Entre Janelas escrita por DeiseNeiva


Capítulo 5
Capítulo 5




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Capítulo 5-

  

  -Ane Marrie!

  Ana caminhava apresada pelo saguão do aeroporto. Puxava atrás de si duas grandes malas com rodinhas. Logo adiante estava Luíza lhe esperando, com os braços abertos e um sorriso empolgado.

    A mulher usava um grosso e elegante casaco escuro e um cachecol.

  -Tia! – a garota falou a abraçando. - Pelo amor de Deus, não me chame mais assim.

  -Acostume-se moça! É como será chamada por aqui. – Luiza falou a olhando.

  -Vou me esforçar pra que isso não aconteça. – Ana falava enquanto entregava uma das malas a Tia. –Cadê o Tio Juan?

  -Teve que correr para um dos restaurantes. Mandou mil desculpas.

  Elas caminhavam pelo aeroporto, em direção ao estacionamento.

  -Não te problema.

  -Está com fome? – a mulher perguntou quando chegaram ao carro.

  -Um pouco. Não gosto muito dessa comida de avião.

  -Seu tio ficou de mandar um jantar para nós. – falou abrindo o porta-malas e colocando a bagagem da sobrinha.

  Elas entraram no carro e logo Luíza já dirigia para a saída do estacionamento.

  -Como vão vocês dois? – Ana puxou assunto.

  -Muito bem. Trabalhando muito e aproveitando os momentos livres.

  -Vocês trabalham demais, eu sempre disse isso.

  -Pode ser. –a tia concordou. – Mas pelo menos conseguimos manter tudo sob controle. Separamos as coisas, ficamos juntos, passeamos, a casa está sempre arrumada. Por falar em casa, Ana seu quarto está lindo. Eu finalmente dei uma pintura lá, comprei uma cama e um colchão mais confortável. Parece outro!

  -Tia, não precisava disso. O quarto sempre foi bonito.

  -Para passar as férias quebrava um galho, mas já que você vai morar lá precisava de uma boa reforma. Mandei arrumar as portas do armário, coloquei cortinas e prateleiras em uma parede. Você vai adorar.

  -Você não tem jeito! – Ana falou, rindo. –Está mais empolgada que eu.

  A garota viu a tia a olhar pelo canto do olho enquanto dirigia.

  -Ana, estou te achando um pouco abatida. O quê aconteceu?

  Ela suspirou, olhando para as ruas a frente. Não tinha motivos para esconder nada da tia, sempre foram acima de tudo amigas.

  -Eu tive uns problemas antes de vir pra cá.

  -Foi sério?

  -Sim. Eu briguei com um amigo. Ex-amigo agora.

  -Nossa. Que chato. Alguma chance de conserto?

  -Não. Ele traiu a minha confiança. - falou fria.

  Luiza a olhou tristonha.

  -Sinto muito, Ana. Eram amigos há muito tempo?

  -Desde crianças.

  A mulher franziu a testa.

  -Aquele garoto...O Pedro?

  Ana a olhou.

  -Isso. Como sabe?

  -Eu me lembro dele de quando vocês eram pequenos e brincavam juntos. E você sempre falava dele quando vinha pra cá. Pela maneira que você sempre falava, achei que tivesse até um sentimento por trás disso. – Luíza arriscou.

  Ana abaixou a cabeça e respondeu:

  -Talvez.

  Ela sentiu a tia ficar tensa ao seu lado.

  -Ah. Bom, eu sinto muito mesmo.

  Ana apenas encolheu os ombros.

  -Isso influenciou em sua decisão de vir mora aqui?

  Ela coçou a nuca, sem jeito.

  -De certa forma. As coisas não ficaram muito boas pra mim depois que nós brigamos. Tudo ficou meio que fora do lugar. Mas tenho certeza que as coisas aqui vão ser bem melhores.

  Luíza sorriu.

  -Isso com certeza. Vamos nos divertir muito.

  Sempre nos divertimos. – Ana completou.

  -Exatamente. – a tia a olhou de esguelha. – Ana, mas se em algum momento você desistir e quiser voltar pra casa...

  -Aqui é minha casa agora.

