Bem desde o começo

Você foi um ladrão, você roubou meu coração

E eu, sua vítima condescendente

Deixei que você visse partes de mim

Que não eram tão bonitas

E, a cada toque

Você as consertou

–--------------------------------- Flashback On -------------------------------------

– Ah, querida – os lábios de Emma contra as coxas desnudas de Regina a despertaram. – Você é realmente insaciável, não é?

Emma apenas murmurou em concordância enquanto continuava seu caminho até o sexo já preparado da morena. Regina fechou os olhos e gemeu quando sentiu a namorada sugá-la lentamente, adicionando dois dedos ao processo. Depois de um tempo agarrando-se no lençol, o corpo da Rainha estremeceu. Emma se colocou sobre ela, beijando seu pescoço.

– Amor... – Regina começou, mas foi interrompida por um gemido alto saindo de sua garganta.

– O melhor café da manhã de todos – a Xerife sussurrou contra sua orelha. Regina sorriu e, quando levava suas mãos até as nádegas da loira, alguém bateu na porta.

– Mãe? – Henry dizia confuso. – Porque as roupas da Emma estão no chão da sala de estar?

As duas arregalaram os olhos.

– Eu agora? – Emma sussurrou.

– Contamos pra ele – Regina respondeu sorrindo. A loira sorriu em resposta e ambas foram se vestir. Regina vestiu uma camisola e deu à Emma uma calça de agasalho e uma regata. Ao abrir a porta, viram um largo sorriso estampado nos lábios de Henry.

– Eu sabia!

***

– Eu não acredito que ele já sabia – Regina disse enquanto abria a porta e entrava em casa depois de deixar Henry na escola.

– Ele é um garoto esperto – Emma sussurrou contra a orelha da morena enquanto a abraçava por trás.

– Ah, Emma – a Rainha fechou os olhos e relaxou naquele abraço. – Quando foi que isso tudo aconteceu?

– Isso tudo o que? – a loira perguntou. Regina se virou, ficando de frente para a Xerife, sem nunca sair de seus braços.

– Isso – disse olhando fundo nos olhos verdes da loira. – Nós duas, amor. Quando foi que eu me apaixonei por você?

– Desde o primeiro momento que seus olhos encontraram os meus – Emma sorriu. – Porque foi nesse exato momento que eu me apaixonei por você.

A morena abriu um largo sorriso e tocou os lábios da outra com os seus em um beijo carinhoso e cheio de amor. Elas se separaram o suficiente para que Regina pudesse sussurrar algo.

– Eu te amo, Emma Swan.

–--------------------------------- Flashback Off -------------------------------------

Agora, você tem falado durante o sono

Coisas que nunca diz para mim

Me diz que você já teve o suficiente

Do nosso amor.

Emma abriu a porta e andou silenciosamente até as escadas, cuidando para não esbarrar em nada no caminho. Assim que chegou ao quarto, viu Regina deitada de costas para a porta. “Ainda bem que ela está dormindo”, pensou, enquanto tirava sua jaqueta e a colocava em cima da poltrona. Foi até o banheiro e tomou um banho rápido, mas que foi o suficiente para tirar parte do estresse que a perseguia por aqueles dias. O trabalho, as crianças, Regina... Céus, como a mulher que ela amava se tornou um dos maiores motivos de seus problemas pessoas? Talvez fossem seus filhos... Henry já estava quase formado na escola, mas os gêmeos ainda estavam começando, e não é nada fácil lidar com duas crianças de seis anos quando não se tem tempo para isso. Emma gostava do trabalho, pelo menos, afinal estar na delegacia significava estar fora de casa.

Quando abriu a porta do banheiro viu Regina sentada na cama, de cabeça baixa.

– Onde esteve? – sua voz estava tão baixa que Emma quase não conseguiu ouvir.

– Na delegacia – a Xerife respondeu deixando a toalha cair no chão e começando a vestir seu pijama. Regina ficou em silêncio e Emma agradeceu mentalmente por nem terem começado a mesma discussão de sempre. A loira deitou-se na cama e puxou as cobertas sobre seu corpo.

– Eu liguei pra lá e ninguém atendeu – Regina disse sem mudar sua posição. Emma virou os olhos.

