Guerra De Três Mundos escrita por Bruno Melo


Capítulo 1
Introdução


Notas iniciais do capítulo

Acredito que este capitulo não fará o menor sentido por enquanto, e foi justamente por ele que demorei tanto a postar essa historia. Não sei como seria a melhor maneira de apresentar o enredo, mas acho que um pouco de mistério não fará mal a ninguém.
Peço que me apontem os meus erros, digam o que preciso melhorar e também se gostaram da minha historia.



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Os mestres de ferro lançaram suas asas sobre o mundo. Voaram por sobre todas as criaturas, todas as montanhas e todos os reinos. Dominavam as terras e os rios. Foram invencíveis em combate. Até que os caçadores surgiram.

— Thugs Behram.

O sol se punha no horizonte e a noite começara a cair. O frio ruborizava a face de Helder. Olhou para trás, e seus companheiros o seguiam um pouco afastado dele. Os passos pesados faziam um intenso barulho ao mergulhar na neve, e era cada vez mais difícil de continuar a caminhar, um passo de cada vez, pensou. As várias camadas de roupa pareciam não existir, o frio sucumbia seu corpo esguio. Olhou para seus companheiros mais uma vez, e continuou a andar. Passaram-se longas horas, ao menos foi o que pareceu, até que o pico do desfiladeiro fosse alcançado.

— Acho melhor descansarmos um pouco — gritou Konner, para que Helder pudesse ouvi-lo mesmo com os ventos contrários.

Olhou ao seu redor. Era um lugar aberto, com um gigantesco penhasco a sua direita, e nas outras direções nada além de neve e frio. Haviam andado por meio dia, e sem avistar ninguém. Mesmo já estando em território inimigo.

— Tem certeza de que estamos no Desfiladeiro de Deus?

— Sim, conferi no mapa. E alguns pontos de referencia, datados por nossos espiões confirmam nossa posição.

— Quanto tempo até chegarmos à tribo de ferro?

— Dois dias, suponho.

— Andaremos um pouco mais. Meia hora talvez. — Olhou para o Karch. Estava distraído admirando a vista do penhasco. — Não se descuide muito Strinder, sei que não gosta muito de lutar, mas acho que não gostaria de morrer também. Adentramos território inimigo, faz um bom tempo.

Karch Strinder era um homem forte e alto. Cobrira o corpo com um casaco de pele de lobo, dando um ar agressivo ao bom moço. Começaram a andar, mas pararam pouco depois.

— Não há inimigos aqui, Helder. — falou Konner Will, acompanhado de um veemente balançar de cabeça de Strinder, concordando com o amigo.

— Agradeceria aos nove deuses se isso fosse verdade. Não nos foram passadas informações desse tipo desde a ultima vez que os caçadores de ferro estiveram aqui. Nenhuma alma viva, nenhuma estalagem, nenhum animal. Foi nos dito dos riscos que veríamos: homens e armas desconhecidas. Mas não tem nada por aqui. E é esse tipo de perigo que mais me assusta.

Pouco a frente avistaram uma cabana ainda intacta, a única aparentemente. Cautelosos aproximaram-se. Helder concentrou sua audição, mas não percebeu nenhum ruído vindo do interior da casa de madeira. Tomou folego e abriu a porta.

A primeira vista estava vazio, apenas mesas e cadeiras viradas, papeis jogados ao chão e mais uma porta fechada. Dessa vez estava emperrada, precisando dos três homens para abri-la. O barulho seria capaz de despertar até os ancestrais, que os deuses os tenham, pensou Helder, mas ninguém apareceu.

Além da porta mais coisas reviradas, um montinho de saco e um cheiro insuportável.

— Alguém morreu aqui? — brincou Konner Will.

— O cheiro vem daqui, ajude-me a retirar esses sacos.

Por baixo dos sacos, jazia o corpo de uma criança, ou de um anão. A carne estava apodrecendo, mas não fazia tanto tempo assim, jugou Strinder, após uma breve análise.

