Banhados pelo Luar escrita por Hoshi Girl


Capítulo 1
Banhados pelo Luar




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Banhados pelo Luar.

“Resposta ao Desafio Queen of Hearts 2009. Adoro.”

“Tema 39-Lua.”

DISCLAIMER: Os personagens pertencem a Hino Matsuri, e a fanfic é feita para fins não-lucrativos. Vampire Knight, Vampire Knight... A primeira, espero que gostem. *-* Contém Spoilers... >.<~ 

RESUMO: Vampiros precisam de sangue. E pessoas precisam de amor. Mas há alguns vampiros que também precisam de amor. E esses vampiros, eles não sabem a hora de parar de amar.

~~~~~~~~~~~~

         Ao cair da noite, já as duas turmas haviam se separado. A turma do Dia já se encontrava em seus dormitórios, faziam deveres, já dormiam, ou escreviam cartas de amor.

 

Enquanto isso, a Turma da Noite se dirigia às salas de aula. Já era hora de eles mostrarem as caras, sem medo de violarem as regras ou serem expulsos da academia Cross. Nenhuma aluna-fã-maníaca para lhes atacar, ou melhor, para eles atacarem.

 

-Kaname-sama? – Hanabusa chamou o Líder, apontando para um canto escuro do corredor.

-O que foi, Aidou?

-Há alguma coisa ali... Se debatendo.

-Continuem, eu já vou. – E Kaname deu meia volta, enquanto os outros vampiros assentiam, seguindo a frente.

 

Se aproximou, revirando os olhos. “Deve ser alguma aluna da Turma do Dia, tentando ver Idol-chan.”

 

Em passos lentos se aproximou e então, surpreso, Kuran percebeu de quem se tratava. Zero Kiryuu. O vampiro revoltado que, culpado por seu desejo, havia se apaixonado por Yuuki. Pelo menos era isso que Kaname achava. Primeiro, sentiu repulsa. O que ele estaria fazendo ali? Se debatendo, com a pele em chamas, as presas à mostra.

 

-Kiryuu?  Você não deveria estar jantando com Yuuki e o presidente Cross? O que está fazendo aqui? – Disse, se agachando junto dele.

-Sangue... Sangue... Yuuki. – Kuran apalpou os bolsos. Nenhuma pastilha. Ele estava delirando, precisava de sangue. O que Kaname faria? Pensou em Yuuki. Ela o estava alimentando com sangue, estava fraca, para que ele não se tornasse um Classe E, isso era sacrifício.

-Kiryuu. Você, você... Está mal. Vou levá-lo ao presidente Cross. Venha.

-Não, não, Kaname. Eu não quero. Fique.. Fique aqui. – Zero disse, puxando Kaname para perto de si. – Eu preciso... de sangue.

 

Kaname já não estava mais raciocinando como queria. Estava ali, com o corpo a centímetros de Zero Kiryuu, enquanto seus colegas de dormitório estavam alguns corredores depois. Viriam eles ver o que estava acontecendo? O que achariam da situação? Uma parte de si clamava, “Saia logo daí”, enquanto a outra, mais forte, o mandava ficar e ajudar Zero. O que estava acontecendo com ele?

Olhou para a lua, lá fora. Ela os fitava, bela. Os banhava. Voltou os olhos para o vampiro a sua frente. Ele tentava levar a boca ao pescoço de Kaname. Definitivamente, estava delirando, precisando, de qualquer modo, de qualquer tipo de sangue que estivesse a disposição. Mas o seu sangue não estava.

 

-Kaname... Eu imploro... Sangue. – As palavras saíam soltas, confusas, enquanto ele segurava cada vez com mais força a camisa de Kuran.

-O que eu faço com você, Kiryuu?

 

Fechou os olhos, forçando as mãos de Kiryuu para longe. Tentou clarear os pensamentos, mas a única visão que tinha era a de Zero mordendo seu pescoço, o beijando, enquanto a Lua os iluminava sedutora.

 

Inconscientemente, levantou-se, trazendo Zero consigo, apoiado em seus braços. Podia sentir um perfume cítrico, misturado ao suor do desejo e do momento enquanto arrastava Zero, ainda relutante, para algum lugar onde não houvesse perigo de vontades internas se manifestarem. E as vontades se remexiam, ansiosas em seu corpo. De abrir sua camisa, deixar que o fogo o dominasse, e os fizesse um só.

 

Mas o plano não funcionou. Antes que retomasse a caminhada, Zero se aproximou mais ainda, arfando, o peito subindo e descendo. Um botão da camisa estava aberto, os cabelos castanhos desgrenhados, mas ainda assim bonitos. A consciência vinha e voltava de seu corpo, alternando-se com a piedade intencional de doar-se ao rapaz que estava agora, respirando a centímetros de si.

 

