Clarity - Primeira Temporada escrita por Petrova


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Eu amei esse capitulo, vocês também vao. E ignorem os erros, postei antes de corrigir só pra vocês lerem logo. Mais tarde corrijo.



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Por favor, por favor! – juntei as mãos a cima do peito e implorei igual a uma criança que pede doce.
– Eu não sei, Nina, isso é tudo muito novo para você, e você sabe disso. – tio Rick está sentado no sofá apontando para TV enquanto estou dançando irritantemente impedindo-o de assistir o jogo de basquete.
– Mas Suzanna sabe. – eu digo. – Ela ajudou você tio Rick, e ela pode me ajudar também. – imploro. – Quero dizer, se der certo, nós podemos até negociar, eu fico no seu turno a tarde, que tal? Todos sairemos ganhando, e você sabe... Preciso ocupar minha mente.
Eu imploro com os olhos e Rick me olha suspeito por um período. Talvez eu tenha pegado pesado com a ultima parte, mas... Eu preciso disso.
– Hmf, - ele solta o ar. - certo, tudo bem. Só um teste, entendeu?
– Ai, meu deus. – e pulo até ele para beijar o topo da sua cabeça cabeluda e loura. – Obrigada, obrigada.
Tio Rick se levanta com um sorriso torto no rosto. Ele puxa as chaves do bolso onde se encontra um chaveiro brega com um ursinho pendurado chacoalhando aquela cara monstruosa e meio deformada, em baixo está escrito com caneta preta no papel pregado com fita transparente: livraria.
– Cuide bem disso. – ele avisou, antes de me entregar. – E se cuide também, qualquer problema, você tem meu numero, ok?
– Tudo bem. Tudo bem. – repito animada, tio Rick me passa as chaves. – Avise a Isobel para onde fui.
Eu estou já gritando lá do corredor quando disparei para a porta.
O saveiro está estacionado na garagem, Megan está fazendo a lição de casa no andar de cima, Isobel só chegaria no fim da tarde e já que eu estava indo substituir Rick na livraria, Megan teria companhia pelo resto do dia.
Liguei o carro e o manobrei para a livraria. Não era muito longe, mas qualquer tempo, o mais curto que fosse, dentro de um carro com vidros fechados e emanando calor e não frio numa das poucas cidades que mantém temperatura até 10 graus, era muito bom. A livraria não é longe, ela tem a distância perfeita para poder usar o carro ao invés dos meus pesinhos que estão quentinhos aqui dentro. Passo por uma bifurcação antes de entrar na rua da livraria, passo por lojas de CDs, de mochileiros e pescaria, coisas que tem muito nessa região, para depois estacionar perto de um estabelecimento marrom com vidraças largas com mais ou menos dois metros de altura e letreiros grandes, embora não chamativos na cor verde: Livraria O’Connel.
Eu estive uma vez aqui, antes de ir embora com mamãe. Estava construindo, tinha sido reformada e o letreiro ainda não tinha sido colocado, acredito que nome nenhum seria ideal se não fosse o nome da família, uma das poucas fundadoras da cidade. Quero dizer, não que o meu tatara tatara tatara avô tivesse estado aqui há duzentos anos, claro que não, mas os O’Connel é uma das antigas famílias da região, o que não quer dizer que qualquer rua que se cruze você vai esbarrar com um primo meu, uma tia, ou coisa parecida. Somos antigos, mas não levamos muito a sério essa coisa de geração, ter herdeiros e coisa e tal.
Puxo o capuz da minha jaqueta para cobrir meu cabelo amarrado num rabo de cavalo, puxo minha bolsa para as costas e fecho a porta trás de mim. Aqui pode até chegar aos dez graus, mas ainda é estupidamente frio.
Assim que coloquei os pés no chão, uma estranha sensação ultrapassou as paredes do meu tecido, chegou na minha corrente sanguínea e fez meu coração acelerar. É a mesma sensação de antes, a de algo estar errado. Mas não há perigo por toda a região, eu via pessoas (mais dentro dos carros do que a pé), via lojas movimentadas, podia ver que o céu estava limpo (mesmo nublado) o suficiente para entender que a tempestade já havia passado. Então, não havia nada para se preocupar, certo?
Bem, espero que sim.
Depois dessa estranha sensação, eu voltei ao que eu ia fazer. Destranquei a porta e entrei, parece uma combinação meio irritante de páginas gastas de livros, produtos de limpeza, tabaco e areia úmida. Algo que é suportável, incluindo que aqui ainda está frio porque o aquecedor está desligado. Voltei alguns passos e tranquei a porta, eu tinha que me estabelecer neste lugar para virar a plaquinha de: aberto.