– Passei no Granny’s no caminho pra casa – ela respondeu de má vontade. - Queria falar com a Ruby.

– Sobre o que? – a morena quis saber.

– Apenas quis conversar, Regina – Emma disse grosseira. – Céus, não posso mais ter o meu espaço? Não é porque estamos casadas que terei que ficar presa em você para sempre! Agora deite e durma porque estou cansada, e a última coisa que eu preciso é ter você me fazendo perder a paciência.

Silêncio. Emma estava pronta para fechar os olhos quando ouviu Regina chorar baixinho, e aquilo a fez se arrepender do que dissera. Respirou fundo e sentou na cama, parando ao lado da esposa. Quando se preparou para tocar seu rosto, a morena se esquivou.

– Desculpe Regina, eu... – Emma procurava calmamente as palavras em sua cabeça. Já tinha feito merda demais dizendo aquelas palavras grosseiras. – Foi um dia estressante.

– Só o seu, Emma? – Regina a encarou. Seus olhos estavam inchados, sinal de que ela havia chorado algumas horas antes. – Eu tenho que administrar uma cidade inteira cujos habitantes só “me aceitam” porque sou casada com a “salvadora” deles. E sabe aquela ligação da escola que você atendeu e disse que deveriam ligar para mim? – Emma apenas assentiu, envergonhada, então a morena continuou. – Era sobre a Lily. Ela caiu do balanço e machucou o rosto. Eles disseram que ela estava chamando por você, afinal você sabe o quanto ela te adora, mas você não pôde ir porque estava ocupada demais no trabalho. Eu também estava.

– Amor, eu...

– Não, você vai me ouvir agora – a Rainha ajeitou sua postura, apontando o dedo indicador para a loira. – O Miguel ganhou o prêmio da feira de ciências hoje. E o Henry passou na prova da Universidade. Você tem noção do quanto eles estão chateados, todos eles, por você não ter estado aqui quando eles me deram essas notícias?

A loira permaneceu em silêncio, olhando assustada para a outra mulher. Seus olhos que antes estavam lacrimejando agora já não seguravam as lágrimas, que escorriam livremente por sua face até se desfazerem em sua camiseta do pijama. Em compensação, a expressão no rosto de Regina agora era mais calma. Ela já não sentia mais vontade de gritar, apenas de abraçar sua esposa e descobrir o que estava se passando em sua cabeça. Ou melhor, achar juntas uma solução para esse casamento.

Dê-me apenas um motivo

Só um pouquinho já basta

Só um segundo, não estamos quebrados, apenas curvados

E podemos aprender a amar novamente

Está nas estrelas

Foi escrito nas cicatrizes dos nossos corações

Não estamos quebrados, apenas curvados

E podemos aprender a amar novamente

– Mãe! – Lily correu e envolveu a cintura de Regina com os dois braços num abraço apertado. Alguns segundos depois Miguel apareceu correndo e fez o mesmo. Emma e Henry estavam conversando logo atrás das crianças, mas pararam assim que chegaram à cozinha e viram essa cena. Emma sorriu.

–Oi, meus amores – Regina deu um beijo no topo da cabeça de cada um. – Como foi a escola hoje?

– Foi incrível! – Miguel disse e Lily concordou.

– Ganhamos um mascote – a menininha disse. Seus olhos azuis brilhavam de felicidade. – Bom, cada turma ganhou um, na verdade.

– E o nosso é uma tartaruga! – Miguel exclamou.

– Ela se chama Cora... – Lily acrescentou com um pouco de medo de qual seria a reação de sua mãe.

– Ah... – Regina suspirou com os olhos cheios de lágrimas. – Isso é lindo, crianças.

– Agora vamos lavar as mãos porque, pelo cheiro, o jantar já tá quase pronto. Certo, mãe? – Henry disse e sorriu.

– Certo – Regina disse.

Após Henry sair da cozinha seguido de seus dois irmãos mais novos, Emma se aproximou da morena.

– Eles vieram o caminho todo discutindo se deviam ou não contar que o nome da tartaruga é Cora – Emma disse enquanto espiava o jantar por sobre o ombro de Regina. – Eles não queriam te magoar.