Não sabia o que fazer, pensamentos nunca antes nem sonhados o inundavam e ele já não poderia resistir à luxúria. Zero ainda sussurrava, “Sangue, sangue... Seu sangue...”

 

Outra coisa lhe passou pela cabeça. Kiryuu, com certeza, estava tão absorto em sua necessidade, que... Será que ele se lembraria disso, horas depois? Quando já estivesse alimentado, seu cérebro guardaria essas lembranças profanas? Ele, o revoltado, desejando o sangue de Kaname Kuran, era estranho. Com certeza, se conseguisse lembrar, se sentiria extremamente aborrecido consigo mesmo. Talvez nunca mais olhasse nos olhos do Sangue-Puro, nem que fosse para provocar. Talvez não se lembrasse da noite em que a lua os flagrou, perpétuos.

 

Mas e Kaname? Ele não estava inconsciente, ou delirante. Ele estava são, em plena noite de aula, e mesmo assim, estava com tamanha sensação que parecia estar fora dele mesmo.

 

-Não importa, Zero. Vou conceder-lhe meu sangue. – E se apoiou na parede, esperando as presas famintas de Zero lhe perfurarem a pele. Ele não sofreria nada, era um vampiro. Se ninguém soubesse, nada mudaria.

 

Aguardou, com os olhos fechados. E então.

 

-Kaname? Kaname-sama? O professor precisa de sua ajuda. Um dos alunos se descontrolou. Você está aí? – A voz era conhecida, mas ele não estava com a cabeça suficientemente fixa para lembrar de quem era.

 

Largou Zero, que caiu no chão com um baque. “Não, Kaname. Ninguém pode saber disso.”, e foi ver o que acontecera.

 

Alguns passos adiante, vinha Ichijou-san, arfando. Pelo jeito, havia procurado muito por Kuran. Parou, com os olhos se adaptando a escuridão do corredor. Antes que pudesse começar a história, os olhos de Kaname se iluminaram.

-Me dê algumas pastilhas de sangue, Ichijou. E dê também alguma a esse infeliz... O descontrolado. – Ele estava controlando a respiração, fingindo que estava tudo bem. – Estou indo. E não me pergunte o que estou fazendo, entendeu?

         -Cla-claro, Kaname. – E lhe entregou algumas daquelas pastilhas vermelhas, já saindo, numa espécie de reverência fajuta ao puro sangue.

 

         Kaname voltou para o canto do corredor, e colocou as pastilhas na boca de Zero. A sensatez tinha voltado a ele. Seu dever era não deixar que os vampiros a sua volta cometessem besteiras. Imagine então deixar que ele mesmo cometesse uma.

 

         -Sangue... – Zero ia engolindo as pastilhas, talvez não satisfeito, pois o que queria era líquido e quente, mas estava engolindo.

 

         Kuran esperou. Na verdade, sabia que não era bom estar ali quando Kiryuu voltasse a si. Seria constrangedor. Péssimo até. Mas não era isso que a sua parte quente queria. Ela queria continuar ali, para que Zero se apoiasse em seus braços, ofegasse em seu colo.

 

         Até que o esperado, ou o desesperado, fim chegou. Lentamente, a visão de Zero parou de falhar. Seus batimentos voltaram ao normal, e ele pode olhar com clareza quem estava a sua frente. Kaname Kuran? O que ele estava fazendo ali?

 

         -Zero...Zero...Você está melhor? Lembra-se de algo?

         -Não... Mas, você deve ter me ajudado, obrigado, vampiro. – E saiu, orgulhoso. Não se deixaria levar pela compaixão de um...vampiro.

 

         Kuran assentiu, frio, e deu-lhe as costas. Precisava voltar a sua missão. Pórem, dentro de si, ele chorava. Não podia suportar a idéia de que ele não se lembrava, e Kaname remoeria aquela lembrança para sempre em sua mente.

 

         Olhou para a lua, novamente. Ela ainda o banhava, agora só. Banhados pela lua, eles estavam, momentos antes. Numa relação de benefício múltiplo e inconsciente. Amante sem saber como. Amados sem saber por quê.

 

         Banhados pela lua.

 

         Aquele Zero que queria desesperadamente sangue é muito diferente desse, que me olha agora, com desprezo.”

 

         Enquanto andava, ele resolveu esquecer o acontecido também. Se Zero  havia esquecido, ele também o faria. Deixou as vontades delinqüentes lá no fundo, e seguiu. Afinal, a lua estava solitária, lá em cima, e ainda assim, exalava seu brilho, banhando quem quer que fosse. Ele também podia fazer isso.

 

         E assim, nunca, ninguém soube do que tinha acontecido. A não ser a Lua. Ela os havia banhado.

 


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