Comecei ligando as luzes, o que me deu uma visão melhor de tudo. Há prateleiras estendidas por cada lado, mas o corredor maior estende somente para o balcão onde certamente era meu lugar. Consigo ver quatro prateleiras ao meu lado direito antes de uma parede verde esmeralda com quadros sem sentidos pregados nelas, à minha esquerda quatro fileiras de prateleiras se estendem por um espaço mais amplo, antes de uma escada simples sem corrimão de apoio para a parte de cima, onde posso ver três mesas marrom distribuídas entre duas prateleiras de cada lado e uma parede com janela para o outro lado da rua, onde você pode ter a sorte de verificar uma parte da floresta, acho. Assim, de imediato, eu podia dizer que estava tudo limpo e no seu devido lugar, exceto o aquecedor, eu preciso ligar aquela coisa ou eu e os livros vamos congelar aqui dentro.
Eu ando para trás do balcão e vejo a madeira rústica avermelhada se estendendo por uma pequena sala onde cabe no máximo cinco pessoas. Há papeladas distribuídas em caixas no tom marrom e branco com anotações para ajuda, o espaço divide com algumas agendas, cadernos, coisas desnecessárias como uma replica feia de um girassol pequeno e uma daquelas arvores nanicas. Fora isso, parece como um deposito normal de livraria. Atrás de mim há uma única prateleira de ferro dividindo o lugar com um vaso gigante, dessa vez é uma planta de verdade, recém regada por Rick, que deve ter feito isso na parte da manhã. Tem as mesmas caixas, alguns quadros da família, uma bola de cristal falsa ao lado de um símbolo de uma águia, uma caixinha com canetas, lápis e régua, entre outros. Parecia tudo em ordem, então, decidida que nada parecia complicado ou estranho, pulei para o próximo item da minha lista: ligar aquecedor antes que eu vire um picolé não ambulante, porque pernas congeladas não se movimentam.
Tem uma porta na salinha atrás do balcão, quando eu a abro vejo que parece mais um depósito misturado com sala de “refugio”. A luz é mais fraca, tem umas poltronas e uma TV desligada no canto, aqui também tem uma prateleira com alguns porta-retratos de Rick e Isobel, de Megan e uma na qual divido com minha prima. Ela está nos meus braços e estamos, ambas, com cabelo trançado sorrindo (eu com uma janelinha mais que notável e ela com dentes de leite). Meus olhos pareciam a de um gato felino de tão verde, enquanto os castanhos de Megan pareciam lidar muito bem com o flash. No abraço, eu notava que eu vestia uma camisa do time de basquete da escola na época, as cores no tom verde, laranja e azul, embora eu tenha certeza que o gosto pelo modelo da roupa tenha melhorado e agora seja outra. Nós parecíamos felizes, principalmente olhando para mim. É como se eu pudesse ter a lembrança constante de uma família, que pouco a pouco, foi desmoronando.
Devolvo o retrato na prateleira quando meu celular toca. É a musica do lifehouse que me assusta, porque, para ser sincera, só eu estou aqui dentro e isso me pega de surpresa. Quando acalmo meu coração, eu vejo quem é que está me ligando.
– Oi, mãe. – eu digo, abraçando minhas costelas enquanto caminho pelo lugar.
– Eu tentei te ligar ontem. – sua voz é suave.
– A área aqui é muito ruim. – eu disse para confortá-la, embora eu tenha visto suas ligações, eu só não estava pronta para falar com ela, depois de tudo.
Minha mãe me colocou em um avião sem amparo pensando nos seus sentimentos egoísta. É esse o problema. E além de toda essa confusão, eu ainda tenho que lembrar que Helena deve estar com Josh, já que eu não estou mais em casa para cortar as visitas daquele sujeitinho nojento.
– Tudo bem, - ela não se importa muito. – então, como está as coisas por aí?
Um suspiro antes de falar.
– Normais. – digo. – Fui para escola hoje.
Eu procuro uma cadeira e me sento nela, ela é de girar e então fico para lá e para cá, um pouco ansiosa para o quê eu não sei. As paredes daqui é do mesmo verde do outro lado da livraria, mas aqui há uma decoração menos formal, quero dizer, tem muita coisa pessoal aqui, que faz o lugar ficar mais confortável e só um pouquinho parecido com um porão.
– Isso é legal. – posso até ouvir seus lábios desenhando um sorriso. – E como está sua tia?
– Isobel está bem, trabalhando muito.
– Bem, coisa de Isobel mesmo. – ela ri. – Mas e você? E o enterro?
O enterro? Era esse assunto que ela queria falar pelo telefone, e logo comigo? Convenhamos, eu ainda estou tentando passar pela parte de que recebi a noticia do meu pai estar morto, e Helena quer saber sobre os preparativos do enterro?
– Eu não sei. – digo a verdade. – Maison está pensando, em, - eu engulo secamente. – em tudo e... Quero dizer... – eu desisto.
Não somente por perder a fala, mas é porque eu escuto um barulho vindo de lá de dentro. Eu fico preocupada. Fico mais que preocupado, começa a surgir coisas na minha cabeça principalmente pelo fato de:

1) Eu estar sozinha
2) A porta está trancada (até onde me lembro)
3) Eu disse que estou sozinha? Tipo, sozinha mesmo, sem amparo?
