Entre Janelas escrita por DeiseNeiva


Capítulo 4
Capítulo 4




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Capítulo 4-


-Nem pensar!

-Ela ouviu a mãe dizer se levantando do sofá.

Ana estava sentada com os pais na sala delicadamente decorada de sua casa.

Havia três dias que tinha tomado aquela decisão. Três dias desde a briga terrível que tivera com Pedro e desde então sua vida estava indo de mal a pior. Eles não se falavam e nem se olhavam, eram como dois desconhecidos.

A escola tinha se tornado uma tortura. Até sair de casa era desconfortável sabendo que corria o risco de encontrá-lo.

Quando saia para passear com as amigas, parecia que sempre faltava alguma coisa.

-Mãe, eu tenho pensado muito nisso. Eu quero de verdade. –argumentou.

-Você tinha me dito que nunca...

-Eu estava errada.

-Ana, isso é muito sério. – o pai falou. – Não é como se mudar do bairro. Paris fica do outro lado do oceano.

-MARCOS! –Sônia falou assustada. – Eu não acredito que você permitiria uma coisa dessas.

-A Ana não é mais criança, amor. Ela sabe das decisões dela. –ele olhou para a filha. – E sabe também que depois não adianta se arrepender.

-Eu não vou me arrepender. –falou com firmeza. – Mãe, vai ser bom pra mim. Vou estudar em uma escola ótima...

-Você já estuda em uma ótima escola!

-Só estou querendo dizer que a minha vida não vai mudar para pior.

-Não, mas você está falando em sair de casa. Deixar sua família, seus pais.

-Mãe, não faz drama! –Ana falou- Vocês vão me ver sempre que quiserem e eu não vou estar sozinha, vou estar com a minha tia, sua irmã.

-Ela está certa queria.

-Marcos!

-O que foi? Não podemos manter ela debaixo das nossas asas para sempre. Eu também não quero que ela vá para tão longe, mas temos que deixar a menina viver. Se ela depois mudar de idéia e querer voltar, tudo bem, ela volta pra casa. Mas ela tem o direito de tentar.

Ana viu a mãe paralisar, a mulher parecia em choque. Eram dois contra um naquela batalha.

-Nunca achei que fosse ver uma filha minha me deixar. –ela falou voltando a se sentar.

-Eu não vou deixar vocês, mãe. Vamos nos ver sempre. Vou manter sempre contato.

-Você só tem dezesseis anos!

-Não, mãe. Eu já tenho dezesseis anos. –explicou.

A mulher a olhou desolada:

-Tem mesmo certeza disso?

-Absoluta. Eu quero ir morar em Paris.

Marcos interrompeu:

-Filha, você já pensou bem sobre isso?

-Sim, pai. Só tenho pensado nisso nos últimos dias.

-Nós não vamos estar por perto quando tiver problemas. Não vai ter pra onde correr.

-Eu sei. Eu vou saber me virar.

Os três ficaram em silencio. Ana ansiosa pela resposta dos pais, aquela resposta mudaria sua vida.

-Bom...-Sônia começou. – Acho melhor ligarmos pra Luiza, então.

A garota sorriu.

-Ah, obrigada, mãe. –falou a abraçando. – Vai ser muito bom pra mim, a senhora vai ver.

-Meu Deus, eu espero que a desmiolada da sua tia cuide muito bem de você. Vou estar de olho e no primeiro deslize eu vou até lá e te trago de volta nem que seja pelos cabelos.

-E eu ajudo... – o pai apoiou.

-Vai dar tudo certo. –a garota falou.

-Então, quando é que você pretende ir? –a mulher perguntou.

-As aulas terminam semana que vem. Acho que já podíamos começar a organizar tudo.

-Semana que vem, já?

-Quando pensou que eu fosse?

-Não sei, ano que vem. Assim passaríamos o natal aqui. Nunca passamos o natal sem você.

-Simples. –Marcos falou. – Nós vamos para lá no natal. Vai ser bom mudar um pouco.

-Problema resolvido. –a garota falou, sorrindo.

-Bom, pelo menos isso! Acho que está na hora de ligar pra sua tia.

-Eu pego o telefone. –Marcos falou se levantando.



-Deixa que eu embaralho. –Pedro falou pegando as cartas espalhadas pela mesa.

-Você ainda não desistiu? É a terceira vez que você perde. –Vinícius provocou.

-Ele não sabe quando parar. –Maurício, o pai de Pedro falou se recostando na cadeira.

-Não, eu não desisto. Agora é a minha revanche. –O rapaz falou juntando o baralho.

