Flores Para Anne Juliet escrita por Petrova


Capítulo 4
3. Depois das Lentes


Notas iniciais do capítulo

Erros ortográficos por favor ignorem, ainda não tive tempo de correção.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/403237/chapter/4

            Eu estava com saudade dessa coisa de estarmos todos juntos novamente. Estar com a minha mãe em Paris é ótimo, de qualquer forma, mas eu ainda congiso sentir a pressão de ter a lembrança do meu pai por todos os lados que ela vai comigo. Não consigo me livrar disso. É como se, em algumas ocasiões, eu sentisse a culpa dele ter partido. Para sempre.

            Estar junto com meus amigos é uma parte saudável minha, eles sempre estarão aqui, eles sempre me farão sorrir quando eu estiver triste, eles sempre farão. E eu queria dividir esse momento com Brad, por isso eu mandei uma mensagem dizendo o quanto tinhamos rido e o quanto eu ainda sentia sua falta.     

            Eu esperava ansiosamente sua resposta.

            - Como está sua expectativa para a primeira aula? – perguntei para Nathan quando as risadas tinha cessado.

            Ele ficou animado para responder.

            - Na verdade, eu não sei. – ele riu.

            - Eu já contei que ele sabe chorar? – Eliza o interrompeu. – Quero dizer, ele chora mesmo, sai lágrima e ele fica com o nariz vermelho e tudo.

            Mandy e eu rimos.

            - Sim, Eliza, você disse isso umas vinte vezes durante essa semana. – Tommas estendeu o celular na mesa. – Tenho quatro mensagens suas só no meu celular falando sobre isso.

            Eliza fez uma cara feia para ele.

            - Na verdade, eu queria dizer, você quer teatro mesmo? – eu os interrompi de um ataque mortal entre eles.

            Nathan fez que sim com a cabeça.

            - Quero dizer, acho que sim.

            - Você sabe que pode se inscrever em mais áreas como ouvinte ou espectador, eles usam isso quando um aluno tem capacidade para várias áreas.

            - Ah, é? Eu ouvi isso naquela reunião que fizeram com os novatos. – ele me respondeu, interessado.

            - Então, - completei. – eles têm horas livres na parte da tarde, você pode preencher seu horário com duas ou mais  áreas na quais você esteja em duvida. Eu fiz isso quando entrei, mas desisti logo na primeira vez.

            - A maioria faz essas inscrições. – Eliza respondeu por mim.

            Tommas fez um sim com o dedão.

            - Eu fiz isso, mas no fim das contas eu acabei ficando com os dois. – ele respondeu.

            - Porque você é incrivelmente bom nas duas, isso é diferente. É como tentar escolher entre batata-frita e coca-cola.

            Eles riram.

            - Meu pai já acha o contrário. – ele murmurou.

            - De novo isso?

            - A culpa não é nossa se temos os piores pais da face da terra. – Nathan o defendeu. – Eu quero dizer, quem fica dizendo que artistas precisam de um conselho psiquiátrico? Isso não existe nas familias normais.

            - Verdade. Ou um pai que acha um mendigo desdentado mastigando um sanduiche velho mais artistico do que as minhas pinturas?

            - Quero dizer, espere, um mendigo? – eu o olhei.

            - Você entendeu.

            - Nós entendemos, entendemos que os pais de vocês não tem capacidade para verem o quanto são talentosos. Eu tenho um quadro seu na parede da minha sala, Tommas, porque minha mãe se apaixonou por ele. E, céus Nathan, você chora na mesma facilidade em que alguém respira. – essa é a Eliza sendo positiva e amiga.

            Adoro.

            - Já entendemos que eu choro e sua mãe tem um queda pelo Tommas, mas ainda sim temos pais cruéis. – Nathan estava rindo.

            - Minha mãe não tem uma queda por ele.

            - Porque ela é normal. – eu defendi a Sra. Clewart.

            - Obrigado, Anne. Mas mesmo assim temos pais horríveis. – Tommas tinha aquela expresão carrancuda de quando está magoado.

            Mas não comigo.       

            - Por que vocês ligam tanto? – resmunguei.