— Uma punhalada na garganta — disse ele. Apontando para o profundo corte.

Helder retirou o arco das costas e colocou-o no chão. Pegou um papel qualquer do chão e andou pela cabana em busca de algo para escrever. Logo depois achou o que procurava. Abriu o frasquinho de tinta e mergulhou a ponta da pena, e começou a escrever. Por fim, enrolou o pergaminho e guardou-o consigo.

Os outros olharam irrequietos, mas aguardaram terminar suas anotações para protestarem.

— O que escreveu?

— A partir de agora não vou depender de espiões. Vou anotar tudo que vimos ou veremos, e passar informações corretas para os caçadores de ferro. O que mais me intriga, é não haver nada, exceto nós e um cadáver no Desfiladeiro de Deus. Nosso mestre Thugs Behram deve saber disso.

Mas antes que alguém prosseguisse, Helder ouviu um barulho.

Ouviu um barulho de neve sendo pressionada. Helder fez um discreto sinal para Konner e Strinder. Finalmente alguém apareceu. Saíram da cabana e caminharam como se nada tivessem percebido. Mas das laterais da casa, surgiram cinco sujeitos musculosos e armados, tentando ataca-los por trás.

De imediato Helder puxou seu arco, e antes que qualquer um pudesse falar algo, fez seu primeiro disparo.

A flecha zumbiu até pousar na testa de um homem, que caiu junto de sua espada de duas mãos. O sangue começou a jorrar, e seus aliados, buscando vingança, pularam em cima do arqueiro. Strinder praguejou, não gostava de lutar, mas puxou seu machado de batalha e aparou o golpe de um dos atacantes.

A essa altura Konner lutava contra dois. Era um excelente espadachim, ágil e forte. Dois não seriam o suficiente. Rodopiando de um lado para o outro, esquivava de seus oponentes, sem nem sequer desembainhar a espada que trazia na cintura.

Sobrou apenas um perseguindo Helder. Usava uma adaga de aço negro. O inimigo berrava palavras, mas Helder não conseguia entende-lo. Provavelmente está me xingando. Tateou as costas em busca de seu alforje, enquanto corria o máximo que podia. Entretanto seu inimigo era mais depressa.

Helder virou-se.

— Tens boa velocidade — o homem ergueu a adaga. Estavam a dois metros de distancia. Helder segurava uma flecha na mão. — Se me responder algumas perguntas, posso deixa-lo viver, sir.

O homem pulou, mas Helder apenas saltou para o lado.

— Está descontrolado. Sei que seu amigo morreu, mas você ainda pode viver.

O homem arremessou a adaga, atingindo a testa de Helder de raspão. Mas feriu o suficiente para fazê-lo largar o arco, e fechar seu olho esquerdo por causa do sangue.

Strinder acabara de fincar seu poderoso machado no ombro de seu inimigo, decepando-o. O indivíduo caiu no chão, derrotado. Manchando o branco da neve com seu sangue.

Konner limpava sua espada. Dois homens a seus pés e nenhum deles sequer lhe tocara.

Vendo todos seus companheiros derrotados, o atacante resolveu fugir. Deixou para trás sua adaga, mas preocupou-se em carregar uma pequena bolsa de couro. Helder Star recuperou o arco e fez outro disparo, mas o sopro do vento fez a flecha desviar, ferindo a perna do fugitivo, que gritou de dor.

Com uma flecha em mãos, Helder aproximou-se. O homem exalava um forte odor de sua pele ressecada. Os cabelos pretos cobriam parte de seu rosto, mas seus olhos azuis eram bem visíveis.

— Qual o seu nome? O que fazia aqui? Onde está todo mundo? — E encostou a ponta da flecha em seu pescoço.