Os três estavam na casa do rapaz, sentados a mesa de jantar.

-Por falar em desistir. Você conseguiu se entender com a Ana? –Maurício perguntou distraído.

Pedro começou a embaralhar as cartas, nervoso. Sempre que podia tentava evitar aquele assunto. Três dias depois e ele ainda se desesperava ao lembrar das coisas que disse a ela.

Foi um completo idiota naquela tarde. Devia ter ignorado as coisas que ela disse ao invés de revidar. Não conseguia esquecer o ódio no rosto da amiga quando o viu.

Desde então ele tem mantido uma certa distância da garota. Não tinha coragem de olhar para ela depois daquilo. Mas por outro lado ela lhe fazia tanta falta!

Sentia falta de ir com el para escola, de se divertirem em sua rua no final da tarde e conversarem pelo telefone até tarde da noite. Não sabiam de onde tiravam tanto assunto.

Ele ainda esteve nervoso por um tempo depois daquela briga, afinal, ela lhe deu um tapa no rosto como ele nunca tinha levado. Mas agora que a raiva passou se sentia sufocado.

-Ah, ele fez uma burrada! –Foi Vinícius quem respondeu.

-Pedro levantou os olhos para ele.

-O quê que aconteceu? – O pai perguntou.

-Nós tivemos uma discussão. – o rapaz respondeu.

-Eles brigaram feio. – o amigo corrigiu. –Com direito a tabefe e tudo. Acho que ainda dá pra ver os dedinhos da Aninha no rosto dele.

-Muito engraçado. – Pedro falou dividindo o baralho.

Ele viu o pai lhe olhar franzindo a testa e perguntar:

-O que você fez?

-Porquê sou sempre eu que fiz alguma coisa? –perguntou indignado.

-Porque você é meu filho e eu te conheço bem quando fica nervoso.

Ele respirou fundo.

-Bom. Digamos que eu disse algumas coisas a ela que me fizeram merecer aquele tapa. Mas ela me provocou

-E onde fica o cavalheirismo nisso? –Maurício zangou.

-É, onde fica? –Vinícius provocou.

Pedro lhe lançou um olhar assassino.

-Eu tentei me controlar, pai. Mas ela estava tão nervosa que me tirou do sério.

-Ela tinha motivos para estar nervosa. Achei que tivesse dito a você para tentar entendê-la.

-E eu entendo. Eu fui até lá disposto a me desculpar, dizer que eu errei...mas não sei como, as coisas desandaram.

-E agora?

-Agora estamos pior do que antes. – ele respondeu desanimado.

-Vocês dois parecem um casal de namorados. – Vinícius falou. – Pedro, todos esses anos grudados um no outro, você nunca a viu de outra forma?

-Outra forma?

-É, como mais que uma amiga. – Vinícius reforçou.

-Também sempre me perguntei isso. – Maurício falou. – Os dois sempre tão juntos.

Pedro lembrou-se imediatamente da noite de sábado quando viu a garota se arrumando para a festa.

-Ela sempre foi uma amiga. –respondeu.

-Mas você sente ciúmes dela que eu sei. Reparo nisso quando outro cara chega perto.

Se lembrou de Ricardo, e dos dois abraçadinhos, sozinhos aquela noite. Uma pontada apareceu em seu peito.

-Não quero que marmanjo nenhum apronte com ela, só isso.

-Deve ser estranho agora que estão separados. –Maurício comentou. – Vai fazer alguma coisa quanto a isso?

-Não. –ele respondeu. – Não ainda. Vou fazer o que eu devia ter feito antes, vou seguir seu conselho e dar tempo a ela.

-Quanto tempo?

-Quanto for necessário. As coisas podem voltar ao normal, mas por enquanto nem eu mesmo to querendo falar com ela. Ela segue o caminho dela e eu o meu.

Ele não sabia o quanto estava certo.


Os dias se arrastavam para Ana. Ela estava às voltas com os preparativos para a mudança.

Logo depois de conversar com os pais eles telefonaram para sua tia informando da decisão da garota. Luiza recebeu a notícia com tanto entusiasmo que Ana precisou afastar um pouco o telefone da orelha.

Depois disso veio a parte difícil, contar para as amigas logo no dia seguinte quando chegou a escola. Ela reagiram exatamente como o esperado:

-Eu não acredito, Ana. –Juliana falou começando a chorar. – Fala que é brincadeira.

-Não. Eu sinto muito, meninas, mas eu vou mesmo. –dissera com tristeza.