            - Vocês são adultos. – Mandy me completou.

            - É, e vocês tem suas proprias opiniões.

            Nathan e Tommas não parecia completamente curados com toda essa rebeldia, mas pelo menos ele riram depois de um segundo em silêncio.

            - E como sempre Anne tem razão. – Eliza estava me abraçando.

            Na maioria das vezes, eu pensei.

           

            Mandy e eu estávamos retornando para a sala depois de nos despedir do casal do ano e o palhaço do Tommas a alguns minutos. Nós ficamos comentando das nossas férias em todo esse trajeto quando chegamos no nosso lugar de sempre, até ela perguntar:

            - Como está Brad?

            Essa era uma pergunta que precisava de muitos significados. Toda vez que nós conversamos ele sempre está falando o quanto Roma é incrivel e o quanto ele parece feliz lá. Ele não fala muito sobre os amigos que conheceu, sobre os colegas de trabalho, ele também não tira muitas fotos, está sempre tão ocupado que nem fico enchendo sua paciência com essas perguntas, afinal, ele pinta e não tira fotos, é uma coisa totalmente diferente, eu deveria entender isso.

            De qualquer forma, ele está sempre feliz quando me fala sobre Roma e seus pontos legais.

            - Ele está trabalhando muito, sabe? Quase tão ocupado quanto eu fico aqui nas semanas da exposição. E parece feliz, como não estaria? A revista é boa e é conhecida, é um dos sonhos que ele realizou. Bem, é, ele está bem.

            Quase perdi o folego. Mandy estava olhando atenciosamente para mim.

            - Legal.

            - Verdade.

            - Faz muito tempo que eu não o vejo. – ela sorriu. – Ele vem nos visitar algum esse ano ainda?

            Eu fiz que sim com a cabeça.

            - Pelo menos é o que eu espero.

            - É. – ela concordou. – Estou lembrando do nosso grupo, principalmente quando estávamos juntos hoje. – olhou-me.

            - Nostalgia? – sorri.

            - Ah, muitas. Vai visitá-lo?

            Umas quatro pessoas entraram ao mesmo tempo conversando e rindo procurando suas respectivas cadeiras. Eu observei timidamente.

            - Roma não é tão perto daqui. É em outro país, mas, quero dizer, estamos combinando, o aniversário dele é daqui dois meses.           

            - Depois das exposições. – ela completou.

            - E espero levar meu premio para ele.

            - Seria fantástico não é?

            Eu concordei.

            - Tomara que ele ainda lembre da gente.

            Eu pensei sobre isso, mas Jesse entrou no mesmo momento.

            O que Mandy queria dizer? Foram só dois anos, não é tanto tempo, muitas coisas mudaram e Tommas sempre mantem contato com ele, da ultima vez nós estávamos todo juntos no meu apartamento jantando pizza e ouvindo Rolling Stones enquanto Brad contava todas suas aventuras em Roma, o quanto seu trabalho é bom e o quanto tudo parecia um sonho. A revista em que ele trabalha é muito famosa na cidade, segundo ele, seria aquele tipo de oportunidades irrecusáve. Dá para ver o quanto ele está bem e o quanto nós estamos felizes por ele.

            Mesmo que Roma seja um trilhão de quilometros daqui.

            Ele não está tão distante assim, ele está bem aqui, ainda, sempre pensando em nós, lembrando e rindo de vez em quando do que já fizemos juntos.

            Jesse disse mais algumas coisas no fim dos meus pensamentos, eu mal tinha percebido ela falar. Eu estava tão apagada que por uns instantes eu estava no apartamento com Brad e estávamos fazendo planos. Não durou muito o pensamento, mas os planos durarão com certeza.

            Eu já comentei com ele que quando eu terminasse aqui e me inscrevesse em alguma faculdade ou para algum trabalho, eu faria o possível para ficarmos juntos. Brad também estava animado com essa possibilidade.

            Cornélia, algumas vezes, fica preocupada com toda essa rapidez que eu e ele estamos tendo com o nosso relacionamento. Eu a entendendo, mas ela deveria saber que auando as pessoas se amam de verdade, o tempo parece só parte da decoração.

