Depois da longa festa de formatura de ontem à noite, hoje eu me encontrava sentada ao lado de Will na sala de embarque do aeroporto. Nós íamos para Bariloche, onde ficaríamos hospedados na casa do Tio Edu, tio do Will, meu namorado desde a 6ª série.  Devo dizer que estava um pouco nervosa, pois Willian não falava muito sobre esse Tio, e já faz algum tempo que ele esta se comportando de modo estranho para com essa viagem de formatura.

Ouvi a voz metálica saindo das caixas de som do aeroporto pedindo para que embarcássemos. Will se levantou e estendeu a mão para que eu levantasse.

Horas de vôo e uma longa caminhada nos levaram até a casa. Era enorme, linda, três andares, janelas grandes, uma varanda que cercava toda a casa. Um lugar no mínimo convidativo. O tom escuro da casa contrastava com a neve branca, parecia que o telhado estava coberto de algodão.

Eduardo, ou Tio Edu, estava nos esperando aos pés da escada. Era um homem de meia idade, estatura mediana, calvo e barrigudo, parecia um personagem da Disney.

- É um prazer finalmente conhecê-la Sophia! – ele me cumprimentou. – Eu venho ouvindo história sobre você desde que Willian era apenas um garotinho. - Will ficou um pouco vermelho, o que me fez sorrir.

- É um prazer conhecê-lo Edu. Sua casa é linda! – eu disse, e não estava mentindo.

            Tio Eduardo me mostrou a casa, a sala de estar era ampla, cheia de móveis antigos e quadros bem pintados. A lareira estava acesa e eu agradeci mentalmente por aquilo, acho que não agüentaria muito mais tempo no frio. No segundo andar da casa, vi uma pequena sala que chamou muito a minha atenção.  Tinha um lindo quadro na parede, mas não tive muito tempo para ver, pois uma empregada fechou a porta da sala.

            Meu quarto era lindo, uma suíte decorada em vermelho e branco, a cama era de casal, o que sugeria que eu e Will passaríamos a noite juntos. Não pude conter um sorriso.

- Gostou? – ele perguntou enquanto me abraçava.

- Aham – respondi, ele deu um beijo em meu pescoço me causando um arrepio. Ele riu, mesmo depois de todo esse tempo, a minha reação era sempre a mesma.

            Quando terminamos de arrumar as coisas no quarto já era noite, e descemos para jantar. A mesa estava linda, e a comida tinha uma cara ótima. O jantar foi agitado, a conversa não cessava e piadas – muitas a respeito de Will – acompanharam a refeição. Depois da sobremesa – que estava deliciosa, diga-se de passagem, - eu disse que iria voltar ao quarto, Will disse que logo iria também.

            No meu caminho em direção à escada, mais uma vez a sala pequena estava aberta, andei em sua direção na intenção de ver o que tinha lá dentro, mas fui impedida, a empregada fechou a porta mais uma vez. Eu disse que gostaria de ver o quadro, mas ela alegava que minha entrada na sala era proibida. O que tinha de tão bizarro dentro daquela sala que me impedia de entrar?

Continuei meu caminho em direção ao quarto, mas antes de terminar de subir a escada, assisti Will e Eduardo entrarem na sala pequena, Edu fumava um charuto e Will tinha uma taça de vinho na mão, ambos rindo muito. Fiz menção de voltar e ouvir sobre o que falavam – minha curiosidade era muito grande – mas a empregada ainda olhava para mim, esperando que eu finalmente entrasse no quarto.

            Tomei um banho e tentei não pensar na sala. Quando terminei Will ainda não tinha voltado. Andei até a janela e observei a noite e a neve, mal podia esperar para o dia amanhecer. Me deitei e esperei Will voltar, tentava criar coragem para perguntar sobre a sala, mas quando vi a porta se abrindo minha coragem foi embora e eu fingi que dormia.

            Will tirou a camisa e se deitou ao meu lado, senti o cheiro do charuto, do vinho e de outra coisa, pareciam flores, enfim, era um cheiro estranho, não ruim, apenas estranho. Ele não tentou me acordar, apenas me abraçou, e de uma maneira incrível todos os meus medos foram se esvaindo aos poucos. Não demorei a dormir, com Will ali ao meu lado, me sentia muito mais calma e pude aproveitar o resto da noite.