-Mas por quê? –Viviane perguntou.

-Porque eu preciso.

Essa era sua justificativa para tudo aquilo. Não importava quantas vezes perguntassem, ela precisava fazer aquilo.

-Mas escutem. Não quero que comentem com ninguém. Não quero transformar isso nu evento, eu apenas quero ir.

O que era apenas meia verdade. O que ela não queria, no fundo, era que Pedro ficasse sabendo. Não queria que ele pensasse que estava indo embora por causa dele, o que era mais do que meia verdade.

E assim se seguiam os dias. Quando estava livre Ana se surpreendia sozinha no quarto olhando distraída pela janela (agora aberta), observando a janela do outro lado da rua e, de repente, dando-se conta do que fazia, se afastava procurando algo para fazer.

O ultimo dia de aula foi o mais triste na vida de Ana. Pra cada cantinho daquela escola que ela olhava levaria uma boa lembrança. Ela e as amigas conversaram bastante e entre lágrimas sentidas trocaram endereços e telefones prometendo manter sempre contato.

Quando tomara aquela decisão não imaginou que seria tão doloroso. Mas já estava feio. Faltavam dois dias para a viagem, a passagem estava comprada, a papelada pronta e ela não ia e nem queria voltar atrás.



Hold on

Se acalme

Hold on

Se acalme

Don’t be scared

Não tenha medo

You’ll never change what’s been and gone

Você nunca mudará o que aconteceu e o que vai acontecer.



No dia seguinte, véspera da parida, Ana estava no quarto, uma grande mala aberta sobre a cama.

A cada peça de roupa que guardava em sua mala, o coração parecia se apertar mais. Sentia vontade de chorar, mas não queria. Engolia o choro enquanto tirava suas coisas do armário.



Maybe your smile

Talvez seu sorriso

Shine on

Brilhe

Don’t be scared

Não tenha medo

Your destiny may keep you warm

Seu destino pode manter você aquecida.



Foi até sua cômoda e começou a tirar alguns pertences das gavetas. Ao abrir uma gaveta ela encontrou a fotografia que tirara com Pedro há alguns dias.

Naquela foto eles pareciam tão bem. Felizes e unidos como sempre foram.



Cos all of the stars

Porque todas as estrelas

Are fading away

Estão desaparecendo

Just try not to worry

Apenas tente não se preocupar

You see them some day

Você as verá algum dia

Take what you need

Pegue o que você precisa

And be on your way

E siga seu caminho

And stop crying your heart out

E pare de chorar e de se preocupar



Olhou para baixo e viu o binóculo que tantas vezes usara. O pegou pensando se deveria levá-lo ou não.

Foi quando ouviu vozes desconhecidas vindo de fora e observou pela janela.

Seu peito se apertou ainda mais a over Pedro e o pai jogando equipamento de pesca e algumas pequenas malas em uma caminhonete. Deviam estar indo passar o fim de semana no sítio da família, um pouco depois da saída da cidade.



Get up

Levante

Come on

Venha

Why you’re’ scared?

Por que você está assustada?

You’ll never change

Você nunca mudará

what’s been and gone

O que aconteceu



Ela ficou observando enquanto via Cristina fechar a casa e entrar na caminhonete. Depois foi a vez de Maurício se sentar no banco do motorista.

E então, aconteceu quase que em câmera lenta. Antes de entrar ela viu Pedro se virar e olhar para sua janela. Ele olhou diretamente para a garota por menos de dois segundos antes de entrar na caminhonete e partir.

Ana fechou os olhos e as lágrimas desceram. Ela estava bem ciente de que aquela era a ultima vez que o via.



Cos all of the stars

Porque todas as estrelas

Are fading away

Estão desaparecendo

Just try not to worry

Apenas tente não se preocupar

You see them some day

Você as verá algum dia

Take what you need

Pegue o que você precisa

And be on your way

E siga seu caminho

And stop crying your heart out

E pare de chorar e de se preocupar



Voltando a abrir os olhos ela secou as lágrimas e jogou o binóculo de volta na gaveta. Não ia precisar daquilo. Ficou em dúvida quando a foto, mas acabou por guardá-la na mala.