– Imagina, isso realmente melhorou o meu dia – a Rainha abriu um largo e sincero sorriso.

– Então seu dia foi ruim? – Emma se encostou ao balcão cruzando os braços.

– De certa maneira, foi – Regina tirou o avental e deixou-o no balcão. – Foi estressante, mas consegui sair no horário, pelo menos.

– Isso é bom – a loira sorriu.

Regina assentiu e as duas ficaram em silêncio.

– Olha, Regina, sobre ontem, eu...

– Tudo bem, querida – Emma sorriu ao ouvir Regina chamando-a dessa maneira. Realmente, estava tudo bem.

– Nós vamos conseguir passar por isso – a Xerife sussurrou se aproximando da morena e tocando delicadamente seu rosto. – Eu te amo, Regina Mills. E quando prometi, no dia do nosso casamento, te amar e te cuidar até que a morte nos separe, eu não estava brincando.

– É bom mesmo, Senhorita Swan – Regina fez uma cara de superior. As duas riram. – Eu te amo.

Quando seus lábios estavam quase se tocando, ouviram um “ecaaaaaa” em coro. As crianças estavam paradas à porta com uma cara de nojo. Henry piscou para elas, que sorriram e se dirigiram à mesa de jantar.

–--------------------------------------------- ***

– Mãe, Emma? – Henry apareceu na varanda dos fundos da casa. – As crianças já dormiram e eu vou dormir também. Precisam de mim pra alguma coisa?

– Não, querido, obrigada – Regina sorriu. Henry disse boa noite e entrou.

Emma estava sentada em um dos bancos suspensos da varanda com Regina sentada ao seu lado. A cabeça da morena repousava no ombro da outra, cada uma com uma taça de vinho em mãos e um cobertor as cobrindo.

– O jantar estava maravilhoso – Emma disse acariciando os cabelos macios de Regina.

– Obrigada – a outra sorriu. – Você estava maravilhosa. As crianças realmente ficaram felizes por você ter se juntado a nós no jantar.

– Eu também fiquei – a loira suspirou. – Tenho que fazer isso mais vezes. E, Regina... – a Rainha ergueu a cabeça para encarar sua esposa. – Eu lhe devo desculpas.

– Emma, por favor...

– É sério – ela continuou. – Eu... A nossa relação, ela...

– Estava desgastada – Regina concluiu.

– Por minha culpa – Emma disse.

– Nossa – a outra discordou.

– Eu prometo que vou mudar.

– Não quero que você prometa, querida, eu quero que você mude – a Rainha tocou a bochecha da Xerife com uma das mãos. – Eu também vou mudar. Farei o possível para que as coisas melhorem.

Emma olhou para as estrelas, sendo acompanhada por Regina. E por mais alguns minutos, talvez horas, elas ficaram abraçadas em silêncio, sentindo apenas o calor de seus corpos competindo com a brisa gelada daquela noite. Para Emma, era incrível a sensação de ter Regina em seus braços. Desde sempre fora isso que ela desejou. E para Regina... Ela se sentia tão protegida! Tão amada, desejada... Tão natural. Tudo ao redor ficava mais belo quando Emma estava por perto. Era uma pena elas terem perdido alguns meses com brigas sem motivo, estresses desnecessários e grandes períodos de tempo separadas... Trancadas em seus escritórios, evitando voltara para sua casa. É claro que aquilo afetara as crianças, e era indescritível a felicidade que parecia rodeá-los durante o jantar. Henry sentiu a mudança também, pois sorria a cada toque compartilhado entre as duas, a cada beijo, a cada palavra. Havia um tempo que não eram apenas suas vidas em jogo. Elas tinham uma família agora, e deveriam aprender a superar suas diferenças se não por elas, pelos seus filhos. Mas brigar não seria mais necessário.

Sem dizer nada, Regina mudou sua posição para que conseguisse alcançar os lábios da loira com os seus. Tão doces, tão macios... Ela era seu porto seguro, e a partir daquele momento, elas não se afastariam mais. “Amar-te e respeitar-te na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, na alegria e na tristeza até que a morte nos separe”.

Está nas estrelas

Foi escrito nas cicatrizes dos nossos corações

Não estamos quebrados, apenas curvados

E podemos aprender a amar novamente