  -A casa dos seus pais. Se você quiser voltar para o Brasil, é só dizer, certo? Não é vergonha nenhuma se arrepender.

  -Desse jeito vou pensar que vocês não me querem aqui. –Brincou.

  -Está louca? – a tia exclamou. – O que mais queríamos é que você viesse pra cá. É como se fosse nossa filha.

  -Pois eu acho que vocês deviam ter um filho de vocês. É legal ter um bebê em casa. A Carol dá trabalho, mas é engraçadinha.

  Luíza riu da idéia.

  -Nós estamos pensando nisso. O trabalho atrapalha muito, estou cheia de casos no escritório e ter que parar tudo ou passar para outra pessoa agora seria uma loucura. Mas seu tio está mesmo querendo um filho.

  -E ele merece. – Ana completou. – Seria um ótimo pai.

  -Também acho isso. Bom, vamos ver como ficam as coisas. Por enquanto nos contentamos com você que já é uma mocinha, está criada e não usa fraldas. 

  Ana não segurou uma risada.

  -Nossa, me sinto honrada!

  -Pode se sentir. Uma adolescente também dá algum trabalho.

  -Que é isso! Eu sou um anjo de Deus. –a garota brincou fazendo cara de inocente.

  -Sei. –Luiza debochou. – Daqui a pouco você vai se ambientar por aqui, começar em uma escola nova, namorar.

  -Não quero pensar em namoro tão cedo, tia.

  -Por quê? Qual a graça de uma escola nova se não for reparar nos gatinhos? Aliás, eu já andei sondando por aí. Uma cliente minha que é até lá da nossa cidade e se mudou pra cá, ela tem um filho de dezoito anos, Ana. Ele é uma gracinha, ah se eu fosse um pouco mais jovem e solteira!

  -TIA! –Ana exclamou, rindo.

  -Estou falando sério. Já falei de você pra ele, disse que ia apresentá-los.

  A garota arregalou os olhos para a tia. Isso é que era rapidez. Sabia que a tia era um pouco desmiolada, mas isso parecia só piorar com o tempo.

  -Eu não acredito que você fez isso!

  -Fiz. –a mulher afirmou. – E ele me pareceu levemente interessado se quer saber.

  -Levemente interessado?

  -Sim. É claro que vai se interessar mais depois de conhecer você. Linda como você é.

  Ana cobriu os olhos com uma mão.

  -Estou perdida. Deixa os meus pais saberem disso...

  -Seus pais são um tanto caretas se quer saber a verdade. –Luiza falou torcendo o nariz.

  -E você é moderna ao extremo.

  -Exatamente! – a mulher falou abrindo um largo sorriso. – E é isso que vai diferenciar sua vida de lá da sua nova vida aqui.

  -A garota a olhou, incerta.

  -Prepare-se, Ana. Sua vida está mudando e você também vai mudar. Vamos acabar com essa carinha triste e com qualquer mágoa que tenha vindo do Brasil.

  Ana a olhou surpresa. Parecia que a tia tinha o dom de sempre saber o que estava acontecendo e a dádiva de conseguir fazer tudo parecer melhor.

  O que ela mais queria era acabar com aquela mágoa que sentia a respeito de Pedro. Ela queria esquecê-lo, não queria mais sentir dor. Queria uma vida nova e por isso estava ali.

  -Será que vai mesmo ser assim?

  -Ah vai. Pode apostar, ou eu não me chamo Luiza!

  Apesar do forte sol lá fora, o quarto estava escuro, com a janela e a porta fechados. O lugar estava abafado, mas ele não se importava,  aquele era o melhor refúgio que tinha quando queria ficar sozinho e ultimamente isso vinha acontecendo com freqüência.

  Tentava disfarçar o máximo possível, mas o fato é que estava extremamente deprimido.

  Há três dias Pedro não tinha ânimo para quase nada. Ficava em casa a maior parte do tempo assistindo televisão ou jogando vídeo-game, não eram programas normais para ele em suas férias. Normalmente, ele ia jogar futebol com os amigos, ia pro clube, andar de bicicleta ou apenas sairia por aí aproveitando o tempo livre, mas dessa vez nada disso parecia ter muita graça.