Are fading away

Estão desaparecendo

Just try not to worry

Apenas tente não se preocupar

You see them some day

Você as verá algum dia

Take what you need

Pegue o que você precisa

And be on your way

E siga seu caminho

And stop crying your heart out

E pare de chorar e de se preocupar


We’re all of us stars

Nós somos todas as estrelas

We’re fading away

Nós estamos desaparecendo

Just try not to worry

Apenas tente não se preocupar

You see us some day

Você nos verá algum dia

Take what you need

Pegue o que você precisa

And be on your way

E siga seu caminho

And stop crying your heart out

E pare de chorar e de se preocupar

Stop crying your heart out

Pare de chorar e se preocupar

Stop crying your heart out

Pare de chorar e se preocupar

Stop crying your heart out

Pare de chorar e se preocupar



-Precisa de ajuda? –ouviu a mãe dizer entrando no quarto.

-Obrigada. –Ana agradeceu.

Viu a mãe começar a dobrar peças de roupas e guardar na mala.

-Já guardou os casacos? Na França faz muito frio essa época do ano.

Elas falavam sem muita animação.

-Já. Estão no fundo da outra mala.

-Filha. –Sônia começou largando uma saia. – Se a qualquer momento você desistir, não precisa...

-Eu não quero desistir, mãe. Eu vou. –a garota falou com certeza.

-Certo. Só saiba que, se a qualquer hora você quiser voltar, suas coisas vão estar no mesmo lugar.

Ana sorriu.

-Obrigada mãe.

-Vem nos visitar sempre não é? –falou abraçando a filha.

-Vou tentar, mas prefiro que vocês vão me ver lá. Vai demorar um tempinho para eu me adaptar.

-E nós vamos. –Sônia confirmou. – Vamos sempre que pudermos.

-Obrigada por me apoiar.

-Sempre vou apoiar, por mais que eu discorde.

Ana riu.

-Já se despediu de seus amigos?

-Mais ou menos. Amanhã quando formos para o aeroporto quero passar na casa da Ju e da Vi pra me despedir direito.

-E o Pedro? – a mulher perguntou, preocupada.

-Dele não. Não somos mais amigos, não tem porquê eu me despedir dele.

-Ana...

-Mãe. Deixa isso pra lá, ta bom! –cortou – Vem, me ajuda a terminar logo isso. Não quero esquecer nada.


O dia seguinte amanheceu quente e ensolarado. Ana sentou-se na cama pensando que quando o dia terminasse, ela estaria a milhares de quilômetros dali e em um clima bem diferente.

Suas malas já estavam no Hall e a roupa que usaria na viagem estava esperando por ela.

Ana consultou relógio ao lado, marcava oito e quinze da manhã.

Respirando fundo ela se levantou e se vestiu.

Quando desceu para o café da manhã encontrou os pais e a irmã na cozinha já vestidos para sair também.

-E então! – o pai falou unindo as mãos. – Animada?

-Sim. –Ana respondeu sorrindo.

-Sua mãe falou que quer passar na casa de suas amigas antes de irmos. Então, acho melhor sairmos daqui às dez, assim não nos atrasamos.

-Não vou demorar. – a garota falou se sentando a mesa. – Vou só me despedir mesmo.

-Toma. –Sônia falou colocando na frente da garota um prato com bolinhos, pão, geléia e biscoitos.

-Ta querendo me engordar para o abate? –brincou.

-Quero que coma bem. –disse lhe passando um copo de iogurte. –Não fique se entupindo com aquela comida de avião.

-Mãe, eu vou ter que comer no avião de qualquer maneira.

Mas a mulher fingiu não ouvir.

-Ligue para nós assim que chegar no apartamento da sua tia. –Marcos pediu.

Ana fez que sim enquanto comia.

E procure saber sobre o curso de francês o mais rápido possível. Falta bem pouco pra acabar e vai te ajudar bastante na escola nova.

-Sempre ajudou quando estive lá.

-Se seus tios não estiverem no aeroporto quando você desembarcar, fique esperando por eles lá, entendeu? Nada de ir sozinha pra casa. –Sônia alertou.

-Seria só pegar um táxi.

-Não! – os pais responderam juntos.

A família tomou café junta e ao terminar Ana subiu para escovar os dentes antes de ir para o aeroporto.

Já era quase dez horas quando o pai fechou o porta-malas do carro e avisou que estava na hora.



The smell of your skin lingers on me now

O cheiro da sua pele está grudado em mm agora

You’re probably on your flight back to your hometown

Você está provavelmente em seu vôo de volta para sua cidade natal

I need some shelter of my own protection baby

Eu preciso de um abrigo para minha própria proteção, baby

Be with myself in center, clarity, peace, serenity

Ficar comigo mesma concentrada, lúcida, em paz, serena.



Ana ficou alguns instantes de pé no gramado, observando sua casa. O peito apertou, e muito.

