

–Você realmente acredita em mim?

–Harry... Se fosse você, nunca escreveria sobre Gina e a chamaria de vagabunda. Você a ama muito para ofendê-la assim. E Hermione... Você adora aquela garota. Não tem o porquê de prejudica-la para prejudicar Draco.

Harry sorriu e se sentou ao lado de Cho, que parecia mais relaxada quanto ao Iphone.

–Vai nos contar o que tem nesse Iphone?

–Tem um segredo meu. Não posso contar. –GG escuta tudo. O simples fato de ter um segredo me deixa angustiada.

Rony deu uma risadinha e saiu.

–Não precisa ficar com medo dela. Acho que ela não vai atacar por um bom tempo. E uma, por que você não exclui o seu segredo do seu Iphone? – perguntou Harry meio confuso.

–Não iria adiantar. É tipo um vício. Eu não consigo parar. Logo meu Iphone teria esse segredo de novo. Eu estou com medo. –GG sabe que tenho guardado um segredo. E ela vai atrás de mim. Ela sabe que sou uma ameaça.

–Como assim, ameaça?

Cho estava prestes a chorar. Mas respirou fundo e contou o que havia visto no dia anterior.

–Era na madrugada anterior. Eu estava indo para o meu dormitório porque cheguei ao meio da noite em Hogwarts. Você deve saber que eu estava de licença para visitar minha mãe. Bom, eram mais ou menos duas da manhã quando eu cheguei. Dumbledore me mandou ir dormir para ficar bem hoje de manhã. Eu assenti e saí da sala dele. Você não deve saber, mas o caminho do dormitório passa pelo salão principal. Eu estava andando e vi uma sombra. Eu segui a sombra e vi uma pessoa com um saco enorme, como se fosse o legítimo Papai – Noel. Quando eu vi a pessoa tirando um pergaminho de dentro do saco eu me assustei. Em vez de ficar quieta eu me assustei e dei um gritinho. Eu poderia ter pegado –GG. Eu a deixei escapar. Ela me viu, botou o dedo nos lábio em sinal de silêncio... E saiu correndo.

–Mas você não viu o rosto da pessoa? – perguntou Harry.

Cho negou.

–Ela usava um capuz Harry.

–Mas o corpo! Menino ou menina?

–Estava escuro Harry. Eu não vi o corpo. Só o saco e o capuz por causa de uma iluminação da janela. – Cho já transbordava em lágrimas – Agora ela sabe que sou uma ameaça. Eu fui a única pessoa que vi ela. E tem mais. Essa é a razão de minha preocupação.

–Qual? Cho, fale!

–Como eu estava voltando de viagens, eu tinha meu celular na mão. Mas acontece, que quando eu a vi, eu saí correndo e deixei meu celular cair no chão. Eu fui perceber isso somente quando eu estava no dormitório. Eu voltei correndo para pegar, e... Ah Harry. Ela já havia visto antes que eu. Tinha um bilhete. Ela sabe a senha. Ela sabe meu segredo. Eu sou a próxima.

Mas Harry não estava com a expressão preocupada. Estava sorrindo. Radiante. Animado.

–Cho, você não vê? Isso é ótimo!

–O que é ótimo? – perguntou a garota confusa.

–Essa pessoa pode até usar uma máquina de escrever para os pergaminhos. Mas... Ela não usaria uma máquina para escrever um bilhete. Cho, a letra de –GG pode estar nesse bilhete!

Cho então notou o que Harry queria. Se eles reconhecessem a letra da pessoa, -GG seria pego. Mas havia mais de mil alunos em Hogwarts. Mais de mil.

–Mas são muitos alunos!

–Eu sei... Mas é a nossa primeira pista. E devemos valorizá-la.

Cho assentiu e pegou o bilhete no bolso. Do outro lado do pátio, Gina, Luna, Rony e Hermione somente observavam o que acontecia. Rony foi o primeiro a se manifestar.

–O que ela está fazendo? – perguntou meio assustado.

–Entregando um bilhete para ele. – falou Gina calma – Só queria saber o que é...

Cho entregou o bilhete e Harry abriu, revelando uma caligrafia forte e cheia de garranchos. O bilhete só tinha duas palavras e uma assinatura.

Belas fotos.

–GG

–Fotos? Como assim fotos? – perguntou Harry com um sorriso maroto.

–Harry Potter, pare de me olhar assim! Não é o que você está pensando! Essa é a parte da história na qual não posso lhe contar.

–Tudo bem. Essa caligrafia... Parece... De homem. Não acho que uma mulher possa escrever assim.

–Também pensei. Mas acontece que a assinatura não é o mesmo tipo de letra. Outra pessoa escreveu a assinatura.

–Bem observado... Mas Cho. Eu sei de quem é a letra do primeiro trecho do bilhete.

–O que? – perguntou Cho com o coração batendo.

–Mas eu não quero acreditar que tenha sido ele. Não posso.

–Ele quem? Harry, é o meu segredo em jogo!

–Minha amizade também!

–A sua inocência está em jogo. Se você mostrar a Dumbledore o bilhete, e disser de quem é a letra, você estará inocente. Harry, quem é o autor dessa letra?

