No Térreo escrita por Victor H


Capítulo 1
Capítulo Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/403344/chapter/1


Eram quase 7 da noite de uma terça-feira. Da porta entreaberta do apartamento 403 ela ouviu o barulho. Já havia calculado, tinha mais ou menos 9 segundo para pressionar o botão do elevador antes que ele passasse por seu andar. Levantou-se do sofá em um rápido pulo, pegou a sacolinha previamente deixada ao lado da porta, fechou-a com um empurrão, deu alguns passos e pressionou o botão do elevador. Ajeitou rapidamente a postura e esperou a porta se abrir a sua frente. Foi aí que o viu:


- Boa noite. – Disse a pequena com um tom meio ofegante após a mini maratona de 9 segundos.


O garoto de cabelos alaranjados abaixou os fones de ouvido anteriormente presos às orelhas e disse:

- Oi? – O volume estava muito alto para que ele pudesse ouvir o que a moça havia lhe dito.

- Ehh, barulhento esse elevando, não é mesmo? – Disse ela tentando uma segunda abordagem.

- Um pouco... – Respondeu ele olhando o painel piscar.


Nesse momento ela já estava convencida de que todas as expectativas sobre o rapaz eram só fruto de um bobo e inocente platonismo. Durante os cinco últimos meses ela planejava uma abordagem para conhecer melhor o vizinho. Já conhecia boa parte de sua rotina, mesmo nunca tendo conversado com ele mais do que meia dúzia de palavras. Ela sabia que às 8 da manhã ele saia para o colégio e que nas terças e quintas-feiras, pontualmente às 19 horas, descia para colocar o lixo para fora.


A porta do elevador abriu. Ambos caminharam até o latão de coleta de lixo no térreo do prédio, em silêncio. Foi nesse momento, que para a surpresa da morena, o rapaz proferiu:


- Você é do 402, certo?

- Sim! E você do 1011, né?

- Isso, sou Kurosaki Ichigo. Muito prazer. – Ele entendeu a mão vazia enquanto abria um discreto sorriso.

- Prazer Kurosaki-San. Sou Kuchiki Rukia.

- Às vezes eu a vejo... Na janela, pela manhã... – Disse o garoto.

- Ah, você me viu? – Disse ela com o rosto corado de vergonha.

- Sim, às vezes. – Respondeu Ichigo enquanto colocava a sacola do latão.


O silêncio reinou novamente no térreo do prédio. Alguns segundos se passaram até que a baixinha decidiu quebrar o gelo, determinada em conhecer mais sobre aquele rapaz de cabelos alaranjados, de sua rotina, de seus problemas, de sua vida.


- Seu lixo... É pouco. Mora sozinho? – Perguntou ela.

- Sim, desde... Eh, sim. – Disse ele cabisbaixo.

- Gomen. Eu não deveria me intrometer nesses assuntos. – Disse ela.

- Tudo bem. É que eu ainda sofro pela ida dela. – Falou ele com tom de lamentação.

- Namorada?- Questionou ela, interessada na resposta.

- Não, mãe. Era ela quem dava unidade à nossa família. Desde que morreu, meu pai se afundou no trabalho e então quase não o vejo. Minhas irmãs acabaram se mudando para uma escola interna e eu, não agüentando a solidão daquela casa, me mudei para esse prédio.

- Lamento... – Disse Rukia em tom de pesar. – Mas e aquela foto, rasgada ao meio? Da moça de longos cabelos alaranjados... – Ela percebeu que estava se intrometendo de novo.

- Acabou. Agora é passado. – Falou ele.

- Entendo... – Disse ela.


Após a formação de uma atmosfera, até certo ponto, melancólica, foi ele quem mudou de assunto:

- E você? Morando aqui há muito tempo?

- Alguns meses. Mas pelo visto, só estou de passagem. Meu trabalho me obriga a viajar muito, e ainda tem meu irmão... – Disse Rukia.

- Em que área atua Kuchiki-San? – Ichigo perguntou.


Ela pensou bastante para responder à pergunta do rapaz. Sabia que não poderia simplesmente dizer que veio do mundo shinigami e que ajudava almas errantes a chegar a seu destino definitivo. Foi aí que pensou:

- Encaminho pessoas.

- Tipo assistente social? – Perguntou ele, sem ter idéia do que a baixinha dizia.

- Bom... Mais ou menos isso. – Disse ela.

- Entendi. Bom, percebi que gosta bastante de suco de caixinha. – Disse ele enquanto olhava a sacola cheia de pacotes vazios na mão da morena.

- Sim! É uma das coisas daqui que me encantei. Acho fantástico o sabor, o canudo, a variedade! – Disse Rukia entusiasmada.

- De onde você vem não existem sucos de caixinha? – Perguntou ele surpreso.

- Bom... Aqui é tudo muito diferente. – Respondeu ela sem graça e com um sorriso torto. Estava cada vez mais complicado não levantar suspeitas.

- E aqueles desenhos? Eram todos seus? – Perguntou ele.

- Ah não! Você os viu? Aqueles rabiscos vergonhosos? – Ela se lembrou de ter jogado alguns desenhos fora na semana passada.

- Que nada. Eles eram ‘’fofinhos’’! – Disse Ichigo sorrindo.

- Bem... Obrigada. – Respondeu discretamente.

- Bom, já é tarde. Sobrou um pouco de lasanha na geladeira. Se não se importar de comer comida requentada...

- Isso é um convite? – Perguntou ela, surpresa.

- Sim... – Respondeu ele com as bochechas levemente coradas.

- Só se eu puder levar o suco de caixinha! – Brincou ela.

- Fechado!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "No Térreo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.