Não tinha planos de voltar ao Brasil tão cedo, o que significava que aquela casa não seria mais a sua casa, seria apenas...O lugar onde cresceu.

Levantou os olhos e olhou para sua janela fechada. Aquilo estava doendo demais.



I hope you Know, I hope you know

Eu espero que você saiba, eu espero que você saiba

That this has nothing to do whith you

Que isso não tem nada a ver com você

It’s personal, myself and I

É pessoal, eu mesma e eu

We got some straightening out to do

Nós temos que ajeitar algumas coisas

And I’m gonna miss you like a child misses their blanket

E não sentirei sua falta como uma criança sente falta do seu cobertor

Bit I’ve gotta get a move on whith my life

Mas eu tenho que seguir em frente com a minha vida

It’s time to be a big girl now

Chegou a hora de ser uma garota grande

And big girls don’t cry

E garotas grandes não choram

Don’t cry, don’t cry, don’t cry.

Não choram, não choram, não choram



Sentiu alguém tocar seu ombro.

-Está na hora, querida. – ouviu a mãe dizer.

Ela desviou o olhar e encarou a mãe, afirmando com a cabeça.



The path that I’m walking, I must go alone

O caminho que eu estou trilhando eu devo ir sozinha

I must take the baby steps til I’m full grown

Eu tenho que dar pequenos passos até estar totalmente amadurecida

Fairy teles don’t always have a happy ending do they

Contos de fadas nem sempre têm finais felizes, não é?

And I forseek the dark ahead if I stay.

E eu abandonarei a escuridão a frente se eu ficar.


I hope you Know, I hope you know

Eu espero que você saiba, eu espero que você saiba.

That this has nothing to do whith you

Que isso não tem nada a ver com você

It’s personal, myself and I

É pessoal, eu mesma e eu

We got some straightening out to do

Nós temos que ajeitar algumas coisas

And I’m gonna miss you like a child misses their blanket

E eu não sentirei sua falta como uma criança sente falta do seu cobertor.

Bit I’ve gotta get a move on whith my life

Ma eu tenho que seguir em frente com a minha vida

It’s time to be a big girl now

Chegou a hora de ser uma garota grande

And big girls don’t cry

E garotas grandes não choram

Don’t cry, don’t cry, don’t cry.

Não choram, não choram, não choram.



Às costas da mãe, do outro lado da rua, observou a casa de tijolinhos. Lembranças boas também, mas que agora doíam de uma maneira que ela não estava acostumada.



Like a little school mate in the school yard

Como um colega de escola, no pátio da escola

We’ll play jacks and uno cards

Nós jogaremos cartas

I’ll be your best friend

Eu serei a sua melhor amiga

And you be my valentine

E você sera meu namorado

Yes you can hond my hand if you want to

Sim, você pode segurar minha mãe se quizer

Cus I wanna hold yours too

Porque eu quero segurar a sua também

We’ll be playmates and lovers and share our secret worlds

Nós seremos parceiros e amantes e compartilharemos nossos mundos secretos

But it’s’ time for me to go home

Mas chegou a hora de eu ir para casa

It’s gatting late , dark outside

Está ficando tarde, está escuro lá fora

I need to be with myself in center, clarity, peace, serenity.

Eu preciso ficar sozinha, concentrada, lúcida, em paz, serena



–Vamos. –falou para a mãe caminhando até o carro.

Durante o caminho, sentada no banco de trás do carro do pai, ao lado da irmã em uma cadeirinha de bebê, Ana observava a paisagem passar, ficando para trás como tudo o mais que ela estava deixando.



I hope you Know, I hope you know

Eu espero que você saiba, eu espero que você saiba.

That this has nothing to do whith you

Que isso não tem nada a ver com você

It’s personal, myself and I

É pessoal, eu mesma e eu

We got some straightening out to do

Nós temos que ajeitar algumas coisas

And I’m gonna miss you like a child misses their blanket

E eu não sentirei sua falta como uma criança sente falta do seu cobertor.

Bit I’ve gotta get a move on whith my life

Ma eu tenho que seguir em frente com a minha vida

It’s time to be a big girl now

Chegou a hora de ser uma garota grande

And big girls don’t cry

E garotas grandes não choram

Don’t cry, don’t cry, don’t cry.

Não choram, não choram, não choram.



A primeira parada foi em frente a uma casa de fachada larga e um portão de metal. Ana desceu do carro dizendo que não ia demorar. Em frente ao portão tocou a campainha.

Pouco depois o portão se abriu e Viviane apareceu.

-Oi. – a amiga falou com tristeza.