  Há três dias ela tinha ido embora pra sempre e ele assumia toda a culpa por isso. Se pelo menos tivesse percebido antes o quanto era forte o que sentia por ela, ainda que Ana não sentisse o mesmo, poderia ter feito alguma diferença.

  Agora Pedro estava ali, fechado no quarto, deitado de bruços na cama com o travesseiro cobrindo a cabeça, ouvindo a música melosa que tocava na rádio da cidade. Se há algum dias atrás alguém lhe dissesse que ele ficaria nessa situação ridícula por causa da melhor amiga, ele teria gargalhado na casa da pessoa.

  “É inacreditável como só damos valor às coisas quando perdemos”.Pensava.

  Pedro ouviu a porta do quarto se abrindo devagar e passos entrando no quarto. Continuou na mesma posição. Logo depois o som do seu rádio foi abaixado.

  -Pedro, acorda. Você tem visita. –ouviu a mãe dizer.

  -O folgado não está dormindo. –uma outra voz, mais grossa falou.

  -Se manda, Vinícius. –Pedro resmungou.

  -Pedro! – a mãe exclamou, envergonhada.

  -Tudo bem, Dona Cristina. –Vinicius falou. – Ele está é precisando de uma boa sacudida de realidade.

  -Não torra, cara! – o rapaz reclamou apertando mais o travesseiro coontra a cabeça.

  -Acho melhor deixar vocês de insultando sozinhos. –Cristina falou impaciente. –Boa sorte, Vinícius.

  Pedro ouviu os passos da mãe saindo do quarto e a porta se fechando.

  -Certo, Pedro. Acabou a brincadeirinha.

  Uma claridade amarelada invadiu o quarto e o rapaz sentiu o ar quente da tarde entrar. O chato do Vinícius tinha aberto sua janela. Em seguida seu travesseiro foi puxado com violência.

  -Que droga, cara! –exclamou nervoso. –Me dá sossego.

  -Sossego demais não faz bem a saúde. –Vinícius falou jogando o travesseiro no chão. – Se olhe no espelho. Parece que um caminhão passou encima de você.

  -Isso é problema mau.

  Pedro se sentou na cama, ainda emburrado e Vinícius se sentou em a sua frente.

  -Até quando vai continuar assim? – o amigo perguntou.

  -Até quando eu quiser. –respondeu mal criado.

  Vinícius o olhou nervoso e falou:

  -Acorda de uma vez, Pedro. Você fez burrada e a Ana foi embora. Já era! Ela está seguindo a vida dela, então dá um jeito de seguir a sua também. Ficar fechado aqui dentro não vai fazer o tempo voltar.

  Pedro o olhou indignado.

  -Você veio aqui pra me animar? Porque não está funcionando.

  Não vim te animar. Não estou aqui pra ficar consolando marmanjo.

  -Então o que você veio fazer na minha casa? –perguntou com grosseria.

  -Vim fazer você enxergar a realidade. O mundo não acabou porque sua melhor amiga se mandou para outro país. A Ana escolheu tocar a vida dela e não é justo que por isso você pare a sua.

  Pedro desviou o olhar, quieto por alguns segundos antes de perguntar:

  -Vocês tiveram notícias?

  -Sim.

  O rapaz voltou a olhá-lo com atenção.

  -Ela ligou pra Vi ontem a noite e conversamos um pouco.

  -Como é que...

  -Ela está bem, Pedro. Está fazendo amigos por lá e deve começar na escola nova semana que vem. Foi o que eu disse: ela está tocando a vida dela.

  -Ela perguntou por mim? –perguntou sem esperanças.

  -Nenhuma palavra sobre você. E fique tranqüilo, eu não falei nada sobre você ter ido ao aeroporto atrás dela, ninguém mais sabe disso.

  Pedro ficou calado, olhando pela janela o dia lá fora.

  -Ainda não entendo porque fez isso, cara. Você estava no sítio, do outro lado da cidade. Era certeza que não ia chegar a tempo.

  -Eu precisava tentar. Era o máximo que eu podia fazer.

  -Eu entendo, mas isso exige um pouco de bom senso...

  -Eu gosto dela.

  Vinícius parou, o olhando com atenção.

  -Ah...Gosta? Você diz gostar mesmo?