            É assim mesmo, rápido.

            - Ansiosos? – Jesse perguntou depois de alguém ter comentado alguma coisa.

            Ondas de respostas soaram pela sala enquanto eu permanecia na mesma inércia, olhando as pulseiras no meu pulso se mexerem tediosamente. Eu sinto falta do Brad.

            Eu sinto falta dele enroscar os dedos ou suas jaqueta surrada nas minhas pulseiras toda vez que ele tentava me abraçar ou me beijar, ele odiava elas. Mas eu sempre as vestia porque era engraçado ver a expressão dele irritada.

            - As mesmas equipes de sempre, então? – Jesse tinha continuado.

            Eu queria ele aqui, é pedir muito?

            Brad, quando estava perto de tocar, ele caminhava pelos corredores para encontrar minha sala. Ele passava umas três vezes pelos corredores para que eu o notasse, ele só estava ali porque adorava me ver rindo e ficando vermelha porque eu tentava não parecer estar prestes a rir em uma sala completamente silenciosa. 

            - Anne? – alguém me cutucou.

            Todos estavam olhando para mim inclusive Jesse. Mandy tinha me cutucado e alguém esperava uma resposta.

            - O que?

            As pessoas riram.

            - Pensamentos aonde Srta. Juliet? – Jesse sorriu na minha direção enquanto segurava uma prancheta.

            Eu fiquei vermelha. Eu fiquei tanto tempo deslocada assim?

            - Desculpe, eu não ouvi. – respondi, colocando uma parte do meu cabelo para trás.

            Jesse foi paciente comigo.     

            - Como eu suspeito que você tenha ficado pensando em algo realmente importante Srta. Juliet, vou repetir o comunicado. – ela se sentou na beirada da mesa rustica. – A escola precisa de um album para propaganda da escola e para o site oficial, por isso, dei a ideia de meus queridos alunos serem responsáveis por essa decisão. Serão fotos focadas principalmente na escola, além dos pontos que o desafio disponibiliza, que tal trezentos euros no bolso? Ótimo não é? Serão equipes de dois disputando o primeiro lugar.

            Eu olhei para Mandy. Ela parecia animada com a ideia dos trezentos euros. Quem não? É uma boa chance.

            - Como ganhadora do ultimo premio das exposições, nossos diretores decidiram que você poderia escolher o local para as fotos da sua dupla, o que acha? Já tem uma ideia?

            Eu pensei. Por que todos precisavam olhar tanto assim para mim?          

            - Então Srta. Juliet, qual o lugar escolhido?

            Eu pensei mais um pouco antes dizer alguma coisa. Eu tinha pensando em muitas possiblidades, então usei a ultima que eu havia conversado com Mandy.

            - O jardim e os corredores do primeiro andar. – eu disse, congelando ao falar. – Quero dizer, nós pensamos sobre isso desde que colocamos os pés aqui essa manhã. Eles fizeram umas reformas bem legais e acho que será uma boa escolha.

            Alguém lamentou:

            - O jardim não. – e todos riram.

            - Ah, o jardim sim. Esse já tem uma dupla. – Jesse piscou para mim. – Isso vai funcionar, com certeza, boa escolha garotas.

            Ela se afastou de vez e puxou uma caixa pequena (também vermelha) lacrada com uma abertura especialmente para um mão entrar.

            - Sem o jardim infelizmente, - ela diz enquanto joga um papel, que estava com outros recém dobrados em cima da mesa, para dentro da cesta de lixo. – tenho nomes de várias partes da escola aqui dentro, - ela despeja os outros papeis na caixa e a balança. – em que as duplas terão a chance de escolher. Por isso, quero um represente aqui, por favor.

            Oito pessoas se levantaram timidamente, uma delas eu conhecia. Era o Steve, ele normalmente é timido, não é comum vê-lo falando – como eu, talvez - e ficou algumas semanas sem ir para escola no começo do semestre. Nós nos falamos pouquissimas vezes, mas ele parece ser um cara legal.

            Eu sorri para ele quando me olhou. Ele fez o mesmo. Quando Steve partiu, Mandy estendeu o corpo para mim.