-Oi. - Ana respondeu. – Bom, já está na hora.

Viviane a abraçou com força.

-Droga, isso não é justo!

-Ah, não chora Vi ou eu vou chorar também. –Ana pediu.

-Ta bom. –Viviane falou derramando mais lágrimas.

-Pára, Vi! –a garota falou com os olhos molhados.

-O quê que está acontecendo?

Vinícius apareceu ao lado de sua irmã estranhando a cena.

-Ana veio se despedir. –Falou Viviane secando o rosto.

-Se despedir, por quê?

-Ela vai embora para Paris. –explicou.

-Embora? – o rapaz perguntou, assustado. – Não, espera. Você vai passar as féria, não é?

-Não. Ana respondeu. – Eu vou embora de vez. Vou morar com meus tios.

-Você ta zoado comigo? –ele perguntou confuso.

-Não, Vini. É sério. Verdade.

-Quando? – ele perguntou alarmado.

-Meu vôo sai em duas horas.

-O QUÊ?? Mas...Como a gente não ficou sabendo disso?

Viviane se adiantou:

-Quase ninguém sabe disso.

-Bom, Vini. É melhor a gente se despedir, então.

Ela se aproximou e o abraçou pela cintura. Ele estava tão atônito que mal correspondeu. Quando o soltou, o rapaz a olhava com a boca aberta.

Ana se virou para a amiga, segurando suas mãos.

-Espero você em Paris, está bem?

-Está bem. Vamos manter sempre o contato e eu aviso quando puder ir.

-Vou ficar esperando. – falou a abraçando uma ultima vez. – Agora eu tenho que ir. Ainda tenho que passar bem rápido na casa da Ju.

-Se cuida, viu. Boa viagem.

-Obrigada. –Ana falou se afastando. –Adeus Vini.

Ele piscou várias vezes antes de responder:

-Tchau, Aninha.

Ela respirou fundo e se virou voltando para o carro onde os pais a esperavam.

Mas tinha fechado o portão e Viviane viu o irmão correr até a sala e agarrar o telefone.

-O que está fazendo? –perguntou reparando que o irmão parecia aflito.

-Ligando pro Pedro. Aquele pamonha tinha que se enfiar no meio do mato logo agora!

-Não. Vini a Ana não queria que ele soubesse.

-Mas eu acho que ele precisa saber. - ele falou discando os números. – E eu vou contar.


Pedro estava na varanda da casa situada no centro do sítio dos pais. Deitado em uma rede observava o pai pescando em alguns colegas no lago.

Ouviu o telefone tocar dentro da casa e procurou a mãe com os olhos. A viu longe o suficiente para não escutar o aparelho. Então se forçou a deixar a rede e correr até a sala.

-Alô.

-Pedro?

-Sim?

-É o Vinícius, cara. –a voz do amigo soava urgente.

-E aí, beleza? –perguntou se sentando em uma poltrona próxima.

-Mais ou menos. - Vinícius flou apressado. – Olha, cara, está acontecendo uma coisa e eu achei que você devia saber.

-Ei, calma. Do quê você está falando?

- É a Ana!

Pedro suspirou.

-Vinícius, nada sobre a Ana me interessa no momento, certo? Então, a não ser que ela tenha sofrido um acidente muito sério...

-Ela está indo pra França!

-Sei. A tia dela mora lá, ela deve estar indo passar as férias.

-Não, ela está indo embora de vez, vai morar lá. Você precisava saber. Ela está indo embora para Paris!

Pedro sentiu como se um choque elétrico percorresse seu corpo. Aquilo não podia estar certo, Ana sempre lhe disse que nunca faria isso.

-Ei, cara você ainda está aí?

-Vinícius, você tem certeza disso? – ele perguntou aflito.

-Absoluta. Ela acabou de sair daqui. Veio se despedir e me contou. Eu também não sabia ou teria te contado, acho que só as meninas sabiam disso...

-Espera, você disse que ela foi aí se despedir...

-Acabou de sair daqui, não faz nem um minuto. Está indo para o aeroporto.

-AGORA?

O rapaz se assustou tanto que se levantou da poltrona sem perceber. Os olhos arregalados e a respiração se acelerando.

-O avião dela sai em duas horas.

Ele passou a mão pelo cabelo, desesperado. Ouvindo Vinícius falar.

-Pedro, isso é sério. Ela vai embora pra sempre.

Cada palavra do amigo era como uma sacudida.

-Ta. Olha, Vinícius...Eu...Eu preciso...Eu vou...- ele nem sabia direito o que dizer, estava tonto.