4) Pois é...

– É complicado? – Helena responde por mim.
Eu me desperto.
– É melhor você conversar com Maison ou Isobel, mãe, eu não estou por dentro do enterro como você gostaria que eu estivesse. – levanto-me da cadeira para bisbilhotar a brecha que deixei.
Eu sei que fui um pouco rude com ela, mas, por favor, ela tem que me dá um crédito, ela não pode simplesmente falar sobre esses assuntos como se ela fosse o tipo de pessoa ideal. Mãe, você abandonou meu pai, e, hm, inclusive, no enterro dele.
– Nathalie...
Mas eu não quero ouvi-la, não apenas porque eu sei o que ela vai dizer, toda aquela história de seguirmos em frente, que eu não entendo o lado dela e blá blá blá, mas também porque eu quero saber o que está acontecendo lá em cima ao invés das preocupações momentâneas dela.
– Eu estou na livraria, mãe, e a área é realmente muito ruim daqui, posso te ligar depois?
Helena demora demais. Ouço outro barulho, este parece mais nítido, eu quase pulo da cadeira pelo susto. Acho que meu coração vai explodir.
Uma vez li numa revista (que David me deu) sobre como se comportar em situações de pânico. Uma das dicas é tentar pensar positivamente, a segunda é não fazer nada por impulso (tipo bancar a heroína?) e tentar manter a calma por toda a situação.
Hmm, acredito que essa revista foi um dinheiro jogado no lixo, porque, para ser franca, isso não ajuda muito não quando você está sofrendo o ataque de pânico, minha filha.
Helena finalmente entrega os pontos e diz:
– Tudo bem... Vou deixá-la mais a vontade, depois eu ligo.
– Ok, tchau mãe. – e desligo.
Quando desligo e não tem mais minha voz e nem a voz de Helena, vejo que tudo parece mais um buraco negro em silêncio. Não gosto muito do silêncio (principalmente neste caso).
Meu coração se espreme dentro de mim, parece que toda a aquela sensação ruim está voltando de novo. Eu sou como uma espécie de medium? Quer dizer, não realmente isso, mas sensível a coisas ruins?
Ah, quem eu estou querendo enganar? Pareço uma louca, pode ser um gato entrando pela janela ou o proprio vento sendo cruel comigo (viu a parte do: pensamento positivo?). Mas, de qualquer forma, é melhor se previnir, pode ser um gato bem gordo e selvagem, será que no Alaska tem onças ou leões? Que pergunta idiota.
Vasculho pelo lugar algo que possa ser resistente e forte, é então que, lá no fundo perto de umas caixas empoeradas, se encontra algo que realmente pode me ajudar. Vou até lá e arranco o pedaço de metal (parte desmontada de uma das pretelerias de ferro) e o seguro nas mãos, meu coração está mais acelerado.
Eu estou indo, seja lá o que você for.
Enquanto eu caminho para fora, eu tento arranjar maneiras de acalmar meu coração, como a mensão de que não seja nada além de uma ilusao minha, que eu esteja tão delibitada por causa do frio aqui dentro que esteja imaginando sons por ai.
Crec! Acontece de novo, mais alto. Certo, não deve ser uma ilusão. Crec!
Esse estalar se prende na minha garganta e quase sou engolida pelo meu grito, quando estou fora do meu cubo protetor, que é a sala do fundo. Eu nem sei como fui corajosa em sair para fora daquele quase-porão.
Aqui parece deserto, mas é bem mais assustador do que eu notara. Apenas eu, sozinha e a porta está trancada? Como alguém ousaria entrar aqui com a porta trancada?
Pensei em um gato, um pouco barrigudo pelo barulho, ele pode ter sentido cheiro de comida, gatos gostam de... Tabaco? Cheiro de produtos de limpeza? Ah, esqueça isso e empunhe esse metal nas suas mãos como se você não tivesse medo, mesmo que suas pernas estejam tão tremulas que a sua feição parece mais de uma idiota medrosa que uma guerreira.
Ai, meu Deus.
Crec! Crec!
Eu pulo para fora da salinha que cabe pelo menos cinco pessoas e vejo que essas prateleiras antes da escada parecem labirintos horrorosos de um filme de terror. Eu quero sair dali, posso ter a ideia de correr para porta e me mandar ou ter coragem e espantar o gato (pense que é um gato, Nathalie).
Mas, então, me lembro que as chaves não estão na porta, eu sei que eu as peguei, mas eu as coloquei na...? Não me lembro, céus eu não me lembro, acho que vou chorar, Deus, me ajude...
Crec! O negócio soa de novo. Rrr! Há um rangido logo depois, mas parece de coisas sendo arrastadas, acho que vou gritar.
