Suave Dicotomia escrita por Lazy Liesel


Capítulo 2
Two - Serena e Vivaz


Notas iniciais do capítulo

Hello! Sim, aqui está o final da fanfic (é, era uma two-shot, lembram?). E aqui está também o segundo casal - sinceramente, um de meus preferidos no mangá ♥
Boa leitura~~



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Todas as funcionárias do Maid-Latte diferiam-se uma das outras de maneira marcante, devido às personalidades contrastantes. Porém, as quatro concordavam num ponto em comum: sua funcionária mais nova, Misaki, era uma garota esforçada, teimosa e, sobretudo, incapaz de perceber certos fatos óbvios. Como o que uma das clientes, uma bela loira voluptuosa, estava apaixonada por ela.

Diante do assunto, Satsuki apenas desconversou, pois apesar de sentida pelos sentimentos não-retribuídos da mulher, já tinha como fantasia o romance da maid com Usui. Honoka, desinteressada em paixões e amores, recíprocos ou não, voltou ao seu trabalho com o mesmo empenho e dedicação. Contudo, as duas restantes refletiram sobre o assunto em seu intervalo conjunto.

― Nunca iria imaginar que Misaki-san seria atraente até mesmo para uma mulher ― revelou Subaru, branda mesmo diante da surpresa.

― Mas ela já não chama a atenção de tantas garotas quando se traveste? ― argumentou Erika, energética diante do suposto amor proibido.

― As clientes relacionam sua imagem à figura masculina ― retrucou a outra, fitando-a através de seus óculos.

― Bem lembrado ― desanimou-se a ruiva. Logo recuperou-se: ― Acabei de recordar quando você mesma se vestiu como homem para aquela audição.

― Não lembre, por favor ― pediu a morena, sombria diante da memória.

Para Subaru, foi simples mascarar-se como um rapaz ao vestir um terno e esconder os longos fios escuros com uma peruca, já que seu corpo era isento de grandes curvas. No entanto, para a colega mais nova, cuja imagem remetia à de uma mulher sensual, era impossível utilizar de tal disfarce, devido ao corpo com sinuosidades muito bem marcadas.

Além das evidentes distinções físicas, o estado de espírito e o comportamento de ambas também pertenciam a âmbitos opostos de um mesmo espectro. Enquanto a ruiva, mais nova, era espontânea, bem-disposta e com interesses um tanto pervertidos, a mais velha, morena, revelava-se tranquila, estável e desinteressada em tudo além do essencial.

― Eu não acho nada errado o amor entre duas mulheres ― opinou Erika, repentinamente. Para distrair-se, planejou um pequeno jogo que despertou-lhe um sorriso. ― Por exemplo, eu poderia muito bem me apaixonar por você.

― Momento muito oportuno para declarar-se. ― A outra arqueou levemente as sobrancelhas.

― Entre na brincadeira, sim?

― Acho que somos diferentes demais para darmos certo ― expôs a morena de óculos, aceitando o passatempo da pequena folga.

― Pois eu acho que as diferenças são um tempero que deixa a relação mais divertida ― replicou a universitária, empolgada.

― Iríamos brigar demais por motivos bobos ― supôs Subaru, lentamente absorvida para aquele entretenimento.

― Brigas sempre terminam na cama! ― exclamou a outra, instintivamente, e após um silêncio curto, ambas riram diante da situação inusitada.

Tratando-se de uma simples forma de matar o tempo livre, prosseguiram na defesa e ofensiva de um fictício relacionamento entre elas mesmas. Em alguns momentos, a discussão tendia para um tom mais sério; em outros, as risadas eram constantes. Contudo, Subaru aceitou sua derrota, condescendente, quando a mais baixa levou adiante uma série de elogios que a deixaram um tanto constrangida ― algo tão raro a alguém centrado como ela mesma.

― Você venceu, Erika-san ― cedeu, estendendo a mão suavemente para que o fluxo de “galanteios” cessasse. ― Já podemos parar de brincar.

― Mas não era uma brincadeira. Eu estava falando sério.

Em seus olhos avermelhados, a confusão honesta revelava a veracidade de suas palavras; entretanto, antes que pudesse manifestar-se, a gerente adentrou para lhes informar do reinício do expediente. Adquiriu então sua postura profissional: sem deixar-se abalar com nenhum devaneio, integralmente dedicada ao atendimento de seus “patrões”.

Vislumbrá-la pelo canto dos olhos, todavia, foi inevitável, e em alguns momentos, seus olhares se cruzaram em meio ao salão lotado. Radiante, o sorriso com que Erika lhe correspondia transmitia-lhe uma segurança que ela queria sentir naquele momento, mesmo que externamente seu sorriso brando nada transparecesse de sua pequena confusão interna.

Na verdade, na mente de ambas ardiam a dúvida, as lembranças, os questionamentos. Perguntavam a si mesmas como tão afetadas devido a um diálogo leviano, e regressavam alguns passos diante da resposta. Mal sabiam que estavam impondo a si mesmas as barreiras que há pouco tempo tentaram romper com as anteriores hipóteses formuladas durante o lazer.

Ao final do serviço, iriam ambas para o ambiente tradicional de seus próprios lares, no costumeiro trajeto, se a ruiva não tomasse a iniciativa de chamar-lhe para um passeio. É claro, menosprezou-se a outra, seria sempre conformada com o estado natural das ocasiões. Era Erika a avançar, a levar adiante o estagnado. Em sua auto-depreciação, não considerou o fato de que ambos, a comodidade e a inquietude, deveriam ser balanceados para o êxito em uma relação.

― Desculpe-me pelo convite tão repentino. ― Erika não estava realmente arrependida, mas buscou amenizar a grosseria à sua maneira.

― Sou eu que devo me desculpar por não sugerir eu mesma ― reconheceu a morena, sentindo o peso da responsabilidade em seus ombros.

― Não tem de fazer tudo só porque é a mais velha. ― Deixou de andar para medir-se, lado a lado, e complementou com uma risada. ― Nem porque é mais alta.

Descontraído, o som das gargalhadas encheu, de maneira inexplicável, o ambiente externo, completamente aberto. Como em uma sinestesia, transmitia calor e naturalidade, como se não existissem erros ou culpas ― ou melhor, como se os desconsiderasse por completo. E, levada pelos modos livres e naturais da outra, Subaru tomou uma de suas mãos. Discretamente, é claro.

― Espero que não se importe ― sussurrou, preocupada.

Era a única maneira que encontrou de transmitir a ela a sensação quente e agradável que lhe preenchera ao ouvi-la rir. E descobriu um certo orgulho pessoal ao dar o primeiro passo desta vez. Uma pequena vitória, a alguém acostumado apenas a assistir as conquistas alheias. E, para sua satisfação, a outra somente estreitou mais o aperto de seus dedos, em consentimento.

Um pequeno gesto que fez nascer para ambas a esperança de que não existiam restrições no amor.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que foi muito curtinho. Porém, meu tempo é curtinho xD
Muito obrigada a quem acompanhou até aqui *love*



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