Harry suspirou fundo, se negando a acreditar no que diria.

–Essa letra é de quem estava aqui há pouco tempo. Essa letra é do Rony.

Cho arregalou os olhos. Não podia ser ele. Quando ela ia se manifestar, um aluno do segundo ano correu para fora do castelo, gritando, com um pergaminho na mão.

–Pessoa, pessoal, -GG atacou novamente!

Gina correu até o garoto e pegou o pergaminho da mão dele.

–Depois de tudo você ainda tem coragem de atacar Potter? – perguntou Draco.

Mas Harry estava com o olhar fixo em Rony. Não podia ser o garoto que o apoiara. Mas tudo fazia sentido... Rony dissera para ele que Gina não era bom partido... Ele não queria Gina com ele. Mas ele achava que era somente ciúme de irmão...

Gina respirou fundo e abriu o pergaminho. Todos atentos a ela.

Olá Hogwarts, como vão meus amigos?

Bom, eu vou um pouco mal. Por quê? Ah, que gentileza perguntarem. Acontece que ontem, uma garota quase me desmascarou. Tsc, tsc, tsc... Que feio Chang. Não se pode se meter em assuntos alheios... Bom, eu já havia lhe comunicado há algum tempo o que aconteceria se tentasse se meter em meu caminho. Eu contaria o seu segredo... Bom, na verdade eu já contei, mas ninguém sabia a identidade da garota apaixonada pelo professor. Só Deus sabe o que se passa na cabeça da linda oriental nas aulas de química do professor Snape. Devemos admitir, que para alguém com essa idade, Snape ainda está inteiro. Parabéns professor! Talvez se você usasse shampoo contra cabelo oleoso, seria mais bonito. Bom, continuando... Cho gosta do belo professor de química. Ela se encantou belo sorriso que ele tem (que ironicamente eu nunca vi). Bom, uma coisa é gostar de professores Cho. Outra é ter uma obsessão por eles. Cho tem um estoque de fotos do professor Snape em Hogsmeade. Perdi até a conta de quantas fotos ela tem. Snape tomando café, Snape lendo um livro, Snape comprando chocolate, Snape, Snape, Snape... Ah, que chato! Por que foi logo o Iphone dela que eu achei no chão? Bom, vamos pensar pelo lado positivo... Podia ser um diário. Aí iria melar tudo. Argh! Bom, senha então, tem mais óbvia? Fui logo à data de nascimento de professor, que todos sabem. Acertei de primeira e nem perdi tempo. Cho, pense melhor antes de se meter em meu caminho. Ou antes de dar um grito no meio da noite. Ou antes de deixar seu celular no chão. Olhe as consequências? Queria ser um mosquito para ver sua conversa com o professor. Mas não posso... Mas eu gosto de imaginar. Hogwarts, cuidem-se, o próximo pode ser vocês.

OBS: Pobre Harry, as garotas poderiam dar uma chance para ele. Enquanto eu pegava o Iphone de Cho, ele chorava de solidão no banheiro.

–GG

Cho chorava nos braços de Harry que a consolava. Ela deixava escapar soluços bem altos. O garoto somente sussurrava em seu ouvido que tudo ficaria bem.

“Tudo vai ficar bem. Eu prometo.”

Mas não ia. Ela sabia disso. Ficar bem não é de uma hora pra hora. Ficar bem leva tempo. Muito tempo às vezes. E ela só queria ficar bem se ninguém a incomodando e a olhando. Em um canto. Chorando. Com Harry a abraçando e lhe dando apoio. Então de repente uma onda de raiva a invadiu. Snape estava boquiaberto, já que ouvira tudo. Os alunos a olhavam. Gina tinha o olhar arregalado. Ela estava assustada por todo a parte que lia. E após ler, ainda pediu desculpas ao professor por o chamar de oleoso. Mas era o que estava escrito. Cho então se desfez dos braços de Harry e correu até Rony, onde o empurrou no chão. O garoto sorria debochadamente. Então era ele. Ele era –GG o tempo todo.

–Eu acreditei em você Ronald Weasley! Achei que você fosse meu amigo! Achei que fosse amigo do Harry! Harry acreditou em você! Eu acreditei! Eu não consigo ver um pingo de arrependimento nos seus olhos! Um dia você será ridicularizado. Será.

Rony ria abertamente. Cho saiu correndo. Harry foi atrás. Snape saiu logo depois.

–Cho! –gritava Harry, mas a garota havia se trancado em uma sala.

–Chang, saia dali! – gritou Snape.

–Saia você! Eu quero somente Harry aqui.

–Pois se abrir a porta para ele, abrirá para mim. E... Eu preciso de seu Iphone.

–Tudo que ele escreveu é mentira.

–Sério? Bom, então me dê o Iphone. E o seu celular também Potter. A escola chegou ao limite. Até –GG aparecer não haverá passeios, nem celulares.

–Ele é o Rony!

–Como sabe? – falou Snape em tom arrogante.

–Porque... Porque ele viu as fotos.

Harry e Snape se olharam. Ela admitira a verdade