Ou pode ser um gato, seja forte Nathalie, vá lá em cima e veja com seus próprios olhos. É o que eu faço. Caminho com cuidado por entre as prateleiras, passando pela primeira fileira cuidadosamente, olhando pelos vãos livres que os livros dão, sinto minha pele mais fria, mais doente, meu coração pulsa tão rapido que quase posso sentir meu corpo amolecer. Mas não pode, porque se eu amolecer, vou cair no chão e vou me render, e isso não pode! Eu chego perto da escada, parece que estou perto de uma decisão dificil. Eu não tenho coragem para subir ao mesmo tempo em que meu cérebro diz que não há nada de errado lá em cima, que eu estou sendo uma garota frágil usando um metal nas mãos como se estivesse preparada para uma luta. Uma luta que não é nem declarada ainda.
Eu subo um, dois degraus, então paro.
Mas, e se houver alguém lá em cima? Devo correr? Eu devo prestar atenção, se eu der algum passo falso na fuga posso despencar do andar de cima e tornar tudo mais fácil para o invasor. Eu posso empurrar o metal para a pessoa e tomar esse tempo para olhar os degraus com firmezas para chegar no andar de baixo. Viu? As coisas estão ficando melhores.
Subo mais dois degraus. Então desisto. Quando isso acontecer, eu vou para porta, mesmo que eu não saiba onde estão as chaves?
Eu não sei onde estão as chaves, e agora? Meu plano é somente um monte de pensamentos idiotas que não fazem nada. Eu estou numa enrascada.
Um choque ultrapassa meu corpo quando vejo algo se movendo por entre as prateleiras. Eu dou passos falsos para trás e me vejo despencando para trás sem algo para me apoiar, a primeira coisa que cai no chão depois de desequilibrar e acidentalmente acertar primeiro a minha cabeça, é o metal, que faz minha cabeça arder e minha visão ficar turva. Vejo os segundos passando pelos meus olhos até sentir o chão duro nas minhas costas.
Ou deveria.
Eu estou numa luta contra mim mesma, sentindo minhas pálpebras arderem por estar pressionando com tanta força e minha cabeça latejar por causa do ferro. Eu estava caindo, tinha visto uma sombra no andar de cima e foi por isso que cai, eu me desequilibrei de pavor, porque eu não estava pronta. Meus olhos doem, meu corpo dói, sinto como se o chão tivesse me sugado para o fundo, mas que fundo? Eu poderia estar tão debilitada que minha cabeça estava projetando imagens na minha cabeça como se fosse uma forma de dizer: você está inconsciente, então, se responsabilize pelos seus proprios pensamentos?
Ou eu tinha batido em mim mesma com o ferro forte demais.
Eu sou tão patética. Acho que morri... Ou estou chegando perto da morte. Devo ter caído, batido a cabeça tão forte que a dor insuportável tenha feito meu cérebro apagar, uma forma de tentar me proteger da agonia, me levando para um mundo paralelo enquanto meu corpo congela no mundo real e o meu sangue espalhando-se pelo piso de madeira. Sinto-me esmorecer aos poucos, sinto que em poucos minutos eu vou simplesmente apagar, partir para o outro lado, nunca mais voltar. Talvez eu veja meu pai e finalmente poderemos conversar sobre o que realmente aconteceu naquele acidente. Finalmente eu teria a chance de contar a alguem minhas teorias, a de que Adam, o policial misterioso (e gato!) está no topo da minha lista de suspeitos, o que eu não tenho certeza, talvez nem seja verdade, ou, se talvez for, Adam pode ter descoberto minhas suspeitas e vindo, por si só, me assustar ou tentar me matar... Ou... Ou...
Eu não estou morta!
Eu abro os olhos, sinto meus pés balançando no alto como quem flutua sobre as coisas, a luz é mais fraca, meu corpo está mais quente e vejo tudo passar pelos meus olhos como se eu estivesse em movimento. Será que me acharam e me levaram para o hospital? Por isso esse cheiro de umidade, gardênias e canela?
Desde quando hospitais tem cheiros meramente deliciosos? Quero dizer, pelo menos não estou morta, ainda não.
– Minha cabeça. – eu gemo.
É claro que toda essa coisa de pensar e imaginar estar flutuando como se fosse um anjo certamente me traria uma dor de cabeça, sem contar a dor absurda do ferro que bati acidentalmente na cabeça, mas então percebo que continuo flutando, será que um anjo e não um médico está me guiando para a luz? Mas é então que eu paro e sinto meu corpo ganhar uma postura ereta, eu estou me sentando.
Ergo meu rosto e vejo um par de olhos pretos.
– Você está bem? – a voz toma o cômodo, meus ouvidos, minha cabeça, meu corpo, parece mais uma miragem.
– Você não é um médico. – eu digo. – Ou um anjo.
Par de olhos pretos enrugam quando sorrir amavelmente.
