O Ruído escrita por Daniela Barbosa Martins


Capítulo 1
Capítulo Único - O Ruído


Notas iniciais do capítulo

Escrevi este conto há alguns anos, quando cursava o ensino médio, mas acabei esquecendo no pc da casa dos meus pais. Hoje estava fuçando algumas coisas e acabei achando e resolvi publicar. Espero que gostem!



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Alta madrugada ouve-se um ruído estranho vindo da sala de estar, horrendo e inexplicável. Mas ninguém ouve esse barulho, a não ser Emanuela. O barulho segue durante certo tempo, e dominada pela curiosidade resolve descobrir de onde vinha e porque somente ela o ouviu. Ela desce as escadas evitando fazer barulho, e quando finalmente chega a sala de estar eis que o ruído cessa. Assustada a garota permanece em silêncio, esperando que algo aconteça, que alguém se pronuncie. Mas nada acontece. Emanuela sente que há algo de anormal no ar, mas tomada pela razão pensa ser algo que sua própria mente gerou, voltando-se para a escada para ir ao seu quarto. E quando ela estava voltando suas costas para o lugar de onde vinha o barulho, lhe aparece um homem à sua frente. Homem esse apresentável, elegante e engravatado. De repente a sala de estar se torna um lugar frio e muito pouco acolhedor, parece que a morte estava ali. Emanuela toma um susto, lógico, nunca tinha visto aquele homem na vida! E apesar de amedrontada, tenta conversar com ele.

Emanuela começa uma série de perguntas. Do tipo que ninguém responde objetivamente: “De onde você veio?”, “Quem é você?”, “O que você quer?”. A única coisa que o homem misterioso faz é rir de tais perguntas. Literalmente num piscar de olhos Emanuela se vê num lugar que não parece o mundo físico, é algo que palavras não podem descrever. Diante de seus olhos, ela percebe que há um filme passando. É o filme de sua vida. Ali passa desde o nascimento até o momento exato da vida de Emanuela, mas o que mais chama a atenção da garota são os momentos em que ela fez tudo o que teve vontade, passando por cima de tudo e todos para isso. Em especial a cena em que certa vez ela havia discutido com os pais e saído de casa. Algo que ela não imaginava que tinha acontecido é tamanho desespero dos pais, e pior, um culpava o outro pela situação que havia sucedido. A mãe tomava calmante de um lado, e o pai se enchia de raiva do outro, ambos sendo consumidos por um sentimento de culpa que na verdade deveria ser inexistente. Ora, Emanuela sempre estudou em ótimas escolas, teve amigos, e principalmente, uma família que a ama, mas aparentemente tudo isso nunca bastou para ela. Foi aí que ela se tornou uma rebelde sem causa, se deixando levar por más influências, gente que não queria nada com nada.

Algo acontecia na mente e no coração de Emanuela. Mas mesmo tocada pelo que tinha acabado de ver, ela não se dobra e permanece com a pose prepotente de sempre. Emanuela não tinha um coração no peito, mas sim uma rocha.

O homem misterioso então finalmente se apresenta a Emanuela: “Eu sou a Morte”, diz ele. Emanuela cai no riso, e pensa consigo mesma: “Ué, mas a Morte não usa um capuz e tem uma foice na mão?”. A Morte, irritada repreende a garota: “Você tem que parar de assistir televisão menina. Principalmente se for filme do tipo ‘Todo mundo em pânico’”. Bom, após tal cena cômica a Morte mostra a quê veio: tirar a vida insignificante de Emanuela. Mas antes de morrer, Emanuela tinha uma missão: a de reconstruir a família que por causa dela estava destruída. Essa era a condição que a Morte tinha para não tocar num fio de cabelo da garota. Depois que ela reconstruísse a família tudo bem, a Morte pode acabar com a vida dela, afinal, o azar seria dela mesmo, e a Morte só lucraria com isso já que seria uma vida a menos na Terra, que, aliás, está ficando lotada a cada dia. Tecnicamente a Morte estaria fazendo um favor à humanidade, já que seria uma boca a menos para comer nesse mundo de crise. Mas voltando a Emanuela, a garota aceita o que a Morte lhe propôs, ela não tinha nada a perder mesmo! E antes mesmo de terminar de falar com a Morte ela se vê deitada em sua cama com o despertador tocando ao lado. É um novo dia que está nascendo.

Emanuela nem se lembra do que havia acontecido na noite anterior, e continua a fazer as mesmas burradas de antes. O tempo passa e as coisas não mudam, muito pelo contrário, pioram. A Morte resolve aparecer novamente a Emanuela, só que agora para fazer o que tinha deixado pendente do último encontro. Da mesma forma que fez na primeira vez, com um ruído estranho, a Morte faz uma visitinha amigável a Emanuela. Novamente Emanuela se vê diante daquele homem apresentável, elegante e engravatado, e aproximando-se dele ela sente um frio que nunca houve nem no mais rigoroso inverno. Diferente da primeira vez a Morte fala desenfreadamente, o que faz Emanuela pensar: “BLÁ, BLÁ, BLÁ, BLÁ. Pra alguém que tem a simples tarefa de matar as pessoas ele até que fala muito”. Um silêncio toma conta da sala de estar, e a Morte desaparece. De repente Emanuela toma um empurrão e se vê jogada no chão. A Morte se apresenta agora de uma forma diferente: com o tal do capuz e a famosa foice. Gargalhando muito, como quem acabou de ganhar na loteria, a Morte parte para cima de Emanuela com a foice. Emanuela aos gritos vê que a Morte realmente falava a verdade. Mas agora é tarde demais, a Morte já estava com a foice em cima da garota, pronta a matá-la. O coração de Emanuela bate como nunca antes bateu, mas mais alto do que o palpitar de seu coração é o despertador do celular, que acaba de acordar a garota de uma noite de pesadelos, declarando que é hora de ir para a escola.

No final da contas, tudo não passou de um pesadelo. Ou seria mais um sonho? O que importa é que Emanuela resolveu mudar, e a sua rebeldia sem causa chegou ao fim, acabando com a alegria da Morte, que independente de não ter aparecido a ela, a rondava, assim como faz conosco. Não se sabe a que horas, o lugar, e nem como a Morte nos fará a visita que na realidade ninguém quer receber. Justamente por isso temos que fazer o que queremos sim, mas sem machucar ninguém, porque não somos seres totalmente independentes.

Ah, o ruído? Quando a Morte te visitar você saberá qual é.


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Notas finais do capítulo

E então, mereço reviews e talvez recomendações? Me alegrem! :D