-O que você via fazer? – o outro perguntou, preocupado.

-Eu não sei. Mas pode apostar que eu vou fazer alguma coisa. – e desligou.

Pedro largou o telefone e correu para fora. O coração martelando. Ele ia fazer alguma coisa, só não sabia direito o quê.

Ao chegar a varanda viu o pai a beira do lado e uma idéia lhe ocorreu. Parecia absurdo, mas era a única saída!

Correu até o pai, parando ao seu lado descarregou:

-Pai, preciso que me leve ao aeroporto. E tem que ser agora.

Maurício que estava sentado no chão com dois colegas, levantou a cabeça para o filho:

-Ei, que é isso? O que aconteceu com você? Perguntou preocupado ao ver o estado do rapaz.

- Pai, não tenho tempo. Temos que ir agora...

-Ei, ei, calma. – o homem falou se levantando. – Primeiro fale qual o problema.

-É a Ana. –falou. Dane-se se parecia um idiota na frente dos amigos do pai. – Ela está indo embora, vai morar em Paris. O avião dela sai em duas horas e eu...Eu não posso deixar ela ir. Pelo menos não assim.

Maurício o observou.

-Já entendi tudo.

-Por favor, pai. O tempo acabou. –ele falou o olhando nos olhos.


A cold and frosty morning there's not a lot to say

Uma manhã fria e coberta de geada, não há muito para dizer

About the things caught in my mind

Sobre as coisas presas na minha mente.

As the day was dawning my plane flew away

Conforme o dia estava amanhecendo meu avião voôu embora,

With all the things caught in my mind

Com todas as coisas presas na minha mente.

And I wanna be there when you're...

E eu quero estar lá quando você estiver

Coming down

Descendo...

And I wanna be there when you hit the ground

E eu quero estar lá quando você chegar no chão..



Pedro viu o pai balançar positivamente a cabeça.

-Vai pro carro. Vou pegar as chaves. – o homem falou. –Volto logo, gente.

Ele sorriu para o pai e o viu sair apressado em direção a casa.

Pedro correu até a caminhonete e entrou. Pouco depois viu o pai se sentar ao seu lado.

-Por favor, depressa. – implorou.

-Aperta o cinto.

Os dois saíram em disparada pela estrada. Por mais que Maurício acelerasse, cada quilômetro parecia demorar horas para passar.


CHORUS

So don't go away, say what you say

Então não vá embora, diga o que disser,

But say that you'll stay

Mas diga que você ficará

Forever and a day...in the time of my life

Para sempre... durante meu tempo de vida.

Cos I need more time, yes I need more time

Pois eu preciso de mais tempo, sim, eu preciso de mais tempo

Just to make things right

Simplesmente para fazer as coisas darem certo.


Pedro não parava de consultar o relógio. Tinha que dar tempo. Ele tinha que conseguir.

Precisava olhar para ela mais uma vez, pedir perdão, dizer que foi um idiota, imbecil e o que mais que ela quisesse chamá-lo, mas precisava ouvir a voz dela nem que fosse para dizer que não o perdoava. Ele tinha que acabar com aquela tortura entre os dois, de uma maneira ou de outra.


Damn my situation and the games I have to play

Maldita minha situação e os jogos que tenho de jogar,

With all the things caught in my mind

Com todas as coisas presas na minha mente.

Damn my education I can't find the words to say

Maldita minha educação, não consigo achar as palavras para dizer

About the things caught in my mind

Sobre as coisas presas na minha mente.


-Pedro. – o pai falou sem tirar os olhos da estrada. – Diz a verdade pra mim. Você gosta mesmo dessa garota, não é?

-Claro que gosto dela, ou...

-Não. –Maurício o interrompeu. – Estou falando de gostar de verdade, de um sentimento bem maior do que amizade.

Ele parecia em transe. Olhou para o pai franzindo a testa.

-Eu...

E então, sem procurar por isso, ele começou a se lembrar de muitos momentos felizes ao lado de Ana.

Os dois sempre rindo, brincando na escola, no quarto da garota. O jeito dela abraçá-lo e o quando sentia falta disso, de conversar com ela, sentir que ela estava perto, sentia falta até do perfume que ela usava e ele conhecia tão bem.

Lembrando de como ela ficava linda sorrindo para ele ou até quando chamava sua atenção, e o quanto gostava de ficar com ela e o quanto ela era importante para ele...

Era desesperador pensar que nunca mais teria isso, que nunca mais a teria!