– Quantos dedos tem aqui? – ele ergue a mão para perto da minha cabeça e vejo que é uma mão bem máscula, nada a ver com um anjo.
Seria um anjo muito atraente, então.
– Depende.
Par de olhos me olham com curiosidade.
– Do quê? – sua voz é como harpas tocando.
– Os meus ou os seus?
Par de olhos e voz de canto angelical está sorrindo para mim.
– Melhor eu te levar para um hospital.
É, essa seria uma boa ideia, mas não tem nada de legal nisso, não que eu tenha aversão a hospitais, muito pelo contrário, mas, quero dizer por que fico nervosa? Hospital. Médico. Enfermeiro... Isobel!
– Não. – desperto, num tom elevado de aflição.
Isobel não pode nem adivinhar que no meu primeiro dia de trabalho que eu tenha quase caído de uma escada e me machucado, principalmente se ela souber que existiu alguém me aterrorizando aqui dentro. Claro que não.
Eu estou de pé e sinto uma rápida onda de tontura passar por mim fazendo cambalear para trás esbarrando numa cadeira de madeira, que é quando o par de olhos (que tem mãos também) me segura pela cintura e consegue me manter em pé. Esse lampejo de fragilidade passa rápido, mas os braços do par-de-olhos-pretos ainda continuam em volta da minha cintura e mesmo com um toque de inconsciência, eu ainda posso sentir coisas estranhas no meu corpo, do tipo que você só sente lá para o terceiro encontro ou segundo beijo. Isso não é nada normal, acho que estou ficando louca ou coisa do tipo.
– Ai, meu deus. – eu digo para mim mesma.
– Melhor sentar, quer água? – o rapaz segura meus ombros e me senta numa cadeira de madeira atrás do balcão.
Eu não respondo nada, mas quando as mãos dele vão para longe eu estou quase arfando: volte para mim Anjo! Por favor...
Se eu for partir, que seja ele o meu Anjo... Ai minha cabeça!
Mas nada acontece, até que ele (par-de-olhos-pretos) retorna para sala assim de suas palavras, com um copo de água. Ele é rapido, muito mesmo, não dá tempo nem piscar os olhos e voltar a enxergar pelo menos parte das cores. O garoto me entrega o copo, e o jeito como ele fica parado na minha frente é quase como se estivesse me esperando.
– Beba. Tudo. – sabe, ele tem uma voz bem legal, mas é muito mandão.
Eu bebo tudo, afinal, eu estava, a pouco tempo, achando que estava morta e então ele está aqui, como se tivesse me salvado. Será que tinha?
Eu entrego o copo vazio para ele.
– O que houve? – eu pergunto, a visão meio turva.
O par-de-olhos-pretos me olha de cima e o copo não está mais na mão dele. Odeio essas ocilações na minha visão.
– Eu estava entrando, mas não encontrei ninguém no balcão. – ele me conta. – Embora tenha sido fácil te encontrar subindo uma escada como se estivesse aprontando para uma luta.
Eu fico envergonhada, porque eu realmente estava. Ele nem sabe o começo da história e já está adivinhando? O quão patética eu fui?
– Você se assustou com alguma coisa e despencou lá de cima, se eu não estivesse ali, essa sua dor de cabeça tinha se resumido a um traumatismo craniano.
Um lampejo de felicidade enche meus pulmões, obviamente, se ele não estivesse ali naquele exato momento eu tinha virado um sanduíche esparramado. Eu já estava imaginado tia Isobel pedindo a Maison para contar à Helena que eu estava morta, e ela pegando um voo arriscado para cá afim de enterrar dois corpos: o meu e o do meu pai, lado a lado.
Seria uma sensação horrivel, de qualquer forma, ainda sinto uma sensação horrivel, além de lembrar da morte do meu pai, eu lembro o que tinha acontecido para me assustar:
– Ai meu deus, sim, alguém. – eu ergo meus olhos e encontro os dele, mais preto, mais profundo, dá medo até no subconsciente.
Eu conheço ele... De onde?
– Tinha alguém ali. – e me levanto, para tornar as coisas mais empolgantes.
Ele me devolve na cadeira.
– Eu verifiquei. – ele está afirmando. – Um gato grandão passou pela janela do andar de cima e parecia estar fazendo uma festa particular naquelas mesas. E quando te viu deve ter se assustado tanto quanto você.
Eu me perco nas suas palavras. Era um gato? Eu tinha empunhado um metal nas mãos por estar com medo de um gato? E a sensação de sentir algo ruim acontecendo? Ele poderia explicar isso? Sinto muito, você pode ser muito bonito, mas não sabe o que eu vi.
Ele está brincando, podia ser uma sombra, eu sei, uma sombra muito turva, mas eu sabia que era enorme demais para ser de um gato, mesmo que ele pesasse uns dez quilos ou mais. Parecia uma sombra humana e não felina.