            - Menos Srta. Arrasa Corações. – e riu para ela mesmo.

            - Ah, cala a boca. – eu sussurrei para ela, mas não pude parar de rir por causa disso. E não era porque alguma vez eu já olhei para o Steve e pensei: nossa, que garoto lindo. Mas ele não chega a ser feio.  

            - Ótimo. – Jesse chamou a atenção. – Todo mundo já sabe o que tirou e está tudo anotado aqui. Para ser mais organizada, quero essa primeira fila saindo, entenderam? Depois vai chegando a ordem.

            Eu e Mandy puxamos nossas bolsas e nossas cameras, estávamos quase saindo quando Jesse deu um suspiro de como quem esqueceu algo importante e nos chamou de volta.

            - Como eu ia me esquecendo... – ela nos olhou. – Como vocês estão no ultimo andar e provavelmente não iremos nos esbarrar por ai, - isso foi uma piada, mas não rimos, não sei por que. – as fotos deverão ser entregues até amanhã durante o intervalo da terceira aula, tudo bem? Não vou estar na escola durante o dia e é a única chance oficial para vocês. Não esquecam, entenderam?

            - Tudo bem, nós entregaremos. – Mendy respondeu por mim.

            - Ok. – ela disse. – Próxima fila. – gritou, se afastando.

            Eu e Mendy já estávamos longeo bastante para terminar de ouvir.

            Eu tinha pensado tanto em Brad que me desliguei de toda essa animação de ganhar tezento doláres e ver uma obra minha em um site oficial por aí, na internet.

            O que será que Brad deve estar fazendo agora?

            - Você me dá um toque caso eu percorrer todo o corredor?

            Despertei.

            - Ahm, sim.

            Mandy balançou a cabeça para mim.          

            - Mundo da Lua? – e se foi, antes que eu pudesse responder.       

            Seria uma boa definição para o que estava acontecendo comigo, mas seria melhor que fosse Mundo de Brad.

            Eu demorei para chegar no pátido devido as lentes da minha camera terem me dado um pouco de trabalho, nessa confusão toda, Steve passou correndo por mim, mas voltou quando me viu.

            - Problemas? – a voz dele me lembra do irmão de Eliza.    

            E ele só tem 13 anos.

            - Poeira. – eu respondi sem olhá-lo. – E umidade.

            - Você está indo para o jardim, não é? – checou. – Vai ser complicado lá.

            - Ela está um pouco velha. – completei.

            - Faz o seguinte. – ele estendeu as mãos para mim e eu dei minha camera para ele. – São quantas lentes?

            - Só uma.

            - Aham. – e ele abriu a bolsa para tirar um estojo redondo bem cuidado na cor preta.

Ele tirou uma lente de dentro e a colocou no lugar da minha empoerada. – Eu limpei ela a manhã inteira.

            - Espere, e a sua?

            - Eu tenho umas quatro lentes, Anne, pode ficar tranquila. – e ele a entregou para mim novamente. – Sua lente parece um pouco riscada, você já pensou em trocá-la?

            - Ahm, Brad a me deu, então, eu uso para tudo que faço, acho que ela chegou no tempo para aposentá-la. – encolhi os ombros, sorrindo para mim mesma.

            É estranho dizer isso, aquela câmera era quase que ter Brad nas minhas mãos o tempo todo. Parecia uma lembrança fixa dele.

            - Entendo. – Steve balançou a cabeça para mim. – E como é lá? Em Roma?

            Todo mundo sabe que ele está em Roma desde que a escola fez questão de apresentá-lo com um “projeto que deu certo” da Academia de Artes.

            - Ah, ótimo, na verdade, eu ainda não fui, mas ele adora.

            - Legal.

            Houve silêncio.

            - Obrigada pela lente, - eu disse. – Melhor irmos.

            - Verdade. Te vejo por aí, Anne. – e ele se foi.

            Brad está longe, a câmera que ele me presentou de repente começou a dar defeito. O que estava acontecendo com o Mundo do Brad na minha vida?

            Mau presságio? Ou só é sintoma de sentir falta?

            Eu não sei...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Flores Para Anne Juliet" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.