-Eu...Sou louco por ela, pai. –falou surpreso. –Droga, eu sou louco pela Ana!

Maurício riu:

-Bom, então acho melhor irmos um pouco mais rápido. –falou acelerando mais.


So don't go away, say what you say

Então não vá embora, diga o que disser,

But say that you'll stay

Mas diga que você ficará

Forever and a day...in the time of my life

Para sempre... durante meu tempo de vida.

Cos I need more time, yes I need more time

Pois eu preciso de mais tempo, sim, eu preciso de mais tempo

Just to make things right

Simplesmente para fazer as coisas darem certo.



-Eu tenho que falar com ela. – Pedro falou mais para si mesmo do que para o pai. – Tenho que falar isso para ela. Pedir desculpas, pedir pra ela ficar ou pelo menos voltar no fim das férias. Ela não pode ir para sempre. Meu Deus! Ela tem que ficar aqui comigo.

Eles seguiram apressados pelas estradas. Pedro o tempo todo consultando o relógio e mexendo desesperado ao lado do pai que tentava acalmá-lo.

Como pode ser tão burro em não perceber o que sentia. Toda aquela necessidade de sempre estar com Ana, os ciúmes que sentia dela, o que sentiu quando a viu com Ricardo aquela noite. Ele nunca teve motivos de verdade para não gostar de Ricardo, o achava insuportável pelos simples fato de estar sempre se aproximando da garota.

Lembrou-se da briga que tiveram. Não fora apenas culpa dela, mas em maior parte a culpa foi sua. O ciúme falou mais alto do que sua sensatez.


Me and you what's going on?

Eu e você, o que está acontecendo?

All we seem to know is how to show

Tudo que parecemos saber é como mostrar

The feelings that are wrong

Os sentimentos que estão errados...



Depois de muito tempo de aflição. Pedro finalmente avistou o aeroporto.

Mal o pai havia parado o carro e ele desceu em disparada em direção a entrada.

Entrou no saguão feito um louco, correndo, procurando algum rosto conhecido, de Ana ou alguém da família. Mas não encontrou nenhum.

Ele correu até o balcão de uma companhia aérea e perguntou apressado:

-Por favor, o vôo do meio-dia para Paris...-ele ofegava.

-Sinto muito. Está decolando agora. –a atendente falou e apontou para as paredes de vidro que mostravam a pista.

Pedro congelou. Ele só podia ter escutado errado.


So don't go away, say what you say

Então não vá embora, diga o que disser,

But say that you'll stay

Mas diga que você ficará

Forever and a day...in the time of my life

Para sempre... durante meu tempo de vida.

Cos I need more time, yes I need more time

Pois eu preciso de mais tempo, sim, eu preciso de mais tempo

Just to make things right

Simplesmente para fazer as coisas darem certo.


-Tem certeza? –perguntou.

-Sim, senhor. –a mulher respondeu um pouco contrariada. –Pode ver.

Pedro se virou e caminhou devagar até o vidro. A respiração acelerada por causa da corrida e o peito apertando como nunca tinha sentido.

Ele viu o avião taxiando na pista e se posicionando para decolar.

Ana estava ali, bem ali naquele avião e ele ao podia fazer nada para evitar que ela fosse embora.

Ele tocou o vidro e viu o avião correr pela pista e levantar vôo.

Havia acabado. Ele a tinha perdido para sempre.


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Notas finais do capítulo

Uffa...enfim eles se separaram. Basicamente esse é o fim da pirmeira parte de tudo. Ainda quero escrever mais um capítulo antes da segunda faze ou unir isso ao início dela, mas ainda não me decidi srrsrs.
E ae, o que acharam?? Tomara q tenha ficado bom.
Três músicas só desse capítuo, nuss eu confesso que foi um exagero mas são músicas que me inspiraram a escrever essa nossa estória então eu não pude trair a mim mesma e não colocá-las. Na ordem temos Stop cry your heart out- Oásis, Big girls dont cry Fergie e Dont go alway...essa utima foi o início de tudo, foi ouvindo ela há muuuuuuuuuuuuuuito tempo que comecei a elaborar essa estória rsr eu mal tinha comaçado Fogueira e Pinao quando isso aconteceu srrs.
Pra quem acha que a Ana ta um pouco bobinha demais, certinha e coisa e tal, não se desesperem, lembren-se que ela está um tento sensível com tudo o que aconteceu, mas nada que o tempo não conserte, certo?

Postado mais um. Amanhã se tiver comentários posto o capítulo 5. Muitas coisinhas por vir ainda...Bjinhosssssss.



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