Eu estou quase argumentando quando ele diz:
– Eu fui tentar pegá-lo, mas... – então ele mostra os braços, a manga da sua blusa preta de malha grossa estão erguidas e, além de um abraço malhado (requinte de uma boa e pesada malhação), eu vejo garras traiçoeiras por sua pele.
Oh, céus. É verdade.
– Eu sinto muito.
– Não se preocupe, foi o gato.
Ergo meu rosto para cima e encontro o par de olhos pretos me encarando tão desconfiados e surpresos. Claro que eu devo sentir muito por ele, não estaria nessa situação se não fosse a minha culpa, além de tudo mais, eu devia muito a ele.
– Ele te machucou, sinto muito. – eu digo novamente. – Foi minha culpa.
Ele fica me encarando como se eu tivesse dito alguma coisa de outra mundo, isso faz meu coração meio que acelerar.
Faz três segundos que a minha visão voltou ao normal e eu percebi que o “bonito” tinha sido empregado com muita falta de atenção. O par de olhos pretos é mais do que bonito, ele é lindo. Quero dizer, toda essa composição de cabelo preto, olhos pretos, roupa preta (e um jeans Levi’s surrado de tirar o folego por se apertar nos lugares certo, tipo, coxa) faz dele um modelo daqueles que estampam propagadas de perfumes famosos com um visual sexy e uma voz de veludo rouca no fim das palavras.
E esse sotaque? Ele tem sotaque, é como se meu coração derretesse a cada milésimo de segundo gasto por uma letra que ele diz. Eu preciso saber de onde conheço esse Deus Grego. Será que eu já o vi desfilando por ai?
– Eu estou bem. – sua voz grossa irrompe o silencio e meus devaneios. – São apenas arranhões.
Ele os esconde agora embaixo da blusa.
– De qualquer forma, - eu encontro a voz. – você deveria me deixar dar uma olhada, pelo menos para me redimir.
Ele faz que não com a cabeça e deixa seu cabelo preto (que bate na ponta da orelha e tem uns fios mais longos que vão um pouco mais da metade) balançar com o movimento.
– Sabe, você deveria parar de ficar pedindo desculpas toda hora que nos encontramos. – e ele ri.
Riso. Sabe, acho que qualquer coisa combina com ele, até mesmo quando ele está tentando ser engraçado e...
Espere, ele disse...
– Ai, meu deus. – eu levo minha mão para boca e me ergo logo em pé. – É você. Não acredito. É você o cara do posto.
Minhas pernas estão tremulas e estou morta de vergonha.
O rapaz que acertei com a porta do banheiro está com os olhos em mim com um jeitinho fofo, mesmo quando estou vermelha.
– Está tudo bem. – ele me afirma. – Sem hematoma. – aponta para seu olho mais que bonito.
Ah claro, mas acabei de proporcioná-lo garras de gato no seu braço definido. Eu queria achar um buraco e me enterrar lá dentro para tipo, por uns mil anos, pode?
– Embora eu prefira te encontrar em ocasiões que não haja perigo para nenhum de nós. – ele completa. Eu enrubesço.
Sim, algo com eu numa prisão com uma blusa de força? Concordo plenamente.
– Como eu a vinte quilômetros de distância de você? – eu tento rir, mas não saia.
O garoto se encosta no balcão.
– Ah, nada disso. – ele nega com a cabeça. – Eu estava sendo mais criativo. Sete horas. Jantar. Nós dois. Muito confortável.
E quando ele diz, eu percebo que meu coração acelera em descompasso e eu sinto minha pele arder. Ai, meu deus, ele está acabando de dizer que pensa jantar comigo como em um encontro? Ou ele só está flertando comigo por causa do meu estado mental: maluca surtando por causa de um gato e de uma porta do banheiro feminino?
Eu engulo secamente e pergunto:
– Isso foi um... – eu até me nego a continuar.
– Uma proposta. – ele responde por mim. – Você está me devendo uma, lembra? – e ele pisca.
Os olhos dele são tão pretos que eu fico confusa, pareço perder o chão todas as vezes que sou pega olhando-os. As vezes eles me dão medo. As vezes eles me instigam. Na verdade, eu ainda estou escolhendo qual das duas opções são melhores para ele. Perigo e ao mesmo tempo Segurança. Acho que nem maluca eu sou, estou mais para bipolaridade. Claro que ele está mais para seguro... Mas ele tem um pouco de perigo que as vezes estremece até a alma.
– Devo ficar com medo? – a pergunta pula sem mais nem menos.
Ele sorri.
– De mim? Yeah, ahm, é boa uma definição
– Eu estava falando da proposta. – se eu disse, eu seria sincera então.
– Disso também. – ele é absolutamente vago e misterioso.
Nós ficamos parados olhando um para o outro por longos segundos, até que quando não consigo mais, desvio o olhar e tento buscar algo melhor para encarar, tipo uma papelada em cima do balcão, mesmo que não seja mais charmoso e tentador do que Ele.
