Frank entrou no quarto junto a Mikey e os dois se desesperaram ao se depararem com a cama vazia.

- ele fugiu! Ele não estava mentindo. – Frank estava de boca aberta.

- meu Deus, meu irmão é completamente maluco. – Mikey estava bem mais chocado.

- ele não pode ter ido longe.

- precisamos falar com a segurança do hospital. Vamos.

Eles comunicaram à recepção que o paciente estava fugindo e no mesmo momento anunciaram ao microfone o nome de Gerard.

Parado em frente à porta de saída, Gerard abaixou a cabeça ao ouvir seu nome e saiu.

Era noite e depois da fuga Gerard caminhava sem rumo pelas ruas de New York. Fazia tempos desde a última vez em que saiu a pé por aquelas ruas, sem ter a preocupação de fotógrafos tentando caçar cada movimento seu. Depois de um tempo preso no hospital, Gerard estava contente que a mídia havia desistido um pouco dele e agora ele podia caminhar livremente sem ser perseguido. Além de que ninguém sabia que ele estava ‘fugindo’ do hospital naquela noite.

Com as mãos nos bolsos da calça e seu capuz escondendo seu rosto, ele caminhava vendo o mundo como novos olhos e novas emoções. Era como se fosse outra pessoa no corpo do mesmo Gerard que sempre foi. Algo muito, muito estranho de sentir.

*****

Lorraine se despediu dos colegas de trabalho e se preparava para sair quando sentiu uma sensação estranha. Do lado de fora da biblioteca, ela olhava para os dois lados da calçada e não via ninguém. Estava tudo muito deserto devido ao vento frio que percorria New York nos últimos dias. As pessoas evitavam ficar fora de casa até tarde da noite e as ruas pareciam cenários de filmes de terror.

Com um pouco de medo, Lorraine enrolou seu cachecol em volta do pescoço e começou a caminhar em direção à esquina, caminho para o apartamento que havia alugado há alguns dias, desde que conseguiu o emprego.

Após caminhar algumas ruas, Lorraine olhou pra trás e viu dois homens caminhando em sua direção, com mãos nos bolsos e rostos envoltos pela escuridão. Um calafrio correu por sua espinha e ela apressou o passo, andando o mais rápido que pôde.

Olhava pra trás de vez em quando e via que eles ainda a seguiam, e pro seu espanto, estavam mais próximos a cada segundo. Seus pés ardiam pela corrida exagerada e seu calcanhar doía por culpa do salto alto.

- maldito dia pra resolver vir de salto... – ela resmungava baixinho.

A poucos metros dos homens estranhos e assustadores, Lorraine olhou pra trás mais uma vez e seu corpo se desequilibrou quando seu sapato ficou preso em um buraco. Ela tropeçou e caiu no chão com um tombo. Seu braço direito ardia de dor por um arranhão causado pelo paralelepípedo solto na calçada. O medo aumentava à medida que os homens aceleravam o passo.

Sem conseguir se mexer de pavor, de repente sentiu uma mão tocar em seu ombro e deixou escapar um grito agudo, temendo que fosse algum outro comparsa dos dois homens.

“Agora estou perdida...“ – ela pensou.

Ao olhar pra cima, deu de cara com um par de olhos verdes brilhantes e ao mesmo tempo sofridos de um rapaz moreno. Espantou-se ao ver uma mão oferecendo apoio para se levantar daquele chão imundo. Mesmo se sentindo mais aliviada pela ajuda inesperada, Lorraine encolheu o corpo evitando o rapaz sem saber ao certo o que deveria fazer.