— Faz muitas perguntas, sir. — Olhou o ferimento na perna e prosseguiu como se nada sentisse no local. — Meu nome é Morte — respondeu. — Estávamos aguardando os visitantes. Mas parece que falhamos. — E soltou uma pequena gargalhada. Tentou se levantar, cambaleou e caiu no chão. Outro riso e começou a acariciar a bolsa de couro como se fosse um filho. — Se me permitir, posso mostrar onde está todo mundo.

— Então se levante Morte, mas não quero mentiras.

— O que trás nessa bolsa? — perguntou Strinder, curioso.

Morte levou suas mãos à bolsa e retirou um pequeno chifre ondulado. Com olhos astutos, e algumas rugas ao redor do rosto fino e escurecido falou:

— Gosta de musica, sir? — perguntou com malicia no olhar — aposto que sim, garanto que essa será inesquecível — e levou o objeto até seus lábios ressecados.

O berrante soou. Nenhum deles havia visto um objeto como aquele. Por dois ou três segundos ficaram paralisados, surpresos pelo som, mas Konner arrancou-o de sua boca, e o som parou.

— O que você fez?

— Vou lhe mostrar todo mundo, sir. — e Morte riu como fosse seu ultimo momento de vida. O que de fato era verdade.

— Se fosse um pouco mais esperto teria sobrevivido. Que Os Nove deuses cuidem de sua alma, Morte.

— Ah, mas eu irei sobreviver. Ainda não surgiu criatura capaz de me matar. Nem mesmo Os Nove, se eles existissem.

— Duvido disso, herege. — A flecha avermelhou-se rapidamente, ao perfurar a garganta do homem. O corpo caiu, sem pulsação.

Mas logo depois, um som longo e rouco surgiu igual a musica de Morte. Tudo o que o garoto Star teve tempo de dizer foi:

— CORRAM!

E sem um rumo certo, sem saber para onde se dirigiam, apenas corriam para frente. Helder se atreveu a olhar para trás. Por um instante pensou que não haveria ninguém, assim como tinha sido o dia todo no desfiladeiro. Mas uma multidão apareceu diante de seus olhos. Cerca de cem pessoas, não, muito mais de cem.

— Onde diabos eles se escondiam? — mas ninguém soube responder.

Helder retesou seu arco. Não posso morrer aqui. E disparou. Tenho pelo menos que passar as descobertas que fiz a meu mestre. Algumas pedras e paus foram atiradas contra eles. Não saberia dizer quando, mas o chão tornara-se mais firme, e percebeu que a neve estava se esvaindo. Continuou a disparar, flecha atrás de flecha. Alguns caíram e logo foram pisoteados.

— Uma floresta! — gritou Strinder. — Poderemos despistá-los lá.

Não acreditou naquelas palavras, mas quando Star voltou seu rosto para frente, havia uma floresta a noroeste.

— Porque tem uma floresta em um lugar como esse? Em nenhum mapa isso foi datado. — Falou consigo mesmo.

A medida com que se aproximaram da floresta, cada vez menos inimigos os perseguia. Até que o ultimo atacante desapareceu.

— Porque eles fugiram?

— Talvez porque estejam com medo.

— De nós?

— Dessa floresta. Veja, tem uma placa.

Retiraram o musgo e leram:

Uma morte terrível aguarda aos visitantes.

Todos se perdem, não há exceção.

Diante do perigo, fugir não adianta.

É melhor se entregar ou ap...

O resto estava apagado.

— Não podemos voltar — falou Strinder — Tem apenas esse caminho, mas nunca vimos tal lugar. Não sabemos seus perigos.

— Não importa os perigos, vou completar a missão dos caçadores de ferro. Pelo nosso líder Thugs Behram. — E Helder seguiu em frente, confiante de que seus amigos não o abandonariam.


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Notas finais do capítulo

Comentem, sei que "enche o saco" pedir isso, mas é o único jeito de melhorar cada vez mais e apresentar uma historia melhor. Bom, pretendo postar um capitulo semanalmente, mas por enquanto não posso prometer nada.