E também sei que não é educado ficar encarando os outros assim, como se ele não tivesse estado com uma garota antes. Ou uma pessoa. Um ser humano. Ah, convenhamos, ele parece ter saído de uma revista de moda ou de celebridades, ele pode ser até o mais novo queridinho da fama encontrado por ai numa balada que despertou os olhares dos “caçadores de fama”. Ele deve até estar sendo escalado para algum filme baseado em livros que todo mundo está comentando.
Independente de onde, eu só sei que ele não pode ser de verdade.
– Você é familiar. – ele responde de repente.
Eu olho para ele, meu coração fica pulsando meio que descontrolavelmente.
– Sim, eu quase arranquei sua cabeça com uma porta. Sabe, aqui... – eu aponto para seu olho, meu dedo quase toca sua pele e vejo o sorriso se formando no canto dos lábios dele.
Ele ri que treme os ombros. Sua risada é boa de se ouvir, toma todo o cômodo da livraria e faz eu me sentir meio estupida, sabe, o cara é meio assustador, quero dizer, ele nem parece de verdade, chega dar medo ser eu mesma, sem nada de especial.
– Não isso. – ele se aproxima. – Eu juro que conheço você, não de agora, mas de muito antes... E esses olhos...
Por que ele está próximo? Sinto que pode ouvir meu batimento cardíaco e sentir minha respiração. O par-de-olhos-pretos está tão perto que quase sou sugada para a dimensão que é o mundo atrás daquele fundo preto, ali.
Ele ponde enlouquecer qualquer um.
– Eles são estranhos demais? – confesso, odeio quando meus olhos parecem uma combinação estranha de uma lente de contato mal feita.
E pior é que essa cor é de verdade.
– Na verdade, não. São os olhos mais verdes que eu já vi... – ele quase toca a minha pele. – São lindos.
Eu enrubesço com o elogio, é por isso que me afasto. Certo, eu não devia, mas parece que estou sendo capturada para outro lugar, nem parece que alguém como ele possa existir aqui, não só em Sponvilly, mas na Terra.
– Oh, por favor, como se nunca tivessem te elogiado antes. – ele continua, me seguindo.
Na verdade, eu já recebi elogios antes, mas não como os dele. É intenso, é cheio de mistério e faz coisas estranhas com meu corpo.
O rapaz fica me olhando como se eu fosse um artefato a ser admirado, é tão fixado e determinado que fico me sentido desnuda, parece que ele quer me ver entre as entrelinhas, ouvir meus pensamentos, sentir meus sentimentos, estar dentro de mim como se fosse um só.
Isso é meio aterrorizante. Acho que ele percebe isso, porque ele muda radicalmente de expressão, como se fosse um robô programado.
– Desculpe-me. – ele diz. – Já que você está bem e... – ele se afasta só um pouquinho. - Eu preciso ir.
Eu me pergunto: por quê?
Quero dizer, não estava tão ruim. Por que eu tinha que ignorá-lo tanto, então? Se fosse outra garota (mais normal) teria trocado flertes com ele também.
– Espere. – eu peço. Ele volta. – Obrigada por... Tudo.
Ele sorri, pequeno, mas sorri.
– Não tem pelo o que agradecer, - ele responde, e então volta a estar perto. – só fiz o que eu tinha que fazer.
Claro, me salvar de um gato, eu penso. Nossos corpos estão tão próximos que consegui sentir o cheiro de canela, bem fraquinha, mas ainda posso distingui-la, é uma mistura de chuva e gardênias, essa confusão toda de cheiros fica maravilhoso. Eu estou quase hipnotizada, quando pisco os olhos e desperto.
Ele disse alguma coisa?
– O quê? – eu pergunto meio desnorteada com a sua beleza.
Ele sorri que ocupa toda a face.
– Perguntei se você trabalha aqui. – ele é paciente.
Eu faço que sim com a cabeça.
– Eu nunca a vi pela cidade. – confessa.
– Eu voltei a poucos dias. – e paro, não quero entrar em detalhes.
– Compreendi.
Já disse que ele não se afastou? Embora ele também não tenha se aproximado e agora estou preocupada se estou bem apresentável para ficar perto dele, quero dizer, eu ainda consigo sentir o perfume dele, não sei qual é, mas é bom em nível máximo. Será que meu hálito está mal? Bem que eu poderia ter aceito aquele trident que Megan me ofereceu depois do almoço. Ai meu deus.
– Você pode me prometer uma coisa? – a voz dele interrompe meus pensamentos meio confusos e estupidos.
O que ele vai pedir? Meu deus. Eu fico preocupada com promessas, mas concordo.
– Estará aqui, quando eu voltar? – há uma questão ambigua, eu não sei se foi uma pergunta ou uma ordem.
– Por quê?
O rapaz enfia os dedos no bolso.