  -Sim. Eu sou louco por ela, mas percebi isso tarde demais. Grande coisa! Talvez nem fizesse diferença pra ela, do jeito que ela foi embora...

  Pedro viu o amigo o olhar sem piscar. Depois Vinícius balançou a cabeça, a boca ligeiramente aberta. O amigo falou devagar:

  -Você é o maior pamonha que eu já conheci!

  -Como? –perguntou confuso.

  -Eu não acredito que você nunca nem desconfiou. –Vinícius flava sem acreditar.

  -Desconfiei de quê? –perguntou impaciente.

  -Certo, o que eu vou te dizer agora talvez deixe você ainda pior do que está. Mas é um absurdo você não saber quando todo mundo sempre notou.

  -Fala de uma vez.

  -Você acha que foi apenas pela amizade de vocês que a Ana ficou chateada pelo que você disse pra Karina?

  -E não foi? –Pedro perguntou, perdido.

  -Não! A Aninha é louca por você, Pedro. Apaixonada. Sempre foi, desde que eu a conheço. É uma loucura que convivendo com ela todos esses anos você não tenha notado.

  Pedro ficou paralisado diante da informação.

  -Você tem certeza disso?

  -É claro que eu tenho. Muitas vezes eu a vi conversando com a minha irmã lá em casa, triste porque você estava com alguma garota. Eu ajudei a acalmá-la no aniversário da Juliana quando ela chorava feito doida no banheiro. Imagine o que foi para ela ouvir você dizer que nunca teria nada com ela porque a acha insuportável.

  Pedro mal conseguia acreditar naquilo. Então foi por isso que Ana disse que ele tinha mau gosto pra garotas enquanto brigavam. Ela estava com ciúmes, assim como ele tentou atingi-la falando de Ricardo, mas ao contrário dele, Ana sabia exatamente o motivo de tanta raiva. Por isso ela nunca gostava das garotas que ele escolhia.

  -Meu Deus! –falou enterrando o rosto nas mãos.

  Vinícius riu.

  -Que mundo maluco, não?

  -O tempo todo ela...E eu...Eu não acredito.

  -E nem eu. Vocês poderia ter tido anos de felicidade...

  -Novamente você não está ajudando, Vinícius.

  -Foi mal. Mas agora é tarde, cara. A Aninha está decidia a te esquecer e se quer saber ela vai conseguir, agora que está em outro país, sem nenhum contato com você.

  -Eu poderia tentar ligar pra ela. Eu tenho o número, sempre ligava quando ela estava lá. Poderia escrever...

  -Ela não vai te atender e nem ler suas cartas. Viviane me disse que ela não quer mais saber. Já era.

  -Droga. Se ela não fosse tão teimosa...-falou irritado.

  -A Ana não é teimosa, Pedro, na verdade ela é bem compreensiva, mas está machucada. A garota sempre foi apaixonada por você e de repente recebe um choque desses. Ela não quer mais sofrer, quer te esquecer e ser feliz do jeito dela e se eu fosse você faria o mesmo, antes que vire um chato que vai perder um tempo preciso na vida.

  -Esquecer? Ela fazia parte da minha vida. Era alguém que estava sempre ali...

  -E que você não deu valor. – o amigo interrompeu.

  -É claro que dei valor!

  -Não deu, não. Ou não teria dito aquele absurdo pra Karina.

  -Foi sem pensar.

  -Exatamente. Se desse valor a Ana não precisaria pensar pra saber que não era justo dizer uma coisa daquelas, mesmo que ela não estivesse ouvindo.

  Pedro coçou os olhos. Já estava cansado daquele assunto. Cansado de se sentir culpado.

  -Eu não queria esquecê-la.

  -Certo, então não esqueça. Mas saia desse quarto e vá viver. O mundo não vai parar de rodar, cara. Amanhã o dia vai nascer, e depois outro, e outro, até você notar que pode continuar a sua vida. O problema vai ser quanto tempo você vai perder até perceber isso.

  O rapaz o olhou desanimado.

