Depois de correr muito, finalmente consegui interceptar Ichigo, nós estávamos num beco, e ele só parou porque não havia mais para onde correr. Recuperei um pouco do meu oxigênio e quando levantei a cabeça, ele estava com algumas lagrimas nos olhos. Aquilo quase me partiu em duas.

“Ichigo, o que aconteceu?” Perguntei com cautela, no meu estado atual ele poderia facilmente me derrubar no chão e fugir de novo.

“Isso quem tinha de me responder era você Ori. Quer saber, melhor ainda, não fale nada, eu já estou cheio das suas mentiras.” Havia ódio e magoa na voz dele, o que havia acontecido afinal de contas?

“APENAS ME DIZ O QUE ACONTECEU!” Eu já estava quase chorando.

“EU SEI QUE ONTEM VOCÊ FOI EMBORA COM O W!”

“O... O que?” Me segurei numa lata de lixo para não cair. O quanto ele sabia? será que...

“Fiquei preocupado com você e perguntei a o dono daquela lanchonete perto da escola, e ele disse que viu você pular o muro e sair de moto com um cara.”

“Ichigo eu...”

“VOCÊ O QUE? DECIDIU FAZER UMA INVESTIGAÇÃO DE ULTIMA HORA? QUAL VAI SER A DESCULPA DESSA VEZ?” Agora eu estava ferrada. Na verdade era surpreendente como aquele segredo tinha durado tanto, mas não havia mais para onde correr. Respirei fundo e tentei achar um jeito de começar a falar.

“Tudo bem, já tá na hora de você saber.”

“O que?”

“Eu não posso falar exatamente agora.”

“Posso saber o motivo?”

“Precisamos chamar o W e a T-suki primeiro.”

“Ah já entendi. Você e o W vão contar que estão namorando esse tempo todo pelas nossas costas.”

“O que? Você realmente acha isso? É uma coisa que envolve eu e o W sim, mas nunca faríamos isso... Eu amo você...” Me sentei no chão e comecei a chorar. Obvio, a culpa daquela magoa era toda minha, mas mesmo assim não deixava de ser doloroso. Como eu ia contar a essa pessoa que eu era perturbada mentalmente? Senti um par de braços me levantar e me envolver num abraço.

“Eu não queria ter dito isso.”

“Não tem problema, não é como se eu não merecesse.”

“Mas que segredo é esse? E porque temos de esperar os outros?”

“É algo muito sério Ichigo... Algo terrível que vai mudar tudo que você sabe sobre mim. E o único motivo de eu não ter contado até agora, foi porque eu tenho medo.”

“Medo de que? Alguém está te ameaçando?”

Não! Medo de você nunca mais querer chegar perto de mim quando souber de tudo! De voe me achar um maldito monstro! Eu... Não posso viver sem você.” Houve um longo espaço onde só se ouvia o som do meu choro continuo. Como as coisas seriam a partir de agora?

“Sua boba... Não importa o que aconteça, eu sempre vou estar do seu lado. Então não precisa chorar ou ficar assustada com seja lá o que está guardando, porque eu não vou fugir.” Ele limpou meus olhos delicadamente e deu um pequeno sorriso pra mim, mas isso só me fez chorar ainda mais. Eu preferiria morrer a viver o resto da minha vida sabendo que Kurosaki Ichigo tem medo de mim, e isso poderia acontecer caso ele soubesse a verdade. Meus pensamentos foram cortados por um par de lábios conhecidos colados nos meus. Essa sensação era tão boa que quase me fazia esquecer de tudo.

“Ichigo, espera...”

“Shh, por enquanto vamos deixar o assunto que te incomoda tanto pra lá.” ele falou aprofundando o beijo. Uh-oh, aquela sensação estava voltando. Da mesma maneira que naquela vez no quarto de Ichigo, meu corpo estava completamente maluco, desejando mais e mais daquilo. Era como se a única salvação pra minha vida fosse ficar cada vez  mais perto daquela pessoa que eu amava tanto.

“Não podemos fazer isso aqui.” Falei em meio aos beijos. “É melhor pararmos, alguém vai acabar vendo e...”

“Minhas irmãs saíram e meu pai está trabalhando... Podemos...” Vi Ichigo corar para tentar terminar a frase. “Podemos ir pra minha casa se você quiser. Desculpa, eu não devia dizer isso numa hora dessas, é totalmente idiota da minha...”

“Tudo bem. Vamos?” Interrompi ele, sem nem mesmo pensar antes, fazendo meu rosto ficar num forte tom de vermelho.

“O que?” Respondi a pergunta puxando ele para outro beijo.

 “Eu confio em você Ichigo. Pra qualquer coisa. Vamos logo.”

“Certo.” Foi a ultima palavra pronunciada antes de outro beijo. Eu sinceramente não sabia até onde íamos chegar. Tudo bem, estou mentindo descaradamente, se as coisas continuassem naquele caminho definitivamente só tinha um final possível. Mas será que essa hora era a adequada para uma coisa dessas? Eu não sei. Porem, esse é o tipo de batalha que eu não conseguiria ganhar dos meus instintos mais fortes, e obviamente não estou falando do instinto assassino.