– Eu não sei, para ser franco. – ele dá de ombros. – Talvez eu queria ter certeza que seu acidente não tenha passado de apenas um desmaio. Tudo bem?
Ele quer dizer que voltará para ver meu estado? Eu não consigo entender, só consigo suspirar. Na verdade, eu não consigo responder primeiramente porque eu estou deslumbrada. Uma hora é um o olhar, outra é seu sorriso angelical, outra é seu sotaque elegante e agora uma insinuação de interesse.
Entao eu digo:
– Ok.
– Ok. – e ele ainda não se afasta.
Ele pode ouvir meu coraçao estourando aqui? O dele parece calmo o suficiente para eu espantar a ideia dele sentir a mesma confusão que sinto quando eu escuto sua voz (no seu caso, a minha voz). Como sou estupida.
– Então, promessa feita, acho melhor eu ir então. – ele dá dois passos para trás e bate levemente no balcão. É o limite.
– Até mais, então. – eu digo, meia triste com a despedida. Não tem por quê.
Ele dá um sorrisinho gentil.
– Até mais Srta. White. – ele acena e depois pisca para mim. Falta só me derreter.
Ele se move cautelosamente para fora da salinha que ficou grande demais, ele não acelera os passos, parece que estou vendo ele em camera lenta, indo embora e depois desaparece.
Eu, sem sombra de duvida, nunca conheci ninguém como aquele homem, principalmente pelo fato de eu não ter perguntando o nome dele (por que não???). Há outras explicações também, como alguém pode ser tão bonito e ainda ter um sotaque daqueles? Eu acho que preciso me sentar.
Quando me sento e fico olhando feito boba para a porta, é que eu me desperto realmente. A porta não estava aberta, não estava, eu a tranquei, como ele tinha conseguido entrar aqui dentro sem, ao menos, arrombá-la? Quero dizer, o que faria ele arrombar essa livraria? Ele nem podia me ver do lado de fora, as prateleiras fariam o serviço de me esconder. A não ser que ele já estivesse aqui dentro? Mas a porta está aberta e... Sinto a chave no bolso da minha calça aqui, como fui tão patética?
Isso não sentido. Quero dizer, nada faz, como ele sabia meu nome pelo fato dele ter mesmo dito: eu nunca vi você pela cidade? O que há de errado com aquele cara? O que há de errado com essa cidade?
No mesmo segundo alguém irrompe meus pensamentos e vejo que é Suzanna na sua habitual saia florida até os pés, uma blusa branca e um casaco aconchegante apertando sua cintura. Seu cabelo é levemente penteado para os lados em um volume deslumbrante. Ela está com o celular nas mãos e acaba de tirar os fones.
– Nathalie Whiteeeee! – ela grita lá no meio do corredor.
Eu fico feliz por ser ela quem está entrando, eu não saberia como reagir se fosse um cliente, principalmente depois de tudo. Quando Suzanna se aproxima e fecha os braços em cima do balcão depois de uma olhada rápida no celular, ela examina minha feição. Acho que ainda estou com aquela cara de passada. Completamente.
– Por que essa cara de vento? – ela me pergunta.
– Que cara?
– A que acabou de ver um... – ela pausa. – Ah!
– Ah, o quê?
– Entendi. – ela suspira para mim. – O que Andrew falou que te deixou toda derretida?
Eu pisco duas vezes.
– Quem é Andrew?
– Quem é Andrew? – ela repete minha pergunta, embora mais surpresa. – Por acaso é o rapaz com a cara de vilão mais sexy do planeta que acabou de sair da livraria.
Meu coração meio que quase sai pela boca.
– Então é esse o nome dele? - eu me perco num momento só meu, parece que estou sonhando.
Tudo bem que ele parece um vilão e que eu esteja suspeitando dele ter arrombado minha loja ou eu esteja acusando-o de ter estado aqui o tempo todo, mas, convenhamos, quem se importa com esses detalhes se ele tem aquela aparência toda e aquele sotaque meio inglês?
Ele podia ser meio misterioso, mas, confesso, ele é de tirar o folego.
– Sério?! – é a única coisa que digo nos primeiros segundos enquanto Suzanna está fuçando seu celular e me olhando também.
– É, Andrew McDowell. – Suzanna se interrompe de mecher mais um pouquinho no celular e me olha nos olhos.
Eu sou puxada de um sonho para entrar em um pesadelo.
– McDowell? Do tipo, Adam McDowell?
– Yeah, claro, por que a cara de assustada? Você sabe, eles são irmaos, completamente, inteiramente, em termos de beleza, gostosura, mistério e habilidades para fazer qualquer mulher de derreter.
Isso não pode ser realmente verdade!
– Achei que soubesse, afinal, não é Adam que está, você sabe, com o caso do seu pai?
Eu nem me dou ao trabalho de responder, eu fico simplesmente sem reação. Acredito que mistério e segredo seja uma derivação dos McDowell. Ai, meu, Deus!


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Notas finais do capítulo

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