  -Isso tudo passa. –Vinícius continuou. Talvez um dia a Ana volte, venha visitar os pais e vocês conversem. Ou talvez quando isso acontecer cada já tenha sua vida e fiquem meio distantes. Agora, o que vai sempre ficar são as lembranças legais que vocês têm, mas elas não vão voltar a acontecer, nem se você passar o resto da vida trancado nesse quarto desejando isso.

  Pedro ouvia o amigo atentamente. A cada palavra seu peito de apertava mais. Ele abaixou a cabeça, fechando sos olhos.

  -E eu juro que se você começar a chorar eu vou te dar um murro no meio da cara! –Vinícius falou sério, apontando um dedo para Pedro.

  O rapaz não agüentou e começou a rir, voltando a olhá-lo.

  -Qual o seu problema? –perguntou ainda rindo.

  -Eu já disse, não consolo marmanjo. Anda, agora levanta a bunda dessa cama, toma um banho e vamos sair.

  -Sair pra onde? –Pedro perguntou, confuso. Ainda não tinha vontade de sair de casa.

  -Vamos pro clube. Está todo mundo lá, só falta você

  “Todo mundo, não”.Ele pensou.

  -Já até sei. Você é o que ficou encarregado de me buscar. –Pedro falou, desconfiado.

  -É. –Vinícius confirmou com uma careta. – Eu perdi no zerinho-ou-um.

  Pedro riu novamente, sentindo-se um pouco mais descontraído.

  -Vinícius. –começou, tocando o ombro do amigo. Você se faz de durão, mas eu sei que é tão sensível quanto a sua irmã.

  O rapaz o olhou furioso.

  -Repete isso e eu vou realmente dar um murro na sua cara.

  Pedro ergueu as sobrancelhas, duvidando.

  -E tira essa mão daí. – o outro falou sacudindo o ombro.

  Pedro o soltou, rindo, e se levantou avisando:

  -Está bem. Vou tomar banho.

  -Até que enfim! Mas vê se melhora essa cara, o lugar está cheio de gatinhas.

  Pedro respirou fundo enquanto saía do quarto. Ia ser estranho tentar se aproximar novamente de outra garota agora que só conseguia pensar em uma.

  Mas talvez Vinícius tivesse razão. Seria melhor se não parasse a sua vida. Não sabia se ia conseguir esquecer Ana ou se um dia ela ia voltar, mas no momento ele não podia fazer nada além de viver. Ela estava fazendo o mesmo.

  De repente ele se sentiu um bobo em imaginá-la se divertindo me Paris enquanto ele estava trancado no quarto.

  Abriu o chuveiro e se enfiou embaixo da água gelada.

  Seria melhor se ele aproveitasse o dia de hoje, e o próximo, e o próximo...Até que o tempo lhe mostrasse o que poderia acontecer.

Enquanto houver você do outro lado

Aqui do outro eu consigo me orientar.

A cena repete, a cena se inverte.

Enchendo minh’alma daquilo que outrora eu deixei de acreditar.

Tua palavra, tua história.

Tua verdade fazendo escória.

Tua ausência fazendo silêncio em todo lugar.

Metade de mim, agora é assim.

De um lado a poesia, o verbo, a saudade

Do outro a luta.

Doce coragem pra chegar no fim

O fim, é belo ou incerto

Depende de como você vê.

O fim, é...a fé que você deposita em você e só.

Só enquanto eu respirar.

Vou me lembrar de você só enquanto eu respirar.

Só enquanto eu respirar.

Vou me lembrar de você só enquanto eu respirar.

Sete anos depois

  Pelas ruas bem cuidadas de Paris uma mulher caminhava a passos curtos e apressados. O barulho dos sapatos de salto alto era ouvido pelas pessoas próximas.

  Apesar de apressada, a mulher tinha uma postura elegante. Usava um casaco que passava dos joelhos, aberto sobre uma saia larga de tecido fino que cobria elegantemente suas coxas e uma blusa branca com botões. Usava óculos escuros e cabelos soltos que chegavam abaixo dosombros com um corte que ajudava a acentuar o rosto belo, porém jovem. Ela falava ao celular enquanto na outra mão levava um café expresso e uma grossa revista debaixo do braço.

