Pela manha, Olivia se levantou e viu que a casa estava vazia, as crianças não estavam no quarto e nem David na casa. Não demorou muito para Huang chegar.

–Ei, o que faz aqui?

–Desculpa ter vindo sem avisar. Eu precisava falar com você, antes de você conversar com ele. Ele ainda ta...

–Dormindo.

–Olivia você não pode simplesmente contar tudo para ele, isso pode desencadear sintomas.

Ela se jogou no sofá e passou as mãos no cabelo, fitando em seguida o psiquiatra.

–O que eu faço então?

–Eu vou leva-lo para um hotel, preciso de qualquer lembrança que você tenha de antes do acidente, eu tenho que fazer com que ele mesmo lembre.

–Certo. Eu o levo e levo as coisas no hotel. Mas e se ele perguntar alguma coisa?

–Você pode falar por cima, sem citar data e nomes. Eu preciso que ele lembre por si só, ou se você falar, ele pode surtar.

–Tudo bem Huang.

Os dois conversaram por um tempo, ate que Elliot apareceu todo descabelado na sala.

–Bom dia Olivia, bom dia...Huang. Vocês estão tendo algo?

–Será que ele esqueceu que sou gay?-Huang sussurrou para Olivia, que segurou a risada.

–Olivia, será que a gente poderia conversar?

–Eu vou indo.-Huang se levantou e se despediu dos dois, Elliot e Olivia seguiram para a cozinha.

–Certo, o que quer saber Elliot.

–São tantas coisas...eu sei que eu tenho seis filhos e você conhece um deles. Tinha uma foto de nós três na minha carteira. Você fez fertilização in vitro?

–Você lembra disso Elliot?-ela se referia ao fato que ele a enchia com isso.

–Pelo visto você teve filhos. E a Kathy?

–Vocês se separaram a muito tempo. Depois dela, você se casou novamente...

–Com você?-Ela olhou para ele e piscou varias vezes. Será que ele estava tendo um flash?-Eu não me casaria com ninguém, alem de você. Agora me diga.

Olivia tirou a pulseira que usava, tinha vários pingentes inclusive uma replica da aliança de casamento com os votos por dentro, entregou a ele.

–Me desculpe...

–Não se desculpe, a culpa não foi sua de ter sofrido um acidente...

–Então temos uma filha? Eu sou um homem horrível. Abandonei a mulher que eu amo e uma filha...

–Elliot, você não teve culpa de nada. Pare com isso e me escute. Você sofreu um acidente.-Ela segurou a mão dele e apertou.-Eu quero te ajudar a recuperar a memória. E nada disso foi sua culpa, você não escolheu sofrer o acidente. Agora vamos comer alguma coisa? Espero que você continue gostando das mesmas coisas.

–Sim, espero que você tenha aprendido a cozinhar.-Olivia gargalhou e jogou o pano nele.-Ei, olha a violência Benson.

Ela colocou os pratos na mesa, os ovos, as torradas, panquecas e o melado. Entregou o café a ele e colocou seu copo de suco.

–Que eu me lembre você era doente por café.

–Eu dei uma parada, se não, não durmo de noite e cada segundo tem sido precioso.

Os dois comeram em silencio, Elliot fitava a pulseira de Olivia e tentava lembrar de algo.

–Olivia...você ainda tem as alianças?

–Tenho...porque?-ela estava surpresa com a pergunta e ele em duvida se respondia.

–Eu poderia ficar com elas? Quem sabe não me lembro de mais coisas.

–Tudo bem...eu pego para você.

Depois de terminarem de comer, Elliot se ofereceu para lavar as louças, impedindo Olivia de negar.

–Você sabe que é desnecessário né?

–Minhas mãos não vão cair.

–Você não mudou nada...

–Você também não.

Ela o fez companhia enquanto lavava a louça e ajudou a secar. Logo que terminaram, eles foram para a sala, Olivia respondeu algumas perguntas dele, ate serem interrompidos por David e as crianças.

–Desculpa, os gêmeos estavam cansados.

–Mamãe!-Emma correu para os braços de Olivia e David levou as crianças para o quarto.

–Meu anjo. Diz oi pro amigo da mamãe.

–Oi.

Elliot fitou Emma, via seus traços na pequena garota e via os de Olivia. Aquela era a coisa mais perfeita que ele já tinha visto e feito em sua vida.

–Oi, você é muito linda. Como se chama?

–Emma. E voce?

Elliot e Olivia se olharam, ela balançou a cabeça, encorajando-o.

–Eu me chamo Elliot.

–Você tem o mesmo nome do meu papai, mas ele está no céu.

Os olhos de Elliot encheram de lagrimas, mas não deixou nenhuma das duas perceberem.

–Liv, eu vou indo.

–Para onde você vai?

–Não sei...estava dormindo em um albergue quando cheguei aqui.

–Você ficara em um hotel...

–Não posso...não tenho dinheiro para isso.

–Por favor. Fique em um hotel, você começara a fazer terapia.

–Você esta doente tio Elliot?

–Emma, vai lá com o seu pai.

A menina pulou do colo da mãe e bufou, seguindo para o quarto.

–Não há duvidas que seja sua filha.

–Não sei como ela me obedeceu...ela costuma ser irredutível igual a você.

–Eu não vou ficar no hotel, não posso pagar por um quarto e nem por uma consulta.

–Chega Elliot, você ficara no hotel ate eu arranjar um apartamento para você. E as consultas são de graças. Agora chega tá, faça o que eu disse. Uma vez Elliot, por favor.

–Tá, vou fazer. Mas eu pagarei tudo a você.

–Elliot, você não me deve nada. Você tem o seu dinheiro. Ele esta na conta da Emma, nunca foi usado, nem mexido. Eu vou te levar no hotel, o Huang esta lhe esperando.

Olivia o deixou sozinho por alguns minutos na sala e voltou com uma caixa e Emma vinha atras dela.

–Cade o seu pai Emma?

–Dormiu mamãe...aonde você vai?

–Levar o Elliot para casa dele.

A menina andou ate ele e o abraçou o pegando de surpresa.

–Tchau tio Ell, você volta?

–Eu volto sim. Tchau linda.

Elliot beijou a bochecha da menina e a abraçou apertado.