  -Não. Não faz isso comigo, Marcos. –Falava aflita enquanto caminhava apressada. –Impossível, pra amanhã não dá. Olha, diz pra essa madame que ou ela procura outra empresa, ou...Não, não me importa. Eu posso conseguir isso pra no máximo quinta-feira, para amanhã é impossível. Pode deixar que eu mesma ligo pra ela.

  Ela parou de andar um instante antes de atravessar uma rua movimentada e com muitos prédios.

  -Pede pra Vi entrar em contato com essa mulher que eu já estou chegando...É, to sabendo que estou atrasada, mas tenho certeza de que você não vai me demitir por isso. –completou, rindo. – Por que?! Porque eu sou muito boa no que eu faço!

  Ana segurou uma gargalhada ao ouvir o chefe debochar do outro lado da linha.

  -Certo. Também te adoro! Já estou quase aí.

  Desligou. Era apenas um início de dia normal em sua vidinha agitada.

Enquanto houver você do outro lado

Aqui do outro eu consigo me orientar.

A cena repete, a cena se inverte.

Enchendo minh’alma daquilo que outrora eu deixei de acreditar.

Tua palavra, tua história.

Tua verdade fazendo escória.

Tua ausência fazendo silêncio em todo lugar.

Metade de mim, agora é assim.

De um lado a poesia, o verbo, a saudade

Do outro a luta.

Doce coragem pra chegar no fim

O fim, é belo ou incerto

Depende de como você vê.

O fim, é...a fé que você deposita em você e só.

Só enquanto eu respirar.

Vou me lembrar de você só enquanto eu respirar.

Só enquanto eu respirar.

Vou me lembrar de você só enquanto eu respirar.

Pedro abriu devagar a porta do quarto. O lugar cheirava levemente a mofo, apesar de saber que estava impecavelmente limpo. Uma faxina digna de sua mãe.

  Jogou duas pesadas malas sobre a cama e observou seu quarto. As coisas que tinha deixado ali antes do casamento estavam exatamente do mesmo jeito. Dois anos pareciam não ter passado por ali.

  Caminhou até a janela e observou a rua larga e movimentada. Logo a frente viu a casa amarela, tão conhecida.

  Percebendo que ainda tinha muito o que fazer, voltou para suas malas e as abriu, pronto para desfazê-las. Em seguida o celular tocou em seu bolso, identificou o número antes de atender.

  -Fala, Vinícius. Estou em casa, quer dizer, na casa dos meus pais...Pode ir parando de rir...Ia começar a desfazer as malas...Você que parar de rir!... Tenho que terminar isso primeiro, pode ser no final da tarde? Certo, te encontro lá.

  Pedro pegou desligou o celular e enfiou no bolso.

  “ Tomar cerveja em plena segunda-feira. Tinha que ser idéia do Vinícius! Sorte eu estar de férias.” Pensou abrindo as portas do armário.

  Sentiu algo cair com força em sua cabeça.

  Xingando baixo, ele viu uma velha caixa de sapatos caída no chão, deixando espalhados vários papéis. Impaciente, se abaixou para juntar tudo.

  Enquanto reunia os papéis, de surpreendeu ao se deparar com algo que o fez parar. Uma fotografia antiga, onde ele estava com uma amiga.

O fim, é belo ou incerto.

Depende de como você vê.

O fim, é...a fé que você deposita em você e só.

Só enquanto eu respirar.

Vou me lembrar de você só enquanto eu respirar.

Só enquanto eu respirar.

Vou me lembrar de você só enquanto eu respirar.

Só enquanto eu respirar, só enquanto eu respirar

Só enquanto eu respirar, só enquanto eu respirar...


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Notas finais do capítulo

EEEEEEEEEEEEEE consegui terminar a primeira fazer srrsrs.
Eu realmente adoro o Vinícius ahushaushuahsuahsuashuash. Quando o criei não achei que o faria tão legal!
O fim da primeira fazer marcou como cada um seguiu sua vida. Agora começa a segunda faze e vamos ver o que realmente aconteceu com eles. Dá pra notar que a Ana mudou um pouco, mas e o Pedro? Como será que ele realmente está??
Vi que tenho um novo leitor...aaaaaa gente por favor deixa um cometáriozinho q seja e faça uma autora felizz srsrs. Bjooosss.



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